terça-feira, 4 de outubro de 2011

Notas sobre os possíveis desdobramentos da crise mundial

A lei do valor é que, no capitalismo, determinaria as crises periódicas de superprodução, junto com a anarquia da produção e a lei da concorrência. O fim da produção capitalista é a obtenção de lucros. Ela não têm em vista o homem e suas necessidades. A produção não é social. O capitalismo só precisa do consumo quando ele garante lucros.

Busca-se não o produto, mas o sobre-produto. A massa do trabalho produtivo só tem interesse para o capital na medida em que aumenta o tempo do trabalho necessário. Se o trabalho não dá esse resultado, é sustado, pois é considerado supérfluo.

No entanto, qual é a lei do capitalismo contemporâneo? Para realizar uma reprodução ampliada mais ou menos regular, o capitalismo precisa de lucro máximo. Não do lucro normal, não do super-lucro, é o lucro máximo o motor do desenvolvimento capitalista.

O lucro médio não é suficiente. Ele é o mais baixo limite da rentabilidade, abaixo do qual a produção capitalista se torna impossível.

Sendo assim, o melhor business é a guerra, pois garante o lucro máximo. É de se esperar que a OTAN invada a Síria, o Irã, a Coreia do Norte, Cuba, etc. Os passos arriscados seriam dados porque ele precisa do lucro máximo ou não poderá se reproduzir.

Por buscar somente os maiores lucros, o capitalismo provoca interrupções no progresso da técnica, assim como destruição de forças produtivas na sociedade.

A crise aumentará as contradições entre China e os Estados Unidos, Inglaterra e a União Europeia, entre o mundo dependente e os países centrais, assim com os países centrais entre si.

A União Europeia continuará? É possível, mas creio que caminhará para ser uma União onde a Alemanha buscará tornar-se independente do domínio americano, desobedecendo suas ordens e buscando um desenvolvimento independente, assim como o Japão e outros países centrais.

Desde a II Guerra até agora, a Europa Ocidental tem sido mera extensão da economia norte-americana. De agora em diante, é de se esperar que Japão e a Alemanha tentem, de novo, um desenvolvimento independente da tutela dos Estados Unidos, mas também podem tentá-lo a França, Itália ou Inglaterra.

4 comentários:

Wilson Torres Nanini disse...

Lúcio,

parabéns pelo texto. Sua sensatez e pertinência arrebatam como sempre.

Precisamos encontrar um equilíbrio, meu caro. Pois enquanto capitalistas acirradíssimos e (pseudo)comunistas taciturnos digladiam seus espasmos torpes, o ser humano padece pânico e desdeslumbre/desdelícia.

Ah, meu caro... Essas máquinas mundanas nos dissolvem.

Forte abraço!

Revistacidadesol disse...

Oi, Wilson. Gostaria mesmo de acreditar em previsões menos pessimistas que essas.

Comunista na prática aqui no Brasil têm muito a ver com a vivência prática de uma religiosidade, mas não é só aqui. Stálin, por exemplo, era um ex-seminarista que na juventude escreveu poemas românticos. No poder, era visto com as mesmas roupas desde 1929 até sua morte. Mesmo os que são ateus, em geral costumam ter sido em alguma fase religiosos muito crentes e, desiludidos, tornam-se também ateus muito descrentes. Esse drama está bem evidente em Dostoiévski.

Abs do Lúcio Jr!

Revistacidadesol disse...

Wilson: eu vi o futuro, sou péssimo poeta (vc é muito melhor do que eu) e o futuro é uma mistura de Cambodja com Nova Friburgo!!!

Desastre ambiental contra sistema político podre e corrupto causa a explosão das massas em meio a uma esquerda rachada e confusa, provocando matanças em massa.

Mas no sentido em que Ludo Martens diz, e ele e também talentoso poeta, poeta que narrou a Contra-revolução de Veludo:

O contra-revolucionário Chéinis faz de conta que não sabe que os
bombardeamentos americanos sobre o Kampuchea causaram a morte de 600 mil camponeses,
que a fome criada pelas tropas americanas em fuga do Kampuchea provocou a morte de um
milhão de kampucheanos, e isto segundo documentos oficiais. Na América Latina, vários
movimentos de guerrilha, bem implantados numa população camponesa que os apoiava,
foram mesmo assim esmagados pela violência contra-revolucionária; foi o caso da Colômbia

tal como o da Guatemala. Que o Sendero Luminoso conseguisse não apenas manter-se, mas
também alargar a guerrilha a grande parte do território, prova que esta organização tem
capacidades revolucionárias reais, seja qual for a opinião que se possa ter sobre algumas das
suas tácticas e métodos. Mas Chéinis fala deste movimento revolucionário de massas índias e
camponesas como o faria um perito americano em contra-insurreição. Quando as massas
populares, oprimidas durante séculos, aterrorizadas pelas matanças em massa, se levantam,
mesmo a organização mais disciplinada não pode evitar acções de vingança e erros. Todo o
revolucionário sabe que estes fenómenos são inevitáveis em qualquer movimento de libertação
popular. Tomar isso como pretexto para preferir o terror e o genocídio permanente sob a
dominação imperialista é passar para o campo da reacção.

Revistacidadesol disse...

Wilson: há anos um amigo me fez uma previsão do futuro nas ruas e eu a desfiz por simplesmente sentar e esperar que ele acontecesse.

Depois vi Paulo Coelho dizendo que prever o futuro e contar para as pessoas destrói o futuro justamente por esse motivo. E é a palavra de um comerciante materialista do ramo, digamos assim.

Pois é, ele têm razão. Eu conto essa imagem que me chegou justamente para que possamos, juntos, nós, seres humanos, destruir esse futuro horrível e criar outro melhor. É possível.

Abs do Lúcio Jr.