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terça-feira, 16 de abril de 2024
Jones Manoel: Erros Férteis, Acertos Estéreis? Lúcio Emílio do E. S. Júnior
Jones Manoel: Erros Férteis, Acertos Estéreis?
Lúcio Emílio do E. S. Júnior
Ao analisar o texto do ativista e professor Jones Manoel sobre a estratégia nacional-libertadora do PCB, encontramos essa estratégia utilizada entre 1933-1964 como sendo um “erro fértil”, conceito em si bastante infeliz.
Na bibliografia a respeito da obra do historiador pernambucano, nota-se as seguintes características errôneas de seu pensamento: 1) tudo é marxismo, nada é revisionismo; 2) a prática é liberal, FINGE que “todos são bons”. 3) Associa de forma errônea Rui Marini e Lênin. Na obra de Lênin não há as distinções criadas por Marini, tais como subimperialismo (também inventado pelos dependentistas trotskistas e inexistente em Lênin), bem como um diferente conceito para país dependente e país semicolonial. Os conceitos, na obra leniana, equivaliam-se. Para Jones, Brasil é dependente e Burkina Faso, semi-colonial. A conceituação parece dar a entender que um país é mais avançado do que o outro. Como alguém em São Paulo, em Buenos Aires, na USP, poderia imaginar que está num país tão atrasado como Burkina Faso? 4) sobrevivências trotsquistas, tais como a ideia da revolução sem etapas, direto ao socialismo. Embora ele dialogue com o “Ontocast”, a marxologia acadêmica, dialoga também com o trotsquismo do PSTU (com uma assombração que repete blá blá blás eleitoreiros), em especial sua variedade acadêmica.
De forma bem sintomática, Jones recusa-se a permanecer em grupos em redes sociais que não são de sua linha, mas permanece junto a Valério Arcary, segundo suas próprias palavras, em vários grupos. E justamente próximo ao Arcary que, junto de Sean Purdy, disseminaram na mídia a pecha de stalinista para cima de Jones. Jones não é de forma alguma marxista-leninista-stalinista, no sentido de reconhecer que Stalin desenvolveu e aplicou o marxismo-leninismo em sua época e que o trotsquismo foi dissidência do leninismo. Em entrevista recente, no entanto, ele ridicularizou a linha albanesa. Ao tratar do PC do B, uma tendência externa do PT na atualidade, associa o nacionalista de direita Aldo Rebelo à origem teórica e prática do PC do B, citando o maoismo e hoxhaísmo. Só faltou supor que Aldo Rebelo apoiaria a guerrilha do Araguaia. Nessa mesma conversa, Jones se autoelogia, dizendo-se “a cara do povo brasileiro”. No entanto, na verdade, ele é a cara do academicismo marxólogo brasileiro, que demonstra esse desprezo com a linha albanesa e essa associação nefasta do reacionário Aldo Rebelo ao PC do B maoísta e horrendo mesmo para a degeneração hoxhaísta posterior.
O primeiro é chamar de PCB o que está analisando. O nome oficial do partido que ele analisou é Partido Comunista do Brasil, Seção da Internacional Comunista. Jones, partindo de uma simpatia por Fidel Castro e Chávez no início de sua trajetória, teve contatos com o trotskismo morenista, como PT e optou em passar para a influência da “geração que superou o stalinismo no PCB”: fez um estudo sobre o pensamento de Carlos Nelson Coutinho, expoente do revisionismo soviético pós-62.
Mas porque Jones Manoel realizou essa longa exposição sobre a estratégia nacional-libertadora dos comunistas e considerou-a errada e fértil ao mesmo tempo? Errada porque não é ele que a implementou. Fértil porque Jones Manoel tem obtido sucessos ao prescrevê-la falando em Chávez, Lula, Clóvis Moura, Reinaldo Azevedo, Evo Morales, Mamãe Falei, Valério Arcary, Kim Kataguiri, Fidel Castro, Marini, Mao Tsé, Florestan, Trotsky, Bambirra, Fanon, Brizola, Stálin, Losurdo, etc. Felizmente, Mauro Iasi e Sofia Manzano foram excluídos desse panteão...
