Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Beckett is Back: Reencarnando Beckett!
Board to Death, Museum of Bad Arts, Boston
(Cenário: terreiro de umbanda. Música: Cancro Molly, de Satanique Samba Trio. Personagens: Pózzon de Higgs, Cacilda Beckett e Preto Velho).
Preto Velho: É, Mizifi, vô vê se vai dá prá baixá o Samuer para você, tá? (Toma um gole de cachaça e dá um trago em um beck).
Pozzón: Metateatro.
Preto Velho (baixando o santo): Não.
Pózzon: intrateatro?
Preto Velho: sim.
Pózzon: O tempo...voraz monstro janusiano...o hábito e a rotina...coleiras que atam os sujeitos a seu vômito...o indivíduo como acúmulo de eus mortos...superpostos como as camadas de uma cebola...
Preto Velho: Nada é mais engraçado do que a felicidade.
Cacilda Beckett: Estamos sobre um platô. Me segura que vou dar um troço!
Pózzon(imitando o trapalhão Mussum): colisão de hádris, Cacilds!
Cacilda: Estou acabada. A bota. Não entra. Não sei se ela diminuiu ou se foi o pé que cresceu.
Preto Velho: a fornalha de luz infernal! A santa luz! Alguém está olhando para mim ainda. Olhos nos olhos.
Pózzon: eu quero a partícula Deus! Particularmente.
Cacilda: quem está no palco? O que está acontecendo?
Preto Velho: Então voltei para casa, e escrevi. É meia-noite. A chuva está batendo nas janelas. Não era meia noite. Não estava chovendo.
(Um som ao fundo: Ping! Surge uma TV sem imagem, desintonizada)
Pózzon: Vamos ao que interessa. Beckett, você morreu há vinte anos, tem algo a acrescentar? Por que você escreve?
Preto Velho: (Olha o outro em silêncio e responde lentamente): só sirvo para isso.
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14 comentários:
Legal, gostei! Será que todos se encontram depois da morte? Que mix hein??!!
Na cena acima, eles (Vladimir e Estragon) ainda estão debaixo da árvote de "esperando godot" depois do desmatamento?
Oi, Carla. Viu o bafafá que o Gerald tá fazendo? Eu bem que imaginei mesmo, não dá certo isso de fazerem, ele e outros diretores, uma peça, nem imaginária. Há tempos eu disse que uma das coisas que um jornalista NAO pode falar é sugerir ao Gerald escrever uma peça a quatro mãos com a Bárbara Heliodora...
Mas foi bom aquele Denmark Improptu. Gostei de todos. Gerald tem uma relação um pouco possessiva/obsessiva com relação a Beckett. Beckett não é de ninguém; Beckett não é nem de si mesmo, pois ele está morto. Eu ainda o estou conhecendo. Tem uns textos dele lá na Sinal de Menos: interessantes, mas aquilo não me emociona. Quando vi a blognovela do Gerald pela primeira vez, me assustei e fui ver Bowie representando Baal, de Brecht, no Youtube. Depois consegui ver numa boa. Mas parece que o Beckett tem uma recepção meio assim: "de agora em diante, vamos mandar ver qualquer besteira". Em relação a isso, sou contra.
Ah, sabia que o Esperando Godot do Gabriel Vilela de 2006 fez daquela árvore sozinha um símbolo do desmatamento?
Então, nesse sentido, Gerald chegou ao mesmo lugar, ou quem sabe se inspirou, nessa ideia do Gabriel no Denmark Improptu.
Sempre leio o Vamp, mas não comento mais.
Abs do Lúcio Jr.
Texto do GT no Vamp, sobre os textos na Folha:
EU, particularmente eu, fiquei muitissimo decepcionado como a coisa acabou sendo publicado pelo jornal, Entao, depois de ficar sentado por mais de 6 horas no aeroporto de Frabkfurt aguardando "clearance" de algum aeroporto de Londres ontem a noite pra poder voltar, num voo rotineiro, de uma viagem de um dia, que me traria de volta pra casa as 5 da noite (acabei pisando aqui as 2 da manha, via LUTON airport), escrevi o seguinte email pra editora da Ilustrada, Sylvia Colombo.
Bem, te digo com toda a sinceridade. Tendo lido o que li, especialmente a imbecilidade do Gabriel, jamais deveria ter aceitado. Nao sei porque ainda entro nessas coisas . Juro.
