quinta-feira, 20 de maio de 2021

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Câncer na Cultura Brazyleyra (Glauber Rocha no Farofafá)

 A Cultura Brazyleyra está com câncer. Toritoma Maligno. Carcinoma Embriogênico. Melonema pulverizantyz. Metástase: os efeitos destrutivos possuíram órgãos, membros e almas dos artistas, dos burocratas que se ocupam de produzir, realizar e distribuir cultura no Brazyl.

A Televisão está contaminada pelos enlatados promocionais do FBI e da CIA (órgãos de segurança yankz). As Telenovelas veiculam problemas falsos com roupas falsas e falas falsas. Nossas Rádios transmitem 90% de músicas yank ou “multyz” com o objetivo de SURDAR o povo. Ninguém pode ter tempo livre para pensar. O massacre de filmes, músicas, peças, livros e outras propagandas reduz a cultura brssileira a um lamaçal de BURRICE? RECALQUES? INCOMPETÊNCIA? – é tudo isto e mais o desespero diante do futuro brazyleyro.

As Universidades Yanks e “multyz” enviam professores de extrema direita para ensinar a nossos empobrecidos estudantes as últimas noções racistas da Nova Direita. As elites intelectuais, na maioria de classe média, recebem Bolsas de Estudos das Fundações Yankz (Ford, Rockfeller, etc.) e no “Parayzo Rolyudiano” estudam, decoram e juram servilismo perpétuo ao Modelo Yank. Imperialismo Cultural.

Nestas Universidades impera o neo-Positivismo. É o discurso retórico, fenomenológico, monetarista, inflacionário. Estes bolsistas colonizados fundam no Brazyl movimentos que visam negar a BRAZYLYDADE e afirmar o YANQUYSMO. Os intelectuais vendidos a Wall Street estão contactados com os Agentes Culturais da CIA. Daí a existência dos BRAZYLYANYSTAZ.

No Brazyl, o GANCHO do Pentágono é o CENTRO BAZYLEYRO DE PESQUISAS, que funciona em São Paulo. Durante o período das ABERTURAS geradas pelo GRANDE GEISEL, o CEBRAP elaborou uma TEORIA DO AUTORITARISMO, de inspiração cinicamente KARTEZYANA.

A economista luzytana, Dona Maria da Conceição Tavares, resolveu negar o Brazyl em nome dos interesses de Edward Kennedy. Na época de Geisel, seguiram Karter. Agora, que Karter caiu em desgraça, obedecem a Edward Kennedy. Vocês acham que aquele artigo assinado por Edward Kennedy que saiu na VEJA, há duas semanas, foi escrito por “TEDDY”? Foi escrito por algum membro brazyleyro da assessoria de Kennedy. Então é por isto que o CEBRAP negou as aberturas.

O professor Fernando Henrique Cardoso é apenas um neo-capitalista, um KENNEDYANO, um entreguista. Responsável pela organização das Patrulhas Ideológicas contra os intelectuais e artistas revolucionários e nacionalistas, MR. Cardoso trabalhou contra as aberturas. As aberturas nunca interessaram a Magalhães Pinto. Magalhães queria uma Dytadura, para melhor protestar em nome de sua candidatura. Por isto a Esquerda pró-soviética se uniu à direita pró-yank. Tudo a mesma coisa: Fernando Henrique Cardoso e Oscar Niemeyer unidos contra as Aberturas.

Pobre Niemeyer, o mais patrulhado de todos. Oscar é um gênio. Mas um gênio corrompido pelas mordomias. Cinicamente, Oscar defende Moscou. Ele fecha os olhos para os campos de concentração de Breznev, para o anti-semitismo e para o avanço colonizador de Moscou na Afryka. A senilidade de Oscar o levou a fundar um organismo chamado Centro Brasileiro Democrático. Nenhum democrata foi convidado a participar deste embrião de Comitê de Censura Política. Então o formalista Oscar se transformou em outro Chefe de Patrulhas.

