quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Rafael Freitas e a tese antifeudal


Essa postagem foi feita  pedido de Rafael Freitas: Rafael, você me pediu para polemizar a respeito, pelo que entendi, a respeito da tese do semi-feudalismo no Brasil.

A sua fala no programa envolveu também uma outra questão, que é a continuação entre Lula/Dilma e Vargas e Jango, objeto de uma obra do professor Cássio. Eu considero esse paralelo absurdo, Suponho que Cássio o faz porque Dilma gosta de se ver assim e, possivelmente, ele esperava fazer carreira com esse tipo de obra. Ao contrário de ampliar direitos trabalhistas, Lula e Dilma, neoliberais, ampliam as privatizações e terceirizações, assim como a economia do Brasil tem voltado a exportar apenas gêneros primários. Estamos voltando a ser colônia, desindustrializando-se. É uma tragédia.

Igualmente trágica é a dominância do revisionismo na academia, quando não das ideias pós-modernistas. O grande problema é que jamais se fala em latifúndio, senão em agronegócio, o que ameniza bastante o seu caráter atrasado.

Segundo a teoria crítica (Lênin), ou existe uma ruptura com o latifúndio do tipo norte-americano (guerra civil americana) ou os latifúndios vão se modernizando eternamente (no estilo da Alemanha de meados do século XX, com os grandes fazendeiros, os chamados junkers). Ao nosso ver, o caso do Brasil é o segundo caso.

Quando se abandona a tese semi-feudal, com teóricos como Caio Prado Júnior, o latifúndio como contradição das maiores da sociedade brasileira perde sua relevância. Em tese, o latifúndio poderia desaparecer e tornar ainda mais consolidado o capitalismo brasileiro. Essa era a ideia do presidente João Goulart. O golpe de 64, no entanto, mostrou que o sistema capitalista nacional e internacional estão profundamente atados. 

Sendo assim, quanto mais aumenta a pressão contra o latifúndio --e ela é premente na sociedade brasileira e só aumentará nos próximos anos --mais o estado tende a gerar um grande pacto para sua defesa, tendo para isso apoio internacional. Por isso o estranho consórcio, presente agora no governo Dilma, entre o que no primeiro mundo é extremamente atrasado (Kátia Abreu) e o representante dos bancos e do capital estrangeiro, supostamente sofisticado (Joaquim Levy). Os conflitos sangrentos que o latifúndio provoca tendem a obrigar mesmo os liberais e os  modernos a quererem abatê-lo, daí a atitude de Rui Falcão do PT a defender, de boca, a reforma agrária.

Na realidade, no entanto, é que o país não vai nunca ser uma Austrália, como queria Brizola, ou uma Noruega ensolarada, como sonham um Paulo Falcão (do blog Questões Relevantes) ou seu antípoda Lula. O dilema do país é: subcapitalismo (exploração pelo exterior, miséria, atraso, latifúndio) ou socialismo. Mas o socialismo sumiu do horizonte da discussão contemporânea, eis nossa tragédia mais profunda.

 E o pior, o que tem acontecido nos últimos anos é justamente a alienação social tem chegado a níveis assustadores. Há quem venha ao meu blog absolutamente assustado, aterrorizado mesmo com o  blog ter-se tornado, de forma assombrosa, de revista de variedades em disseminador das malvadezas do comunismo.

No entanto, o cenário social, em geral, favorece esse tipo de falácia tem larga circulação. O que eu suponho que acontece é o seguinte: o PT está hoje aliado a um setor empresarial, o burocrático, arrastando para essa aliança a pequena burguesia radicalizada e os setores mais privilegiados do proletariado que o compunham. Essa aliança, presidida por Lula, líder carismático que hoje domina o partido, assim como dá o tom no estado, é o assim chamado lulismo. No entanto, há uma divisão entre os lulistas e os seus opositores dentro do estado, o PSDB e alguns outros setores agro-exportadores. Ambos coabitam o estado, rivalizam em eleições, mas as diferenças entre ambos, na prática, são pequenas. Não existe disputa efetiva de projeto.

O que tem incomodado muito ultimamente o outro setor tem sido a presença da militância petista, que do ponto da classe dominante é um constrangimento.

Em primeiro, considero muito importante os programas História em Pauta que você faz no youtube, pelas rádios pela web, assim como considero uma realização importante o Grupo de estudos Cipriano Barata

Sobre esse assunto, também sou aprendiz, mas você que é leitor de Nelson Werneck Sodré sabe que essa teoria ficou bem fundamentada e está sendo discutida agora no século XXI pelo seguinte motivo: no Brasil a reforma agrária não foi feita. Ou é consenso que não foi feita completamente. Ela foi um grande tema no governo FHC. Recentemente, de forma discreta, num perfil na Revista Piauí, Rui Falcão, presidente do PT, prometeu a reforma agrária. Logo, ela não foi realizada. Isso é que gera a continuidade da questão até hoje em dia.

Esse paralelo Vargas/Lula não é recente, mas no passado Lula sempre rejeitou aproximações. Mas parece ter mudado de opinião, talvez devido ao fato de que Dilma veio do PDT e esse partido hoje se alinhou ao PT de forma dócil, o que não acontecia anteriormente. Lula, no passado, era bem veemente ao recusar o trabalhismo de Vargas, dizendo que a CLT era a AI-5 dos trabalhadores. Igualmente, alegava que a greve de Osasco em 68, apoiada pela VPR, tinha nascido na universidade, era ligada aos estudantes e não era autêntica. Ou seja: Lula marcou desde sempre posições bem próximas à de hoje: era udenista de macação, era anti-revolucionário, menosprezando a luta armada nos anos 70, etc. Brizola sempre cobrou de Lula que a criação dos sindicatos por Vargas possibilitou o surgimento de Lula nos anos 70. 

O que se pode supor é que Vargas buscou articular o estado, levando adiante um projeto nacional que era, apesar dos avanços, bem próximo ao que se pode chamar de burguesia burocrática. O capitalismo burocrático caracteriza-se pelo acomodamento dos resíduos pré-capitalistas como o latifúndio com a burguesia e o capital estrangeiro. Disso resulta um capitalismo atrasado, doente, problemático desde sempre em confronto com aquele do centro cultural capitalista europeu, australiano e norte-americano. O sonho de Brizola era evoluir o capitalismo brasileiro para uma situação imperialista como a da Austrália. Isso, no entanto, implica em problemas sérios para outros países do chamado "primeiro mundo". Brizola, no entanto, era um social-democrata sincero. Lula e o PT foram apadrinhados pelo castrismo desde o princípio. Os primeiros chefes de estado a receberem Lula foram Fidel Castro, Daniel Ortega da Nicarágua e Khadafi da Líbia.

