sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Altair Coimbra: Vida Longa ao Rei do Futebol

 

Altair Coimbra: Vida Longa ao Rei do Futebol

 

            Altair Coimbra nasceu em Bom Despacho em 13 de fevereiro de 1963 e cresceu frequentando a Vila Militar. O livro Expressões do Futebol (principal fonte dessa minha crônica), de autoria de seu irmão Alberto Coimbra, fala também de sua trajetória. Desde cedo destacava-se pela sua habilidade e qualidade técnica no futebol: era um jogador bom e que encantava as moças com sua beleza. Jogou no time do Zé Lino e no time de Álvaro pai de dois craques: Herbert e Mantinho. Alberto assim disse dele no livro:

 

            Técnico de futebol Altair Coimbra com seu sorriso, com palavras sedutoras na boca, você é um perspicaz técnico de futebol brasileiro. Vida longa ao Rei do Futebol.

 

            Aos 14 anos, a equipe do América veio fazer um amistoso contra o time de Bom Despacho no Campo do Batalhão. A equipe de Bom Despacho venceu por dois a zero com um gol de falta do Altair. O treinador do América, então, convidou-o para jogar no time.

            Como saiu muito cedo daqui, aqui em Bom Despacho ele não é conhecido e nem costuma ser citado e homenageado, o que é injusto. Eu o conheci bebendo cerveja no mitológico Bar do Chen. É um mineirão humilde, discreto, muito certeiro com as palavras, educado e culto. É um erudito do futebol, conhece a história do esporte e sua prosa é muito agradável. Além de falar sobre futebol (ele contou que o Botafogo tem um lugar cativo no seu coração), recordou-me que também debatemos o filme Laranja Mecânica, do grande diretor Stanley Kubrick.

            Altair foi, então, jogar no Cruzeiro em 1977, onde ao lado de Douglas, Campolina, Mantena, Marcos e outros jogadores jogaram por um período de sete anos. Foi campeão Mineiro Juvenil em 1980, bicampeão juniores 1981, 1983 com algumas passagens pela equipe profissional no ano de 1983. Após a disputa da Copa São Paulo em 1984, o cruzeiro o emprestou para equipe do Nacional de Uberaba, na época, na primeira divisão do Campeonato Mineiro. Altair rememorou para a Rádio Central FM um pouco desse período:

 

[Eu] Me recordo do jogo importante no Mineirão (foto). Ganhamos este jogo de 3x1 do Atlético e de virada. Praticamente nos sagramos Campeões Mineiros de 1983. Um jogo marcante, fiz um belo gol. No último jogo contra o Atlético, devido a esta vitória, ganhamos novamente do nosso maior rival pelo placar de 1x0", disse à Central Altair Coimbra.

 

            No ano de 1984, com a perda de seu irmão Maurício, então com apenas 29 anos, a tragédia familiar deixou-o muito abalado. Longe da família e sem entender os motivos do irmão, Altair ligou para o pai e precipitadamente abandonou o futebol, deixando para trás uma bela história no Cruzeiro Esporte Clube. Anos depois, aos 37 anos, junto com sua esposa Patrícia, criou uma ONG e retornou ao futebol como professor voluntário da Associação Ponto Cultural em Belo Horizonte, formando-se em Educação Física, fez pós-graduação em Treinamento Esportivo. Em 2009, a convite de seu amigo Moacir Júnior, iniciou sua carreira de auxiliar técnico de futebol profissional. Trabalhou em mais de 20 clubes do Brasil. Recentemente, ao perder o irmão Maurício, Altair escreveu uma mensagem que colocou lágrimas em meus olhos:

 

Meu amado irmão. Em 2018 procurei em Deus uma resposta na cidade de Lins, na missa dos enfermos, porque ele permitiu você passar por isto. E a resposta veio na missa: ".... Vocês doentes não são esquecidos nem humilhados, mas foram escolhidos para serem crucificados juntos com Jesus Cristo...” E decoramos estas palavras que nos fortaleciam todo dia quando eu te ligava ou estava com você. Deus já te escolheu e te espera. Me perdoa se não consegui fazer mais por você. Te amo para sempre.

 

            O cara, além de jogar bem, ter boa aparência, ainda escreve bem. Assim morro de inveja, Deus não dá asas às cobras, realmente. Um dos seus sonhos é fundar uma equipe de futebol aqui em Bom Despacho, sua cidade natal. Faço votos que evocar esse sonho nessa humilde coluna ajude nossa comunidade a unir-se para realizá-lo. Como disse Alberto e vale repetir: “vida longa ao rei do futebol!”

 

 

 

 

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