Nao estou sendo agressivo. Nada disso.
Mas - o cara encena UM Beckett e nao entende merda nenhuma do assunto. E la esta, pasteurizado do meu lado, urrando sons de Gorilas. Nao vou entrar no merito de sua dramaturgia.
- No passado ate recente, meu "billing" na Folha era de AUTOR e DIRETOR, Gerald Thomas. Nao conheco nenhuma peca de - GV ou do outro.
DENMARK IMPROMPTU deveria ter sido, no minimo, apresentado como titulo e copyright, como de autoria minha. Do jeito que esta, parece que a Folha inventou esse evento. E nao foi. Eu situei a peça no recente Climate Change Summit. Eu introduzi Berlusconi nessa coisa. Eu misturo jornalismo com dramaturgia, essa meta-infusao que ninguem mais faz.
Me considero (nesse caso) MAL representado, mal impresso e mal acompanhado. Alias, esse eh o feedback que recebi de todos que me escreveram.
Pena. A ideia era boa.
Qto ao paragrafo que vc me mandou sobre a explicacao, Lucas, te confesso que a quantidade de vezes que nos falamos ao telefone nesses ultimos dias, acabou apagando isso.
Enfim, ja foi, passou, amanha estara embrulhando peixe.
Sou colaborador da Ilustrada desde 86.
Um dia morrerei.
Eu li a peça a 4 mãos lá no blog do Vamp. Eu comento lá tb. Mas eu não sabia dessa (adaptação de esperando godot) do Gabriel Vilela não. Qto ao GT sentir-se meio dono das obras de Beckett, dá mesmo pra perceber. Lá no blog dele (digo no ex, no IG) ele sempre falava de Beckett assim, como dono. Mas Gerald é fantástico, inteligentíssimo e como diz a comentarista-mor do blog que ele tinha: BRILHANTE!!!!! Eu concordo, adorei circo de rins e fígados.
Faltando uma semaninha pra terminar o ano e essa louuuucura de festas natalinas e de reveillon. Eu adoraria poder ir pra outro planeta nessa época. As pessoas perdem o senso, compras, compras, compras e mais compras, todos os lugares lotados, não dá pra ter qualidade de vida nessa época. E o pior é praticamnete nem sabem o que comemoram, tudo super artificial, levado pela engrenagem, pelo consumismo. Ahh...humanidade insana.
Oi, tb admiro muito o Gerald: sou um fã-leitor. Acho muito boa essa aproximação dele com a internet, essa relação orgânica, embora nem sempre cordial, com o público.
Essa época entristece, até o consumismo aceito, mas a gente fica fazendo uns balanços e se frustra porque não atingiu as metas.
Abs do Lúcio Jr.
Querem uma ajuda? Entao eu entro aqui pra comentar.
Nao me sinto dono de ninguem, muito menos de Beckett , Isso seria uma enorme besteira. O homem ja era um GENIO aclamado universalmente quando eu, um fedelho entrei na vida dele e fui "abraçado por ele" (ate com um cero Irish warmth".
Entao nao se trata de "who owns Beckett", mas quem entende de Beckett assim como quem sabe dirigir um Caminhao. Vc sabe? Se sentiria capaz de colocar um TRUCK na estrada agora se fosse necessario? 2- Seria capaz de colocar um TRUCK na estrada nevada, como elas estao aqui na Inglaterra?
Muitos nao sao.
Muitos sao.
Existe especialidade SIM.
E Beckett, reconhecido pelo proprio, eh especialidade minha. Nao quer dizer que eu TENHO DIREITOS sobre ele. Mas sou um cardiologista nessa questao. E a questao aqui eh coracao.
Alguem ai em cima comenta que o Vilela colocou uma arvore em Godot, como se fosse pra representar a devastavao da Amazonia.
Gente: por favor: acordem. ESSA ARVORE ESTA NA RUBRICA DA PECA E EH ASSUNTO CONSTANTE NO DIALOGO ENTRE DIDI E ESTRAGON:
Gabriel Vilela sabe...nada.
nem ao menos conseguiu achar uma metafora praquela arvore.
E o teatro de Beckett eh sobre achar metaforas.
Expliquei?
