segunda-feira, 3 de maio de 2010

Um Cara dos Tempos da Brilhantina

Um conto de John Hemingway, publicado na edição de primavera da Saw Palm, uma revista de literatura e arte do jornal do Sul da Flórida.


UM CARA DOS TEMPOS DA BRILHANTINA
John Hemingway

Trad. Lúcio Jr.

Quando ele olhou a si mesmo no cabelo, seus longos cabelos pretos e crespos eram o que tinham sido na noite anterior, só tinham perdido o brilho e precisava disfarçar isso com brilhantina. Sua visão nunca tinha sido lá muito boa e quando ele encontrou seus óculos, penso que precisava comprar uma caixa de tinta de cabelo. Sua namorada continuava na cama e se ele pudesse encontrar uma farmácia que estivesse aberta ele poderia resolver tudo antes de se levantar, mas ele estava cansado e sentindo-se estressado, então foi andar na praia ao invés disso.
O que ele realmente precisava era de férias e não só um tempo da cidade. Voando para Miami e ficando no hotel onde ele e sua mãe sempre ficavam quando ela era viva ajudava, mas não podia disfarçar a falta de sono ou o estado de sua carreira. Mentiroso agora era alguém que já era no mundo do teatro de vanguarda. Ele chegou a um beco sem saída, e nos últimos seis meses ele tinha sido forçado a pagar suas contas em dinheiro vivo ou com o cartão de crédito da namorada. Os tempos estavam ruins, mas falta de trabalho era algo que ele nunca tinha experimentado antes. Era uma experiência de empobrecimento, classe baixa, amesquinhadora e ele se perguntava quanto mais tempo ele teria como tirar dois mil dólares mensais de sua renda para pagar um processo que chegara ao fim e ele perdera.
"Que culpa eu tive?" Ele perguntava a si mesmo retoricamente quando saía do elevador e andava para a piscina e para a praia ali perto. Ele poderia ser culpado por dizer a verdade sobre aquele hotel em Roma? Ele não deveria ter falado sobre o brutal cheiro de esgoto que vinha do banheiro?
"Que merda de culpa eu tive?!" Ele dizia alto, esbarrando em uma empregada guatemalteca e um limpador de piscina da Venezuela. Ele não tinha planejado falar sobre a sujeira de seus alojamentos para toda a Itália, mas como ele ia saber que um dos jornalistas com quem ele falou iria realmente publicar o que ele tinha a dizer?
Foi quando ele entrou numa fria. O jornal publicou seus "observações difamatórias" e a próxima coisa que o hotel fez foi processá-lo. "Mentiroso disse que o quarto onde ele está dá nojo" era o título que o jornal colocou e foi mais que suficiente. Ele tinha uma reputação de falar merda e por muitos anos ele fez inimigos em dois lados do Atlântico, mas apesar de tudo seu talento (que era real) o protegeu. Ele tinha sido processado antes, mas dessa vez era diferente. Depois da crise, as pessoas não estavam mais tão piedosas quanto antes. Se no passado, um juiz tivesse entendido que ele era uma espécie de palhaço e deixado ele ir com um tapinha nas costas, tolerância agora era uma raridade e as pessoas tinham que ser cuidadosas. Para o hotel ele era uma presa fácil e os honorários do advogado consumiram todas suas economias.
Quando ele abriu o portão para a praia, ele tirou seus sapatos fora de forma que pudesse sentir a areia debaixo de seus pés. Na Nova Inglaterra ele tinha neve nos pés e ali nunca ficava frio. Sua mãe gostava de compará-la à cidade do sul da Itália onde ele tinha crescido. "Veja como a areia é fina", ela dizia, "e veja o azul do mar e imagine como era para mim quando eu estava com a sua idade". O mar, realmente, estava azul, mas nunca revelou muito sobre a educação que sua mãe tivera. Ele tinha sérios problemas com a verdade e podia inventar as mais ultrajantes histórias. Quando ele era criança ela sempre contava que seu pai era um negro americano que ela encontrou depois da guerra e essa era a razão de seu cabelo crespo, ou que os Mentirosos eram nobres italianos, mas que eles perderam tudo durante os tempos do fascismo. Nada disso era verdade, ou tudo fosse, quem poderia dizer? Quando alguém está mentindo para você vinte e duas horas por dia qualquer ideias que você tiver sobre a realidade acabam sendo diminuídas, na melhor das hipóteses. Ele sabia que era errado, mas o que poderia fazer? Ela era sua mãe e enquanto ele tentava resistir a ela, no fim das contas ele tomava o seu comportamento como modelo do seu próprio, mesmo se oficialmente ele continuasse discordando das mentiras.
Quando ele tinha dezessete ele a deixou, ou foi chutado para fora de casa. Existem duas versões dessa sua adolescência, mas a que muitas pessoas reconheceram como verdadeira, inclusiva postada em sua página da Wikipédia, disse que sua mãe estava vivendo com dois irmãos mexicanos próximo da fronteira do Arizona e que seus amantes a convenceram a lhe dar um chute na bunda. Muitos viram viram esse episódio como a inspiração de uma de suas mais peças mais escandalosas e criticamente aclamadas: "Non scopare quei uomini Mama! (Não transe com esses caras, mãe!)." Esse trabalho seminal acabou tragicamente para o protagonista que não somente foi rejeitado por sua mãe, mas também foi morto e transformado em churrasco por um grupo de imigrantes mexicanos famintos.
Depois que ele foi para Nova Iorque, ele financiou seus estudos e seu estilo de vida vendendo LSD e prostituindo-se para advogados e executivos ricos. Foi um período que ele lembrava com certa nostalgia e podia falar entusiasticamente por horas sobre todos os escritores e músicos que ele conheceu nesse tempo em que ele e outros amigos foram ao Woodstock de carona para ver o concerto.
Ele tinha vivido muito e, honestamente, ele não achava que o aquilo que ele já não tivesse experimentado valesse a pena. Ele foi um grande artista e tinha sido parte de uma idade de ouro do teatro dos anos 80 e 90. Claro, agora tudo tinha chegado a um fim inglório e ele percebeu que precisava rapidamente escrever um livro (e fazer um contrato de um filme) sobre sua vida. Para isso, ele vivia em contato com seu agente.
Com um livro, especialmente com um contrato de filme, ele não precisaria preocupar-se com contas não pagas que o deixavam acordado à noite ou as críticas ruins a seus últimos trabalhos junta à sua namorada. Daniela era bonita e tinha feito uma telenovela e comerciais, mas ele precisava absolutamente ficar menos dependente dela do que ele já estava. Na noite passada quando eles estavam comendo em sua favorita churrascaria perto da praia, ela perguntou a ele de novo se ele realmente a amava e ele disse que sim e ela perguntou então: "Você não acha que é hora de nos casarmos?"
"O quê?! Ele engasgou-se todo com o bife de lombo que estava comendo.
"Não acha que é a hora?" Ela repetiu com um sorriso nos lábios que ele acharia atrativo em outra mulher, mas nela, esse sorriso fazia-o suar frio e ficar em pânico.
"Tudo tem o seu tempo", falou ele depois que consegui comer seu bife, "nós estamos juntos por o quê, uns três anos? Por que acelerar? Eu te amo e você me ama e não existe motivo para enfatizar o tema "casamento".


