quarta-feira, 28 de maio de 2014

Zizek e seus "erros" ideológicos a respeito de Lukács


Há algum tempo debati um artigo de Zizek sobre Lukács numa postagem, mas não coletei a passagem, exatamente. Trata-se de um artigo em que Zizek celebra Lukács como marxista crítico, hoje restrito, segundo ele, à universidade, oposto simultaneamente à social-democracia e ao que ele chama stalinismo (marxismo-leninismo). Para Zizek, Lukács teria sido, em alguma altura de sua trajetória, marxista-leninista. Vejamos como ele opõe Lukács a Lênin. Leia-se a seguinte passagem de O Que Fazer, de Vladimir Lênin:


Os operários, já dissemos, não podiam ter ainda a consciência social-democrata. Esta só podia chegar até eles a partir de fora. A história de todos os países atesta que, pela próprias forças, a classe operária não pode chegar senão à consciência sindical, isto é, à convicção de que é preciso unir-se em sindicatos, conduzir a luta contra os patrões, exigir do governo essas ou aquelas leis necessárias aos operários etc.(2) Quanto à doutrina socialista, nasceu das teorias filosóficas, históricas, econômicas elaboradas pelos representantes instruídos das classes proprietárias, pelos intelectuais. Os fundadores do socialismo científico contemporâneo,Marx e Engels, pertenciam eles próprios, pela sua situação social, aos intelectuais burgueses. Da mesma forma, na Rússia, a doutrina teórica da social-democracia surgiu de maneira completamente independente do crescimento espontâneo do movimento operário; foi o resultado natural, inevitável do desenvolvimento do pensamento entre os intelectuais revolucionários socialistas. A época de que falamos, isto é, por volta de 1895, essa doutrina constituía não apenas o programa perfeitamente estabelecido do grupo "Liberação do Trabalho", mas também conquistara para si a maioria da juventude revolucionária da Rússia (LENIN).

Agora comparemos a passagem acima com a seguinte passagem de Zizek, num artigo sobre História e Consciência de Classe, de Lukács:


Claro que Lukács opõe-se ao ''espontaneísmo'', que defende a organização autônoma das massas trabalhadoras em movimentos de base contra a ditadura imposta por burocratas do Partido. Mas ele também opõe-se ao conceito pseudoleninista (na verdade, de Kaustky) de que a classe trabalhadora ''empírica'' pode, deixada a ela mesma, apenas atingir o nível sindicalista de consciência, e que a única maneira dela passar a ser o sujeito revolucionário é importando sua consciência por meio de intelectuais que, depois de compreenderem ''cientificamente'' as necessidades ''objetivas'' da passagem do capitalismo para o socialismo, ''esclarecem a classe trabalhadora da missão implícita em sua posição social objetiva''. No entanto, é aqui que encontramos a abusiva ''identidade dos opostos'' dialética na sua forma mais pura (ZIZEK).




Nossa hipótese é que aqui de fato há algo de abusivo --mas é por parte de Zizek, mas não é a identidade dos opostos dialética (e blá blá blá). Pode-se dizer que Lukács, duramente criticado por Lênin em um artigo, buscou, posteriormente, adaptar Lênin a uma teoria espontaneísta, mas o fez de forma muito sutil. Assim, Lukács não aceitou a ideia leninista exposta em Que Fazer e ilustrada na passagem acima e que é importantíssima. Essa ideia de Lênin, corretamente compreendida, nos vacina contra líderes operários como Lula que, graças ao espontaneísmo luxemburguista que critica JUSTAMENTE essa ideia acima de Lênin, ou seja, de gente pensa que a consciência de classe pode pipocar maravilhosamente na cabeça de alguém apenas por esse ser um líder e de origem operária. Não é à toa que Zizek não a aceita e, dissimulado e traiçoeiro, nem a atribui a Lênin, atribuindo-a falsamente a Kautsky.