DENMARK IMPROMPTU eh titulo meu. Sim, existe esse MEU sim, senao nao existiria a ideia de COPYRIGHT. OU DE COPYRIGHT INFRINGMENT
LOVE
G
LOVE
Que honra Gerald Thomas! Sorry, como vc sempre tecla. Ok, ok, e obrigada pela explanação do assunto.
Adorei o: "Mas sou um cardiologista nessa questao. E a questao aqui eh coracao."
Realmente GThomas, vc é um especialista no assunto, e seu coração transborda. Seus textos, comentários, entrevistas, tudo, absolutamente tudo, tem muito amor, sinto isso, como sinto em poucos artistas. Vc é Genial Thomas.
Qto ao "ESSA ARVORE ESTA NA RUBRICA DA PECA E EH ASSUNTO CONSTANTE NO DIALOGO ENTRE DIDI E ESTRAGON" fiz referência a isso no meu 1º comentário.
Love pra vc tb.
Oi, Gerald e Carla.
G: obrigado, agora tá explicando! Vc pode me considerar somente um estudante de Beckett. Desculpe pela demora em escrever.
Acho que a história da árvore pede mais o teatro da crueldade do que o "teatro do absurdo". Aliás, onde encontro esse ensaio do Martin Esslin?
Não quero desvalorizar o teatro de GV em prol do de GT. Vi GV adaptar Noite de Reis, colocando o barco como sendo um barco no Rio São Francisco, adaptando Shakespeare à cultura regional mineira. Achei uma solução interessante. Mas ele não quer ser encenador e sim diretor, se é para falar em termos acadêmicos.
Gostaria é de lembrar que me pareceu que a Folha fez tudo como vc pediu, a Cult colocou vc como "ator" e não "autor". Um "u" faz diferença, não é?
Finalizando, gostaria de dizer que vc, Gerald, transmite muita liberdade em seus textos, e que isso eu não sei explicar, mas te digo que é bom, muito bom.
No mais, GT, sugiro que vc faça um podcast (um audio para a web) com a blognovela e o Denmark Improptu. Sua voz é muito elogiada e boa parte do calor do teatro está na voz. Quem sabe aí vc não encontra o "x" que vc pensa que faltou na blognovela? E acho que vc tem de falar sobre o colisor de hádrons.
Abraços, happy new year, best wishes and
Love
Lúcio
Meu amigo Laerte Braga opinou sobre o caso Sean Goldman:
No frigir dos ovos deve continuar o exercício de tiro a palestinos no Oriente Médio, prática comum do estado terrorista de Israel. A propósito, o vôo fretado que levou o menino Sean Goldman para os EUA foi pago por uma espécie de vaquinha entre empresas de judeus/sionistas daquele país. O vôo, os advogados e tudo o mais.
Mas Lúcio, o vôo não foi uma cortesia do dateline da cbs? Digo cortesia, mas na verdade foi um contrato que ele (David) assinou, de exclusividade no caso, com a rede de tv. Ou essa empresa tb é de judeus?
Carla: o seu Laerte é do PT radical e às vezes radicaliza mesmo, tentando "a revolução pela palavra". Agradeço seu esclarecimento e desejo feliz ano novo, de novo! Que honra ter vcs aqui!
No blog do Vamp, Cintia argumenta que Sean nasceu nos USA, mas foi registrado como brasileiro, o que é curioso e revelador nessas circunstâncias.
Abs do Lúcio Jr.
Lucio,
Nao vi nem li a CULT - nao devem ser tao "cultos:" assim. Mas realmente nao li a materia ou entrevista.
Quanto a Beckett tenho uma GRAVE questao com quem sempre precisa encaixa-lo em "teatro disso ou teatro daquilo", Pombas ou canarios: Beckett eh Beckett, nao eh do Absurdo nem da Crueldade nem de porra nenhuma: eh Beckett e pronto.
Sorvete de Açai eh de que? perguntam as pessoas? Is it sort of "nutty" like a nutty-choclolatty taste? Eu digo NO, not at all. It isn't nutty or chocolate or even like blueberries. IT's Called ACAI and that's that.
Podcasts? To fora.
Please avisem a EZYR que consigo visualizar o email dela mas nao consigo ler o que esta escrito. O mac.com esta tendo problemas.
Pelo menos aqui de London
LOVE
G
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