Excelente texto dos camaradas equatorianos. Muito importante demonstrar que na conta do Sr. Castro e seus servos, devemos depositar enormes quantidades de sangue do proletariado mundial, em particular, latinoamericano que, de forma encantada seguiram seus passos revisionistas e deram a vida para aplicarem suas receitas místicas e mirabolantes que não conduziram a nenhuma vitória expressiva pra classe. Ademais do povo cubano, debaixo da ditadura de seus dirigentes burocráticos, que aspiram o socialismo, aspiram o fim do servilismo colonial e até este momento têm sido enganados por sua direção. Mas não sem combate… o povo cubano triunfará sobre estes srs. É bem nítido que de fraseologia oca anti-imperialista, em menos de 20 anos, os dirigentes revisionsitas da família Castro transitaram para o discurso da mendicância internacional, através da sua principal palavra de ordem de “fim ao embargo”, e a lamberem as botas do imperialismo ianque, por não confiarem nas massas e por saberem que sua economia capitalista não se sustenta por si sem dobrar-se à potência única e hegemônica de nossos tempos.
Ressalto apenas um ponto deficiente do texto, que é sobre o papel de Guevara. É necessário ter em mente que as contradições entre revisionismo e marxismo também existiram no seio da dirigência da revolução democrático-burguesa, sendo que nesta, Guevara representava linhas de esquerda e que sua debilidade ideológica e morte precoce o impediram de travar uma luta mais consequente, mas que demonstrava profundas divergência, sendo inclusive estas profundas divergências um impulso para o seu “abandono” da cia. de Castro, que aproveitou para se livrar do incômodo, jogando-o para as garras do imperialismo ianque. Sua concepção militar era totalmente burguesa e isso deve ser duramente criticado, mas não tanto seu papel histórico como principal cabeça do revisionismo cubano ao lado de Castro, tendo este último (e hoje, seu irmão Raúl) principal papel.
Saudações!
O texto acima referido, traduzido por mim, foi publicado no blog da A Nova Democracia:
A Bancarrota do Revisionismo Cubano
Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
Resumo: Salvem Benjamin de seus Fãs
Resumo do artigo: Salvem Benjamin de
seus fãs!
Nome do aluno: Lúcio Emílio do
Espírito Santo Júnior
RA: 232291-9
Curso: Letras (02022-2)
Módulo: IV
Pólo: Luz
Nome original do
artigo em inglês: Save Benjamin from his fans!
Autor: Stephan
Wackwitz
Local: texto
traduzido do jornal Die Welt para o
site Sign and Sight
(http://www.signandsight.com/service/2089.html)
Data: 11/10/2010
Resumo
do texto
O texto de Stephan Wackwitz comenta a respeito da enorme admiração que o
pensador alemão Walter Benjamin desfruta hoje em dia, o que pode levar a pensar
que ele seja o maior poeta alemão, tal a popularidade e a freqüência com que
suas fotos são disseminadas na Alemanha.
Stephan comenta leu Benjamin em 1972, em sua juventude, e ficou muito
impressionado, tendo lido muito a respeito dele posteriormente, mas que hoje
considera que muitos dos seus conceitos e teorias são falsas (o artigo não
explica essa afirmação detalhadamente). O primeiro texto de Benjamin que o
impressionou foi Rua de Mão Única, que
Wackwitz leu várias vezes, passando a relê-lo com uma visão crítica depois de
alguns anos e, principalmente, de verificar como Benjamin é visto na Alemanha e
cultuado, a seu ver, em excesso e de uma maneira tola e barata. A seguir,
Wackwitz recapitula a vida de Benjamin, tornada, atualmente, uma vida
mitificada, de um santo. Ele supõe que Benjamin, ao misturar marxismo e
messianismo judeu em textos como Teses
sobre a Filosofia da História, jogou as sementes dessa mistificação,
estimulando também a fantasia mística de que a revolução aconteceria, apesar de
tudo em contrário.
Benjamin teria se tornado kitsch,
ou seja, teria se barateado e vulgarizado, daí a necessidade de criticá-lo.
Para Wackwitz, mesmo nos anos 60, as teorias de Benjamin presentes nos textos
tão cultuados hoje em dia já tinham sido ultrapassadas pelas de outros
pensadores e, na atualidade, somente seu estudo sobre o drama barroco alemão
ainda se sustenta em termos acadêmicos. Outro ponto é que, se a arte perdeu a
aura, conforme Benjamin, muitos imaginam que essa teoria justifica e simplifica
a adesão à esfera midiática.