Mas não é só isso! A desinformação de Zizek continua. Veja-se o que ele diz sobre Lukács, um ponto verdadeiramente absurdo em que também caiu o Cláudio Duarte, autor do blog militante imaginário e autor prestigiado da USP:


Se é que houve algum dia um filósofo do leninismo e do Partido Leninista, o Lukács marxista dos primeiros dias foi quem avançou mais longe nessa direção, chegando a defender os elementos ''não democráticos'' do primeiro ano do regime soviético contra a famosa crítica de Rosa Luxemburgo. O crítico acusou a revolucionária de ''fetichizar'' a democracia formal, ao invés de tratá-la como uma das possíveis estratégias a ser utilizadas ou rejeitadas a fim de fazer avançar a situação revolucionária concreta (ZIZEK).


Novamente, Zizek nos engana totalmente, penso que ele inverte tudo intencionalmente para esconder posições que são do "marxismo crítico" do qual ele participa e que tem afinidades com Zizek, marxismo esse que ele mesmo assume que sempre se opõe ao "stalinismo" (marxismo-leninismo). No artigo bolchevismo como um problema moral, Lukács coloca a questão como "bolchevismo ou democracia" (OU SEJA, ELE, LUKÁCS, CRITICOU E NÃO ACEITAVA O BOLCHEVISMO EM 1920!!!). Leia-se o que ele escreve, passagens já famosas:


