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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Caetas no Jô


"Toda vez que Lobão falou mal de mim eu gostei", diz Caetano

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MIGUEL ARCANJO PRADO
da Folha Online

Caetano Veloso é a atração do "Programa do Jô" (Globo) na noite desta quinta-feira (28), após o "Jornal da Globo". A entrevista com o cantor baiano vai ocupar toda atração, que faz parte da série comemorativa de 20 anos de Jô Soares no comando do talk show --contando com o período no SBT, onde ficou de 1988 até 2000, ano em que foi para a Globo.

João Paulo Valadares/Folha Imagem
Caetano canta com Banda Cê, no "Programa do Jô", na Globo
Baiano Caetano Veloso canta com Banda Cê, no "Programa do Jô", na Globo, em São Paulo

A Folha Online acompanhou a gravação, na tarde desta quarta (27), na sede da TV Globo em São Paulo. Durante a conversa, Caetano cantou a música "Lobão Tem Razão", que vai entrar em seu próximo disco. A canção é uma resposta ao cantor, que já falou mal de Caetano muitas vezes em entrevistas.

"O Lobão falou tanto mal de mim através das décadas e depois fez a música 'Para o Mano Caetano' [2001]. Aí me veio na cabeça fazer um negócio para ele. Toda vez que ele falou mal de mim eu gostei", afirmou Caetano Veloso, que não dava entrevistas a Jô Soares havia quatro anos.

O cantor disse que seu som atual é uma mistura de rock com samba. No palco, foi acompanhado da Banda Cê, formada por Marcelo Callado (bateria), Pedro Sá (guitarra) --que foi amigo de infância dos filhos de Caetano-- e Ricardo Dias Gomes (baixo e teclados). Caetano cantou músicas como "Desde que o Samba É Samba", com a platéia, formada majoritariamente por jovens, fazendo coro.

Durante a conversa com Jô, acompanhado por seu violão, o músico também deu algumas canjas, como "Alegria, Alegria" e "Sampa", música-homenagem a São Paulo que tocou a pedido de Jô Soares. "'Sampa' bate direto no coração", disse o apresentador, emocionado.

Caetano elogiou a cidade e disse ter achado "muito bonita" a ponte Octavio Frias de Oliveira, que fica em frente ao prédio da Globo.

Ex-tímido

Jô Soares lembrou Caetano seu comportamento tímido nos anos 60, quando, antes da fama, o músico freqüentou o programa de TV "Jô Show", ao lado da irmã Maria Bethânia.

João Paulo Valadares/Folha Imagem
Caetano acerta posição com o diretor do "Programa do Jô", Willem Van Weerelt, na Globo
Caetano acerta posição com o diretor do "Programa do Jô", Willem van Weerelt

"Eu sou um ex-tímido", disse Caetano, provocando gargalhada no baixista Bira, do Sexteto. Jô ainda quis saber como está a mãe do músico, dona Canô Velloso, que completará 101 anos no próximo 16 de setembro. "Ela está bem. Mas, esse ano, só vi minha mãe em março. Estou há um tempão sem ir à Bahia", disse o cantor.

Ele ainda afirmou escrever sempre que pode no blog "Obra em Progresso", que apresenta o processo criativo de seu novo CD, intitulado de "Transamba".

Caetano ainda falou sobre tentativas de parceria em canções com Tom Jobim, a quem homenageou nos últimos dias com um show ao lado de Roberto Carlos. Segundo ele, era praticamente impossível compor ao lado do maestro.

"O Tom atrapalhava, metia o bedelho, eu não consegui". Ele disse ainda ter timidez em compor na frente dos outros. "Fico com pudor". E elogiou Chico Buarque. "O Chico é deslumbrante, ele é bom improvisador, é rápido em rima, tem um talento para poesia inacreditável", contou, lembrando os tempos em que disputava quem mais lembrava letras de músicas com Chico no programa "Essa Noite se Improvisa", na TV Record dos anos 60.