"Então você não me ama?"

"Nem tanto". Ele disse (o que era verdade).

"O quê??"

"Eu quero dizer que não devemos entrar nessa".

Mas eu quero entrar nessa, Gianni, eu que você entre nessa comigo". E ele sabia que não sairia dessa tão fácil e tudo o que ele disse naquela noite para ela foi o que ela não queria ouvir. Ele, que eraum gênio para virar e modelar a verdade de tudo de acordo com suas necessidades, parecia ter perdido essa habilidade, tudo o que ele podia fazer era colocar, de formas diferentes, que ele não estava tão a fim de Daniela. Claro, ele sabia que não estava dizendo o que ela queria ouvir e sua inabilidade para mentir o incomodava. Ele não estava bem certo se o estresse das situações artísticas e financeiras combinadas o estava inibindo de manipular ou se ele não tinha ainda achado uma saída para onde ele queria chegar.
Por sorte, nem tudo estava errado no mundo. A América tinha um novo presidente e tudo o que o cara fazia era inspirador e o levava a pensar que a mudança era ainda possível. Um afro-americano na Casa Branca tinha alterado a paisagem política e social de seu País e ele seria uma especial ternura por esse em parte devido ao caso que sua mãe contava de seu pai negro e em parte por causa do filho que ele teve, secretamente, com uma mulher do Harlem. De muitas formas, tudo se ligava e ele tinha, antes que ninguém tivesse tantas informações sobre Obama, sua própria versão personalizada do cara; um mini-eu que incorporava o melhor dos Estados Unidos (racialmente falando) e quem, como seu pai, poderia um dia ver a necessidade dos estrangeiros voltarem a seus países de origem e a língua ficar intocada.
"Se ele não atirar os estranjas no mar então ele não é meu filho". Ele lembrava isso a si mesmo enquanto jogava uma pedra voando para uma corrente do Golfo. Os ilegais eram uma peste para o País. Isso era óbvio para ele. Eles eram uma doença e um exército sujo que merecia um chute na bunda. Eles chuparam o sangue dos sucos vitais da nação e eles estavam acabando com a força da América e seu desejo de sobreviver. Claro, como um patriota, e como um artista, ele sabia o que tinha de fazer. Ele estava sempre na frente e estava somente esperando o contrato do filme tomar sua forma final.
"Por que eu sempre tenho que ligar para ele ao invés dele ligar para mim?" Ele pensava. O agente tinha um apartamento em Manhattan, mas nunca estava lá. De fato, Mentiroso não podia se lembrar da última vez que os dois tinham estado fisicamente juntos. Eles ficavam em contato através de mensagens de texto em que o agente escapulia e dava um jeito de atender outros clientes em Los Angeles ou Londres.
O telephone tocou e tocou e o Mentiroso ficou impaciente. Ele ficou de costas com seu Blackberry na areia. O sol estava se pondo e o céu na distância tinha sombras de lavanda e luz azul. Dois barcos estava entrando no porto e gaivotas subiam nas estacas de concreto do píer.
"Merda, onde se enfiou?" Disse Mentiroso. Quinze por cento de qualquer coisa que eu faço vai para esse palhaço e então, Deus tome conta, quando eu o ligo ele desliga a merda do telefone". Mas ele não teve resposta. Ele claramente não era um dos clientes prioritários do agente.
Horas depois, quando ele estava sentado por si mesmo no bar do hotel seu agente finalmente reconheceu sua existência com uma curta mensagem onde se lia: "Gianni, não deu para fazer contrato com a Warner/Universal. Tento na Disney? Beijos, Bernie".