Em consequência, se a ordem social sem opressão de classe – a social-democracia pura –
fosse apenas uma ideologia, então, não teria sentido falar neste momento de problema
moral, de dilema moral. O problema moral aparece precisamente pelo fato de que para a
social-democracia, o objetivo final de toda luta, o que decide e coroa tudo, encontra-se
misto: o sentido final da luta do proletariado é tornar impossível toda luta de classe
posterior, de criar uma ordem social tal que ela não possa aparecer mais, mesmo sob a
forma de pensamento. Eis aqui diante de nós, portanto, sedutora por sua proximidade, a
realização desse objetivo, e é de sua proximidade que nasce o dilema ético. Ou nós
assumirmos a ocasião para realizar esse objetivo, e então nos colocaremos
obrigatoriamente sobre o terreno da ditadura, do terror, da opressão de classe, o que nos
fará trocar a dominação das classes precedentes pela dominação de classe do proletariado,
acreditando que – Satã expulso por Belzebu – esta última dominação de classe, por sua
natureza mais cruel e aberta, se destruirá a si mesma e com ela toda dominação de classe,
ou, então, nós queremos que a nova ordem social seja realidade por meios novos, pelos
meios da verdadeira democracia (porque a verdadeira democracia não existiu até agora
senão como exigência, jamais como realidade, mesmo nos Estados mais democráticos).
Mas, neste caso arriscamo-nos a concluir que, como a grande maioria da humanidade
atualmente ainda não quer a nova ordem social, e nós mesmos não queremos dispor dela
contra sua vontade, devemos esperar, propagar a fé na expectativa, até que a própria
humanidade, dispondo livremente de si mesma e de sua vontade, faça enfim nascer a
ordem de há muito desejada pelos mais conscientes, para os quais era a única solução
possível. O dilema ético vem do fato de que cada atitude contém em si mesma a
possibilidade de crimes monstruosos e de erros incomensuráveis, mas que deverão ser
assumidos com plena consciência e responsabilidade por aqueles que se sintam obrigados
a escolher. O perigo que a segunda solução apresenta é perfeitamente claro: trata-se da
necessidade – provisória – de colaborar com as classes e os partidos que só estão de acordo
com a social-democracia sobre certos objetivos imediatos, mas que permanecem hostis ao
seu objetivo final. A tarefa, então, é encontrar uma forma tal que essa colaboração seja
possível sem que a pureza do objetivo, sem que o pathos de vontade de sua realização
percam seja o que for de sua essência. A possibilidade do erro e do perigo encontra-se no
fato de que é muito difícil, até impossível, sair do caminho direito e direto da realização de
uma convicção qualquer, sem que esse desvio assuma uma certa autonomia, sem que a
diminuição intencional do ritmo da realização opere sobre o pathos da vontade. O dilema,
diante do qual a exigência da democracia coloca o socialismo, é um compromisso externo,
que não deve tornar-se um compromisso interno.
A força fascinante do bolchevismo explica-se pela liberação que resulta da supressão desse
compromisso. Mas aqueles que são enfeitiçados por essa possibilidade nem sempre são
conscientes das responsabilidades que lhes cabem desde logo. Seu dilema torna-se então o
liberdade pela via da opressão? Pode nascer um mundo novo quando os meios utilizados
para realizá-lo não diferem senão tecnicamente dos meios detestados e desprezados, com
razão, do mundo antigo? Parece que é possível referir-se, neste caso, à constatação feita
pela sociologia marxista, a saber, que todo desenvolvimento da História consistiu na luta
dos oprimidos e opressores, e que consistirá sempre nisso; que mesmo a luta do
proletariado não pode subtrair-se a essa "lei". Mas se isso fosse verdade – como nós já o
dissemos –, então, todo o conteúdo espiritual do socialismo, excetuando a satisfação dos
interesses materiais imediatos do proletariado, não seria mais do que ideologia. E isto é
impossível. E porque é impossível, não se pode erigir uma constatação de fato histórico em
pilar do valor moral, da vontade de construir a nova ordem social. É preciso, então aceitar
o mal enquanto mal, a opressão enquanto opressão, a nova dominação de
classe enquanto dominação de classe. E é preciso acreditar – e é verdadeiramente credo
quia absurdum est - que dessa opressão não renasça mais uma vez a luta dos oprimidos
pelo poder (pela possibilidade de uma nova opressão), e em consequência de uma série
infinita de lutas eternas sem objetivo e sem razão, mas, ao contrário, que a opressão seja
ela mesma suprimida.
A escolha entre as duas atitudes é, portanto, como em toda questão de ordem moral, uma
questão de fé. Para um observador penetrante, mas talvez superficial nesse caso preciso, se
tantos velhos socialistas provados recusam a posição bolchevique, é porque sua fé no
socialismo estaria abalada. Confesso que não o creio. Porque não acredito que seja
necessário mais fé para o "rude heroísmo" da decisão bolchevique do que para a luta lenta,
aparentemente menos heróica, e entretanto carregada de responsabilidades profundas, a
luta que trabalha a alma, longa e pedagógica, daquele que assume até o fim a democracia.
A primeira atitude aparente de sua convicção imediata, enquanto na segunda, esta pureza
é sacrificada conscientemente para que, por meio desse auto-sacrifício, possa-se realizar a
social-democracia em sua totalidade e não apenas um de seus fragmentos, destacados de
seu centro. Repto: o bolchevismo baseia-se sobre a seguinte hipótese metafísica: o bem
pode surgir do mal, e é possível, como o diz Razoumikhine em Raskolnikov,³ chegar à
verdade mentindo. O autor dessas linhas é incapaz de partilhar essa fé, e isto porque vê um
dilema moral insolúvel na raiz mesma da atitude bolchevique, enquanto a democracia -
acredita – não exige daqueles que a querem realizar consciente e honestamente até o fim
senão uma renúncia sobre-humana e o sacrifício de si. E, entretanto, ainda que esta
solução exija uma força sobre-humana, no fundo não é insolúvel, como o é o problema
moral posto pelo bolchevismo.