Hoje Fidel Castro, através da fala de Hugo Chávez alguns anos atrás, propõe o socialismo cristão e define o marxismo-leninismo como obsoleto. Apoiados pelo PCB revisionista e contando com a simpatia da maioria da esquerda brasileira, os castro-chavistas (Correa, Maduro, Kirchner, Ortega hoje em dia, dentre outros) são todos social-democratas reformistas e propõem o cristianismo político. Esse ideário também é o predominante entre os integrantes do Grupo de Estudos Cipriano Barata. Eu suponho que as questões levantadas pelo GEACB são muito importantes. A questão nacional nos países latino-americanos é fundamental, mas faço essa distinção que considero bastante importante.

O alinhamento do PDT ao PT e o aproveitamento torpe da figura de Vargas está ocorrendo para validar a relação entre estado e sindicatos que Lula de início condenou, tendo aprendido outra coisa bem diferente nos cursos orientados por norte-americanos que supostamente chegou a cursar. De início, Lula defendia em entrevistas a organização dos sindicatos no esquema um por empresa, "como nos Estados Unidos". Ele aprendeu isso onde? Espontaneamente não foi. No entanto, boa parte da esquerda luxemburgista e trostsquista caiu no conto do operário, imaginando que estava vendo a prova viva de que Lênin estava errado e a consciência de classe revolucionária poderia nascer espontaneamente no proletariado, uma vez que Lula falava em socialismo (apenas retórica oportunista em sua boca).

O PT passou da infantilidade esquerdista (uma vez que repetiam chavões castristas ou trotsquistas nos quais não acreditavam) para uma senilidade neoliberal, sem passar pela maturidade social-democrata, que nos pouparia da situação catastrófica de agora, quando o PT neoliberal arrasta uma boa parte da esquerda organizada, intelectuais, jornalistas, sindicatos, etc, para, por exemplo, a cumplicidade nojenta com o estado e com a prisão de ativistas como Igor Mendes, do MEPR, já há dezenove dias esperando a triagem na prisão, já tendo estado, na época da Copa do Mundo, preso em Bangu, acusado de ser responsável por protestos. Enquanto Igor está há dias sem lápis, banho de sol, compras na cantina, dentre outros castigos, a intelectualidade não se mobiliza a seu favor, ignora. Entendemos agora o que aconteceu no regime de 64: a ninguém era interessante manifestar-se a favor daqueles presos políticos e sofrer a ferrada que viria a seguir. O mesmo hoje. No entanto, embora ele seja um preso político, embora Sininho, também uma ativista, também tenha tido que fugir da justiça, há completa insensibilidade para esse drama dos presos políticos do nosso estado totalitário gerado a partir de junho do ano de 2013 e acirrado com a Copa, embora presidido por uma ex-presa política, o que é uma vergonha!

 Para esconder essa sua formação por liberais norte-americanos durante a ditadura (independente se fora do Brasil ou não), Lula ativamente alavancou o mito de que ele é um "cara que não gosta muito de ler", "que livros parecem esteiras", é apenas "o operário que gosta de churrasco", que tem como admirações Hitler, Khomeini, Castro e Guevara (dando a entender que seria muito anti-americano), dentre outros mitos e falácias a seu redor, que floresceram devido à sua origem de classe. A formação ideológica e cultural de Lula, no entanto, é paulista.






Jones Revisionista contra o Cambodja Democrático


Jones Makaveli, simpatizante da União da Juventude Comunista em Pernambuco, ou seja, do PCB revisionista, escreveu em seu blog a respeito de Pol Pol e o partido comunista do Cambodja um texto que eu gostaria de comentar. Destaco algumas passagens em negrito e sublinho:

É nesse contexto que surge Pol Pot e o Khmer Vermelho. Não temos a mínima intenção defendê-lo. Seu governo foi genocida e autoritário. Mas não foi uma deriva necessária da ideologia comunista. A lunática idéia de Pol Pot de deportação em massa da cidade para o campo foi resultado de fugas em massa do campo para a cidade para fugir dos bombardeios dos EUA. Uma sociedade destruída, arrasada e com a imensa maioria do seu povo vítima de violências brutais produz fenômenos aberrantes como Pol Pot. O Khmer Vermelho também comprava armas do governo neoliberal de Margaret Thatcher (que não tinha quaisquer problemas em vender). O presidente do EUA Ronald Reagan, outro neoliberal, também apoiou nas sombras o Khmer Vermelho, pois ele em seu confronto com o Vietnã enfraquecia o campo socialista na Ásia.

Em resumo, os que tentam “explicar” os horrores no Camboja fazendo dele um produto derivado da ideologia comunista e do instinto de sadismo de Pol Pot, traçam um quadro histórico deformado, falso. Esquecem que os horrores com Camboja foram antes de tudo resultado das ações do imperialismo, esquecem que os bombardeios dos EUA mataram tanto (ou mais) que as loucas ações do Khmer Vermelho e esquecem que os resultados dessas ações ainda hoje matam cidadãos cambojanos. “Em toda a Indochina [atualmente] há pessoas que morrem de fome, de doença e de projéteis não explodidos” (Chomsky Apud Losurdo, 2010, p. 310). Enquanto Pol Pot já morreu e o movimento comunista perdeu o protagonismo de outrora na Ásia, as ações do imperialismo continuam matando. Evidentemente, autores do “Livro negro do comunismo” e outras barbaridades não prestam atenção para isso. A esquerda que simplesmente nega essas experiências como não-socialistas (e no Camboja nunca houve socialismo), mas não traçam uma crítica profunda que procura desvendar a hipocrisia dos intelectuais da ordem presta mais um desserviço do que ajuda nas lutas antiimperialistas e se torna um instrumento - pela esquerda – de divulgação dessa visão apologética.

Jones Makaveli, embora contextualize historicamente a violência do imperialismo norte-americano contra o povo do Cambodja, deixa de considerar a experiência do país enquanto socialista. E por que? Porque Jones combate a vertente em questão, ele considera a experiência vietnamita coordenada pela URSS e não a do Cambodja, inspirada pela China.

No entanto, como consta no texto do boliviano Echazu Alvarado, a União Soviética, depois de apoiar a conta-gota a libertação nacionall, de fato apoiou, junto aos norte-americanos a ditadura militar do general Lon Nol, tendo criado uma frondosa embaixada na capital cambojana.