Stephan responsabiliza uma certa má influência de Walter Benjamin por
causar danos aos estudos literários, uma vez que ele teria influenciado
negativamente ao permitir que se misture, de forma fragmentada, ensaio e
ficção, ciência e literatura, e essa mistura, desde os anos 60, tornou-se regra
na área e procedimento universalmente aceito. O resultado seria a perda de
prestígio dos estudos literários, com a subseqüente burocratização e
didatização desse campo de estudos.
Para exemplificar, afirma Wackwitz, hoje um autor sem rigor escreve um
texto obscuro, usando os conceitos de “aura”, “flaneur” e outros de Benjamin,
mas assim mesmo é aceito enquanto estudioso. Essa leitura equivocada e sem
rigor de Benjamin ajudou a tornar os estudos literários obscuros e desprovidos
de uma conceituação mais científica, a exemplo dos textos de Jacques Derrida. A
crítica de Stephan não é dirigida tanto a Benjamin, mas aos seus seguidores,
fãs e a uma determinada recepção que seus textos costumam ter (suponho, na
Europa continental e não no mundo anglo-saxônico).
Para Wackwitz um pensador com conceitos tais como Benjamin teria de ser
lido ao lado de Robert Walser e de Kafka e não enquanto aquilo que ele se
apresenta, como um teórico. Benjamin seria antes de tudo o ficcionista de Rua de Mão Única, ou seja, um ensaísta
não acadêmico e um autor de literatura.
Importância do texto para a área
Walter Benjamin é um autor muito influente nos estudos literários hoje em
dia, sendo muitíssimo aceito e apreciado, inclusive no Brasil. O texto faz uma
revisão, em poucas palavras, da vida e obra de Walter Benjamin, demonstrando
boa capacidade de síntese. É importante, no entanto, que ele não deixe de ser
lido de forma crítica. O debate sobre o que ele fez de acadêmico e de valor
científico também é importante, ainda que o conceito de científico deva ser
revisto para ser aplicado às ciências humanas e estudos literários. No entanto,
esse artigo critica sua influência e, particularmente, sua recepção deslumbrada
nos dias que correm.
http://www.signandsight.com/service/2089.html
German version
11/10/2010
Save Benjamin from his fans!
Author Stephan Wackwitz dissevers
literature from science, holiness from genius in the legend of Walter Benjamin
In 1972 I was twenty, a supposedly
not entirely untalented, deeply impressionable and utterly confused individual.
One week it was Maoism, the next it was poetry or fine art. The interminable
vacillations of a young man. Ersatz military service in Bad Urach, holidays in Paris , a patchwork university degree in Munich . The obligatory hitch-hiking in Italy .
The effects of Nietzsche's "Zarathustra" and three cans of beer in a
youth hostel in Milan .
An old man holds his head in despair over the diaries of his younger self.
One day, on a marble table top in an
Ulm cafe, next
to a cup of coffee, lay a red and white Bibliothek Suhrkamp book. It was Walter
Benjamin's "Einbahnstraße" (One Way Street). The effect it was to have
on me in the months and years to come echoed that experienced by it author in
the 1920's, who could only read Aragon's "Paysan de Paris" one page
at a time because it made his heart race and kept him awake for nights on end.
When, after flicking through it for
the first time, I returned Benjamin's "Einbahnstraße" to the marble
table top in the Ulm cafe (I was waiting for the
local train to take me to my home town of Blaubeuren ),
I knew I would never be bored again. Not because I would continue to read this
book for ever, a book that my professors in Munich were unable to classify as poetry or
prose, theory or fiction, diary or essay. As I mentioned, I could never digest
more than one or two passages in one sitting. What I mean is that something
radical had happened in my life, because from this moment on, the world of
books would contain something which awed me infinitely, just as I had been awed
in childhood by the toys of some of my friends, or as I felt about the
glamorous older female students in the German studies seminars in
Schellingstraße.
My admiration for some of Benjamin's
writing, the elegance of his thinking and his language more than anything else,
has accompanied me throughout my intellectual life. And this in spite of the
irreparable damage I probably inflicted upon myself during my period of
obsessive Benjamin reading. Because the confusion of his thinking exponentially
propelled my own confusions to new heights, for many years. When you read
Benjamin, you must learn to strictly separate admiration and criticism.