ESTOU aqui entregando os nomes dos Patrulheiros Chefes: Fernando Henrique Cardoso, pelo CEBRAP, Oscar Niemeyer pelo CEBRADE. CEBRADE e CEBRAP. Dois Centros de serviço aos estrangeiros euryanks que desejam ocupar o Brazyl. Como é que um gênio como Oscar pode se prestar a papel tão burro, mesquinho, tacanho, degradante para sua tradição de maior arquiteto mundial, criador desta maravilha que é Brazylya? Fernando Henrique Cardoso é um subcientista social. Não tem a importância de Oscar. Como Florestan FernandesCaio Prado Júnior e outros pseudo cientistas sociais, responsáveis pelos desastres políticos das intelectualidades encabrestadas.

Estes sub-intelectuais não suportam uma sabatina de Gilberto Freyre. Por isto esculhambam Gylberto, Jorge AmadoNelson RodriguesGilberto GilCaetano Veloso, e todos intelectuais que não rezam pela cartilha de Washington e Moscou. E Oscar não é comunista. Oscar fatura o comunismo. Nadando em multyz mordomias, Oscar descola contratos fabulosos em países socialistas para construir palácios.

No Brazyl, Oscar declara que não se deve destruir favelas mas fixar o homem na miséria. Oscar dirige uma coleção de livros, AVENIR. Ali se exerce a MAIOR CENSURA CULTURAL DA QUAL JÁ TIVE NOTÍCIA. Só é publicado quem repete a cartilha de Oscar, do realismo socialista (ah, se fosse mesmo REALISTA E SOCIALISTA). Chega de Oscar, de CEBRAP, de Don Evaristo Arns, o Cardeal de Berlim, o sacerdote dos milhões de dólares que fala da fome do povo com o objetivo de catequizar os pobres para a neo-escravidão social democrática.

Don Evaristo também lutou e luta contra as aberturas. As aberturas atrapalham a demagogia de Don Evaristo. Para continuar tomando dinheiro do estrangeiro, em nome da Democracia, Don Evaristo precisava dizer a Karter que o GRANDE GEISEL era Ditador porque assim ele receberia mais prestígio internacional. Seria necessário que a imprensa devassasse o esquema do Cardeal para que se veja a demagogia entreguista que suborna as massas mistificadas pelo catalocismo comercialista.

Este catecismo da KATASTROFE penetra as consciências de estudantes, de jovens intelectuais, de operários, de todas classes ignorantes e famintas de SABER DE COMER DE VIVER. A imprensa alternativa que expludiu no PASQUIM (1970) é hoje uma lixeira das mensagens gasparianas (falo de Fernando Gasparian, o proprietário da Editora Paz e Terra e do finado jornaleco marrom, OPINIÃO) – na qual os jornalistas desinformados escrevem absurdos contra as Aberturas, servindo às táticas de Magalhães Pinto que não hesita emprestar dinheiro a qualquer intelectual que sirva à estratégia da tensão anti-militarista.

Porque tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética não desejam um Regime Militar no Brazyl. Um regime Militar evita a dominação Militar do Brazyl pelos militares yanks e soviéticos. Então a estratégia é desmoralizar as Forças Armadas. Por isto é que vários articulistas comprados escrevem que os MILITARES DEVEM VOLTAR AOS QUARTÉIS. O Sr. Márcio Moreira Alves, jovem burguês membro da direita carioca, fez aquele discurso contra as Forças Armadas em 1968 a mando das forças reacionárias que temiam medidas revolucionárias do então Presidente Costa e Silva.

Quando qualquer Presidente Militar tentou uma reforma agrária, cambial, habitacional, cultural – QUALQUER REFORMA ESTRUTURAL – vem logo o MDB jogar “Cokayna” no problema, travestindo as reformas estruturais em reformas Partidárias, em frescuras casuísticas, em reformulaçòes do “JOGO POLÍTICO”. Por isto é que o Sr. David Nasser escreveu na MANCHETE que o General Golbery jogava um XADRÊS DE SANGUE. Quem é o Sr. David Nasser, contumaz chantagista que desmoraliza a imprensa, para dizer que as ABERTURAS não passam de jogadas no XADRÊS DE SANGUE do General Golbery? Por que esta campanha contra Golbery?