O translado da população ativa da cidade para a zona rural realizou-se com o objetivo de acabar com a fome e retomar a produção de arroz. O país estava dependente de ajuda humanitária internacional e o governo democrático cambodjano queria acabar com essa dependência e também evitar os bombardeios norte-americanos. Embora tivesse alguma proximidade com os chineses, a revolução democrática do partido comunista cambodjano contou com apoio dos nacionalistas locais (dirigidos pelo rei Sinhanouk) e por sua população rural.

Esse interessante experimento social durou somente de 1975 a 1978. Para evitar a venda de arroz a melhor preço por parte dos camponeses aos sul-vietnamitas, o governo criou cooperativas e aboliu o uso do dinheiro já no tempo em que não governava a capital e sim algumas zonas liberadas.

A queda do Cambodja democrático deu-se devido a uma invasão vietnamita em 1979, sob alegação de conflitos na fronteira. O Vietnã, como alegou Pol Pot, era fonte de desestabilização local, pois mostrou-se faminto de territórios e este sim, contava com um exército moderno e com o apoio da União Soviética revisionista, acusava a China de ser a fonte de todos os problemas no Cambodja.

O governo não tinha muitas armas (embora Jones alegue que tenham sido compradas armas de Thatcher) e não defendeu a capital, retirando-se dela e proclamando a guerra popular. A guerrilha Khmer continuou sendo uma força política até os dias atuais, quando, por força de constituir uma força política aceita pelo estado, condenou Pol Pot, já idoso, que faleceu há algum tempo, julgado negativamente por seu próprio partido, mas com direito a defesa. No entanto, Khieu Sampan está sendo julgado por um tribunal penal internacional estabelecido no Cambodja que, obviamente, não julga os crimes dos norte-americanos e franceses no Sudeste Asiático.













terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Da obra: o neocolonialismo

De la obra: El neocolonialismo y los cambios en la lucha por la liberación nacional (cap. 2)

de Stefan Engel


III. La traición revisionista y el revés en la lucha por la liberación nacional

1. El neocolonialismo del socialimperialismo soviético

La victoria del revisionismo moderno, los efectos corrosivos de la restauración del capitalismo en la URSS y, más tarde también en China, son las causas principales para el grave revés en la lucha por la liberación nacional y social.

El neocolonialismo no quedó limitado a los EE.UU., los imperialistas europeos y el Japón. Después de la traición al socialismo y la usurpación del poder por una nueva burguesía bajo la dirección de Jruschov en el XX Congreso del PCUS, en febrero de 1956, la Unión Soviética, en el lapso de pocos años, se transformó en una superpotencia socialimperialista. La restauración del capitalismo en la Unión Soviética introdujo igualmente la transformación capitalista en Polonia, RDA, Checoslovaquia, Bulgaria, Rumania, Hungría y Mongolia. Willi Dickhut escribió en el libro La restauración del capitalismo en la Unión Soviética:

“Esta restauración ocurrió de manera decisiva por la brutal intervención de los revisionistas soviéticos en estos países, por astutas intrigas y la formación secreta de camarillas. Estos países ni se desarrollaron como potencia socialimperialista independiente como la Unión Soviética, ni se vendieron a los imperialistas occidentales como lo hizo Tito; se desarrollaron más bien como colonias del socialimperialismo.” (La restauración del capitalismo en la Unión Soviética, Editorial Agora, Buenos Aires, 1994, pág. 262).

Una teoría especial fue construida, según la cual la dependencia económica del socialimperialismo era progresista: la así denominada “división internacional” o “socialista” del trabajo.

El órgano teórico del PCUS, Kommunist [Comunista] N1, de 1959, dijo sobre esto:

“A través de la unidad fraterna y la cooperación económica de los países del campo socialista, que está extendiéndose continuamente, la división internacional socialista del trabajo adquiere un significado siempre mayor que posibilita a cada país desarrollar sus fuerzas productivas de tal modo que se puede especializar –sin imitar la estructura industrial de la Unión Soviética–, en la producción de aquellos productos para los cuales dispone de los más favorables recursos naturales y económicos.
Por ejemplo, para Albania, Bulgaria y la República Popular de Mongolia sería desventajoso e inadecuado desarrollar ramas de la industria de construcción de maquinaria pesada tales como la construcción de vehículos, tractores, locomotoras y equipos de prensas de forja.”

También los países en vías de desarrollo, que estaban bajo la influencia de la Unión Soviética, fueron empujados a renunciar a un desarrollo completo de su economía y a concentrarse en algunas pocas ramas de la economía para las cuales, debido a su subdesarrollo “tradicional”, tendrían favorables condiciones previas. Estos países deberían transformarse más bien en mercados de venta y talleres de elaboración subordinados a la Unión Soviética, mientras que quedaba entendido que la Unión Soviética desarrollaba todas las ramas de la economía.

Esto corresponde exactamente a la teoría imperialista de las llamadas “ventajas financieras comparativas”, según la cual es más rentable para los países en vías de desarrollo, desde el punto de vista de la economía nacional, si producen y exportan materias primas baratas. En cambio, deberían importar caros productos industriales acabados porque la producción propia supuestamente sería demasiado cara. El resultado de esta “división del trabajo” es la dependencia de los países en vías de desarrollo frente a los países imperialistas.

Cuando los socialimperialistas se comprometieron a ayudar en la construcción de una industria estatal, anhelaban llevar a estos países a la completa dependencia tanto en el equipamiento técnico, en el mantenimiento del proceso de producción como también en la venta de las mercancías.

El REVOLUTIONÄRER WEG N19 constató:
“La exportación de capital se realiza sobre todo en forma de créditos para la compra de equipos técnicos (máquinas, construcciones de acero, materia prima y – armas). La dependencia de un país en vías de desarrollo resulta del endeudamiento así como también de las condiciones del contrato con las que se otorgan los créditos. Para encubrir la explotación, los créditos se dan a intereses bajos. Los contratos prevén normalmente la compra de los equipos de la Unión Soviética y la paga de las deudas mediante mercancías de las empresas construidas.
A menudo, los países en vías de desarrollo se deben comprometer también de vender una determinada cantidad de los productos de las empresas exclusivamente a la Unión Soviética.
Los socialimperialistas logran su ganancia máxima sobre todo por el medio de dictar los precios para la entrega de los equipos y la adquisición de las mercancías.” (REVOLUTIONÄRER WEG N19,Der staatsmonopolistische Kapitalismus in der BRD [El capitalismo monopolista de Estado en la RFA], parte IV, tomo II, 1979, pág. 484/485).

