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quinta-feira, 4 de abril de 2024
Jones Manoel e o Falso Leninismo
Jones Manoel e o Falso Leninismo
David Souza
David Souza
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22 de dezembro de 2020
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I. Avisos
Este escrito não pretende ofender, diminuir ou atacar pessoalmente Jones Manoel, visto que é essa a prática de liberais e revisionistas, além de traidores da causa do povo em geral — práticas que antagonizam, portanto, com os princípios do autor desse ensaio.
Contrariamente, o objetivo aqui é elucidar os equívocos ditos por Jones Manoel, com a meta de apresentar a visão autêntica marxista (leninista e maoista, uma vez que tais são os desenvolvimentos do marxismo revolucionário até o momento) sobre os assuntos envolvidos.
Qualquer ofensa, caso ocorra, será acidental, e imediatamente suprimida quando constatada por leitores e leitoras.
Com isso em mente, começamos.
II. Tudo é marxismo, nada é revisionismo
Jones, assim como seu Partido (o PCBrasileiro), aceita a categoria “stalinismo”, categoria essa falsa, caluniosa e — sob muitos aspectos — refutada pelo próprio Domenico Losurdo que o Sr.
Para além disso, Jones busca equiparar e igualar autores marxistas e revisionistas, colocando todos em pé de igual validade (apesar de “pequenas diferenças”), tais como o traidor Trotsky e o revisionista Togliatti .
Sobre isso, não há como limpar a barra: é uma tentativa de agradar a todos, falar sobre o “favoritinho” de cada um, já que essas “pequenas diferenças” jamais são agudizadas, criticadas e levadas adiante de maneira consequente.
O ponto é: essa é uma atitude leninista?
Lênin mesmo pode responder a essa pergunta, em dois trechos de suas obras :
Tendo nas próprias fileiras dos reformistas, (…) não se pode fazer triunfar a revolução proletária, não se pode defendê-la. Isto é evidente do ponto-de-vista dos princípios. Isto foi confirmado luminosamente pela experiência da Rússia e da Hungria (…)
E também :
Antes de unificar-se e para unificar-se é necessário começar por deslindar os campos de um modo resoluto e definido.
Em outras palavras, Lênin não era nada favorável a esse balé escorregadio de princípios, esse “tudo é permitido”, “todos são bons”.
Ao contrário, Vladimir Ilitch, por toda sua vida, fez questão de esmiuçar e refutar ponto por ponto dos adversários e deformadores do marxismo (desde os mais próximos mencheviques, até os mais reacionários cadetes).
Isso é natural, uma vez que Lênin aprendeu, no próprio curso da revolução que anteriormente, a necessidade ímpar de tal luta e o iminente aborto da revolução no caso de descumprimento dessas tarefas.
Um autêntico leninista, observando a necessidade do combate ideológico em sua própria situação, escreveu :
Nós somos pela luta ideológica ativa porque é uma arma para alcançar a unidade interna do Partido e das demais organizações revolucionárias, em benefício do nosso combate. Cada membro do Partido Comunista, todo revolucionário, deve empunhar essa arma.
O liberalismo, porém, rejeita a luta ideológica e preconiza uma harmonia sem princípios, o que dá lugar a um estilo decadente, filisteu, e provoca a degenerescência política de certas entidades e indivíduos, no Partido e nas outras organizações revolucionárias.
Jones renega esse combate ideológico proposto pelo Pte. Mao, rejeitou o deslinde proposto por Lênin. Prefira homenagear a todos e nunca agudizar as contradições com revisionistas e traidores.
Portanto, concluímos esta seção afirmando que a atitude de Jones Manoel em relação aos vários autores que deturpam o marxismo não é de um leninista, mas de um liberal.
Sua atitude visa omitir qualquer antagonismo, aproveitar “o melhor de cada”, ignorando que tal coisa é incompatível com o rigor do marxismo revolucionário — ignorando, enfim, que o marxismo é uma ciência, cujos “aproveitamentos” que devem ser feitos são os que não abortam revoluções ou conciliam interesses com os inimigos.
III. A Teoria da Dependência
Muitos são os autores e acadêmicos brasileiros interessados em promover Ruy Mauro Marini para a leitura da situação brasileira.
Contudo, poucos ousam ir tão longe, e atacar o próprio Lênin, nesse percurso quanto Jones Manoel.
O Sr. Manoel tenta, constantemente, mesclar as análises de leninistas autênticos com os delírios de Marini, naturalmente, — pensamos — esquecendo que as teses opostas às do “capitalismo dependente” foram formuladas pelo próprio Lênin.