The history of his influence is
suitabably paradoxical. Benjamin's writing, which was almost exclusively
intended to be scientific in method, makes strict claims to the truth, even
when it takes the form of aphorism, feuilleton, literary critique or memoir.
But Benjamin today enjoys the level of worldwide adoration that is otherwise
reserved for poets in Eastern Europe . He is
quoted so extensively, his photograph reproduced so often, he is the subject of
so many prominent congresses and meticulous exhibitions that you would be
forgiven for thinking he was Germany 's
leading poet. This misleading (oft kitschifying) treatment of a man who
throughout his life regarded himself as a theorist, is most unusual for
literary life in the west. At the very least it demands an explanation.
An initial explanation lies in the
biography of the philosopher who was born in 1892 as the son of Jewish art
dealer in Berlin
and, while fleeing the Nazis in 1940, took his own life in the mountains.
Strains from saint's legends are interwoven elements of classical artist
legends: an endearing ineptitude for life's practicalities, early signs of
outstanding talent; the failure of his peers to recognise his genius with the
exception of a few visionary individuals (Hugo von Hofmannsthal!) who pointed a
prophetic finger in his direction; betrayal by women and friends; persecution
by evil rulers; a sacrificial death in the service of his work (the legendary
manuscript which he lugged across the Pyrenees in his briefcase); and the
posthumous apotheosis. The legend even has a miracle: Adorno suggested that
Benjamin's suicide in Port Bout so moved the Spanish border authorities that
they allowed the remaining group of emigrants to enter the country and to
escape to freedom in America .
The paradoxical entanglement of
poetic consecration and scientific standards was however, prepared above all by
Benjamin himself. He pursued the project of a sort of concretising theory. He
believed that by describing a type of theatre, or novel, or form of
architecture in as precise terms as possible, these things would be brought to
life in "profane illumination" and spawn a theory of their own.
Benjamin, you could say, misinterpreted a Romantic poet's dream ("And the world
wakes up and sings, / If only you find the magic word") as research
programme. With Joseph von Eichendorff, it was a song that slumbered "in
all things, / Ever dreaming forth unheard" - whereas for Benjamin it was
historical materialism. Herein lies the failure of his monumental and
fragmentary lifework as scientific research and its enduring success as
Romantic literature.
Benjamin's writings on German
philology, history of philosophy, theology and architectural sociology had
already been superseded by the time they were rediscovered in the 1960s. Only
his dissertation on the early Romantic concept of poetry still has academic
relevance today. But even his contemporaries could not relate to these books in
scholarly terms. Benjamin's book on Baroque tragedy not only failed to get past
the Frankfurt doctoral committee, whose no-name, line-toeing academics could be
dismissed on grounds of bigotry; he also got the thumbs-down from pioneers in
Aby Warburg circles (Fritz Saxl and Erwin Panofsky for example). And Adorno's excoriation
of Benjamin's writing on Baudelaire is famous.
So how do you explain why his
writing, which fails to meet any traditional criteria, has been been so
phenomenally influential since the 1960s? The content argument points to
Benjamin's combination of "scientific socialism" with cabbalist and
messianic motifs (most prominently in his "Theses on the Philosophy of
History) which struck a chord with students' illusory hopes of revolution
against all odds. And the motifs in the essay on "The Artwork in the Age
of Mechanical Reproduction" would certainly have been useful for a
generation where most people grew up wanting to become "something
media-related".
The most plausible (and depressing)
explanation for the triumph of Walter Benjamin's poetic theory, however,
springs from the observation that his rediscovery coincided with the rise of an
academic current which had abandoned the pursuit of traditional academic
standards in favour of creating diffuse meaning which could not longer be
verified in scientific terms. The later work of Jacques Derrida, the Frankfurt
Hölderlin Edition and the books of Giorgio Agamben could be classed as classics
of this academic current, and the reception of Jorge Luis Borges in the
eighties and of Heiner Muller in the nineties as their equivalent in the wider
world of the chattering classes.
Today the bureaucratisation,
didactisation and trivialisation of the humanities in the wake of the Bologna reform have
reduced the hipness factor of academic environments and careers. The
"Benjaminisation" as you could call the process, of creating poetic
effects through scientific means. Catalogue texts, art theoretical
"essays", curatorial concepts cite Benjamin's texts ad infinitum and
occupy an intellectual no-man's-land between scholarship and poetry.
