A
assembléia do dia 23 de abril definiu que nós, professores do estado de Minas Gerais, voltaríamos a trabalhar, mantido o
estado de greve, ou seja, poderíamos, em tese, voltar a fazer greve a qualquer momento. A companheira Elzenir Apolinário criticou essa postura, dizendo que tem experiência e isso representa o fim da greve. Há alguns dias, a PEC que estabelece o reajuste dos
professores foi aprovada na assembléia.
Nessa assembléia falou Guilherme Boulos, candidato a
presidente pelo PSOL, advindo do Movimento dos Sem-Teto. O discurso de Boulos
volta-se para temas como reforma urbana e agrária, assim como está também
ligado à libertação de Lula, sem entrar em maiores detalhes. Havia uma faixa
pedindo “Lula livre”. Outras vertentes estavam representadas: o PSOL utilizando
largamente a imagem da vereadora assassinada Marielle. Igualmente, havia um
boletim da Gazeta Revolucionária
convocando a criação de um partido para revolução e não para eleição (segundo
meu amigo Dionata Ossovsky, essa Gazeta
é trotsquista). A Gazeta explica a PEC como forma de obrigar o governo do
estado a pagar o piso federal não passaria de um golpe para acabar com a greve.
O sindicato seria derrotista segundo a
Gazeta, assim como o PT seria derrotista, pois a burocracia sindical pode
perder privilégios.
É curioso como o PSOL girou de acusador ferrenho da
corrupção do PT para a posição a favor do presidente Lula e sua libertação.
Curiosa posição. Denuncia-se escândalos de corrupção, mas quando o governo cai
–devido à sucessão de escândalos, inclusive— passa-se à posição contrária,
levando-se em conta o fato de que a direita tradicional roubou a nossa
bandeira, mas que não deixa de ser curioso. Esse giro levanta a dúvida de que
esses grupos são somente linha auxiliar do PT.
A vertente com a qual concordo e que propõe o voto nulo e
denuncia a farsa eleitoral estava presente –e notei o quanto incomoda. Propunha
a continuação da greve, mas o meu grupo da cidade de Bom Despacho definiu que
não temos condições de continuar a greve. Como algumas escolas pararam, outras
não, as paradas passaram, inclusive, a perder alunos. Perdi uma turma e perdi salário.
A PEC recentemente foi aprovada por unanimidade.
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