En 1990 se publicó por primera vez en la Unión Soviética una lista mostrando la dimensión del endeudamiento de otros paí-

Endeudamiento de los países en vías de desarrollo frente a la Unión
Soviética en millones de rublos (cifras de 1. 11. 1989)
Afganistán 3.055,0                                                    Madagascar       100,6
Albania 127,8                                                                         Malí       285,0
Angola 2.028,9                                                             Marruecos           2,2
Argelia 2.519,3                                                             Mongolia      9.542,7
Bangladesh 6,6                                                       Mozambique        808,6
Benin 31,6                                                                             Nepal         2,0
Burkina Faso 4,3                                                             Nicaragua    917,3
Burundi 14,8                                                                           Nigeria    26,7
Camboya 714,8                                                                  Pakistán    173,8
Camerún 0,6                                                                             Perú    541,1
Cabo Verde 7,2                                       República Centroafricana         1,0
China 6,2                                                      Santo Tomé y Príncipe        4,8
Congo 199,5                                                                        Senegal        1,6
Corea del Norte 2.234,1                                                   Seychelles       0,2
Cuba 15.490,6                                                                    Siria        6.742,6
Egipto 1.711,3                                                                 Somalia         260,8
Etiopía 2.860,5                                                               Sri Lanka            1,1
Ghana 9,6                                                                            Sudán           3,8
Granada 0,2                                                                     Tanzania       310,3
Guinea 258,3                                                                         Tchad           2,2
Guinea-Bissau 66,0                                                                Túnez        17,7
Guinea Ecuatorial 1,5                                                           Turquía        91,8
India 8.907,5                                                                         Uganda        36,4
Indonesia 404,5                                                                    Vietnam   9.131,2
Irán 1,0                                                                      Yemen (RDPY)   1.847,6
Iraq 3.795,6                                                                  Yemen (RAY)      979,6
Jordania 369,0                                                                  Yugoslavia      394,0
Laos 758,2                                                                              Zambia      206,0
Libia 1.707,3

Fuente: Tchass Pik, (Periódico de la sección de Leningrado del sindicato de periodistas de la URSS), N1, 26 de febrero de 1990.

ses –incluyendo numerosos países en vías de desarrollo– frente a la Unión Soviética. A fines de 1989 las obligaciones frente a la Unión Soviética alcanzaron en total casi 86 mil millones de rublos, lo que correspondió en ese tiempo a 141 mil millones de dólares de los EE.UU. (véase tabla 18, pág. 181).

La Unión Soviética, en calidad de superpotencia militar, intentó compensar su inferioridad económica con respecto a los EE.UU. por el medio de hacer dependientes a la burguesía y al ejército de muchos países en vías de desarrollo a través de la tecnológica armamentística y consejeros militares. Ella recibía en cambio materias primas baratas, tratados comerciales ventajosos, derechos de usufructo de las bases militares o, incluso, la disposición de dejarse enredar en guerras por delegación de la Unión Soviética.

(………..)

Los dirigentes del Kremlin bajaron tanto hasta llegar a ser los traficantes de armas más importantes a escala mundial.

Sólo de 1985 a 1991, los socialimperialistas vendieron bienes de equipamiento militar por un valor de 53,5 mil millones de dólares a los países neocoloniales.

Esto hizo avanzar a fuerzas políticas, en estos países, que querían escapar de la dependencia del imperialismo norteamericano colaborando con el socialimperialismo. Los dirigentes moscovitas intentaron decidir los conflictos entre las diferentes fracciones para su propia ventaja, lo que en junio de 1989 fue admitido con toda franqueza por Víctor Kremenjuk, un consejero científico de Gorbachov, que trabajaba en el instituto moscovita para estudios sobre América del Norte. En un congreso con científicos estadounidenses en junio de 1989, en Viena, declaró, sin perder el aliento sobre la hipocresía de la “coexistencia pacífica” y la “no injerencia”, machacada durante décadas:
“La competencia de las superpotencias por el Tercer Mundo ha malgastado miles de millones de dólares y rublos, conducido a los Estados de Africa, Asia y América Latina al borde de la bancarrota, promovido a castas militares y motivado guerras locales”. (citado en el periódico económico alemánHandelsblatt, el 13 de junio de 1989).

Hasta su colapso, a inicios de los años noventa, el socialimperialismo ha trazado una larga huella sangrienta en la rivalidad con el imperialismo norteamericano: de la invasión de Checoslovaquia en 1968, las provocaciones fronterizas contra la China socialista en 1969, a través de la instauración de la dictadura militar del comandante Mengistu en Etiopía en 1977 y la intervención con mercenarios cubanos en la lucha de liberación de Angola en 1975, hasta la brutal sumisión militar del Afganistán en 1979.


2. La transformación del camino socialista de la liberación nacional en camino capitalista

El socialimperialismo ensayó de incorporar en su estructura de dominación neocolonial en particular a las antiguas colonias y semicolonias que habían tomado el camino socialista de la liberación nacional tales como China, Corea del Norte, Cuba o Vietnam. El método principal consistía en transformar, con engaño y chantaje, el camino socialista de liberación nacional en un camino burocrático-capitalista dependiente de la Unión Soviética. Hábilmente se despertó la impresión de que los éxitos económicos de la Unión Soviética podrían reemplazar la lucha revolucionaria y la confianza en las propias fuerzas.

Ante el XXI Congreso en enero de 1959, Jruschov afirmó:

“El potencial económico alcanzado por los países socialistas garantiza entonces la superioridad decisiva en la correlación de fuerzas en el mundo en favor de la paz.” (Geschichte der Kommunistischen Partei der Sowjetunion [Historia del Partido Comunista de la Unión Soviética], Berlín, 1960, pág. 925).

Tomaremos los ejemplos de CubaVietnam Nicaragua para demostrar que esta oferta aparentemente desinteresada no se quedó sin efecto.

La humillación de Cuba al ser un apéndice del socialimperialismo
Bajo la dirección de Fidel Castro y Ernesto (Ché) Guevara la revolución democrático-antiimperialista cubana, ya poco tiempo después de su victoria en el año 1959, comenzó a nacionalizar ampliamente los medios de producción y a establecer una economía planificada centralista. Estas medidas afectaron al 63 % de las explotaciones agrarias y, hasta 1968, a la completa industria nacional y extranjera, el comercio y los bancos, los transportes, así como los sistemas de sanidad y educación. Así, Cuba parecía tomar el mismo camino que el adoptado diez años antes por la República Popular de China.