Por fim, o pensamento de Jones está sempre oscilando entre dois polos: trotsquismo (ontocast, pstu) e reformismo nacionalista (Castro, Chávez, etc.). Errou novamente, redondamente, ao chamar Vargas de “burguesia industrial”. Somente o bom entendimento do maoismo permite entender que Vargas é expoente maior, no país, do capitalismo burocrático. E esse erro rotundo esteve no centro desse artigo de Jones Manoel. Ao artigo falta a revolta de Trombas e Formoso, bem como a guerrilha de Dianópolis. O revolucionário Jones só quer saber de eleição e nada de revolução, sonha com a viabilidade eleitoral de um “reformismo forte”, enquanto apodrece impotente nas franjas do lulismo. Só há espaço para política eleitoral. Jones, na prática, ilude-se com a ideia de que estavam, nos anos 60, estavam caminhando para uma revolução brasileira. Desde 1945 a direita já depôs Vargas violentamente, inspirada pelos seus antigos aliados, o capitalismo yankee, ao qual ele é tão fiel que nem nomeia na sua Carta Testamento.
E afinal, ao fim de toda exposição de Jones, chegamos a 64, como não deixar de concluir que estamos no mesmo dilema de 64? Há ameaça de golpe, mas a esquerda não consegue responder com a resistência armada, não tem estratégias efetivas de como resistir se acaso ele vier. A confiança da “esquerda institucional (na verdade, direita liberal) é na Globo que apoiou golpes em 54 e 64, é em magistrados midiáticos, etc. Vivemos a eterna transição do regime de 64 para a democracia.
Um erro, uma vez fértil, poderá reproduzir novos erros. Com isso ele quer dizer que é um erro, mas que mesmo assim deu resultados que ele admira. Na segunda parte do texto ele aborda um tema com o qual ele tem evidente má vontade, o tal “stalinismo”. Para tratar do tema, ele primeiro elogia o papel progressista de Stálin e logo a seguir, ataca:
Dito isso, compreendemos como stalinismo, enquanto fenômeno mundial fora da URSS, a tendência ao taticismo e suas consequências derivadas como o empobrecimento do marxismo e dinâmicas de monolitismo teórico. A estratégia é o objetivo final e a tática os diversos “passos” até que se alcance o objetivo estratégico. Teoricamente, a estratégia conduz a tática, e a análise teórica – o fundamento de ambos – deve ser usada constantemente para corrigir rumos equivocados. O taticismo é uma inversão dessa relação, onde as diversas táticas vão se sucedendo sem coerência teórica (grifo nosso) e com a estratégia; e a estratégia torna-se uma justificativa a posteriori para as diversas ações políticas – tudo isso no quadro de um empobrecimento geral do marxismo e de relativa burocratização das estruturas de organização política (MANOEL, 2024).
Haveria, então, um stalinismo como fenômeno interior da URSS e outro fenômeno EXTERNO. Um mais aceitável, interno, benigno e outro mais nefasto, o que atinge de fato o Brasil. Felizmente Jones considera a burocratização apenas relativa, pois verificamos, posteriormente, qual são de fato as consequência de um burocrata no poder e o empobrecimento da discussão com a simples introdução de ideias liberais no lugar do marxismo. E ele vai mais longe, secundado sempre pelo revisionista Lukács:
Não quer e não posso aqui abordar toda a questão, mas é certo que Stálin, nos anos que se seguiram, prosseguiu de fato (ainda que não na argumentação) na linha de Trotski e não na linha de Lênin. Assim, se mais tarde Trotski acusou Stálin de ter-se apropriado do seu programa, pode-se dizer que neste ponto, em muitos aspectos, ele tinha razão. Aquilo que hoje consideramos despótico e antidemocrático na época staliniana tem ligações estratégicas bastante estreitas com as idéias de Trotski (grifo nosso) (MANOEL, 2024)
A descoberta de que Trotsky X Stálin é falsa polêmica, narcisismo das pequenas diferenças, porque afinal, um tomou o programa do outro tranquilamente, sendo ambos não-leninistas autoritários, é o cúmulo da mistificação jonesiana. Mas há mais, há mais. Para poder identificar que nem Trotsky e nem Stálin são leninistas, ESSE OLHAR DE LUKÁCS E JONES MANOEL tem de ser a verdadeira linha leninista, que Trotsky e Stálin não foram capazes de enxergar, mas LUKÁCS e JONES MANOEL foram!!! Incrível, não?