Isso certamente não era o que ele queria ouvir, mas ele tinha de admitar que existiam razões. Não somente o agente era incompetente, mas os estúdios eram piores. Ele sentiu-se cercado por uma mar de filistinos e degenerados. Ninguém poderia entender sua arte. Estava além de seu alcance. Eles eram como formigas, pequenos e insignificantes peças da selva social e ele francamente tentara muito educá-los, para fazer com que chegasse ao ponto ele sempre esteve.
"Ao inferno com eles", ele disse enquanto tomava o seu quarto copo de coquetel e pedia outro. O bar tinha TV em cada canto e um jornalista com uma voz alta e cavernosa estava perguntando quanto tempo mais a América poderia suportar tantos ilegais em seu meio.
"Tá certíssimo", disse Mentiroso. Estavam umas poucas pessoas no bar, mas ninguém prestou atenção a ele. O jornalista estava comentando sobre a última ação do pessoal da imigração em Ohio. Os oficiais da Imigração cercaram uma fábrica de tecidos, fechando-a e prendendo todo mundo que não podia provar cidadania americana. A operação foi massivamente bem planejada, dando uma dura na comunidade latina que, em sua maioria, trabalhava na fábrica.
As notícias da operação trouxeram pânico para a população local, que correu para tirar as crianças das escolas e escondê-las das autoridades governamentais. O jornalista declarou com certa solenidade que mais de duzentos imigrantes ilegais tinham sido presos e sofreriam um processo que costuma acabar com a deportação.
"Isto", ele garantiu ao seu público, "é o que eu chamaria um bom exemplo de como nossos impostos podem ser bem gatos e como raramente eles são. Um bom início para a América.
"De acordo!" disse Mentiroso enquanto o trazia a quinta rodada. Ele estava aborrecido com seu agente e por lembrar de sua mãe, cansado e desgostoso com sua namorada, mas mais do que qualquer coisa, ele se sentia doente em ver o que os ilegais estavam fazendo com América. Ele os queria fora e estar preparado para entrar em ação era necessária. Depois de cinco copos de coquetel, ele estava furioso e chegou à conclusão que os imigrantes estavam na raiz de tudo que estava destruindo sua carreira. O jornalista estava certo, melhor lidar agora com o problema, antes que ficasse fora de controle.
"Dê-me um drinque!" Ele disse e o atendente lhe trouxe outra bebida. O jornalista de voz cavernosa estava gesticulando e lembrando Mentiroso que não se deve ter vergonha de reforçar a lei do País.
"Recebo muitos e-mails me chamando de ser anti-imigrante", disse o jornalista. "Mas nada poderia estar mais longe da verdade. Tudo o quero é que as leis desse grande País sejam respeitadas! E eu pergunto, isso é pedir demais? Nós desistimos da idéia da América, de que uma terra com liberdade, justiça e liberdade para todos não signifique nada? E disse não. A constituição ainda vale e qualquer um, e eu digo mulheres e crianças incluídas, que entre nesse País ilegalmente deverá e será forçosamente removida, se necessário!
"É isso aí", concordava o Mentiroso. O estresse de ter de lidar com os ilegais estava matando a fecundidade americana. Isso preveneria o País de sua imagem no estrangeiro. Ele conquistou o mundo com sua visão de abundância e individualismo. Ele discursava de forma sexy e cinematográfica e olhava ao redor para ver se alguém estava tão entusiasmado com a operação anti-imigração quanto ele. Estavam na sala um homem de negócios, próximo da entrada onde ele estava falando com um cliente em seu telefone, um casal no canto de mãos dadas e um grupo de jovens cubanos que faziam de conta que não o viam quando ele olhava para eles.
Sem estar no clima para ser ignorado, ele de repente levantou-se e olhou em sua direção. "Tu puta madre (sua mãe é uma puta!)" Ele não falava realmente espanhol, mas ele sabia o bastante para ter noção de que isso era um grande insulto.