La revolución cubana, sin embargo, no estaba bajo la dirección de la clase obrera. Los dirigentes de la revolución cubana, quienes según su origen y su situación social eran intelectuales pequeñoburgueses, desconocieron la importancia de la clase obrera como única clase revolucionaria consecuente y el papel de un partido proletario con claridad teórica y estrecha ligazón con la masas. Así la revolución cubana estuvo ciega frente al revisionismo moderno de Moscú.

La fundación del Partido Comunista de Cuba (PCC) en el año 1965 tuvo lugar bajo la presión de la Unión Soviética y se realizó fusionándose con las fuerzas del Partido Socialista revisionista sujeto a Moscú. Se renunció a elaborar un fundamento programático científico-socialista. Desde el principio hubo diferentes orientaciones y tendencias en el nuevo partido fundado.

Se trataba de una unidad sin principios lo que, bajo la condición de la creciente injerencia por parte de la Unión Soviética, inició un desarrollo fatal.

Es cierto que Fidel Castro rechazara el rumbo de la “coexistencia pacífica” con el imperialismo norteamericano, pero al mismo tiempo despreció las protestas de Ché Guevara contra una nueva dependencia, en este caso de la Unión Soviética. Ché Guevara, el primer ministro de industria de la Cuba nueva declaró, en febrero de 1965, en un seminario de la “solidaridad afroasiática” en Argel, que uno no podía “… más hablar de un desarrollo del comercio que tiene las mismas ventajas para ambas partes” si éste se basaba sobre precios “determinados por relaciones de cambio desiguales … y que perjudican a los países atrasados.”

Después abordó el fondo del problema: naciones, tenemos que ser conscientes de que los países socialistas, en cierta medida, son cómplices de la explotación imperialista… Los países socialistas tienen el deber moral de liquidar su complicidad tácita con los países explotadores del Occidente.”(citado en: Karin Stahl, Kuba – eine neue Klassengesellschaft? [Cuba – ¿una nueva sociedad de clases?], Heidelberg 1987, pág. 124).
El trasfondo de esta crítica fue, entre otras cosas, el hecho de que Cuba, ya en 1963, había abandonado la orientación hacia la construcción de una propia economía autónoma.

Esto se reflejó en el acuerdo marco a largo plazo concluido con la Unión Soviética en 1964. A diferencia de los acuerdos precedentes, se preveía que el pago del azúcar cubano exclusivamentese realizaría en forma de suministros de mercancías soviéticas. De ahí resultó que Cuba llegó a ser cada vez más dependiente del comercio con la Unión Soviética que aprovechó el boicot económico y comercial del imperialismo norteamericano contra Cuba para sus propios intereses imperialistas.
Esto lo demostró la evolución del comercio exterior cubano (véase tabla 19).

Es verdad que Cuba, desde 1970 hasta 1984, lograra imponer una multiplicación por siete del precio del azúcar a ser pagado por la Unión Soviética, pero los precios para los productos y las materias primas industriales, etc., –en parte de calidad inferior– comprados de la Unión Soviética subieron aún más rápidamente. Así se decupló, por ejemplo, en el mismo período el precio del petróleo.

Ché Guevara abandonó Cuba en 1965 y tomó parte de la lucha armada por la revolución en Bolivia, donde fue asesinado por los militares en 1967. En el corazón de los pueblos latinoamericanos y de la juventud del mundo se le guarda un puesto de honor como revolucionario desinteresado. El luchó por la liberación de la humanidad de la explotación y opresión y, por eso, se levantó también contra una nueva dependencia de Cuba frente a la Unión Soviética.

Tabla 19
La participación de la URSS en el comercio exterior de Cuba de 1970 a 1989 (en %)
Año                                                  Exportación                                                        Importaciones
1970                                                        50,6                                                                     52,7
1975                                                        56,3                                                                     40,2
1980                                                        54,3                                                                     60,8
1984                                                        72,1                                                                     66,3
1985                                                        74,8                                                                     66,9
1986                                                        73,9                                                                     70,2
1987                                                        71,6                                                                     72,2
1988                                                        66,7                                                                     70,8
1989                                                        59,9                                                                     68,0

Fuente: International Trade Statistics Yearbook 1980, 1984, 1990
Fidel Castro, vaciló entre concesiones fundamentales con respecto al rumbo revisionista de Moscú e ilusiones ultraizquierdistas.

Esto fue la expresión de un modo de pensar pequeñoburgués predominante. Así en 1968, con el plan de una “ofensiva revolucionaria”, Fidel Castro anunció la edificación simultánea del socialismo y del comunismo lo que iba acompañado de la meta de hacer subir la producción de la caña de azúcar a 10 millones de toneladas. Los obreros fueron estimulados a aumentar el rendimiento del trabajo y trabajar turnos adicionales no pagados. Pero al mismo tiempo las decisiones Así en 1968, con el plan de una “ofensiva revolucionaria”, Fidel Castro anunció la edificación simultánea del socialismo y del comunismo lo que iba acompañado de la meta de hacer subir la producción de la caña de azúcar a 10 millones de toneladas. Los obreros fueron estimulados a aumentar el rendimiento del trabajo y trabajar turnos adicionales no pagados. Pero al mismo tiempo las decisiones fueron tomadas de manera centralizada, por encima de las cabezas de los trabajadores, y sin dar cuenta sobre el trabajo por medio de una contabilidad exacta. Los trabajadores no tenían ninguna posibilidad de ejercer un control democrático.

El proyecto terminó en 1970 con un grave revés económico y político. El descontento de los trabajadores estalló a la luz del día. En las reuniones sindicales denunciaron públicamente las planificaciones erróneas, el dejar malograr la propiedad pública, el desprecio de los problemas y necesidades de los obreros así como casos de enriquecimiento y corrupción de los cuadros.
Estas críticas se dirigieron contra la nueva burguesía burocrática que se había desarrollado a partir de los dirigentes pequeñoburgueses de la revolución en el seno del aparato del partido, del Estado y de la economía.
Bajo la presión de la crítica de masas influida por la revolución cultural proletaria en China, también Fidel Castro, al principio, se pronunció abiertamente contra el “espíritu pequeñoburgués en la administración estatal”, el “desprecio de los obreros” que “predomina en una parte de los funcionarios de la administración” y, finalmente, contra “casos de asegurarse privilegios e incluso de corrupción”que se deberían “eliminar desde las raíces” (Discurso en el encuentro provincial de la confederación de sindicatos cubanos, CTC, del 20 septiembre de 1970; citado en: Granma Weekly Review, del 23 de septiembre de 1970).