I'm sure you know the reluctance to
continue reading a text if the first paragraph is sat under a chunky quote from
Benjamin's book on tragedy, and the remaining porridgy thoughts are generously
sprinkled with words like "aura", "flaneur" or
"shock". You want nothing more to do with it. The mixture of
poetising process with scientific claim to truth feels impure if not downright
unsavoury.
Let us instead take a few steps
backwards in literary history. Alexander von Humboldt was one of the great
natural scientists of his day. But we no longer read his reports of his travels
through South America out of
natural-scientific interest, but because he was also one of the greatest prose
writers of his time. It is it the fate of scientific prose that its scientific
relevance fades. The artistic relevance however, of scientists such as Wilhelm
von Humboldt and Sigmund Freud which they undoubtedly had and still have, quite
apart apart from their discoveries, are untouched by his ageing process. Dante's
"Divinia Commedia" was intended once upon a time as a scientific
description of the world. Outdated knowledge becomes unsurpassable poetry. And
this applies not only to outdated scientific prose, but also ideas that were
wrong from the outset. One famous 18th century example of this is Goethe's
"Colour Theory" that was appallingly off, even at its time of
creation, which does nothing to impair its artistic or literary qualities.
Benjamin's writings are the
"Colour Theory" of the twentieth century. If we could agree (and
science would almost certainly back us up here) to take his theories on German
philology, architectural sociology, media theory and history of philosophy with
a pinch of salt, his genius as a writer could get the recognition it deserves. Then
the literary essay – a paradoxical case of an illegitimate species which
nevertheless has rules – would shift to centre stage in his oeuvre. The
"Arcades Project" suddenly becomes a forerunner to Walter Kempowski's
"Echolot" and other forms of documentary literature and artistic
research; his literary criticism, a subtle intellectual autobiography played
out over several volumes. And his reports on interior and exterior travels
which we have always been been able to enjoy without regret, as fascinating
subjective documents.
This process clearly defines
Benjamin – his admirers take note - as the last, most important and most
brilliant representative of 20th century Jewish literary culture, a milieu so
full of talent that German literature has yet to recover from its eradication
at the hands of the Nazis.
Walter Benjamin should be studied
and admired as the third and perhaps most original mind in a trio of literary
giants of the 1920s, who all registered in erudite consciousness very late in
the game: he should be placed alongside Kafka and Robert Walser. And we should
stop stirring his intricately brilliant but almost entirely false theories into
theoretical blancmange, condemning Benjamin to keep delivering the ingredients.
Perhaps though that is the comeuppance for his own scientific hubris – although
he has long done penance for that.
This article originally appeared in
Die Welt on 24 September, 2010.
Stephan Wackwitz (1952) is an
essayist and novelist. "An Invisible Country" was published in
English in 2005 (more here).
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
Carta a Mozart sobre Nosso Nobre Alcaide e sua Reeleição
Oi, Mozart. Estou escrevendo para lhe cobrar o artigo sobre as urnas eletrônicas. Nosso alcaide foi pautado por mim e escreveu um artigo se defendendo, dizendo que não há risco algum e que desde 94 as urnas ficaram maravilhosas, inexpugnáveis. Pelo contrário, desde então estão mais e mais sendo questionadas e em 2018 o voto será impresso. Eu duvido muito que nosso nobre alcaide realmente chegasse a 61 por cento de aprovação na cidade. Para isso, ele teria que manter os trinta por cento com os quais foi eleito, não ter desgaste algum e ainda dobrar o apoio. Curiosamente, ele mesmo adiantou o resultado em "pesquisas" no Jornal de Negócios, dizendo que chegaria a setenta por cento (!). E que "quanto mais bate, mais ele cresce". Como se criticá-lo (bater) não fosse algo que ele pune com processos, fora o fato de que ele introduziu na cidade a militância em ambientes virtuais ao estilo do PT. Qualquer crítica é respondida por bate-paus dele na web com baixarias e agressões pessoais, sempre demonizando quem critica. O nosso nobre alcaide parece querer uma cidade corporativa, onde tudo pertence a uma só família e a um só grupo. E ele parece ter argumento$ para conseguir isso. Ao contrário do cenário de todo país, onde em geral os candidatos vencem com trinta por cento e há trinta por cento de nulos e brancos, aqui há quatro por centro de nulos e brancos, somente. Lembre-se que o esquema, segundo ele mesmo, era passar os brancos e nulos para votos válidos...para algum candidato. Foram relatados muitos casos de urnas eletrônicas dando problema, como no caso da Escola Coronel Praxedes. Na Escola Miguel Gontijo, o boca de urna do nobre alcaide, paladino da honestidade, foi tão escandalosa que foi preciso chamar juiz e promotor lá. As ocorrências com urnas que não apresentaram o nome do candidato ou apresentavam o voto nulo foram inúmeras, tantas que a PM alegou não ter viatura para poder cobrir todas. Espero um artigo seu a respeito. Abraços do Lúcio Jr.