"Tá falando comigo, velho?" Um dos cubanos perguntou.

"Sim, estou falando com você!"

"Senta aí, velho, e cale a boca".

"Qualé, estranja!" Disse Mentiroso e a essa altura até o executivo desligou seu telefone. Era Miami de qualquer forma e todo mundo na sala era latino. O garçom veio até onde Mentiroso estava e calmamente disse a ele que era tempo de respirar e ir embora. Isso era algo sensato de se fazer e iria poupá-lo de muita confusão e dois dentes a menos. Então, pela primeira vez entrando em ação, ele jogou o copo no cubano, quase batendo-lhe na face. Ele ficaram furiosos e Mentiroso não fez nada para diminuir essa fúria, xingando suas mães, suas namoradas e tudo o que vinha em sua boca. Quanto mais eles lhe batiam, de fato, mais ódio isso lhe fazia. Seu rosto ficou torto e roxo debaixo de seus golpes, seus óculos foram amassados, mas ele não se importou. Ele estava lutando o bom combate, sacrificando-se por sua arte e seu País no altar de suas muitas mentiras. O dono do bar tentou tirá-lo, mas os cubanos não paravam. Eles estavam para matá-lo, mas antes de morrer ele ainda lembrou aos seus atacantes uma coisa: "eu é que sou o culpado", ele disse, "essa é a verdade".

Copyright 2010, John Hemingway

13 comentários:

mnc disse...

Lucio meu querido,
Parabéns pela primorosa tradução...
Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência né?
Só hoje pude ter uma folga p dar um rolé na blogsfera e a revistacidadesol éobrigatório no meu roteiro.
Abçs.

Revistacidadesol disse...

Oi, MNC. Já vi ontem seu último post, mas só não postei porque a internet estava lenta e péssima.

Quê isso, Gianni Mentiroso lembrou a vc alguém? Não existe ninguém como Mentiroso!

Como dizem os Sex Pistols: "Lie, lie, lie, tell me why you have to lie..."

Abraços do Lúcio Jr.

Revistacidadesol disse...

Me mandaram um trecho desse artigo:

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/02/345151.shtml

É de um tal credibilidade e ética. Mas não sou eu. Isso me parece texto de petistas quando do mensalão.

Abs do Lúcio Jr.

Revistacidadesol disse...

Um blog excelente:

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postado por Francisco às 06:15 0 comentários
RETRATO DE UMA SOMBRA

Os teus olhos, rasto de luz dos meus passos;
a tua testa, lavrada pelo brilho dos punhais;
as tuas sobrancelhas, orla do caminho da tragédia;
as tuas pestanas, mensageiros de longas cartas;
os teus cabelos, corvos, corvos, corvos;
as tuas faces, campo de armas da madrugada;
os teus lábios, hóspedes tardios;
os teus ombros, estátua do esquecimento;
os teus seios, amigos das minhas serpentes;
os teus braços, álamos à porta do castelo;
as tuas mãos, tábuas de juras mortas;
as tuas ancas, pão e esperança;
o teu sexo, lei do fogo na floresta;
as tuas coxas, asas no abismo;
os teus joelhos, máscaras da tua altivez;
os teus pés, campo de batalha dos pensamentos;
as tuas solas, criptas em chamas;
as tuas pegadas, olho da nossa despedida.

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Muito bom o blog, curti!!!

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