Pero esta crítica de Fidel Castro a los órganos del partido y del Estado no fue sincera porque en este momento debería ser ligada a una crítica y autocrítica de principios con respecto al papel de la Unión Soviética y la propia responsabilidad de la dirigencia cubana con el objetivo de movilizar a las masas contra el revisionismo moderno. Pero el “líder máximo”, –como Fidel Castro, hasta hoy en día, se hace venerar con gusto– reculó hacerlo pues la Unión Soviética empleó encauzadas sanciones económicas.
Nuevos contratos económicos y acuerdos sobre la prolongación del plazo de reembolso para los créditos hasta el año 1986, sólo fueron concluidos después de que Fidel Castro hubiera consentido a la incorporación de Cuba en el CAME y, así, a su papel asignado de suministrador de azúcar.
En los años setenta él adoptó completamente las posiciones revisionistas soviéticas en la política interior y exterior.

a)  En julio de 1972 Cuba ingresó al CAME.
b)  En la IV conferencia cumbre del movimiento no alineado, en 1973, en Argel, Fidel Castro llamó a los países no alineados de apoyarse en la Unión Soviética.
c) Con ocasión de la visita de Brezhnev a Cuba, en 1974, Fidel Castro demostró su obediencia a los señores del Kremlin por sus ataques a la China socialista de Mao Tsetung.
d)  El I Congreso del PCC aprobó, en 1975, un programa revisionista cuya consecuencia era la transformación consecuente de la economía según el principio de orientarse hacia la ganancia y ofrecer incentivos materiales.
e) En 1976, finalmente, la “amistad fraternal” con la Unión Soviética fue asentada en la constitución.

Cuba tuvo que pagar cara, política y económicamente, la “sumisión fraternal” bajo el socialimperialismo: En 1975, por primera vez, tropas cubanas fueron puestas en marcha hacia Angola por orden del socialimperialismo soviético.

El abandono del camino socialista de la liberación nacional y la transformación de Cuba en un país burocrático-capitalista dependiente, y de su dirigencia partidaria y estatal en un instrumento dócil del socialimperialismo, causaron su decadencia social. En 1986 Cuba llegó a ser finalmente insolvente.

La Unión Soviética se vio forzada de declararse de acuerdo con la suspensión de la amortización de los créditos que alcanzaban aproximadamente 2,6 mil millones de dólares de los EE.UU. pero, subió, al mismo tiempo, la tasa de interés de 2,5 a 4 %. Estas prácticas del chantaje económico no se diferenciaban en lo esencial de aquéllas realizadas por los tiburones financieros en las metrópolis occidentales. A fines de 1988 las deudas de Cuba frente al Este como el Oeste alcanzaron 31 mil millones de dólares. Según las informaciones del Banco Nacional de Cuba las reservas de divisas contaban sólo con 234,5 millones de dólares (Selected Statistical Information of the CubanEconomy, [Informaciones estadísticas escogidas de la economía cubana], La Habana, 1989, pág. 29).

(………..)

El callejón sin salida del así denominado “camino no capitalista con orientación socialista” en Nicaragua

Cuando en 1979 el pueblo nicaragüense, bajo la dirección del Frente Sandinista de Liberación Nacional, FSLN, derrocó a Somoza, marioneta de los EE.UU., Nicaragua llegó a ser la esperanza de mucha gente en el mundo entero.

Al principio se lograron grandes éxitos. Las 168 empresas industriales y gran parte de la tierra que el clan de Somoza se había apropiado, fueron nacionalizadas. Las minas que estaban en manos norteamericanas fueron expropiadas. Una campaña de alfabetización con 100.000 voluntarios hizo bajar la tasa de analfabetos del 50 % al 12 %. Un aprovisionamiento básico de alimentos fue asegurado, los alquileres fueron bajados e instaurado un sistema de salud gratuito. El imperialismo norteamericano reaccionó con intensificadas medidas de embargo económico y la organización de bandas contrarrevolucionarias (“Contras”).

Por eso hubiera sido necesario utilizar los éxitos, que se habían logrado al principio, como medidas para seguir movilizando a la clase obrera y los campesinos pobres para la lucha de clases revolucionaria y la lucha de liberación antiimperialista.
Pero la dirigencia sandinista no podía ni quería hacerlo por causa de su programa y de su origen de clase burgués o pequeñoburgués.

El papel dirigente de la clase obrera y la necesidad de un partido revolucionario marxista-leninista fueron rechazados por ellos. El programa de la “unidad nacional” intentó de reconciliar los intereses de los obreros y campesinos con los de la burguesía, incluida la gran burguesía. Eso se expresó por el principio de la “economía mixta”, concebido como estratégico, por el reconocimiento de la deuda externa frente a los países imperialistas y por la libertad concedida a las demás partes de la gran burguesía, con excepción del clan de Somoza.

La pauta ideológica era el así denominado “pluralismo”.

No eran los obreros y campesinos los que tenían el poder, después de haber derrocado a Somoza y aplastado su “guardia nacional”, sino la burguesía nacional que se juntó a la nueva burocracia estatal ascendiente. Las empresas industriales nacionalizadas y las cooperativas agrícolas tenían un carácter capitalista de Estado. Una reforma agraria tardía y poco decidida extendió el margen de maniobra de los Contras entre partes de los campesinos pobres. En vez de confiar en las masa de los obreros y campesinos, la dirigencia sandinista confió en la colaboración con la Unión Soviética, la CE y la “Internacional Socialista” socialdemócrata.

Los socialimperialistas soviéticos se aprovecharon de estos hechos y propagaron, en los años ochenta, a Nicaragua como ejemplo de un así llamado “camino no capitalista” de la liberación nacional.

Un acuerdo comercial a largo plazo, pactado en 1980 con la Unión Soviética, comprendía condiciones muy desfavorables para Nicaragua. Sólo el banco estatal de la URSS tenía el derecho de fijar el tipo de cambio de las monedas respectivas. A la dependencia de Nicaragua frente a los imperialistas occidentales, que seguía existiendo, fue añadida así la dependencia neocolonial frente al socialimperialismo soviético.

Los productos industriales suministrados a menudo eran de mala calidad, de tal manera que en 1984 la mitad de los tractores soviéticos entregados hasta este entonces habían fallado.

En algún momento, durante la segunda mitad de los años ochenta, dos tercios del total de las importaciones de Nicaragua procedían de la Unión Soviética. Finalmente, en 1988, la deuda externa del país había aumentado hasta los 7 mil millones de dólares. En ese mismo año la tasa de inflación alcanzó la cifra vertiginosa de 7.000 %.