Quem age contra Golbery são forças imperialistas, forças fascistas, forças que não desejam o desenvolvimento nacional independente do Brazyl. Então, Magalhães é contra Golbery. Todos os esquerdistas drogados e bêbedos ficam contra Golbery. O uísque é pago pelos “multyz”. Inclusive alguns são pagos pelo Governo. No ANTONIO’S, boteco caryoka, encontro vários funcionários do esquema de promoção do Governo (?) que depois do décimo uísque com vodka começam a gritar:

– Estamos faturando alto para criar a imagem do Figueiredo mas não adianta. A gente trata ele como o Chacrinha

O Ministro Said Farhat precisava enquadrar estes publicitários que se declaram seus empreiteiros e vão pro ANTONIO’S gozar o Figueiredo. Estes publicitários que servem às “multyz” estão gigoletando Figueiredo. São eles que levam espiões como Harry Stone ou picaretas fascistas como Frnco Zefirelli pra coquetéis com Figueiredo. Os mesmos não hesitam em relançar picaretas como Jean Manzon no mercado. Jean Manzon falsifica o Brazyl em documentários turísticos. Acho que o Ministro Said Farhat devia meter o bisturi neste câncer e extirpar estes pobricitários do esquema. Diante de tal quadro chegamos à materialização cancerígena:

A: de um lado o acordo WASHINGTON E MOSCOU tramando a inasão do Brazyl mediante a dominação cultural. Neste projeto ainda funciona o Instituto Goethe, órgão Germânico, e várias organizações de espionagem como o PROGRAMA DE COOPERAÇÃO francesa.

B: De outro lado, a criação de um FALSO ESPÍRITO CULTURAL de empresários arrivistas que envolvem o Governo, tomando dinheiro para promover Figueiredo e enganar o Ministro Said Farhat e o próprio Figueiredo.

Estou escandalizado com uma certa INGENUIDADE DO GOVERNO REVOLUCIONÁRIO em relação aos problemas de CULTURA, em particular de Comunicação. Este quadro envolve ESQUERDAS E DIREITAS CIVIS NO MESMO SACO ANTINACIONALISTA.

A política Cultural do Governo necessita de uma DEFINIÇÃO URGENTE. O Ministro da Educação e Cultura, Eduardo Portella, é um dos maiores intelectuais do Paiz, tenho por ele estima e admiração, mas o sinto de mãos e pés amarrados no campo CULTURAL.

No campo Educacional, Eduardo está funcionando muito bem, procurando reformular a esclerosada estrutura Universitária e nisso tem encontrado resistência dos TOGADOS REACIONÁRIOS que durante 15 anos de ditadura se acostumaram a reprimir estudantes e professores enquanto faturavam o futuro.

De New York, o crítico literário do Pentágono, Mr. WILSON MARTINS, publica semanalmente artigos contra os melhores romancistas nacyonaisdivulga ideologia ocupacionista e pretende “DAR UM GOLPE” para derrubar Eduardo Portella. Enquanto isto, intelectuais importantes como Paulo Francis e outros atacam sistematicamente Eduardo Portella, com o obetivo de remover um Ministro cuja Obra escrita é revolucionária, sobretudo pelo nacionalismo.

Os intelectuais e artistas encabrestados no MDB pedem dinheiro ao MEC mas não querem criar nenhum movimento cultural revolucionárioQuerem a grana e o direito de falar mal do Ministro, bebendo e fumando a grana. A Educação anda mas a Cultura não. Até agora não houve um Projeto Cultural integrado dos intelectuais com o MEC. Eduardo Portella não pode produzir nenhuma revolução cultural se os intelectuais e artistas se movimentam contra qualquer perspectiva nacionalista.