Então, dessa passagem bonita, dostoiévskiana, mas um tanto quanto palavrosa, nota-se que melhor do que o terror vermelho do bolchevismo e seus métodos violentos que Lukács prefere não justificar, ele opõe a "luta lenta", quase como a proposta gramsciana de conquistar primeiro a sociedade civil, assim como a vaga "democracia" ou "social-democracia". Esse artigo seria muitíssimo divertido e interessante, seria curiosidade apenas, se em 1968, cinquenta anos depois de dar voltas em torno de si mesmo, Lukács não tivesse escrito Stalinismo ou democracia?, na prática recolocando, a propósito da Primavera de Praga, esses mesmos dilemas de cinquenta anos antes. Basta colocar "stalinismo" no lugar de "bolchevismo" e você terá a mesma fórmula. Pois é, Lukács teve uma evolução muitíssimo orgânica!!!







sexta-feira, 9 de maio de 2014

Tréplica ao Coletivo Lênin: Guzmán será o Gramsci do futuro


Em primeiro, a minha crítica ao PSTU é justamente ao fato de que ele pressupõe que, como um repórter do jornal A Nova Democracia, Patrick Granja, estava no episódio do apedrejamento da sede do PSTU, o MEPR esteve envolvido. Só que não, né. O MEPR não comemorou o fato, rebateu acusações, apontou as reais razões, exigiu provas e publicação dos vídeos que o PSTU alegou ter, o que foi feito e não provou nada. Apenas constatou a agressividade do PSTU contra os que dele divergem (revidada pelos anarquistas), notória também no Sindipetro, quando houve tentativa da FIP de esclarecer o episódio e o PSTU agiu como se Sindipetro fosse de sua propriedade, impedindo o acesso de militantes da FIP ao local.

Quem agride os outros não pode ficar se fazendo de coitadinho quando alguém revida.

Quem acobertou as mentiras foi a LBI, o PSTU, o PCB, o PSOL e o PCML e, como se pode notar, também vocês do coletivo Lênin. E eu sei a razão porque o fazem: CORPORATIVISMO TROTSQUISTA!!! Afinal, em tantos outros assuntos vocês brigam todos e divergem. O PSOL chegou a soltar nota aceitando a destruição das estátuas de Lênin em nome do combate ao nacionalismo grão-russo, assim como dizendo que na Ucrânia depois do golpe nazista está ocorrendo uma revolução, além de chamar Putin de "stalinista". É algo muito, muito torpe e que faz lembrar a acusação dura de Fidel, quando os trotsquistas locais começaram a fofocar dizendo que Guevara tinha sido preso por Fidel e a burocratização triunfara: "trotsquismo, instrumento vulgar do imperialismo!"
Quando a realidade não lhes favorece, vocês invertem. Nota-se isso linha após linha. Para vocês, o que unifica as correntes da FIP é a tática de boicote às eleições, que vocês chamam, NO MESMO PARÁGRAFO, de "eleitoralista" e "infantil"!!!

O professor Grover Furr, de Montclair State University, elencou, sobre as evidências da colaboração de Trotsky, mais ou menos duzentas páginas com evidências. Não há provas de que as confissões de Moscou são falsas. Essa prova nunca apareceu e os processos devem ser estudados e, até prova em contrário, são verdadeiros.

Reitero: seu artigo, trotsquistas, era um ataque ao maoismo, escudado no fato de que o Partido Comunista Peruano foi derrotado e sobrevivem apenas alguns remanescentes em uma região, enquanto o MOVADEF tenta, mas não consegue, virar partido político. No entanto, os remanescentes ainda publicam textos, publicaram um, inclusive, criticando e debatendo o texto do acadêmico David Pumacahua, que sistematiza alguns conceitos de origem no PCP, mas sem citar o PCP. O texto chama-se O Capitalismo Burocrático.

O Vietnã seria, então, um país não-capitalista onde a guerra popular foi viável  e o Peru, um país capitalista onde não foi viável? 

Para a URSS pós-Kruschev, os maoistas consideram o conceito de social-imperialismo. Com a destruição dos resíduos do poder soviético, o contexto internacional pesou, ele é importante, mas não é tudo, afinal, partir de então, uma grande ofensiva foi lançada contra o PCP, inclusive a república democrática cedeu a uma ditadura civil-militar.
E sobre o MST: hum, que mais radical é esse MST dos seus sonhos, hein, amigos? MST armado! Ouuua! Salve a grande guerrilheira Dilma Rousseff e seu governo castro-chavista! Que fofura! Voltem da Fofolândia, amigos, para o mundo real!

