O texto Livrai-nos de Todo Normal, de Eduardo Andrade (Virtual Books, 20017), é um livro que trabalha reinventando a poesia a partir do lugar comum. A escrita atravessa os sentidos, escreve ele, a partir da frase: "escuta só para você ver", restaurando a potência poética do lugar comum. É um livro atípico, original, que não tem o nome do poeta na capa.
O poeta é assim, com palavras e situações aparentemente banais, ele constrói momentos brilhantes de sua poética, tais como: "Na escola comemoram a nota azul. Adultos, já doentes, correm atrás da receita azul. Também é ilusão desenhar nuvens azuis. Essa poesia não rima, mas descreve um pedaço de mundo perdido".
Eduardo também faz da poesia uma intervenção na realidade, expondo uma postura que é, em última análise política e alinhada com a luta antimanicomial de Michel Foucault, dentre outros: "Louco varrido é poeira perversa que resta na língua desbocada da lógica higienista. Enquanto varremos vidas para debaixo do tapete" (ANDRADE, 2017, p 21).
Esse Andrade que não é parente de Drummond, mas que também é bom poeta, busca sempre combater a linguagem preconceituosa, assim como depurar os conceitos. Ele assume o lugar de fala de mineiro e enfrenta temas pesados como a tragédia da Vale, entrelaçando o seu drama de diabético com o do rio Doce. Ele realiza, em seus poemas, o sonho da fala própria enquanto poeta, estabelecendo um próprio estilo e uma temática preferida: os causos mineiros trabalhados literariamente, a psicanálise, os achados do cotidiano, o amor, o romance no escurinho do cinema, etc.
Eduardo transforma seus "causos", suas situações cotidianas em poesia e consegue lidar bem com a temática melindrosa do amor, assunto a respeito do qual é fácil cair no lugar comum e no clichê: "O fim de um relacionamento não é o fim do amor vivido, é o fim de um futuro que não existiu. Quem crê que o fim do relacionamento é o fim do amor vivido, além de perder o futuro, apodrece o passado" (ANDRADE, 2017, p. 45). Um achado exemplo de achado muito interessante e que me faz lembrar o poema Ausência, de Carlos Drummond de Andrade: a falta não é a ausência. A ausência assimilada, ninguém mais tira de nós.
Eduardo também faz da poesia uma intervenção na realidade, expondo uma postura que é, em última análise política e alinhada com a luta antimanicomial de Michel Foucault, dentre outros: "Louco varrido é poeira perversa que resta na língua desbocada da lógica higienista. Enquanto varremos vidas para debaixo do tapete" (ANDRADE, 2017, p 21).
Esse Andrade que não é parente de Drummond, mas que também é bom poeta, busca sempre combater a linguagem preconceituosa, assim como depurar os conceitos. Ele assume o lugar de fala de mineiro e enfrenta temas pesados como a tragédia da Vale, entrelaçando o seu drama de diabético com o do rio Doce. Ele realiza, em seus poemas, o sonho da fala própria enquanto poeta, estabelecendo um próprio estilo e uma temática preferida: os causos mineiros trabalhados literariamente, a psicanálise, os achados do cotidiano, o amor, o romance no escurinho do cinema, etc.
Eduardo transforma seus "causos", suas situações cotidianas em poesia e consegue lidar bem com a temática melindrosa do amor, assunto a respeito do qual é fácil cair no lugar comum e no clichê: "O fim de um relacionamento não é o fim do amor vivido, é o fim de um futuro que não existiu. Quem crê que o fim do relacionamento é o fim do amor vivido, além de perder o futuro, apodrece o passado" (ANDRADE, 2017, p. 45). Um achado exemplo de achado muito interessante e que me faz lembrar o poema Ausência, de Carlos Drummond de Andrade: a falta não é a ausência. A ausência assimilada, ninguém mais tira de nós.