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sábado, 20 de dezembro de 2025
Campo, Um Poderoso Fermento Revolucionário
O Campo, um Poderoso Fermento Revolucionário
- dezembro 19, 2025
Escrito Original Por: Partido Comunista Sol Rojo - Equador
Disponibilizado Por: A Nova Democracia
Tradução Por: Soichiro
A contradição principal de nosso tempo se desenrola entre o imperialismo de toda laia, especialmente, o ianque, e as nações oprimidas do mundo. As potências imperialistas competem e as vezes, conspiram para repartir territórios, recursos e rotas; no entanto, o jogo decisivo dessa contradição é o Terceiro Mundo, cenário onde se concentram as guerras, ocupações, bloqueios e contrarrevoluções. Aqui estão, entre outros, Palestina, Síria, Líbano e Yemen; Afeganistão, Iraque e Líbia; Sudão e Sudão do Sul, Etiópia e Somália no Chifre da África; Mali, Nigéria e Burkina Faso; a República Democrática do Congo e Moçambique; o Saara Ocidental e Haiti. Na Ásia se estendem conflitos e resistências em Mianmar, Bangladesh, Paquistão, Índia, Filipinas e Papua Nova Guiné; na Ásia Ocidental sediam Irã, e na Turquia e Curdistão persiste com suas guerras multiformes ou híbridas. Na América Latina os tambores de guerra, sanções e ingerências retomam sobre Cuba, México e Venezuela, a militarização e a guerra interna atravessam Colômbia, Peru, Equador, Haiti e amplas faixas da América Central e o cenário náutico de convergência no Caribe.
Nesse quadro, as guerras populares que apontam ao Poder como as que desenvolvem na Índia, Turquia, Filipinas e no Peru; e as guerras de libertação nacional em outros países, expressam uma lei inelutável: onde o imperialismo estrangula e embate, as massas aprendem no curso da guerra a combater, levantando as bandeiras da guerra justa contra a guerra injusta. Em muitos lugares, armadas de maneira precária e rudimentar, as massas transbordantes de otimismo põem o peito e a cota à ameaça nuclear, tecnológica e numérica que o imperialismo pretende aplicar factualmente. Nesse sentido, nos corresponde converter a indignação em organização, a defesa em ofensiva e a crise em oportunidade estratégica para abrir um passo à derrota do imperialismo e seus lacaios, e impor a Nova Democracia, que é a ditadura conjunta de operários-camponeses e pequena burguesia, sendo centro o proletariado: e, sobre suas conquistas e transformações, ao socialismo.
Sujeitos à essa análise, podemos entender da melhor maneira a agressiva presença do imperialismo ianque na América Central e Sul; : sua ameaça de invadir Venezuela, estrangular a Colômbia e pôr em funcionamento, a seu favor, a máquina latifundiária do velho Estado do Equador, em um contexto de luta que mantém com Rússia e China e, de fato, com alguns países da Europa.
Nesta ofensiva ianque, o Equador, e nele, o governo fantoche de Noboa, é um papel importante na medula desse esquema. Não é gratuito o processo de fascistização de Noboa, suas pretensões legais para reformar ou gerar uma nova constituição, cujo o centro é apoiar a presença de bases militares estrangeiras (não russa, chinesa, ou de qualquer outro país, aspecto que também será rechaçado e combatido), senão ianque, especificamente; entretanto conceder super poderes ao governo e as FFAA, que, precisamente neste momento, são absolutamente controlados pelos EUA e Israel.
Quando aprendemos que Noboa é fascista e marionete, nos redimimos aos fatos; sobretudo, marionete, porque sua condição de fascista deriva de sua posição servil ao imperialismo. Basta ver que, pela primeira vez, Equador, dá mão a Cancillería, dirigida por um agente do sionismo internacional, se absteve ante a ONU de votar contra o criminoso bloqueio a Cuba; mas isso sim, declarou a Hamas, Hezbollah e a Guarda Revolucionária do Irã como organizações “terroristas” seguindo o mandato dos EUA.
Isto deve entender em sua verdadeira dimensão: servilismo, testa de ferro político de Noboa e, sobretudo, a crescente incidência política dos EUA no país. É dizer, pouco a pouco que estamos perdendo essa relativa independência política que acreditam que temos e que nos caracteriza como um país semicolonial/semifeudal.
O Equador atual é uma sociedade semicolonial e semifeudal. Quando dizemos que é semifeudal, não estamos dizendo que não tem capitalismo; o que queremos dizer é que o imperialismo se desenvolveu, de maneira tardia, um capitalismo atado aos interesses dos grandes latifundiários na segunda metade do século XIX; que isso, antes e hoje, não tem intenção alguma de eliminar esses remanescentes feudais, senão de evolui-los a novas formas. Capitalismo (burocrático) que não desenvolve as forças produtivas, que fomenta a indústria nacional, mas sim que é entregue ao imperialismo, fundamentalmente ianque. Que é quem delineia as formas e relações de produções próximos a seus interesses.
Esse capitalismo está em crise, doente, manco, cujas contradições não se resolvem pensando em “levantes” ou rebeliões circunstanciais, conjunturais, mas também com um programa e processo revolucionário profundo, dilatado, com correta direção ideológica e com guerra popular.
Entender isto é fundamental para uma apropriada compressão das dinâmicas de luta no país, particularmente no campo, onde o papel do campesinato pobre tem sido determinante, sobretudo nos três últimos levantes populares.
Nós, os comunistas, não concebemos a sociedade como um todo delimitado por raças, grupos étnicos, nacionalidades ou de atores que promovem as reivindicações de gênero. Nós concebemos a sociedade a partir de uma análise materialista histórico-dialético e que, por ele, prevalecerá sempre a análise de classe: sua composição, campos e contradições. Nesse sentido, observamos camponeses e sua relação com os meios de produção; as relações de produção; no fato de que, na atualidade, alguns camponeses que estão alinhados com reivindicações étnicas, sendo o principal, sua condição de camponês pobre, sem-terra; outros que, de lavrar terra alheios, também se tornam, eventualmente em mineradores artesanais; aspectos que determinam a particularidade e diversidade de centros de contradição no âmbito produtivo. Entendemos que, ao não se haver materializado a revolução democrática-burguesa de velho tipo; o campesinato pobre é a classe que se torna a mais explorada já que está imerso e atrelado a relações de produção pré-capitalistas ou, dizendo de maneira mais clara, feudais e semifeudais.
Com esses antecedentes queremos centrar-se em aspectos contextuais do país.
Tem culminado o levante indígena-popular depois de 31 dias de crítica e incansável luta; uma briga na qual as massas, se mobiliza-se, tem posto sua gota de sangue: mortos, feridos, mutilados; além do mais, detidos e perseguidos.
Igual nos levantes de 2019 e 2022, as massas camponesas foram a força principal da mobilização, acompanhadas por operários, estudantes, comerciantes e setores populares que se rebelaram com determinação contra governos que, como o atual, tem ignorado os interesses da grande maioria. É bom dizer, que nessas rebeliões, o campesinato tem sido a força principal.
Esse ciclo demonstra que o campo continua sendo um “poderoso fermento revolucionário” e que, ao estabelecer correta aliança de classes com operários e demais massas exploradas, nesses contextos e formas de luta, se converte em uma força capaz de desestabilizar o velho Estado.
A combatividade das bases do movimento indígena-camponês, mas além do discurso etnocultural da direção oportunista que tem focalizado o vórtice das contradições existentes no campo na pluriculturalidade, os direitos coletivos e a defesa do “território”, subsumindo a contradição principal: massas-semifeudalidade, que tem rosto e voz própria: camponeses sem terra ou com pouca de mal qualidade; produção artesanal como estratégia de subsistência; mutação cíclica do campesinato pobre em semiproletariado na miséria informal, servilismo, expropriação de terras e migração forçada. Todas, expressões na mais abjeta semifeudalidade que mantém o campesinato, seja este “indígena” ou não ao limite da rebelião.
Isso é o que tem que ver e processar. O movimento indígena, incentivado por sua direção, fala de “territorialidade”; no entanto, em seu seio coexistem latifúndios e minifúndios: tem terras em mãos de membros da comunidade, mas também grandes extensões controladas por latifundiários nacionais e estrangeiros. Curiosamente, os indígenas/camponeses que habitam os chamados 'territórios', que na verdade são propriedades privadas, minifundios, são os peões, lavradores, e trabalhadores dos grandes latifúndios que estão dentro dessas circunstâncias.
O latifundiarismo, no lugar de diminuir se tem incrementado. Há exemplos de sobra: o consórcio dos Wong, ex-ministro do interior de Noboa, concentra ao redor de 30.000 hectares em Guayas (Marcelino Maridueña); em Esmeraldas e Santo Domingo dos Tsáchilas com cerca de 300.000 hectares de dendezeiro estão em mãos de um punhado de proprietários; o consórcio Nobis, do próprio Noboa, possue terras em distintos pontos do país; a açucareira Valdez administra cerca de 10.000 hectares; além de extensas fazendas bananeiras. Em Cotopaxi, Aglomerados Cotopaxi e Durini somam aproximadamente 19.000 hectares em pleno coração do que a CONAIE denomina “territórios indígenas”. A isso se adiciona os milhares de hectares da fazenda Fukurama, sim, a mesma denunciada por práticas de escravidão em pleno século XXI. Os jornalistas, aconchegados, arrendatários e trabalhadores que trabalham nestes prédios costumam estar submetidos a relações de trabalho de corte feudal ou semifeudal.
Os pescadores de camarão têm em seu poder 233.000 hectares, a mesma quantidade de terras com as que tem 1.800.000 camponeses pobres. A este “fenômeno”, devemos somar os milhões de hectares entregadas as grandes empresas mineradoras; veículo que tem gerado uma nova corrente de latifundiários vinculados a estas transnacionais da mineração, cenários onde as massas camponesas pobres são despojadas violentamente de suas pequenas parcelas, além do mais, são quem põe o trabalho, e também a vida, ante os desaforos e violência estatal, para estatal e assassinos.
Além da alta concentração extrema da terra: prédios individuais ou consorciados de 10.000, 20.000 ou 30.000 hectares apresenta a monocultura e controle de cadeias completas: cana, coco, banana e florestas com integração vertical (terra-processamento-exportação).
Cenários com relações trabalhistas precárias ou servis: pago por tarefa, terceirização, endividamento com lojas internas, vivendo dentro de fazendas e imigrações forçadas. Recrutamento forçado de camponeses para trabalhar na mina; arrendamento de terra e trabalho sob a modalidade de “ao partir”. Controle de bens comuns e servidões: acúmulo de água, caminhos e servidões de passagem como segurança privada e criminalização de protesto. Captura reguladora e fiscal: vantagens normativas e logísticas que reforçam a concentração e dificultam a reforma agrária real.
Estes dados, somados aos casos concretos citados, mostram que o problema não é só de “territorialidade” como consigna geral, vazia; senão de poder de classe sobre a terra e o trabalho, expressado em um regime que reproduz relações feudais e semifeudais em pleno século XXI.
É essa questão que se deve preocupar a direção do movimento indígena, de que os camponeses vivem em condições precárias, que isso tem que eliminar, e que não se faz com consultas, com votos ou no casebre da Assembleia, não, impossível, isso se faz com violência revolucionária. Tem que acabar com o poder coronelista e para fazê-lo, tem que combater todas as formas de seus representantes, os caciques locais, aqueles camponeses vendidos ao coronelismo que são quem reproduzem o velho Estado nas relações de produção e os executores diretos dos processos de corporativização das massas camponesas.
Nesse contexto, urge reconhecer que, ante a ausência da correta linha ideológica, a luta camponesa, sem rejeitar sua constância, sobre tudo em torno à necessidade de resolver o problema agrário, tem um certo caráter espontâneo, muitas vezes estimulado pela sua direção, a mesma que historicamente tem demonstrado que, além de traidora e oportunista, tem agenda própria, sem mais norte que o eleitoralismo e a burocratização do movimento indígena-indígena-camponês. Além, própria da incidência do trotskismo, sustentando por Iza e seus colaboradores, promovendo a ideia de lançar o movimento indígena a jornadas “insurrecionais”; pois consideram que é o mecanismo e forma de luta que permitiria que essas massas “conquistem o poder”. É algo assim como pretender seguir o caminho russo combinado com eleitoralismo e oras mentiras burocráticas.
O último levante indígena-popular, como os anteriores, foi traído por sua direção; desta vez sob o mando de Marlon Vargas, um instável e covarde representante de uma plêiade de dirigentes que tem tido a mesma folha de rota: inicialmente com discurso radical, incendiário; posteriormente, amigável, conciliador com o governo e as classes dominantes, e o corolário, a cereja do bolo, terminam como candidatos presidenciais!
Toda esta verborreia vai da mão de um “projeto” centrado no “comunismo indo-americano”, uma mentira que descontextualiza Mariátegui que se apresenta como uma releitura “originária” do marxismo para América Latina que privilegia o indígena/andino como núcleo civilizatório, que toma elementos soltos do Amauta, do indigenismo e do comunistarismo andino, e os combina com agendas que tratam de buscar programa no passado; que absurdamente desloca o eixo da luta de classes para uma identidade étnico-cultural, mistifica a “comunista originária” como forma superior 'pré-capitalista' e resolve examinar suas contradições internas (patriarcais, hierárquicas (caciques), mercantilização crescente). Sem crítica dessas relações, o “retorno ao comunitário” funciona como romanticismo restauracionista. Um comunismo “nem desenho nem cópia” que emite no seu núcleo, o fundamental: revolução agrária e socialista dirigida pela classe trabalhadora em aliança com o campesinato indígena.
Nesta ocasião, Vargas, com o pretexto de “salvar a vida dos manifestantes” e de “preparar a campanha pelo NO na consulta popular”, desmobilizou as massas e as arremessou, uma vez mais, ao chiqueiro eleitoreiro. Não atuou só: contou com o apoio cúmplice de Lourdes Tibán, desde a Prefeitura de Cotopaxi, e de outros atores “indígenas” de ideologia domesticada que repetem, de forma cacofônica, que “só com trabalho podemos fazer com que o país melhore”.
Estes cachorros do velho Estado substituíram o levante popular, pela campanha eleitoreira do NO na consulta popular. Temos que combatê-los, sem lugar às dúvidas.
Por sua parte, o governo de Noboa, fascista, entreguista e tremendamente violento, tinha utilizado meios, táticas e estratégias vezes vistos para reprimir o povo. Já se tinha indicado: Noboa tinha convertido o Equador em um laboratório da nova linha militar do imperialismo com suporte sionista para neutralizar a insurreição e as lutas populares nos países do Terceiro Mundo. Não tinha economizado em bombardear com artilharia e aviões de guerra seus objetivos militares, como sucedeu em Imbabura e Azuay; mobilizar milhares de tropas escoltadas por veículos blindados, helicópteros de guerra e demais equipamentos militar para combater massas basicamente armadas com fogos de artifício, pedras e paus: expressões, sim, de luta, mas que, como sempre, resultam insuficientes para enfrentar a um inimigo que, sem consideração, reprime abjetamente o povo, sempre com o anúncio de dirigentes revisionistas e/ou oportunistas que tem servido de catalisadores para corporativizar às massas utilizando um grosseiro, e em certo modo, efetivo populismo baseado em bônus, dias de feriado no trabalho, presente de porcos, sorteio de veículos nos motins que organiza; e outras bugigangas que lembram as épocas do colonialismo espanhol, onde o espaço de então, tinha vindo em “bônus”.
Hoje o velho Estado burocrático-latifundiário, sob o governo de Daniel Noboa, expressão concentrada da burguesia compradora e dos grandes latifundiários, se recompõe subordinado aos interesses do imperialismo ianque e do capital comercial e de intermediação financeira israelense.
O país opera como lugar estratégico: logística militar, inteligência, penetração econômica e tecnológica. Não se trata de uma “desviação” conjuntural, senão de uma forma concreta de dominação semicolonial e de transição corporativa.
O imperialismo exige “estabilidade”, “segurança” e “controle social” para sua expansão. Daqui as reformas de Noboa: incremento do IVA, eliminação de subsídios, privatização de setores estratégicos e endurecimento repressivo sob a retórica de “segurança nacional”, “luta contra o terrorismo” e a convocatória a uma nova Constituinte convertida, desde já, em um “cheque em branco” para o imperialismo e a reação. A atual constituição pouco ou nada serve às massas; muito menos à reação, eles, a reação, requerem uma constituição que avalie e projete o que já estão fazendo, um processo de militarização da velha sociedade onde o executivo e as FFAA contem com todo o Poder coercitivo e repressivo. Estas medidas correspondem a um reajuste geral corporativo do Estado nos planos econômico, político e ideológico.
À ditadura de grandes latifundiários e grandes burgueses não lhe alcança bombardear dentro do país, reprimir, matar, encarcerar, perseguir e subornar pessoas; também necessita enche mão de seu discurso eleitoreiro. Agora combinam a violência e a repressão com a farsa eleitoral. Querem fazer-nos acreditar que, com a consulta popular, o povo escolherá uma nova Constituição, quando não é senão a expressão concentrada da política do velho Estado, do capitalismo burocrático e do imperialismo. Não é nada mais que isso.
O que o povo recebeu com a Constituição de 2008? Nada! Como sempre nos explorado, oprimido, agredido e violentado; além disso, nós temos sufocados em sangue e nós temos visto forçados a migrar ou a morrer no intento. Agora nos querem impor outra Constituição. Mudará com relação à anterior? Possivelmente em suas formas, mas não corresponde ao proletariado, ao campesinato pobre é às demais massas exploradas avaliar um instrumento político que legítima ao velho Estado e o apresenta em sua versão mais “sutil” no terreno do sistema de governo. Povo do Equador, lembra: assistir às urnas, seja para escolher autoridades ou para uma nova Constituição, só avalia o atuado por todos os governos, particularmente por este último, sustentado na violência imperialista, a mentira e governar em função dos interesses da grande burguesia e dos grandes latifundiários
O problema da constituinte não é um problema das massas; é um assunto das contradições inter-burguesas levado ao plano popular. Nós não negociamos a nossos mortos nas urnas nem caímos no papo dos oportunistas, dos eleitoreiros e dos vendedores de votos. Fortalecemos a organização, lutemos, preparemos e desenvolveremos a guerra popular: é o que devemos fazer.
Não podemos nem devemos garantir o velho sistema eleitoreiro do país; não devemos participar na consulta, pelo contrário, devemos boicota-la. É algo que compromete aos princípios; é não fomentar um velho sistema de governo que nos faz acreditar que, participando nele, estamos definindo ou marcando as pautas da participação popular nos desígnios de um Estado que não nos pertence.
Nessa perspectiva, o levante reabre mais uma vez o caminho histórico que deve ser qualificada da melhor maneira: cercar as cidades desde o campo.
As jornadas em Imbabura, Cotopaxi, Chimborazo e Loja mostram uma aprendizagem profunda e já exposta em outras ocasiões: tem que destruir os “Kurakas”, os “caciques” da direção das organizações camponesas-populares e conceder as massas um instrumento que se ponha a frente de suas lutas, instrumento que não pode ser outro senão o Partido Comunista de Novo Tipo, que, sem rodeios nem cálculos oportunistas, impede toda a decomposição que envolve o campo popular.
Estabelecer uma aliança de classe correta não significa negar as particularidades, e sim reconhecê-las e convertê-las em um organismo concreto e operativo, capaz de encarar as contradições que o governo gera e exacerba estruturalmente, e de avançar para a resolução das contradições fundamentais: nação contra o imperialismo; massas e campesinato contra à semifeudalidade e o coronelismo; e o povo contra o capitalismo burocrático da grande burguesia. Tudo isso sem perder de vista a colisão e luta entre burguesia compradora, hoje personificada por Noboa, e a burguesia burocrática, o Correísmo, cenário na qual se tem arrastado às massas, desviando-as de seus objetivos históricos. Tem que entender. As reivindicações indígenas não podem seguir nas mãos da direção ideológica da pequena burguesia, ou do nacionalismo burguês, é e será, sem lugar às dúvidas, uma tarefa do proletariado. A burguesia tem caducado como classe encarregada de levar as tarefas democráticas que compromete o indígena e o campesinato em geral; essa tarefa só pode ser concluída na revolução de Nova Democracia, transição ao socialismo.
Povo do Equador: temos entrado em etapa de inflexão, carregada de nós críticos que freiam ou entorpecem as tarefas necessárias para abrir um passo à revolução de Nova Democracia. Não podemos seguir endossando o esforço vital das massas à oportunistas e traidores. A direção da CONAIE, Pachakutik e os sindicatos centrais tem reiterado, sem vergonha nem consequência, sua traição em favor do velho Estado; tem sido um dos obstáculos mais sérios para que se desate a tormenta da guerra popular de operários e camponeses. Nos interessa desmascara-los, localiza-los onde estão e destruí-los. Já disse o magistral Presidente Gonzalo: “arranquemos as ervas venenosas... expulsaremos essas sinistras víboras... estouremos esse pus, senão o veneno se espalhará. Venenos, purulência, devemos destruí-los.”
O momento é difícil, sim, mas nós sustentamos um otimismo histórico que desborda travas e dificuldades. A rota é sinuosa e exige confrontar sem titubear ao inimigo: imperialismo, grande burguesia e grandes latifundiários, e também a seus operadores internos: caciques, oportunistas e revisionistas. A esta altura, nada fica fora do mapa: todos são peças da estratégia global do imperialismo e seus lacaios para manter o povo oprimido e explorado.
Não arrastaremos às massas à mobilização sem uma classe dirigente nem uma ideologia que trazem o rumo. É inviável persistir em discursos frustrantes sobre “direitos coletivos” ou em saídas eleitoralistas que maquiam o continuísmo e conjuram qualquer transformação de fundo. Não se trata de “indianizar” o comunismo, mas sim de proletarizar ideologicamente o movimento indígena para, em sua agenda nacional, se considerem as contradições de classe existentes; que suas reivindicações se articulem com as de operários, camponeses e demais setores populares; só assim as lutas estruturais deixaram de ser explosões episódicas e se converteram em processos sustentados por mobilização, militarização e combate.
Temos um cenário político favorável para a revolução. As condições históricas estão em seu ponto: devemos aproveitá-las. Devemos resolver todos os problemas políticos que teremos na frente com a luta armada: não tem outro caminho; é o que nos convém fazer.
Sem um Partido Comunista que organize, eduque e conduza, toda ação, pelo contexto que for, ficará atrepada no corporativismo administrado por uma direção oportunista. Se impõe construir uma direção capaz de converter o descontentamento em programa, o programa em organização e a organização em uma força avassaladora nucleada no Partido Comunista de Novo Tipo; na Frente e, obviamente no Exército Popular, a forma mais importante e decidida para que, com a guerra popular, avançaremos ao comunismo.
O PROLETARIADO É A CLASSE FUNDAMENTAL DA REVOLUÇÃO!
O CAMPESINATO, É A FORÇA PRINCIPAL DA REVOLUÇÃO DE NOVA DEMOCRACIA!
SEM UM EXÉRCITO POPULAR, NADA TEM O POVO!
VIVA O MARXISMO-LENINISMO-MAOÍSMO-PENSAMENTO GONZALO!
POVO DO EQUADOR, NÃO VOTAR NA CONSULTA POPULAR!
PREPARAR E DESENVOLVER A GUERRA POPULAR!
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