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Como Nascem e Morrem as Urnas Eletrônicas
O Jornal de Negócios de Bom Despacho lançou uma edição Extra antes das eleições.
É preocupante, pois esse jornal mantém uma relação no mínimo simbiótica com o grupo do prefeito Fernando Cabral (PT/PC do B/PPS).
Em eleições passadas, uma edição inteira chegou a ser apreendida, pois ela falava numa suposta virada de Vital (PSDB) contra Haroldo Queiroz. Apenas do esforço manipulatório do grupo político por trás do Jornal de Negócios, a vitória não ocorreu.
Agora um dos artigos de Cabral trata de "Como Nasceram as Urnas Eletrônicas". Ele deseja com o artigo tranquilizar a todos, retificando o que disse em um artigo de 94, artigo esse em que o então funcionário do Serpro (Serviço de Processamento de Dados, local onde os votos são processados em Brasília) mostrava saber como fraudar urnas eletrônicas:
Novos tempos, novas formas de cometer fraude. O computador introduziu um novo potencial e novas formas de manipular resultados de eleições, como uma variação do esquema do bico de pena: simplesmente alterar os números durante a transcrição da caixa oficial dos resultados do papel para o computador. A forma mais fácil de fazer isso sem atrair muita atenção seria tornar os votos nulos em votos "válidos".
É pelo menos preocupante saber que um candidato sabe isso. A preocupação cresceu a partir do artigo do blog Revista Cidade Sol, que é a afinal o artigo que ele busca rebater:
Peço aos amigos que leiam e tirem suas próprias conclusões.
Mas estou certo de que, desde 94 até agora, a confiança nas urnas eletrônicas apenas caiu, mas as urnas permanecem as mesmas, ao contrário do que diz o nosso nobre alcaide.
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
O Medo ( Carlos Drummond de Andrade)
O MedoEm verdade temos medo. Nascemos no escuro. As existências são poucas; Carteiro, ditador, soldado. Nosso destino, incompleto. E fomos educados para o medo. Cheiramos flores de medo. Vestimos panos de medo. De medo, vermelhos rios Vadeamos. Somos apenas uns homens e a natureza traiu-nos. Há as árvores, as fábricas, Doenças galopantes, fomes. Refugiamo-nos no amor, Este célebre sentimento, E o amor faltou: chovia, Ventava, fazia frio em São Paulo. Fazia frio em São Paulo... Nevava. O medo, com sua capa, Nos dissimula e nos berça. Fiquei com medo de ti, Meu companheiro moreno. De nos, de vós, e de tudo. Estou com medo da honra. Assim nos criam burgueses. Nosso caminho: traçado. Por que morrer em conjunto? E se todos nós vivêssemos? Vem, harmonia do medo, Vem ó terror das estradas, Susto na noite, receio De águas poluídas. Muletas Do homem só. Ajudai-nos, lentos poderes do Láudano. Até a canção medrosa se parte, Se transe e cala-se. Faremos casas de medo, Duros tijolos de medo, Medrosos caules, repuxos, Ruas só de medo, e calma. E com asas de prudência Com resplendores covardes, Atingiremos o cimo De nossa cauta subida. O medo com sua física, Tanto produz: carcereiros, Edifícios, escritores, Este poema, Outras vidas. Tenhamos o maior pavor. Os mais velhos compreendem. O medo cristalizou-os. Estátuas sábias, adeus. Adeus: vamos para a frente, Recuando de olhos acesos. Nossos filhos tão felizes... Fiéis herdeiros do medo, Eles povoam a cidade. Depois da cidade, o mundo. Depois do mundo, as estrelas, Dançando o baile do medo. |

Assinar:
Postagens (Atom)