quarta-feira, 20 de março de 2024

O Triunfo de Maria Celeste e do Vovô Índio

O Triunfo de Maria Celeste e do Vovô Índio A inauguração das luzes de natal é sempre um momento mágico na nossa cidade. Não foi diferente esse ano. Minha filha fez uma linda foto no Flora Photos, mostrando o reflexo das luzes no chão molhado pela chuva. Papai Noel também fez sua aparição. Meu amigo Lucas “Lobera” comentou comigo que o Papai Noel esteve ano esteve na Praça da Matriz vestido de verde e amarelo, evitando o vermelho e suas associações políticas. Fui procurar uma foto e vi que de fato ele veio com cor dourada, mas assim mesmo ainda tinha a cor vermelha e não tinha o verde. A fantasia de Lucas me fez pensar, por negação, em um curioso programa escrito por um policial civil carioca chamado Rivaldo, que conheci na internet e que por volta de 2018 elaborou com ideias inovadoras assim, ainda que em uma vertente de pensamento totalmente oposta, um programa para um partido que ele queria legalizar, tal como por exemplo: “Fundação da empresa pública Mc Lenin, que será uma rede de restaurantes vegetarianos distribuídos pelo país a fornecer hambúrgueres e lanches nutritivos adaptados à culinária local” e também uma outra bem inovadora: “Criação do Exército Popular Brasileiro, simbolizado pela Onça Pintada, Marinha Popular Brasileira, representada pelo Tubarão e Aeronáutica Popular Brasileira, simbolizada com uma Harpia”. Particularmente vanguardista achei o seguinte ponto: “Substituição da velha bandeira positivista pela bandeira vermelha da Vitória dos Trabalhadores [em obras]”. Ainda bem que ele colocou “em obras”. Nossa bandeira nunca será vermelha, quem diria? Isto posto, sugeri a ele a substituição do Hino Nacional pela nossa Marselhesa, a canção Pra Não Dizer que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré... Este ano fui também ao recital de natal organizado pelo coral Voz e Vida. Curiosamente minha mãe sabia “todas as letras”. Mamãe cantou o tempo todo a versão de Flávio Venturini para o Ariosto de Bach e a versão de Vinícius de Morais para Jesus Alegria dos Homens, de João Sebastian Bach. Quando mamãe foi transferida de Uberaba para Belo Horizonte, ainda como uma professora de Português, foi lotada num bairro periférico chamado Céu Azul. Ela ficou indignada, mas eu completei: “mãe, lugar de Maria Celeste é no Céu Azul”! Esse tipo de proposta fez com que eu me lembrasse da tentativa fracassada, nos anos 30, da vertente política que originalmente propôs como lema “Deus, Pátria e Família” (agora reciclada) de substituir o Papai Noel pelo Vovô Índio. Consta que até Getúlio Vargas apoiou. Em uma das versões, o Vovô Índio nascia diretamente de um Pau-Brasil. Inspirado nessas considerações, a respeito transcrevi o poema abaixo que encontrei num site: Triunfo do Vovô Índio, de Sylvia Patrícia Esse ano, o velhinho estrangeiro para as neves longínquas fugiu Porque esse ano no Brasil inteiro vovô índio triunfante surgiu Vovô índio é belo, é moreno e o sol sua pele tostou Vovô índio se veste de penas, qual as aves das nossas florestas, onde sempre com elas morou Vovô Índio não vem de outras terras, ele é nosso, bem nosso, é daqui Tem arco e flexa, sabe mil histórias, do caipora, do boto e saci Vovô Índio não é dos países onde morrem de frio os pequeninos Ele é dessa terra formosa onde há sol e calor o ano inteiro Onde as folhas, as cigarras boêmias cantam hinos Onde nascem no chão as esmeraldas, como nascem as flores num canteiro Vovô Índio é bom e ingênuo, porque longe dos brancos viveu Ele gosta das crianças e dos pobres, dos bichos lá da mata onde nasceu E no Natal quando vem à cidade, não procura do luxo o brilho falso Vovô Índio às palhoças também vai um brinquedo levar E os meninos que não tem sapato, não precisam chorar Vovô não crê em lendas europeias, chaminés e sapatos para quê Vovô Índio sorri dessas ideias Se natureza sempre lhe deu frutos Se os ramos sempre lhe deram sombra E Vovô índio sempre andou descalço Vovô Índio com penas de cores mil Vovô índio, você é o mais lindo mito Porque você é o Brasil É o triunfo de Vovô Índio e de Maria Celeste.

Nenhum comentário: