Há algum tempo, André Sant´Anna, escritor de vanguarda, me advertiu da antipatia de Afonso Romano contra as vanguardas. A crônica dele sobre o vazio da Bienal hoje me revelou algo que não ficou evidente nos telejornais: o segundo andar da Bienal era um "vazio" conceitual, um quadro branco, digamos assim. Penso que o debate deveria começar com o Branco sobre Branco do Malévitch.
A crônica de Afonso e outros artigos estão no site dele:
http://www.affonsoromano.com.br/index.php?titulo=128
A posição dele a respeito do Pedro Cardoso me dá a idéia, reforçada pela crítica a Damien Hirst, que no fundo Afonso quer limites, como agora também quer Ferreira Gullar. Mas achei o texto de Gullar sobre Guilherme Habacuc Vargas muito ligado ao influxo midiático sobre o Habacuc. Não fez jus ao artista. Gullar usou Vargas para chegar onde queria chegar; a obra foi mal analisada. Afonso me pareceu melhor crítico. Assim espero. Do que vi de Damien Hirst no site dele que postei aqui, gostei. Gostei de Habacuc também. Mas Afonso dirige esse acontecimento de agora para onde ele quer chegar, como faz com uma frase de Duchamp que usou no site aí acima, falando da baixeza da arte de nosso século. Uma boutade: ninguém mais que Duchamp para definir a arte de nosso século. André Sant´Anna me advertiu que, quando veio a exposição de Duchamp chegou aqui, Afonso atacou Duchamp na Cronópios. Para ele, a transgressão virou uma voz que o sistema fala na cabeça do esquizofrênico artista atual: transgrida! E ele, bobo, transgride.
O vazio dos curadores da Bienal é conceitual, um dar-se ao luxo na lógica cultural do capitalismo tardio. O vazio dos pichadores é o da exclusão e da falta do básico. Nessa contradição, ambos se estranharam e criaram o choque. Mas os curadores conseguiram: o andar em branco, conceitual, chocou. É difícil chocar, como diria a galinha vanguardista.
O vazio dos curadores da Bienal é conceitual, um dar-se ao luxo na lógica cultural do capitalismo tardio. O vazio dos pichadores é o da exclusão e da falta do básico. Nessa contradição, ambos se estranharam e criaram o choque. Mas os curadores conseguiram: o andar em branco, conceitual, chocou. É difícil chocar, como diria a galinha vanguardista.
Um comentário:
Realmente concordo, eu mesmo escrevi sobre esse vazio da Bienal que me pareceu uma provocação do tipo - "venham cá e me pichem" - dá pra imaginar vários malevitchs pichadores pintando quadrados brancos sobre as paredes brancas da Bienal ???!!!!???
Abraços
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