Por outro lado, a burocracia frígida domina o setor cultural do MEC. Considero a atuação do Sr. Márcio Tavares do Amaral na direção do DAC (DEPARTAMENTO DE AÇÃO CULTURAL) absolutamente estéril. O Sr. Amaral até hoje nunca se reuniu com os mais importantes artistas do Brazyl. Não disse a que veio, nem para onde vai. Sua política é elitista, esnobe, antipática, reacionária. O DAC deveria ser ocupado por um ARTYZTA NACIONALISTA E REVOLUCIONÁRIO e não por um ilustre desconhecido que simplesmente DESPREZA a existência dos artistas.

Não sei quais os motvos que levaram Eduardo Portella a nomear o Sr. Márcio Tavares do Amaral para o DAC. Sei apenas que o Sr. Amaral é uma Pedra de Gelo nas Aberturas Culturais, uma BUXA que entope os canais. Como o Sr. Gilson Amado na direção da TVE. O Sr. Gilson Amado corta tudo. Equanto as TVS comerciais BOTAM QUASE TUDO NO AR – o Sr. Gilson Amado corta, corta, corta, emprega subartistas, promove funcionários burros a diretores de programas e ainda denuncia de viva voz o programa ABERTURA (TV TUPY) de promoção comunista.

Embora eu tenha simpatia e ternura pelo Sr. Celso Amorim, atual Diretor Geral da Embafilme, até hoje o Sr. Amorim não fez nada mais do que superburocratizar a Embrafilme. Criou um programa de roteiros, pagando Cr$ 200.000,00 (duzentos mil cruzeiros) a cineastas, para que escrevam roteiros. O Celso Amorim deveria saber que desde Roberto Rosselini (anos 40) o Cinema de Roteiro foi por água abaixo.

A EMBRAFILME PRECISA FINANCIAR FILMES E NÃO ROTEIROS. A Embrafilme nos tempos de Ney Braga financiou um programa de ROTEIROS PARA FILMES HISTÓRICOS. Pagaram Cr$ 300.000,00 (trezentos mil cruzeiros). Até hoje nenhum roteiro apareceu. Isto foi um truque dos Cineastas para enganar Ney Braga.

Em seguida, Roberto Faria, o ex-Diretor Geral da Embrafilme, enganou Ney Braga outra vez, financiando um projeto de FILMES PARA TV. Foram Cr$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões!!!) investidos neste Projeto. Onde estão os ROTEIROS DOS FILMES HISTÓRICOS? ONDE ESTÃO OS FILMES DE TV? Estão bebidos, fumados, consumidos em viagens internacionais. O Roberto Faria corrompeu os cineastas. Muito dinheiro para projetos – financiamentos – a perder de vista. Filmes, nada. Somente Roteiros, Festivais, Revistas de Cultura, Simposyuns realizados por subprofessores e promessas paternalistas.

Celso Amorym não fez uma revolução na Embrafilme. Não concordo com a assessoria de Celso Amorym. Alguns funcionários remanescentes da SAVAK de Faria mandam nos corredores da Embrafilme com um autoritarismo fascista indigno das aberturas.

A Distribuidora da Embrafilme, a grande criação de GUSTAVO DAHL, foi reduzida a um Departamento de Fofocas. Ninguém tem coragem de enfrentar os exibidores. Harry Stone, o agente da Motions Pictures, manda e desmanda. Como é que o Celso Amorym aceita Jean Rouch no Brazyl programando cursos em Universidades Nordestinas? Será que Celso, que é diplomata, não sabe que Jean Rouch já foi denunciado em todo mundo cultural como um AGENTE COLONIZADOR ou, em miúdos, um Agente de Informações do Governo Francês, cujo alvo é fotografar e gravar os problemas das regiões terceiro-mundistas?

Até hoje, certamente seguindo a política elitista do Sr. Márcio Tavares do Amaral, nunca se reuniu com os Cineastas para discutir os problemas culturais. O que Celso Amorym faz na Embrafilme é transar baixa política com os produtores de PORNOCHANCHADAS CHIS e com os burocratas da COOPERATIVA BRASILEIRA DE CINEMA, feudo do Sr. Nélson Pereira dos Santos e de outros cineastas decadentes que continuam fazendo filmes populistas e tecnicamente ruins. Os jovens cineastas não existem. E os cineastas independentes,que desejam filmar, JÁ – são obrigados a entrar num absurdo Concurso de Roteiros que vai repetir o mesmo desastre já verificado com os PROJETOS DE FILMES HISTÓRICOS e com os PROJETOS DE FILMES TELEVISIVOS.