João Paulo Valadares/Folha Imagem
Caetano conversa com Jô Soares, no "Programa do Jô", na Globo
Caetano Veloso conversa com Jô Soares, no "Programa do Jô", na Globo; compositor baiano falou sobre a música que fez para Lobão e disse ter gostado de todas as vezes que o roqueiro falou mal dele na imprensa

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Especial

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Entrevista com Lobão

"ESTOU DE SACO CHEIO DA ZONA SUL DO RIO"

Morando em São Paulo, Lobão ataca o modo de vida carioca, Gil e a bossa nova

Ricardo Schott

NATAL, RN

Durante a passagem de som para sua apresentação no festival Mada, em Natal, na sexta-feira, Lobão não largou da guitarra e orientou, com gestos, o novo guitarrista Lineu de Paula, sempre pedindo a ele mais intensidade na execução de músicas já naturalmente densas, como Universo paralelo, Tão menina e Sozinha minha. Foi com essa mesma intensidade que o cantor, hoje morando em São Paulo, desancou o Rio de Janeiro em entrevista ao Jornal do Brasil.

Por que você se mudou para São Paulo?

– Cara, eu adoro o carioca da Zona Norte, mas o da Zona Sul já estou de saco cheio. Fui criado em Ipanema, ia ao píer nos anos 70, conheço meu pessoal. Eu não tenho assunto com ninguém do Rio, nem gosto desse modelo do cara bombado, com a orelha parecendo uma couve-flor. No Rio você vê advogados falando igual a idiotas, dizendo "merreca" em vez de falar em dinheiro. Que credibilidade um sujeito desses tem? O carioca da Zona Sul, hoje em dia, é um cara que não paga para ir em show. Não paga nem meia, quer ser vip, entrar naquelas listas. Vai ao show, fica aporrinhando o saco e depois ainda vai ao camarim beber meu uísque.

O João Gilberto, que gravou sua música ‘Me chama’, vai tocar no Rio...

– Na verdade ele assassinou a música, né? Cortou até o "nem sempre se vê lágrimas no escuro", porque não entendeu. Tem que dessacralizar esse cara e essa coisa da bossa nova, que não passa de uma punheta que se toca de pau mole. Não tem ninguém que o João Gilberto tenha chamado mais para ir na casa dele do que eu. E eu nunca fui.

Mas você não gosta de bossa nova?

– Bossa nova é uma língua morta, assim como essas bandas de choro e samba que existem hoje, que ficam tocando naquele lugar sujo que é a Lapa. Tem que parar com essa coisa de ficar lambendo o saco de universotário marxista branquelo, essa coisa loser manos, petista, que virou maioria no Brasil. Porque o Brasil é o país da culpa católica, um país em que se valorizam as pessoas feias.

Na sua opinião, o que precisa mudar no Rio para você voltar?

– A gente precisa de um candidato que tenha coragem de falar que tem que acabar com as favelas. Nisso até Carlos Lacerda tinha razão. O que seria da Lagoa Rodrigo de Freitas se ainda tivéssemos a Praia do Pinto e a Catacumba lá? Tem que deslocar esse pessoal pra algum lugar, proibir até rico de fazer casa em encosta, porque dá uma chuva e cai tudo.

E o Gilberto Gil? O que você achou da saída dele do ministério?

– O Gil, cara... isso vem, para mim, antes de ele ser ministro. Ele é falso, vem com aquele discursinho de "a rebimboca da parafuseta" e não fala coisa com coisa. E ficam as pessoas falando "Nossa, você viu como ele é culto, como fala bem?". O Gil não fala nada, enrola todo mundo. O Caetano é que é legal. A gente já brigou muito mas ele vai lá, fala, se defende.

Você já tentou ver sua carreira, sua obra, em progresso?

– Já, porque muitas vezes fui chamado de maluco por coisas que, depois, viram que eu estava certo. Como quando deixei as gravadoras e afirmei que elas iriam acabar em menos de 10 anos. E olha aí o que está acontecendo. Fora essa luta pela numeração (dos CDs), que encarei praticamente sozinho. Com exceção de Frejat, Beth Carvalho e Ivan Lins, foram todos cagões.

Quem são eles?

– O Gil foi um deles. Tenho a lista toda desses caras em casa. Se um dia fizer minha autobiografia vou colocar. É importante lembrar que nunca briguei com as gravadoras, briguei com esse esquema viciado que está aí. Tanto que fui para a Sony BMG fazer o Acústico MTV.

19 de julho de 2008 : 01h00m

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