Gilson
Lucas: Um Decano do Direito Bom-despachense
Sou grande admirador do Dr. Gilson
Lucas hoje em dia. É um dos meus melhores amigos. É um amigo herdado do meu
pai, como foi, por exemplo, o Fernando Gonzaga, editor do Penetrália,
meu primeiro livro.
Vou, nessa crônica, dar-lhe um
doutorado e chama-lo de “Dr”. É uma licença poética. Minha mais antiga
lembrança do Dr. Gilson é muito curiosa. Janaína, sua filha, minha amiga de
infância na Praça São José, é da minha idade. Há anos ele mora na região da
Praça São José, local onde planeja construir um centro de estudos unindo
Psicologia e Direito. Lembro-me de estar dançando junto a ela em um carnaval no
Clube Social. Éramos pré-adolescentes e, curiosamente, quando ele chegou fiquei
envergonhado e afastei-me. Hoje a amiga Janaína voltou a morar aqui perto dele,
tornou-se minha colega no Wilson Lopes, voltou de Brasília. O netinho Heitor
demonstra gostar muito do vovô Gilson e agora ambos estão mais próximos.
De origem humilde, Gilson lutou
muito para melhorar na vida. Ele fez o caminho do estudo. Com afinco, formou-se
em Direito na Fadom, aqui na vizinha Divinópolis. Foi tudo conquistado com muita
luta, muito sacrifício.
Primeiro, Gilson conseguiu entrar
para a Polícia Militar de Minas Gerais. Não sentiu, no entanto, tanta vocação.
Estávamos em plena ditadura militar e a lida era dura. Passou, então, para o
magistério, lecionando Geografia no colégio Tiradentes. Lá, foi colega de minha
tia Elizabeth, que então lecionava francês. A partir do salário de professor,
conseguiu terminar a faculdade de Direito (a Fadom é particular). Conquistou,
então, o trabalho de Defensor Público. Teve um papel destacado nesse cargo.
Igualmente, ajudou a construir a maçonaria em Bom Despacho. Galgando passo a
passo a carreira jurídica, conseguiu aposentar-se, tendo, nesse ínterim,
construído uma linda família.
Gilson é hoje uma referência na área
de Criminalística na cidade e região. Ele comentou que é fascinado em estudar a
mente criminosa. Impressionante a capacidade de trabalho desse amigo, gostaria
de ser viciado em serviço, “workaholic” como ele.
Hoje, depois de “sênior”, continua a
trabalhar intensamente. Estudou Psicologia na UNA e agora está fazendo pós na
mesma área. Já está atendendo na Santa Casa, reunindo já muitos clientes.
Relatou sentir muito prazer em trabalhar nessa área de Psicologia. Outro dia
ajudei o amigo a gravar um podcast. O podcast é gravado através de um
aplicativo baixado da internet. Torna-se, então, uma espécie programa de
rádio, com gravação de vozes para serem escutadas em computadores, nessa nossa
era da internet. Hoje, na universidade, os trabalhos exigidos são: fazer
um podcast sobre um assunto, realizar um vídeo sobre aquele outro. Fica
praticamente impossível para quem não fez a transição para o digital. Como o podcast
é uma gravação ao estilo do rádio, só com a voz, Gilson Lucas saiu-se muito
bem, falando muito bem, com segurança, com sua voz grave séria e madura. É
sempre um prazer as palavras desse nosso decano do Direito em Bom Despacho.
Agora, para trabalhar um pouco
menos, ou com mais conforto, Gilson comprou uma roça e agora está tendo o
trabalho de mobiliá-la, organizar a obra e coordenar pedreiro e serventes.
Quando descansa, esse meu amigo carrega pedras.
Agora eu e Gilson estamos
amadurecendo a ideia de escrever um livro a quatro mãos, partindo do meu contato
com ele ao contar suas incríveis histórias. Eu poderia ficar horas escutando-o,
mas vamos deixar esses casos para o livro que vai nascer.
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