Solicito ao Ministro Eduardo Portella que faça uma revisão profunda e radical no esquema do DAC. Porque o DAC é um Ministério da Cultura. O Serviço Nacional de Teatro também não funciona. É um órgão acadêmico, paternalista e o único talento do Sr. Orlando Miranda é dar dinheiro aos esquerdistas festivos para montar peças reacionárias. O Sr. Orlando Miranda é um corruptor da classe teatral. Porque nenhum Grande Teatrólogo é ouvido. Criou-se a burocracia patrulheira no SNT.

O Mesmo no Instituto Nacional do Livro. Meu queridíssimo Herberto Salles não faz nada para revolucionar a questão editorial no Brazyl. É a velha fofoca literária de comadres. O Herberto, autor desta Obra-Prima que é “ALÉM DOS MARIMBUS”, deveria passar o cargo a um Escritor Industrial ou senão dar a volta por cima e providenciar algumas medidas para melhor se Editar e Distribuir Livros no Brazyl.

No Instituto Nacional de Música, a mesma coisa. Óperas, concertos clássicos, esmagamento da música popular brasileira, desvalorização de nosso Folklore em função de um elitismo europeizante. Assim, a nossa MUSYKA morre estrangulada entre LA TRAVIATA e JOHN TRAVOLTA.

E o que é a FUNARTE? Que arte se faz na FUNARTE? José Cândido de Carvalho, Diretor da Funarte, é um GÊNIO LITERÁRIO. “O Coronel e o Lobisomem” é uma novela central de nossas letras. Mas Zé Cândido não faz nada na FUNARTR. Nunca convidou um artista importante para ir lá.

A política de ARTES PLÁSTICAS está em casa de tia Maria. Um mangue. Ninguém se entende. É a fofoca. O Paternalismo. Eu preferia que Zé Cândido se tamsformasse num LOBO agressivo e promovesse uma revolução cultural.

Fica claro que o DAC não funciona. E se o DAC não funciona, a CULTURA entra em crise. Quem veicula a cultura revolucionária? A TV? As multinacionais? Sim, a TV e as Multinacionais e as Fundações Culturais que compram, aviltam, seviciam, destroem nossos artistas.

Por isto, sem culpa de ofender os brios de quem quer que seja – solicito ao Ministro Eduardo Portella uma revolução no DAC. Será a única forma de salvar nossa Cultura do Câncer.

Foram 15 anos de censura. Desinformação. Contra-informação inernacional. Poluição popular. Se alguma força reacionária estiver segurando Eduardo Portella eu estou com ele para combater estas forças. Eu e todos os intelectuais e artistas revolucionários do Brazyl. A Embrafilme, o Serviço Nacional do Teatro, o Instituto Nacional do Livro, o Instituto Nacional de Música e a Funarte NÃO FUNCIONAM. As verbas para pagar os funcionários e suas MORDOMIAS (muitos coquetéis, viagems e muita ARROGÂNCIA E MUITA PUSILANIMIDADE) estão sendo desperdiçadas para manter funcionários que até agora nada fizeram a não ser tratar os artistas como mendicantes. Estamos entre o DAC e a CIA. Entre o DAC e a KGB. Entre o DAC e a miséria cultural.

Agravando o câncer, disseminando o veneno estão os Partidos Políticos chefiados por homens que nada entendem do problema – exceção seja feita a José Sarney que é brilhante prosador e poeta – e que pretendem usar os intelectuais e artistas como massa de manobra eleitoral. Miguel Arraes, na linha argelina, defende a censura rígida. Leonel Brizola nunca deve ter pensado no problema da cultura revolucionária, embora eu considere que Brizola seja mais flexível do que Arraes.

