Jenipapo, Canadá, Petkovic e a Copa do
Mundo do Mundo em Bom Despacho
Essa
semana ocorreram os preparativos para a Mostra Cultural, a Feira da escola Wilson Lopes do Couto. Ela
aconteceu no sábado de manhã (05/11). O tema era a Copa do Mundo no Catar. Esse
pequeno país é muito famoso pelas imagens de riqueza, embora, para além de sua
capital, Doha, existam cidades-dormitório onde vivem trabalhadores estrangeiros
da Índia e de outros países vizinhos, como bem ensinaram os alunos da 702. O
Catar é uma pontinha da península arábica, mas devido ao petróleo é um dos
países mais ricos do mundo. A ideia, muito bem sucedida, era trazer a cultura
dos países participantes para a escola. Muitos ex-alunos, pais e comunidade em peso
participaram. Bom Despacho é como o mundo todo, como já dizia um velho e bom
baiano.
A
turma 1001, que ficou responsável pelo Canadá, montou uma maquete com os
jogadores do time e foram bem sinceros: não é lá essas coisas. Os canadenses
são bons em hóquei e lacrosse (ou seja, em esportes de inverno).
Trouxeram também inúmeras curiosidades do país: a temperatura mais fria já
registrada lá foi de quarenta e sete graus abaixo de zero, na cidade de Sang,
estado de Yukon. Outras curiosidades: o festival de cinema de Toronto é o
segundo maior do mundo (o que me fez lembrar que minha querida Luciene
Guimarães estudou o cinema de Marguerite Duras lá em Quebec). O “Cabral” do
Canadá, ou seja, o primeiro europeu a explorar o território foi Giovanni
Caboto. Igualmente, eu participei de um jogo de perguntas e respostas que é
muito popular lá, um jogo estilo “quizz”.
Maratonando
as salas, eu quis muito experimentar o “fritule” realizado pela sala 2002, uma
espécie de bolinho de chuva feito de iogurte, típico da Croácia, mas os últimos
exemplares não estavam disponíveis para degustação. Mas é reconfortante saber
que podemos viajar para esse pequeno país na Europa Central e encontrar algo
tão gostoso e familiar. Eu sou do tempo em que existia a Iugoslávia. Aquele país
despedaçou-se nos anos 90, tempo de minha juventude. Alguns frutos dessa
separação competem separadamente na Copa, Sérvia e Croácia. Quando fala-se em
Sérvia, o mais lembrado é Dejan Petkovic, ídolo do Flamengo, o “Pet”, um famoso
e muito querido jogador, que surpreendeu o Brasil suas lembranças agradáveis de
sua juventude em um país socialista. Petkovic, que já defendeu até Stálin,
falou: “o país tinha investimento esportivo, a
minha cidade era pequena, quatorze mil habitantes, construída em um
antigo vulcão, vivia de mineração, mas tinha parques, o estádio era perto do
apartamento, eu não tinha preocupações, minha família tinha abundância,
salários dignos, segurança total, eu ficava muito na rua jogando, sei jogar
todos os esportes, mas futebol foi sempre minha paixão, tive a melhor infância
que poderia ter”. Ao tratar do Marrocos, os alunos da noite lembraram-se da
jornalista bom-despachense Kívia Mendonça Costa, que escreveu o livro Diários
Marroquinos, depois de, em suas palavras, dar um loop (“giro”) por
todo esse país, usando véu e pegando carona, levando apenas mil reais.
Na
sala 801, que tratava do México, consegui alguns pequenos churros, comida que
aprecio muito desde a infância. São pequenos pãezinhos recheados de doce. Pode
ser doce de leite ou doce de goiaba ou outros. Portugal (sala 2001) também
estava representado e tinha notáveis broinhas, delícias que acabaram
rapidamente, antes que eu conseguisse prová-las.
Vocês
podem imaginar que sucesso foram as comidas típicas, muito cobiçadas por todos.
Eu consegui comer os doces de coco, goiaba e figo que são típicos do Senegal,
país da África onde as pessoas comem muitas frutas e doces. A alimentação
deles, comentou a aluna da 701, é muito saudável. Uma das frutas que pouca
gente conhece e que ali é apreciada é o jenipapo. Os alunos conseguiram trazer
um exemplar da fruta. Lembra uma pequena pera, verde e redonda. Curiosamente, é
originária da América, mas foi levada para a África.
Foi
deliciosa essa minha saga gastronômica em torno do globo a propósito da copa e
os alunos participantes estão todos de parabéns! E, como disse o escritor russo
Tolstói, é através de nossa aldeia que conseguimos chegar ao mundo.
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