Quando a casa de vovô e vovó foi destruída
Lembrei-me: estão mortos.
Estão mortos.
O vento uiva lá fora na sala.
Estão mortos, estão mortos.
As folhas voam ao vento, como folhas mortas, morreram e foram enterrados.
Eu vi a casa: eu a vi nua, sem móveis.
Como a vi, nunca vi.
Sem água, sem luz, a casa me deu medo.
Na parede, vovó ainda era uma sombra.
Logo a sombra veio abaixo para nunca mais.
A face de vovó, vovô. O vento levou.
Eu nunca me vi sem essa casa.
E se com meus olhos eles vissem o que vi?
Quando ela foi posta abaixo, nos jardins sobraram algumas plantas acuadas.
Sobrou apenas um toco seco daquela velha roseira.
Dentre suas paredes eriçadas, entre o ferro retorcido, ainda pude ler uma frase.
Uma frase minha. Um ato de contrição.
"Eu proponho firmemente".
2 comentários:
Muito bem Juninho!!! A casa caiu...
O calor de toda a vida que ali se viveu está em nós que tivemos o privilégio de compartilha-la.
Parece emblemática a frase encontrada.
Eu me proponho firmemente a construir semelhante lar para is que me cercam: acolhedor, honesto, sincero,alegre, etc. Percebo que não estou sozinha...
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