(Texto publicado no jornal Correio Braziliese, em 27 de setembro de 1979, e reproduzido por FAROFAFÁ sob autorização dos herdeiros de Glauber Rocha.)

domingo, 9 de maio de 2021

Ao Vendedor, as Batatas

 Ao Vendedor, As Batatas


Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior



O livro de contos O Vendedor de Batatas de Dênis Reis (Ed. Do Autor, 2008) é muito bem arquitetado: inicia-se com o “rap para o meu avô negro, por ocasião do primeiro dia de inverno” e finaliza-se com uma “elegia para meu avô branco, por ocasião do último verão”. São os textos mais poéticos do livro. São narrativas cuidadosamente buriladas de forma a compor um todo harmonioso. São dois atos e no final o tema do início é retomado. Reis têm uma forte influência da música e suponho que ela inspira sua composição, tanto que ele cita positivamente Mozart: suas citações em geral são negativas. Ele parte de um tema, desenvolve-o e vai se distanciando dele quase imperceptivelmente.

Uma das obsessões de Reis é a estupidez da pequena burguesia, que ele persegue implacavelmente, embora se veja também obrigado a transigir, envolvido nela. Talvez isso seja o que mais o desespera. Mas talvez não haja desespero algum e o humor e o desespero sejam só jogo de cena filosófica de mesa de bar. A imbecilidade ele persegue com um ódio sem quartel, enxergando-a até numa lagartixa atrás da pia e fechando uma careta para o mundo, sem aceitá-lo com ele é. Mas às vezes a revolta é tamanha que parece tudo refluir para a poltrona da casa, para a fobia social.

Os contos são todos como um roteiro de como combater a imbecilidade com fúria, precisão e estética, digamos assim. E nisso Reis é bem sucedido. Ele encontra a mediocridade de classe média na vida do casal (História de um marido pobre), nos papos de botequim (Os Mosqueteiros do Amendoim), na vida militar (Eu mesmo) e em um dos alvos que ele mais goza ao encontrá-la: a universidade e seus seminários de dança das pulgas (Onde está Wally?). Aliás, os intelectuais são os grandes criticados nesses contos, é a categoria que, como um todo, sai mais atacada. Reis odeia profundamente sua empáfia, suas patotas, suas teses com nomes enfeitados e “des-leituras” de romancistas amazônicos, por exemplo. A libido, em O Vendedor, não é nada grafocrática.

O universo da rua, do botequim, da zona boêmia, embora criticado em O Vendedor...ainda é poupado em relação ao desprezo caricatural com que é tratado o ambiente universitário, assim como é detonado o mundo resplandecente de Marília Gabriela e Jô Soares, ou seja, o universo das celebridades, da moda e do consumo. Mas nada o apraz tanto quanto encontrar a imbecilidade nos supostamente inteligentes:



Um mestrando queria saber se devia comprar ações da Telemar. Com medo de perder a reprise do programa da Marília Gabriela, respondi que sim. ´Deve sim, ora essa´. Só porque está enrascado com uma tese sobre a teoria do valor, o idiota pensa que vai ficar rico como David Ricardo. Vai acabar mais pobre que Marx. Que mestrando imbecil! (REIS, 2008, p. 81).



Essa busca, nesse momento acima, gozou em encontrar seu objeto: a intelligentsia provinciana, os chamados “heróis póstumos da paróquia”. Do ponto de vista de Reis, o “luso-tropicalismo” deve ser violentamente atacado e derrotado, para o bem da comunidade negra. O ponto de vista dele, supõe-se, é o da senzala com caneta de raio laser:



Nós, não. O nosso conservadorismo não existe. É só o jeito de quem levou muita lambada na cacunda. Minas Gerais é uma ética. A desgraça do Brasil foi o conde Maurício de Nassau ter voltado para a Holanda. Gilberto Freyre derrotou Maurício de Nassau na batalha de Guararapes. E o Brasil virou uma merda (REIS, 2008).