Agora, o dirigente revolucionário russo não reconhecia “países dependentes” como uma categoria diferente e única, mas colônias e semicolônias, com características econômicas que ligavam suas economias atrasadas aos países imperialistas.
Além disso, longe de indicar uma “dependência” causada pela “divisão internacional do trabalho”, ou o “monopólio da tecnologia das nações centrais”, como prega Ruy Mauro, Ilitch aponta a natureza objetiva do atraso nos países coloniais e semicoloniais, queda aos marxistas revolucionários de seu tempo (e posteriores), consequentemente, a necessidade da revolução democrática ininterrupta ao socialismo em colônias e semicolônias — caminho tentador revolucionários como Ho Chi Minh, Kim Il Sung e, de fato efetivado, por Mao Tsetung.
Para provar o que dizemos, vejamos dois trechos das teses do Internacional leninista sobre a questão de países coloniais e semicoloniais:
A verdadeira industrialização do país colonial – em particular a construção de uma indústria que promova o desenvolvimento independente das forças produtivas, é impedida e desencorajada pela metrópole. Esta é a essência da escravização imperialista: o país colonial é obrigado a sacrificar os interesses do seu desenvolvimento independente e a transformá-lo em apêndice económico (agrário, de materiais-primas, etc.) do capitalismo estrangeiro…
Mais adiante:
(…) há uma possibilidade objetiva de um caminho não-capitalista de desenvolvimento das colónias atrasadas – e essa possibilidade traduz-se na transformação da revolução democrática-burguesa na revolução proletária e socialista com a ajuda da ditadura proletária vitoriosa. No contexto das condições objetivas desenvolvidas, esta possibilidade será convertida em realidade, e o caminho para o desenvolvimento é determinado apenas pela luta. Consequentemente, a defesa teórica e prática deste caminho e a luta por ele são dever de todos os comunistas…
Essas teses contradizem, linha por linha, todos os delírios dependentes de uma Revolução Socialista no Brasil, ou mesmo o tipo de fala que nega o objetivo de atraso material nacional que vivemos.
Essas teses, enfim, são autênticas máximas leninistas — opostas ao que o falso leninismo dependente de Jones Manoel defende.
4. Conclusão
Jones Manoel é, por excelência, mais um dos tantos produtos do PCBrasileiro e o revisionismo peçonhento ali existente.
O Partido cripto-trotskista relatou coleciona desvios liberais em sua militância, permite toda sorte de “tendência” e “corrente” interna, (conforme já aqui) faz coro com a ocorrência acreditando em “stalinismo”, advoga ativa pelo revisionismo de Marini e a tosca “Teoria da Dependência”, etc.
Numa palavra, é uma organização expoente e organizadora do falso leninismo — porque, reivindicando o mesmo leninismo, faz todos esses ataques teóricos e práticos ao Grande Lênin e seus ideais.
O Sr. Manoel, assim, é apenas mais uma célula desse organismo, uma das partes do todo, sendo escolhido como título desse ensaio meramente por ser uma “face” de todos os problemas teóricos do revisionismo do PCBrasileiro.
Por esta razão, desde o início, insistimos que a questão aqui não é ofender Jones Manoel ou atacar sua dignidade pessoal, todavia, somente as bandeiras que erguem.
Com isso tudo aqui, concluímos rememorando um trecho da carta de saída de um militante do PCBrasileiro, visto que sobre o falso leninismo nada resta, exceto continuar o combate teórico, almejando deslindar o caminho de modo resoluto e — quem sabe — até colocar um pouco de razão na mente dos honestos progressistas e democratas hoje organizados sob o lamaçal de revisionismo que é o PCBrasileiro:
É preciso então que nos organizemos, não há tempo a perder. Existem organizações seriais e combativas. Procurem as da sua cidade e, não existindo, não se acanhem, estudem o maoísmo através dos instrumentos de propaganda existentes, aprofundem a força ideológica e política, estudem os clássicos e se lancem mesmo a construir seus próprios movimentos em torno dessa obra hoje aparentemente difusa , porém comum: reconstituir o Partido Comunista como um verdadeiro partido marxista-leninista-maoista preparado, em termos ideológicos, políticos e orgânicos, para a luta de classes. Como disse Brecht, “o Partido tem mil olhos” e o legítimo saberá encontrar os seus melhores filhos e dar-lhes abrigo. Esse é o chamado que faço, de todo o coração.
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