Que artigo confuso esse de vocês sobre o MST! A barafunda cita o revisionista Gorender, que achava que o fim da escravidão era a revolução burguesa (!) Falta entender o beabá, amigos: introduziram-se relações capitalistas plenas no campo e o latifúndio continuou? Ah, Latifúndio lá é compatível com relações capitalistas plenas no campo??? Deixa que vou ali pingar meu colírio alucinógeno...

Não desprezem Guzmán. Ele será o Gramsci do futuro.

A resposta foge um pouco do assunto aqui, mas vamos lá.

Na verdade, o MEPR não estava no ataque à sede do PSTU. A relação que a gente faz é com as reações de comemoração e acobertamento por parte do MEPR. E pra isso, a gente vai falar do senderismo.

A FIP não é um pólo da esquerda que se opõe ao Estado contra um pólo cooptado pelo Estado, na verdade existem setores autonomistas e anarquistas fora da FIP. O que unifica as correntes da FIP é a concepção infantil e, de certa forma, eleitoralista, de transformar a tática de boicote eleitoral num divisor de águas na esquerda. Por isso na FIP podem conviver os maoístas do MEPR com grupos que se renderam politicamente de forma incondicional, como a OATL, mesmo com várias divergências.

A ladainha de que os trotskistas se aliaram a Hitler é risível, e mostra que vocês não são sérios. Mostrem um só documento que não sejam as "confissões" forçadas dos processos de Moscou...

Nós somos trotskistas, por isso rejeitamos a estratégia maoísta de revolução por etapas, a primeira antifeudal e antiimperialista, chamada de Nova Democracia, e só depois a luta pelo socialismo. A gente fala isso no nosso artigo, como o foco não era uma crítica global do maoísmo, e sim o caso de degeneração específico do PCP, a gente não se aprofundou muito.

Sim, houve uma repressão brutal no Peru que levou à derrota da guerra popular. Porém, como o próprio Mao falou em Sobre a Contradição, não devemos procurar as causas das derrotas populares nos inimigos, porque não se espera que eles ajam de forma diferente para reprimir o povo, e sim nas contradições e erros no campo do povo. E o erro principal, como dissemos, foi tentar reproduzir a guerra popular prolongada em condições totalmente diferentes, no Peru capitalista dos anos 1980.

A derrota da guerra popular não pode ser considerada uma prova da universalidade do maoísmo, que seria a primeira contribuição do Presidente Gonzalo, segundo vocês (aliás, invocar a queda do Leste Europeu é absurdo, porque o PCP considerava a URSS um país imperialista). Sobre a segunda contribuição, o PCP não tem nada de original, porque muitas outras guerras populares foram empreendidas depois da Revolução Chinesa, inclusive com uma vitoriosa, que foi a do Vietnã.

Saudações Comunistas! 
Responder

Respostas
  1. Nesse artigo, nós explicamos porque a estratégia de guerra popular prolongada não se aplica em países onde as relações de produção capitalistas são predominantes

    http://coletivolenin.blogspot.com/2012/02/defender-o-mst-lutar-pela-revolucao.html

terça-feira, 6 de maio de 2014

Resposta ao Cristiano Alves de A Página Vermelha

 
 
Em primeiro: Cristiano, é bem curioso esse termo "pós-modernista" aplicado a mim. A tendência é eu brigar com todo mundo, esquerda liberal e esquerda tradicional. Você me acusa de defender "Femen e Mao". Nesse ponto, concordo com o MEPR, na postagem que vc publicou recentemente em seu blog: mulher marxista e maoísta deve protestar com roupa e não de seios de fora, de preferência com blusa de sua organização original.
 
