quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Duas Cartas Sobre o Nosso Carnaval

 

 

Duas Cartas Sobre o Nosso Carnaval

 

                A coluna “Acabou Nosso Carnaval”, publicada mês passado nesse Jornal de Negócios, teve como resultado, para mim, essas duas interessantes cartas que gostaria de partilhar com vocês:

 

Ei Juninho, beleza? Só agora consigo dar uma parada para lhe enviar as duas letras, como combinado. Na verdade, na semana passada eu procurei, nos meus arquivos, um panfleto com a música "Nós dois pela cidade", mas não encontrei. Achei uma menção, no Jornal Realidade, de 1994, tratando rapidamente do samba-enredo oficial do carnaval daquele ano que tinha sido a marcha composta por mim. Em 1988, eu, o Murilo Marques Gontijo e o Gui Hamdan Gontijo estávamos no bar da Fifi e do Boleka que ficava na rua Vigário Nicolau. Eles me pediram para compor uma música para para a turma Trambique desfilar no carnaval. Eu pensei numa marchinha e escrevi a primeira versão da letra em um guardanapo, naquela própria noite. Chegando à minha casa, acabei de dar uns retoques na letra e na estrutura musical. Depois, o Amauri (não sei o sobrenome dele, é bom saber), da turma Pilek foi à minha casa e me pediu um samba-enredo, disse que iriam desfilar de azul e branco que os homens desfilariam vestidos de malandros e as mulheres de vedetes, etc. Eu ajuntei as ideias com o centenário da abolição da escravatura e fiz o samba. Eu cantei as duas músicas, acompanhado pelo violão, em um palanque montado na Rua Dr. Miguel, próximo ao Beco da Duca (Rua Dalila Vieira). A Trambique desfilou de forma muito irreverente, curtindo a vida. A Pilek também estava curtindo a festa, mas de modo mais organizado, levou o primeiro lugar no carnaval de 1988. Boas lembranças!

Abraços! Obrigado pela lembrança do meu trabalho e tudo de bom!

 

            A seguir, Roniere mandou mais uma:

 

Júnior, lembrei-me de um dado a mais na história da criação das músicas em 1988. Eu e o Beto (conhecido como Beto Brinquinho) tínhamos feito uma viagem a Uberaba onde ficamos uma semana fazendo cursos no Festival de Verão. Eu fiz um curso de composição musical contemporânea e o Beto fez um curso de teatro e participamos de algumas oficinas. Lembro-me de ter feito uma oficina de violão, o Beto fez uma de teatro de bonecos. Eu me apresentei em concerto final tocando "E agora José", de Paulo Diniz e Carlos Drummond e ainda compus uma peça que foi apresentada pelo coral, de que o Beto também participava, em um outro evento de encerramento. Foram dias muito ricos, muitas informações, novas amizades, saídas à noite com a turma do festival, etc. E aquele tema do centenário da abolição aparecendo em diversos eventos, na mídia, em manifestações do movimento negro, etc. Acho que essa boa energia e essas informações contribuíram para as duas criações serem feitas em tão pouco tempo. Isso aliado à necessidade de compor em curto prazo por conta do carnaval. Já ouvi que a cobrança de prazo pode ser a melhor das musas. Rss.

Abraços!

Roniere

 

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