Duas Cartas
Sobre o Nosso Carnaval
A coluna “Acabou Nosso
Carnaval”, publicada mês passado nesse Jornal de Negócios, teve como resultado,
para mim, essas duas interessantes cartas que gostaria de partilhar com vocês:
Ei
Juninho, beleza? Só agora consigo dar uma parada para lhe enviar as duas
letras, como combinado. Na verdade, na semana passada eu procurei, nos meus
arquivos, um panfleto com a música "Nós dois pela cidade", mas não
encontrei. Achei uma menção, no Jornal Realidade, de 1994, tratando rapidamente
do samba-enredo oficial do carnaval daquele ano que tinha sido a marcha
composta por mim. Em 1988, eu, o Murilo Marques Gontijo e o Gui Hamdan Gontijo
estávamos no bar da Fifi e do Boleka que ficava na rua Vigário Nicolau. Eles me
pediram para compor uma música para para a turma Trambique desfilar no
carnaval. Eu pensei numa marchinha e escrevi a primeira versão da letra em um
guardanapo, naquela própria noite. Chegando à minha casa, acabei de dar uns
retoques na letra e na estrutura musical. Depois, o Amauri (não sei o sobrenome
dele, é bom saber), da turma Pilek foi à minha casa e me pediu um samba-enredo,
disse que iriam desfilar de azul e branco que os homens desfilariam vestidos de
malandros e as mulheres de vedetes, etc. Eu ajuntei as ideias com o centenário
da abolição da escravatura e fiz o samba. Eu cantei as duas músicas,
acompanhado pelo violão, em um palanque montado na Rua Dr. Miguel, próximo ao
Beco da Duca (Rua Dalila Vieira). A Trambique desfilou de forma muito
irreverente, curtindo a vida. A Pilek também estava curtindo a festa, mas de
modo mais organizado, levou o primeiro lugar no carnaval de 1988. Boas
lembranças!
Abraços! Obrigado pela
lembrança do meu trabalho e tudo de bom!
A seguir, Roniere mandou mais uma:
Júnior,
lembrei-me de um dado a mais na história da criação das músicas em 1988. Eu e o
Beto (conhecido como Beto Brinquinho) tínhamos feito uma viagem a Uberaba onde
ficamos uma semana fazendo cursos no Festival de Verão. Eu fiz um curso de
composição musical contemporânea e o Beto fez um curso de teatro e participamos
de algumas oficinas. Lembro-me de ter feito uma oficina de violão, o Beto fez
uma de teatro de bonecos. Eu me apresentei em concerto final tocando "E
agora José", de Paulo Diniz e Carlos Drummond e ainda compus uma peça que
foi apresentada pelo coral, de que o Beto também participava, em um outro
evento de encerramento. Foram dias muito ricos, muitas informações, novas
amizades, saídas à noite com a turma do festival, etc. E aquele tema do centenário
da abolição aparecendo em diversos eventos, na mídia, em manifestações do
movimento negro, etc. Acho que essa boa energia e essas informações
contribuíram para as duas criações serem feitas em tão pouco tempo. Isso aliado
à necessidade de compor em curto prazo por conta do carnaval. Já ouvi que a
cobrança de prazo pode ser a melhor das musas. Rss.
Abraços!
Roniere
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