segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Algumas Notas sobre Hobsbabwn e Zizek

Leio ainda algumas continuações da polêmica no blog do Conde e no blog do Bertone. No entanto, não considero interessantes as colocações desses intelectuais. Bertone repete tiradas panfletárias, como "o comunismo está morto", "só um mau caráter defenderia Stálin", etc. O Conde também me dá tédio. Alguém se chama "Zé das Linguiças" e se renomeia na web como nobre, com cabeça colonizada, como "Conde" sei lá das quantas. Ridículo.

Só um colonizado poderia chamar a brava luta do povo da Coreia pela libertação da brutal colonização japonesa de encontro de "nacionalismo e totalitarismo", como faz Bertone. Não seja bobo, meu caro, os coreanos sofriam de fome, comendo raízes e plantas, uma vez que desde 1910 os japoneses tomavam as terras dos coreanos e os obrigavam à semiescravidão.

Basta olhar um artigo muito bem argumentado como o de Mark Tauger, nessa minha última postagem para a o Felipe, para notar o alto nível da pesquisa nos países desenvolvidos, onde há pesquisadores efetivamente comprometidos com a verdade, intelectuais efetivamente objetivos. Aqui no Brasil, infelizmente, colonizados vomitam clichês da Guerra Fria.

Só um fascista poderia chamar Hobsbawn de "stalinista". Hobsbawn, como mostrou Cristiano Alves num artigo, combate Stálin e o calunia, difama. E quem é antistalinista costuma ser também russofóbico, como muito bem observa ele. Isso fica confirmado nos linques de Bertone, falando que a "alma russa gosta de sofrer". Ora...gosta de sofrer? Que bom argumento! Com ele pode-se apoiar até uma invasão nazista, não é?

Zizek e Hobsbawn são marxianos, ou seja, intelectuais que cultuam Marx, tirando dele tudo o que é revolucionário. Não é à toa que Zizek é esloveno. Na Iugoslávia vicejou um tipo especialmente danoso de revisionismo no Pós-Segunda Guerra, esse tipo de revisionista que fala em "autogestão" e que é altamente disseminado nas universidades, adquirindo sua alta expressão em Lukács (o iniciador dessa vertente, que começou a falar em comunismo de conselhos e espontaneísmo já nos anos 20), Mészaros e Zizek. O centro de seu argumento é que Stálin e Mao seriam pouco radicais, pois deveriam ter "ido além do capital". Eles seriam, então, mais radicais que Stálin e Mao, o que é puro truque e diversionismo. Esse revisionismo é especialmente disseminado nas universidades e na militância brasileira. É muito difícil um militante ou professor universitário que não fale em "autogestão" como solução para tudo.

Como lembrou Glauber Rocha, no Brasil mesmo os  intelectuais são colonizados pela ideologia norte-americana. E o que se nota é que os revisionistas são vistos como revolucionários.









2 comentários:

Felipe disse...

Korsch, Pannekoek, Lukács... Esse pessoal parece que era um bando de anarquistas que estava infiltrado no movimento comunista durante o início do processo de construção do socialismo na Rússia. Outro dia eu estava vendo a biografia de um filósofo greco-francês chamado Cornelius Castoriadis (1922-1997) (não sei se você já ouviu falar dele), herdeiro desse pessoal que eu citei. Dizia que a URSS era um capitalismo de estado, dominado por uma burocracia. Ele primeiro era trotskista; depois, virou conselhista. Por fim acabou aderindo ao pós-modernismo.

Revistacidadesol disse...

Oi, Felipe. Já ouvi falar sobre ele, sim, sobre 68, a Brecha, etc. Aliás, acho que tem um professor meu, Newton Bignotto, que estudou com ele.

A trajetória é essa? É bem característica! É, ele são "autonomistas", "autogestionários". Essa explicação que a solução é a autogestão é a dos trotsquistas de hoje também, assim como pode ser encontrada em textos do PCB.

Abs do Lúcio Jr.