Altair
Coimbra: Vida Longa ao Rei do Futebol
Altair Coimbra nasceu em Bom
Despacho em 13 de fevereiro de 1963 e cresceu frequentando a Vila Militar. O
livro Expressões do Futebol (principal fonte dessa minha crônica), de
autoria de seu irmão Alberto Coimbra, fala também de sua trajetória. Desde cedo
destacava-se pela sua habilidade e qualidade técnica no futebol: era um jogador
bom e que encantava as moças com sua beleza. Jogou no time do Zé Lino e no time
de Álvaro pai de dois craques: Herbert e Mantinho. Alberto assim disse dele no
livro:
Técnico de futebol Altair Coimbra
com seu sorriso, com palavras sedutoras na boca, você é um perspicaz técnico de
futebol brasileiro. Vida longa ao Rei do Futebol.
Aos 14 anos, a equipe do América
veio fazer um amistoso contra o time de Bom Despacho no Campo do Batalhão. A
equipe de Bom Despacho venceu por dois a zero com um gol de falta do Altair. O
treinador do América, então, convidou-o para jogar no time.
Como saiu muito cedo daqui, aqui em
Bom Despacho ele não é conhecido e nem costuma ser citado e homenageado, o que
é injusto. Eu o conheci bebendo cerveja no mitológico Bar do Chen. É um mineirão
humilde, discreto, muito certeiro com as palavras, educado e culto. É um
erudito do futebol, conhece a história do esporte e sua prosa é muito
agradável. Além de falar sobre futebol (ele contou que o Botafogo tem um lugar
cativo no seu coração), recordou-me que também debatemos o filme Laranja
Mecânica, do grande diretor Stanley Kubrick.
Altair foi, então, jogar no Cruzeiro
em 1977, onde ao lado de Douglas, Campolina, Mantena, Marcos e outros jogadores
jogaram por um período de sete anos. Foi campeão Mineiro Juvenil em 1980,
bicampeão juniores 1981, 1983 com algumas passagens pela equipe profissional no
ano de 1983. Após a disputa da Copa São Paulo em 1984, o cruzeiro o emprestou
para equipe do Nacional de Uberaba, na época, na primeira divisão do Campeonato
Mineiro. Altair rememorou para a Rádio Central FM um pouco desse período:
[Eu]
Me recordo do jogo importante no Mineirão (foto). Ganhamos este jogo de 3x1 do
Atlético e de virada. Praticamente nos sagramos Campeões Mineiros de 1983. Um
jogo marcante, fiz um belo gol. No último jogo contra o Atlético, devido a esta
vitória, ganhamos novamente do nosso maior rival pelo placar de 1x0",
disse à Central Altair Coimbra.
No ano de 1984, com a perda de seu
irmão Maurício, então com apenas 29 anos, a tragédia familiar deixou-o muito
abalado. Longe da família e sem entender os motivos do irmão, Altair ligou para
o pai e precipitadamente abandonou o futebol, deixando para trás uma bela
história no Cruzeiro Esporte Clube. Anos depois, aos 37 anos, junto com sua
esposa Patrícia, criou uma ONG e retornou ao futebol como professor voluntário
da Associação Ponto Cultural em Belo Horizonte, formando-se em Educação Física,
fez pós-graduação em Treinamento Esportivo. Em 2009, a convite de seu amigo
Moacir Júnior, iniciou sua carreira de auxiliar técnico de futebol
profissional. Trabalhou em mais de 20 clubes do Brasil. Recentemente, ao perder
o irmão Maurício, Altair escreveu uma mensagem que colocou lágrimas em meus
olhos:
Meu
amado irmão. Em 2018 procurei em Deus uma resposta na cidade de Lins, na missa
dos enfermos, porque ele permitiu você passar por isto. E a resposta veio na
missa: ".... Vocês doentes não são esquecidos nem humilhados, mas foram
escolhidos para serem crucificados juntos com Jesus Cristo...” E decoramos
estas palavras que nos fortaleciam todo dia quando eu te ligava ou estava com
você. Deus já te escolheu e te espera. Me perdoa se não consegui fazer mais por
você. Te amo para sempre.
O cara, além de jogar bem, ter boa
aparência, ainda escreve bem. Assim morro de inveja, Deus não dá asas às
cobras, realmente. Um dos seus sonhos é fundar uma equipe de futebol aqui em
Bom Despacho, sua cidade natal. Faço votos que evocar esse sonho nessa humilde
coluna ajude nossa comunidade a unir-se para realizá-lo. Como disse Alberto e
vale repetir: “vida longa ao rei do futebol!”
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