Há muito para te dizer. Mas o que eu te digo é que sou um SIMPATIZANTE do marxismo-leninismo-maoismo-presidente Gonzalo. 
 
No entanto, assim como você, meu intento inicial era ser um escritor. Um escritor é basicamente um individualista e não um comunista.
 
Não existe comunista FORA DE FILEIRAS. Fora de um partido, dizia o grande presidente Gonzalo, Abimael Guzmán, a linha mais avançada do maoismo. E, nesse sentido, nem EU E NEM VOCÊ SOMOS COMUNISTAS.  E se você não reconhece Guzmán, está atrasado, pois essa é a linha mais avançada.
 
Sobre a citação de Gorky, eu prefiro o texto na íntegra e original. Eu só quero deixar bem claro e te  dizer que não assino embaixo de uma frase como EXTERMINE OS HOMOSSEXUALISTAS E EXTERMINARÁ O FASCISMO. Não, eu me nego. Vc pode me chamar de Espírito de Porco, santo e rapadura. Nem por brincadeira, como vc sugere. Nem por sarcasmo. Não nos conhecemos pessoalmente, mas saiba que eu não sou sarcástico.
 
Espero que uma dia conversemos amigavelmente, como dois homens honrados, que buscam a verdade, e consigamos aplainar essas diferenças. 

Essa conversa serve de reflexão e de lição para mim.
 
Você deve levar em conta as consequências, uma vez que há, de fato, gente desequilibrada por aí e inclusive pela web. E se alguém cometer um crime e escrever essa frase?  Aceito seus demais argumentos sobre nazibol, etc.
 
Nem sei bem o que Femen propõe, para ser sincero. Não sei ao certo o que nenhum grupo LGBTT propõe. Moro no interior e frequento mais a igreja católica do que os movimentos de direitos civis, que no meio em que vivo quase todo mundo repudia --mas que nem existe aqui. Eu te explico isso para você entender melhor meu "desvio de conduta" pós-modernista.

Sobre os "pós-modernos", eu sempre concordo, aqui e ali, com alguma coisa que dizem ou fazem, mas em grande parte divirjo e exponho essa divergência. Em geral, minhas posições afinam mais, nesse tema, com as de Glauber Rocha e Gilberto Vasconcellos. No entanto, Deleuze e Foucault apoiaram Mao e dialogaram com o maoismo. Isso me interessa. Derrida é a favor das mulheres. Você também, nesse ponto você é um cavalheiro e eu só tenho que te elogiar.

Vc faz uma associação entre Bolsonaro e Jean Wyllys que eu também não posso aceitar. Isso não existe, apenas em sua cabeça. Isso é fantasia. É óbvio que Bolsonaro tem mesmo que ter apoio e expressão em nossa democracia. Nossa democracia é a ditadura institucionalizada! Bolsonaro nada de braçada e nós só levamos ferro por isso: quando se vai trabalhar em uma instituição de ensino como a UNIPAC MG, por exemplo, nota-se que o fundador obteve a concessão privada em 65, depois de sua família apoiar o golpe de 64 com grande convicção, tendo um filho de Bonifácio Andrada até rendido com um revólver um juiz de direito. Quem não aceitou essa situação fez luta armada e pagou caro por isso.
 
Então, nesse sentido, para sermos ABSOLUTAMENTE coerentes, precisaríamos defender o boicote eleitoral das atuais eleições e ter como modelo os que lutaram na luta armada nos anos 60, não acha?

Nunca quis te ofender, nunca te chamei de gay --e sim te achei vaidoso. É um traço do intelectual ser vaidoso. Mas eu me proponho mesmo a dessacralizar o intelectual. Para mim, o intelectual é um urubu, com uma pena de pavão enfiada no cu. Eu sei que você é heterossexual. Eu até fui readmitido nos grupos Karl Marx e Josef Stálin, inclusive. Mas de fato, havia e há um antagonismo entre eu e esses grupos: são, em sua maioria, compostos de governistas fanáticos organizados. Então, me desculpe se você entendeu dessa forma, desculpe-me se você não me expulsou.
 