Mientras los líderes sandinistas residían en viviendas asignadas que habían pertenecido a la clase alta bajo Somoza, el poder adquisitivo de los sueldos obreros cayó, a fines de 1987, al 6 % del nivel alcanzado en 1980. La reducción de los suministros de petróleo por parte de la Unión Soviética a partir de 1987, y la declaración pública de Gorbachov, en el sentido de que respetaba los intereses de los EE.UU. en Centroamérica, prepararon el derrumbe del gobierno sandinista. Una “acción concertada” realizada en 1989, según el modelo de los programas del FMI, condujo a nuevas bajas de los sueldos reales, al incremento del desempleo y a la anulación de numerosas prestaciones sociales. A pesar de eso, Daniel Ortega, presidente del FSLN, afirmó que la política sandinista en su esencia seguía manteniendo una orientación socialista. La adhesión del FSLN a la “Internacional Socialista” socialdemócrata demostró lo que él quería decir con eso.

Finalmente, la derrota electoral de los sandinistas en febrero de 1990 manifestó claramente el fracaso del pretendido “camino no capitalista con orientación socialista”. En la clase obrera, dentro de los campesinos pobres y los militantes del FSLN, eso llevó a discusiones más intensas en torno a las enseñanzas de este fracaso y a la búsqueda de una verdadera alternativa.

Sólo poco después de la victoria electoral de la “Unión Nacional Opositora” (UNO) bajo Violeta Chamorro, apoyada por los EE.UU., la agudización de las contradicciones de clase se descargó en huelgas, manifestaciones y luchas de barricadas.

Tanto el ejemplo de Cuba como también los ejemplos de Vietnam y de Nicaragua demuestran: si se abandona el camino largo y espinoso de confiar en las propias fuerzas y la iniciativa revolucionaria de las masas populares y, si se toma, en vez de eso, el camino aparentemente más fácil de depender de la ayuda exterior, eso conduce inevitablemente al pantano de la impotencia nacional y de la humillación neocolonial.

3. El aprovechamiento abusivo de los movimientos de liberación nacional en la lucha por el dominio mundial

Los socialimperialistas abusaron hábilmente del prestigio mundial que la Unión Soviética socialista, bajo Lenin y Stalin, había ganado entre los pueblos oprimidos, para emplearlo como garantía y masa de maniobra en su lucha por el dominio del mundo.

Debido a la rivalidad y el regateo con el imperialismo norteamericano, los revisionistas desarrollaron una política sumamente ambigua. Denegaron a los movimientos de liberación nacional el derecho a la revolución social y nacional e intentaron de confundirles con la teoría revisionista del “camino pacífico hacia el socialismo”. En un discurso ante el Soviet Supremo, en octubre de 1959, Jruschov propagó que “guerras locales”, y supuestamente sobre todo las guerras de liberación de los pueblos oprimidos, eran extremadamente peligrosas y podían provocar en cualquier momento una guerra mundial – “puesto que hasta una pequeña chispa puede provocar una conflagración mundial”.

Esto no impedía a los revisionistas de practicar la infiltración armada, mantener tropas mercenarias y provocar guerras por delegación. Hasta levantaron regímenes títeres y no vacilaron en oprimir sangrientamente la lucha por la autodeterminación nacional. Para justificar estas actividades se necesitaron otras teorías revisionistas como la así llamada “doctrina Brezhnev” de la “soberanía limitada” o la teoría del “ejército en calidad de vanguardia del movimiento nacional antiimperialista.”
Así los revisionistas modernos intentaron de transformar la teoría liberadora revolucionaria del marxismo-leninismo en una mezcolanza de justificaciones de su política neocolonialista.

Confusión, división y liquidacionismo se extendieron en el movimiento comunista mundial y en los movimientos revolucionarios de liberación nacional, y muchos combatientes por la libertad perdieron la vida.

La ilusión sangrienta de la liberación pacífica del imperialismo

El papel nefasto que jugó la influencia del revisionismo moderno en Indonesia, donde más de 500.000 comunistas y progresistas fueron asesinados de 1965 a 1967 bajo el régimen militar del general Suharto, es menos conocido por clase obrera y las personas progresistas de Europa que el ejemplo de Chile.

En el libro Klassen und Klassenkampf in den Entwicklungsländern [Clases y lucha de clases en los países en vías de desarrollo], publicado en 1968 por la Academia de las Ciencias de la URSS, se sacaron conscientemente lecciones abstractas y hueras:

“Bajo las condiciones difíciles de la histeria anticomunista y del imperio de la reacción, las filas del Partido son nuevamente organizadas, los acontecimientos son analizados y las causas para la debilidad del Partido, los errores y las desviaciones del fundamento del marxismo-leninismo son examinadas.” (Klassen und Klassenkampf in den Entwicklungsländern, tomo 3, Berlín/RDA 1970, pág. 161).

Contrariamente a esta actitud, el buró político del CC del Partido Comunista de Indonesia (PCI) publicó en septiembre de 1966 y, luego ulteriormente, diversos documentos conteniendo una autocrítica de principios. Al estudiar estos documentos uno comprende rápidamente por qué los autores soviéticos se empeñan de borrar las huellas. En estos documentos se puede leer entre otras cosas:

“El revisionismo moderno comenzó a penetrar en nuestro Partido, cuando la 4sesión plenaria del CC y el 5Congreso aprobaron de manera acrítica un informe que se declaró de acuerdo con las directrices del PCUS establecidas en el XX Congreso… El «camino pacífico«, un rasgo esencial del revisionismo moderno, fue confirmado en el 6Congreso Nacional del PCI mediante la inserción del párrafo siguiente en los estatutos del Partido:

«Es posible conseguir en Indonesia un sistema democrático- popular en calidad de fase transitoria hacia el socialismo a través de medios pacíficos, a través del camino parlamentario.»
… La formulación de las directrices estratégicas y tácticas del Partido era ambigua.” (Die Kommunistische Partei Indonesiens vereinigt und stärkt sich im Kampf gegen den modernen Revisionismus [El Partido Comunista de Indonesia se unifica y fortalece en la lucha contra el revisionismo moderno], Münster 1973, págs. 48/49 y 54).