O texto por vezes é muito engraçado, mostrando uma realidade singular de maneira debochada. O narrador é um observador ora polido, ora de franqueza rude, ora ambicioso, ora seco e desenganado, ora desesperado, ora romântico que cita canções de amor sobre índias de sangue tupi e favos de mel de jati. Sua revolta permanente o faz desancar meio mundo. Ele o faz através até do avô, que segundo ele:



Mandou bala nos paulistas em 1932. Devíamos ter destroçado com a terra nostra em 1932, como fizemos com o Paraguai no século XIX. Ah! As moderações! Minas Gerais é uma ética. E junto com os muitos outros, em cima de um caminhão, atravessou, ocupante, a cidade de Ribeirão Preto. A Semana de Arte Moderna de 22 atrasou a literatura brasileira por 30 anos. Alguém tinha de dizer isso. Dixit ET animam levavi! Sacanearam o Lima Barreto, o único escritor brasileiro honesto. Malditos paulistas, bando de barões bundões. Na Faculdade de Letras – sempre-clássicas não se diz tal coisa. Minas Gerais é uma ética (REIS, 2001, p. 184).



No entanto, existem teóricos da área de Letras, tal como Luís Bueno, que advogam isso: os modernistas teriam rompido com uma tradição literária nacional. O livro de Reis atacou mais vezes a intelectualidade paulista, em quem verifica muito apego a famílias ricas, comunismo e estalinismo equivocados e de salão, em geral brilhareco falso e superficial, Gianotti explicando Wittgenstein para o Jô Soares. Pontuemos, no entanto: o maior ataque ao luso-tropicalismo até hoje partiu de Roger Bastide (e de São Paulo): a pesquisa A integração do negro na sociedade de classes. Roberto Drummond, segundo ele, lhe dá azia – sinônimo de desgosto e raiva, mas é forçoso dizer que esse livro se aproxima, através das frases curtas, afirmativas e ritmadas, do estilo de Roberto Drummond no início da carreira, em especial do livro de contos A Morte de D. J. em Paris. De tanto tentar superar a Paidéia da província e sua sufocante atmosfera, Reis aproximou-se de Drummond, do Roberto, com a diferença que o que lhe parece sufocante para Roberto Drummond era alegre e saltitante. Reis está mais para Lima Barreto do que para Kafka, mais para Bom Despacho do que para metafísica checa.

O livro tem a ressonância machadiana logo em seu título. Em comum com Machado, ele possui o estilo afiado e a ironia que por vezes se tinge de sarcasmo. Há quem veja também ligações com Kafka e Walter Campos de Carvalho. Prefiro falar em Murilo Rubião e os personagens psicóticos de Campos de Carvalho também não se fazem presentes nesses contos. Denis experimenta livremente com os contos, afastando-os das crônicas de jornal, por exemplo. Eles citam livremente literatura, filosofia, programas de televisão e até receitas culinárias. Ele me divertiu especialmente quando fez o balanço do universo belo-horizontino, universo que oscila entre o desejo da mudança e as ponderações do conservadorismo, entre a transcendência da filosofia e o sonho de uma revolução que não seja só um levante militar e a dureza da vida cotidiana, da pobreza, da falta de dinheiro, da mesquinhez do trabalho e da dura realidade de uma grande metrópole. Denis quando ele fez prosa poética, como no primeiro e no último conto.

Seu acerto de contas com o conformismo é sutil, mas para quem tem sensibilidade e sabe ler as entrelinhas poderá sentir a imensa violência poética que existe em textos como História de um Marido Pobre e Eu Mesmo. E são contos indigestos, que irritam, provocam, inquietam. Existe humor, mas ele incomoda, pois é polidez do desespero e esse desespero é tangível. O objetivo do autor, suponho, é esse.

Denis fez do livro um objeto cuidadosamente estruturado, com contos que repetem temáticas ou até mesmo algumas palavras-fetiche, como “açúcar” e “obesidade”, símbolo, para ele, da solidão e da morbidez, senão do intolerável da pobreza, da aposentadoria e da alienação. É uma ótima estréia de Denis como contista.