E falando francamente: eu acho o seu discurso permeado de alguns elementos e alguns argumentos que o governo usa, assim como noto isso em Mauro Iasi, do PCB. Essa história de que o PT é "social-liberal", no caso do Mauro Iasi. Esse papo de "há preconceito contra seu porteiro que agora está viajando de avião", no seu caso. Digo isso para você perceber o extremo bom nível teórico em que eu coloco você. E isso sem ironia, sei lá o conceito que você faz do PCB. E, embora tenha algumas divergências, acredito que é o melhor partido legalizado existente no Brasil, mas esse ano quero votar nulo. Acredito na renovação vinda das ruas, não do circo, da farsa eleitoral.
 
Estou isolado aqui no interior e só posso fazer isso: postagens em blog, polemizar em grupos de facebook. etc. Falo assim para que você me entenda, fraternalmente. Eu tento não ser grosseiro e não usar ad hominem. Mas você pode me corrigir com franqueza quando acontecer.

Eu te dou razão quanto ao Maurício "Anjo". Eu vi a postagem em seu blog. Infelizmente, a única mídia que é aberta a nós da esquerda são as redes sociais. Mas nelas, estamos como "raposas na neve". As redes sociais são corporações norte-americanas que obviamente não veem com bons olhos militantes revolucionários. Então vamos economizar esforços  brigando entre nós, porque pode saber que dias difíceis virão e essa nossa exposição será cobrada.

Espero, então, que futuro não nos encontremos para brigar na prisão. Por isso, vamos dialogar fraternalmente agora.

O grande problema é que, tendo eu sido do PT, tenho mesmo de me a ver com o fato, bastante desagradável, de ainda ter laços com pessoas do PT, PC do B, etc. E ter que me opor a essas pessoas, discordar. E o pior é que o contexto está cada vez mais renhido, mais radicalizado e isso mais e mais se torna uma posição dura, sofrida. Realmente, vou evitar essa campanha agora, pois será uma bela baixaria!

Então, vamos nos poupar um pouquinho, porque os processos que virão serão barra, sacou?
 
Abs camaradas do Lúcio Jr.






 
 
 
 
Página Vermelha disse...
É simplesmente impressionante o nível de sem-vergonhice e de vigarice que um pós-modernista pode perseguir!

O dono desse blog claramente falta com a verdade! Falta com a verdade por que omite e manipula os fatos. Em primeiro lugar, A Página Vermelha começou sim como um site, depois se tornou blog por ser mais dinâmico. Segundo não há nenhum "estímulo à violência", a citação dos comunistas alemães(por sinal sarcástica) citada por Gorky é perfeitamente atual. Bolsonaro só tem a fama que tem por que a camarilha pós-moderna incorpora justamente aquilo que ele acusa a esquerda de ser! Tão absurdo quanto um negro dizer que "é macaco" é um comunista dizer que "é pós-moderno".

Bolsonaro só existe enquanto o político que é graças a Jean Williams, sem ele seria "só mais um conservador" como Afanasio Jazadi ou só mais um oposicionista como Serra ou Aécio. Até os pós-modernistas chegarem ao poder, ele era "só um parlamentar que defendia a ditadura". Agora, diante da passividade da esquerda e graças aos pós-modernistas foi elevado à condição de "paladino da moral e dos bons costumes".

