Lúcio Jr.
(Produção da oficina Releituras Literárias, sob sugestão da Soraya)
O pai em sua sina oca de existir
Eis aí mero feitio: preparar-se, durante a vida, para pedra.
Um dia entrou numa e partiu na canoa da doideira.
Barco bêbado, choramos.
Mas descobri que papai tinha as feições de um quase-artista.
E daí virei o pai de papai.
O filho que falou o não-calar
E que ficou fui eu.
E, para ocupar o lugar do pai
No palco da vida,
No campo da poesia
Bastam poucas palavras, quase outras.
Poetar, narrar, musicar;
Esse o é compasso do mais certo.
Ao invés dos conformes do vivido,
Preferi o fundo do sem-fundo.
Escritura do rio adentro,
Lua que longe leva.
A vida me sai da vida seca e entra nas histórias.
A rosa é do Rosa, que é uma rosa é uma rosa.
Eis a vida que está para morte
Como a poesia está para a prosa.
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