domingo, 15 de setembro de 2013

Resposta ao Felipe sobre as críticas de Tauger


 O Felipe, de Petrópolis, leitor do blog, indaga  sobre as críticas de Tauger aos soviéticos.
 O artigo de Tauger do qual estou falando está aqui

Ele fala de causas organizacionais, políticas e econômicas para a má colheita de 1932. A argumentação dele não nega a fome (os suprimentos priorizavam a cidade e não o campo) e nem os problemas tais como a requisição das colheitas por parte das autoridades. A fome apenas se estendeu da cidade para o campo. A exportação de grãos para o exterior, que mesmo se fosse terminantemente proibida não teria evitado a fome, era um problema que ele também discutiu. Ela era, no entanto, um problema tão grave que, em anos anteriores, foi preciso entregar de volta a colheita aos produtores e não exportá-la para evitar que passassem fome.

A presença da fome e da baixa produtividade dos trabalhos dela resultante reforçou a oposição à liderança de Stálin. Passou a existir, no politburo, uma maioria contra as políticas de Stálin, fator que gerou a plataforma de Riutin e outras plataformas de oposição.

Membros do partido e da administração se opuseram aos racionamentos e requisições de grãos. Para evitar essa forte oposição às suas políticas, o regime teve que fazer expurgos no Cáucaso e no norte da Ucrânia e, no ano seguinte (1933) estendeu esse expurgo a toda a União Soviética.

 No último parágrafo ele comenta que, embora a baixa colheita de 1932 tenha sido uma atenuante, ele ainda escreve que as privações e sofrimento das populações no início dos anos 30 eram responsabilidade do regime soviético (elas aconteceram também em outras regiões soviéticas, russas inclusive, o que descarta a hipótese do tal genocídio ucraniano). A fome teria sido resultado de uma política econômica fracassada, a "revolução a partir de cima". As consequências da coletivização e da industrialização forçada foram piores do que geralmente é assumido. Mas para ele, a hipótese do genocídio está descartada, a má colheita de 1932 fez a fome inevitável. Porém, ele não verifica intencionalidade nas mortes por fome então ocorridas.

5 comentários:

Felipe disse...

"As consequências da coletivização e da industrialização forçada foram piores do que geralmente é assumido."

Lúcio, vendo esse argumento do Mark Tauger, tenho a impressão de que ele é um anticomunista. Parece até que ele não sabe que a coletivização e a industrialização soviéticas são propagandeadas pela intelligentsia como as piores coisas que já ocorreram.

Revistacidadesol disse...


Oi, Felipe.

Sim, ele não é um historiador alternativo, é mainstream. Para poder ser aceito em publicações mainstream, foi sugerido a Furr que enfeitasse seus textos com ataques a Stálin. E isso foi feito por uma pessoa dessas publicações. E ele se negou.

As coletivizações e a industrialização salvaram as vidas de muitos europeus e Stálin deveria ter ganho o Nobel, pois possibilitaram a vitória contra os nazistas.

Abs do Lúcio Jr.

Felipe disse...

É impressionante como o sistema acadêmico, em todo o mundo, é condicionado à condenar a construção do socialismo na URSS. Com certeza, isso acontece em parte por causa das bolsas de estudo financiadas pelas Ford Foundations e Konrad Adenauer Stiftungs da vida. Depois, aqui no Brasil tem gente que enche a boca pra falar que as universidades (públicas) são autônomas.

Revistacidadesol disse...


E o pior, Felipe, a direita enlouquecida, à frente de veículos como Veja, veículos de massa, anda dizendo que as universidades são cheias de doutrinação esquerdista!

Felipe disse...

Lúcio, você por acaso tem algum perfil no Orkut ou no Google Plus. É que se você pudesse me adicionar eu ficaria agradecido. Um abraço!