Ninguém aqui fala de "nazibolchevismo", aliás o uso de um termo tão estúpido já mostra que você nada sabe sobre nacional-bolchevismo, constituído como frente política inicialmente e grupo de oposição a Putin e à influência do imperialismo na cultura russa. Aliás, eles eram "um pouco pós-modernistas", basta ver alguns pôsteres de divulgação que traziam carícias inter-feminis ou jovens moças de seios quase desnudos, o que explica por que grande parte dos integrantes do partido era formada de jovens. Só que ainda assim o seu objetivo político não eram os de maio de 68, mas os de outubro de 1917, com concessões à política da NEP. Um partido nazista é racista, coisa que o NBP não era - não apenas possuía o partido líderes negros e uma seção em Israel, como também dizia em seu programa que para eles "russo é todo aquele que defende os interesses da Rússia, independente de procedência étnica", para mim a melhor parte do programa. Algumas militantes e líderes do NBP eram abertamente homossexuais, todavia nunca pós-modernistas ou homossexualistas.

Sua afirmação de "muito poser para o meu gosto" é simplesmente ridícula e depreciável, uma prova de seu recalque! E daí se gosto de tirar fotos? Tá com inveja? Realmente gosto de tirar fotos por que tenho bom gosto, não gosto de fotos em frente ao espelho quando se há paisagens bonitas para se fotografar, se posso estar nelas até melhor.

É até uma contradição que você se diga maoísta e tenha esse asco por fotos, quando o próprio Mao e mesmo Stalin eram vaidosos nesse sentido. Um homem sem vaidade é como um bicho. As técnicas da oratória demonstram que a imagem é essencial para um orador, estudos mostram que se o papa romano não usasse as suas 16 vestimentas, a ICAR perderia 70% de seus fiéis. Muitos líderes políticos, incluindo comunistas, jamais tiravam a sua capa publicamente, uma vez que se trata de uma veste que possui inclusive valor simbólico. Grandes comandantes militares, fossem bárbaros ou césares, eram sempre retratados de capa. Mesmo o humilde Jesus é retratado em seu manto vermelho. E a melhor parte é que a minha camarada e namorada querida gosta muito de me ver de capa.

6 de maio de 2014 07:57
Blogger A Página Vermelha disse...
É lamentável ver que uma página como essa degenerou-se numa Capricho, só que "de esquerda", que está mais interessada em falar de "poses de fotos" do que de marxismo-leninismo.

O autor dessa página mente quando diz que "foi expulso por mim por que apresentou argumentos". Isso é falso, primeiro por que ele não tem nenhuma prova de que foi banido por mim de grupo algum, até mesmo moderadores de campos diferentes detestavam o autor da Revista Cidade Sol, a quem chamavam de "Lúcio Espírito de Porco", uma vez que foi flagrado querendo denunciar um companheiro petista ao pessoal do Aécio Neves. Segundo, o autor não apresentou argumento algum, e sim ofensas de cunho pessoal como me chamar de "gay". Citando aqui Wanderley Silva, "respeito é bom e preserva os dentes", atrás de um monitor qualquer um, incluindo um Espírito de Porco, pode brincar de ser homem!

É por isso que nós desprezamos o pós-modernismo, por que partindo da premissa de que "não existe nenhuma verdade", do extremismo relativista, para o pós-modernista honra é que o que ele próprio definir como honra, verdade é o que ele define como verdade, ele existe para rejeitar qualquer consenso moral, consenso que serve de norte para a maioria das civilizações ou sociedades. Para muitas sociedades, seja ela africana, americana, socialista ou comunista, há um "consenso moral" que por sua vez servirá de base para as suas leis. Marx e Engels não falaram na "destruição de qualquer moral", e sim em uma "moral proletária", numa "moral socialista". O pós-modernista se diz contra qualquer moral, qualquer "verdade". E é justamente por isso que nós vemos aberrações como o autor dessa revista, que consegue incrivelmente se dizer um defensor "do FEMEN e de Mao", este último um paladino(ou melhor, um wu xia) da luta contra o liberalismo, que era o nome que ele dava ao pós-modernismo!

Resumindo toda a ópera, você ataca A Página Vermelha por ela defender os ensinamentos de Marx a Mao, só que para confundir as pessoas, se diz "maoísta". É muita hipocrisia!