Los documentos demuestran la relación concreta entre la ilusión del “camino pacífico hacia el socialismo” y las esperanzas falaces en el así denominado aspecto “benévolo para el pueblo” del Estado burgués. Una confianza peligrosa en las leyes burguesas se difundió en el seno del PCI. La revelación amplia de sus estructuras orgánicas facilitó a la contrarrevolución de imponer graves daños al PCI y de paralizar su organización al cabo de muy poco tiempo.

El buró político del CC del PCI se esforzó de sacar lecciones de esta grave derrota y constató acerca de las causas de los errores:

“La pequeña burguesía constituye la base social de esta ideología subjetivista. Indonesia es un país de la pequeña burguesía, donde el número de las empresas pequeñoburguesas, en particular de las pequeñas haciendas, es grande. Nuestro Partido está rodeado por la numéricamente importante pequeña burguesía y muchos miembros del Partido proceden de esta clase.
Es inevitable que penetren ideas y costumbres pequeñoburguesas en el Partido. El método de pensar pequeñoburgués es subjetivista, es unilateral en el análisis de los problemas. No es guiado por la realidad objetiva, sino por ilusiones subjetivas…
El subjetivismo sólo puede ser liquidado si el Partido en su conjunto es capaz de separar la ideología proletaria de la ideología pequeñoburguesa, si se practican la crítica y la autocrítica.
Separar la ideología proletaria de la ideología pequeñoburguesa sólo es posible mediante el estudio concienzudo del marxismo- leninismo.” (Ibíd., págs. 46/47 y 84/85).

El liquidacionismo revisionista en la lucha armada de liberación

Por el contrario, los revisionistas modernos no estaban dispuestos de sacar lecciones del fracaso de la ilusión del “camino pacífico hacia el socialismo”, tal como precisamente lo demostró la derrota sangrienta en Chile.

Cuando algunos partidos revisionistas como el PC de El Salvador participaron temporalmente en la lucha armada de liberación, no fue porque habían roto por principio con el revisionismo moderno sino por razones tácticas, pues corrieron el riesgo de aislarse completamente de las masas populares.

Así, ya en 1970, se formaron grupos revolucionarios y fuerzas de liberación popular en El Salvadorque prepararon el comienzo de la lucha armada contra la dictadura militar. En el mismo año una fracción abandonó el PC de El Salvador. Schafik Jorge Handal, secretario general del partido, explicó que el rápido crecimiento de las organizaciones “radicales de izquierda” (es decir revolucionarias), quienes encabezaron la lucha armada, fue la razón por la cual la dirigencia del partido decidió finalmente en 1977 preparar el apoyo de la lucha de liberación armada.

Si no hubiéramos realizado este giro organizativo, hasta hoy en día las masas llamarían a la puerta de nuestro Partido pidiendo la participación en la lucha y no nos hubiera sido posible de recibirles aparte de algunas pocas excepciones. El Partido hubiera sido excluido de la primera fila de la revolución, probablemente se hubiera dividido y se encontraría ante su fin.”
Los revisionistas esperaron obtener “… tarde o temprano la posibilidad de crear una dirección revolucionaria unificada y hasta integrar una parte de las organizaciones de la izquierda revolucionaria en un partido marxista- leninista unificado”, es decir, bajo su alto mando revisionista. (Citado en: El Salvador – Die unsichtbare Front [El Salvador – el frente invisible], Dortmund 1983, págs. 106/107 y 114).

Para engañar a las masas fue presentada una autocrítica seudorevolucionaria y oportunista. S. J. Handal dio la impresión de una persona purificada del oportunismo y firme de principios:

“Según nuestra opinión es un grave error en la discusión en torno a la cuestión del camino de la revolución en América Latina, si se supone que sería una verdad irrefutable (un dogma, por decirlo así) que hayan posibilidades iguales tanto para el camino armado como para el pacífico, aun atenuando esta idea con la restricción «en principio». Otro error grave es, además, considerar la cuestión del camino de la revolución como una cuestión meramente «táctica», expuesta a «variantes imprevisibles».” (Ibíd., pág. 102).

Pero, ¿por qué no mencionó a los autores moscovitas de este “dogma” revisionista, desarrollado exactamente con el fin de utilizar también a los movimientos revolucionarios de liberación para los fines del socialimperialismo?

Hay sólo una respuesta: porque se trató de un cambio en la táctica introducida por Moscú para América Central. En los países donde regímenes reaccionarios, como el de Marcos en las Filipinas, estaban dispuestos a establecer relaciones comerciales con la URSS y legalizar el PC revisionista, se aplicaba el “principio” del camino pacífico. Si el apoyo de la lucha de liberación armada contra los regímenes títeres del imperialismo norteamericano abrió mayores posibilidades de influencia para el socialimperialismo, como en América Central, se levantó el “principio” de la revolución violenta.

Por esta razón, a juicio de S. J. Handal, las anteriores ideas del PC de El Salvador sobre la liberación nacional y social a través del parlamento no eran ni una traición de la revolución, mucho menos un error de principio. El sostuvo la opinión: “Según las experiencias del Partido Comunista de El Salvador, muchos factores en nuestras filas han generado modelos de pensar e ilusiones reformistas: evaluaciones erróneas en ciertas cuestiones fundamentales; no eran verdaderamente errores, sino más bien debilidades teórico-ideológicas en relación con la cuestión del poder, de la esencia y del camino de la revolución.” (Ibíd.; el resaltado es de la Redacción RW).

Esa es la expresión de un modo de pensar puramente pequeñoburgués: en calidad de partido bajo la gracia de Moscú, con arrogancia y por todas partes, reclama el alto mando, pero en seguida se escabulleron con vergüenza de su responsabilidad por la traición a los principios revolucionarios y de los daños causados a la lucha de liberación.

Después de que los socialimperialistas habían cambiado otra vez su rumbo (esta vez bajo M. Gorbachov) y empujado al PC de El Salvador de liquidar la lucha armada, a principios de los años noventa, S. J. Handal tampoco tuvo dificultades para cumplir esta tarea. El hizo valer su influencia como miembro de la comandancia general del FMLN1.

El 16 de enero de 1992 se firmó en la Ciudad de México un “contrato de paz” de 85 páginas por el presidente Christiani y la comandancia general del FMLN. Su punto esencial fue el previsto desarme de los grupos guerrilleros bajo supervisión de la ONU. El FMLN, a cambio, debía ser legalizado como partido político. El reclamo de una amplia reforma agraria, que constituyó el punto de partida para el conflicto y la lucha de liberación armada, quedó como un castillo en el aire. Eso es, en lo esencial, una capitulación de la dirección del FMLN en favor de su legalización como partido político y su participación en el parlamentarismo burgués.