sexta-feira, 27 de março de 2015

A Nação contra o Partido: Manifestações de 13 e 15


O grande assunto são as manifestações do dia 13 e 15 de março passados, entre muita gente que acompanha política. Não sou nem 13 e nem 15, sou pelo voto nulo. Estou pela organização de movimentos que não se organizem para eleições: Organização dos Guardas Vermelhos, MEPR, Movimento Passe Livre, Liga Operária e Camponesa, os anarquistas organizados na FIP. 

A principal estratégia da oposição é se esconder atrás do nacionalismo conservador, da bandeira verde e amarela, camisa da CBF, etc. Eles opõem nação x partido, num discurso que tem conseguido muito audiência. No jornal Cidade´s (março de 2015), aqui de Bom Despacho, traz a seguinte reflexão, de autoria de Renato Fragoso, reflexão pretensamente filosófica que ilustra muito bem o ponto de vista da oposição conservadora e seu discurso sutil, velado:


Segundo o filósofo alemão Immanuel Kant, o princípio supremo da moralidade reside na universalização de nossos atos, ou seja, quando agimos com base no interesse coletivo em detrimento  dos interesses individuais. O ato de votar, por exemplo, é um ato moral. No entanto, ele perde o caráter supremo da moralidade quando se vota por interesse pessoal ou em troca de algum benefício. É imoral, segundo Kant, colocar nossas necessidades e interesses acima das necessidades e desejos dos outros (...) (FRAGOSO, 2015).


Esclarecendo: o que Kant quis dizer é que devemos agir como se nossos atos pudessem ter valor universal. Sendo assim: se eu não quero ser criticado por Renato Fragoso, que eu não o critique publicamente. Num país onde existe pobre, onde existem miseráveis, eles não serão compelidos a vender o voto para comer? Evidentemente que esse "voto moral" de Fragoso é uma farsa, assim como o processo eleitoral como um todo num país onde ainda é forte a herança da colonização, onde campeiam o latifúndio e outras mazelas. A seguir, vem o discurso onde ele expõe que é a favor da oposição de direita, opondo nação versus partido, afinal, é um editorial:


O veto moral é o voto independente e sob a égide dos interesses coletivos. Logo, devem ser buscados novos caminhos para unir o Brasil em torno de programas que atendam as reais necessidades da nação, e não os interesses de um partido, qualquer que seja ele, ou de políticos espúrios. Para quem votou em um outro candidato com base em interesses pessoais, votou de forma imoral".

O discurso vazio e "universal" de Fragoso não é mais do que a moralista e arrogante universalização do particular, apenas um sofístico disfarce do discurso do PSDB e da extrema-direita em geral, inclusive no dia 15 emporcalhando-se entre os energúmenos que pregam o nojento discurso do golpe militar. 

O golpe militar: 1) abre espaço para a resistência armada a ele, sem que nem as feridas do golpe de 64 tenham sido curadas; 2) a mera invocação do exército brasileiro não significa vitória e não quer dizer que ele não possa ser batido pelo povo. Canudos é um exemplo das enormes perdas, derrotas e dificuldades que o exército brasileiro teve ao enfrentar os pobres organizados, dotados de líderes e com fortes motivações.

Se levarmos em conta que na última eleição esse voto "moral" não existiu, praticamente, pois Dilma e Aécio estavam envolvidos em escândalos de corrupção e mesmo a morte de Eduardo Campos também levantou suspeitas a respeito da corrupção na campanha de Marina, assim como a crise mundial implica em que o novo governo implante um arrocho, verifica-se que esse julgamento que Fragoso faz, rotulando o voto dos outros --os petistas, pois levam o partido em conta --é totalmente fútil, oco, vazio. Baseia-se, na verdade, na posição reacionária do próprio Renato Fragoso ao lado da oposição de direita. O editor de Cidade´s já fez isso antes, buscando "endireitar" os jovens nas manifestações de junho em Bom Despacho. O nosso kantiano chegou a lançar Joaquim Barbosa presidente, indo na esteira da imprensa dos monopólios que manda em nosso país! Assim se vê como o fôlego dessa extrema-direita que se esconde atrás da bandeira nacional, enrolando-se de saída no escudo da megacorrupta CBF, é curto.
















Um comentário:

Anônimo disse...

http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2062