A seguir, Jones define que no período em que Stálin dirigiu o partido comunista, o partido, quase se de forma mística e irreal, também obtinha vitórias ao cometer “erros férteis”, possivelmente praticando o “taticismo”. No entanto, ele não está descrevendo o que ocorreu no período Stálin e sua própria falta de coerência teórica. Ele não está falando de Stálin e sim do oportunismo. E justifica-se com teorizações forçadas aqui que de fato der certo na prática. E a prática é algo bem comezinho. Então, justifica-se, por exemplo, o ataque a Ciro Gomes em prol do apoio ao lulismo. É difícil fundamentar, mesmo em um texto de Lênin como O Esquerdismo, uma atitude passional de marxistas em época de eleições. Mesmo naquele período já superado, uma vez que estamos no período do desmoronamento do imperialismo, eleições eram, para marxistas, apenas para educar o povo e exibir os pontos de vista do marxismo às massas. Jamais disseminar ilusões e fazer da disputa entre projetos de diferentes setores burgueses algo que desperte paixões no proletariado. Na época de eleições, tanto Jones quanto Ian Neves e Humberto Matos adotaram essa posição passional. Para Ian, Ciro era chamado de “cringe gomes” e Humberto Matos entrava em devaneios, dizendo que se alguém era “rico” (mesmo dono de padaria) estava assumindo bolsonarismo e as moças que ali atendiam, eram “petistas”. A luta de classes, burguesia x proletariado, ESTARIA ALI posta na disputa lulismo x bolsonarismo. NÃO! Nada mais deseducativo para as massas, nada mais “má-infuencer” e “emburrencer”.
No entanto, os ganhos efetivos oriundas da posição de puxador de voto do lulismo é que justificam-se com a teoria de cortina de fumaça das teorizações. É Lukács que teoriza essa qualificação do período Stálin como “taticismo”. No entanto, podemos dizer que é Lukács que efetivamente fez isso, mudando de posição e reajustando as teorias para, na prática, estar sempre de acordo com a linha predominante no Comitê Central: é o “mago da linha justa”. Embora Stálin também tenha cometido erros férteis, Jones considera que a oposição Trotsky x Stálin é uma falsa polêmica. Talvez Trotsky comenta erros férteis ou, quem sabe, numerosos erros, por sua vez, estéreis.
Colocando em pratos limpos, não há sentido algum nessas especulações de Lukács: por exemplo: se o objetivo era derrotar Japão e Alemanha nazista, a estratégia era não lutar em duas frentes, derrotar um inimigo de cada vez, a tática era firmar um pacto provisório com Hitler, enquanto buscava-se vencer a guerra no Oriente, com o Japão. E assim foi feito, quebrou-se o eixo. E nisso o PC dirigido por Stálin foi muito bem sucedido. Houve acerto, simplesmente. Não foi mobilizada teoria alguma para justificar o pacto provisório com a Alemanha nazista. Não se afirmou que “Hitler era mais revolucionário do que a Inglaterra”, o que seria deseducar as massas e constituiria um absurdo. Mas Jones prossegue:
O conteúdo da teoria fica restringido por sua instrumentalização, transformando em práticas acessórias os processos de busca do conhecimento e de pesquisa. A teoria, assim, corre o risco de perder o seu caráter de cientificidade (grifo nosso), quando a ausência de críticas às premissas teóricas utilizadas na política passa a ser um pressuposto. As diversas disputas no PCUS, especialmente após a morte de Lênin, a confrontação fratricida entre o grupo que dirigiu a revolução – sendo a disputa entre Trotski e Stálin a mais famosa, mas de modo nenhuma a única –, o cerco da União Soviética, as diversas viradas na política interna (como a passagem da Nova Política Econômica, a NEP, até a coletivização forçada e a industrialização acelerada) e a perseguição a intelectuais, artistas e outros pensadores, especialmente a partir da segunda metade de 1930, criaram uma dinâmica de mudanças teóricas, táticas e estratégicas bruscas, não debatidas sob nenhum fundamento, e naturalizadas como se tudo sempre tivesse sido assim (MANOEL, 2024, grifo nosso).
Como uma teoria corre o risco de perder até seu caráter científico e não perde, obtendo acertos e não erros férteis? Ou uma teoria é científica ou não é, não há como expor a risco e não perder. Se não vai existir crítica às premissas, alguém vai decidir por todos, um ditador personalista e caprichoso. É isso que Jones está dizendo. A disputa entre Trotsky e Stalin nunca foi fratricida, Trotsky nunca foi bolchevique, entrou no partido em julho de 1917 e em outubro de 1927 já esteve inspirado um levante armado contra o partido. O cerco da União Soviética passou a ser um elemento elencado, de forma nonsense, ao lado da coletivização, como se fosse uma alternativa sofrer cerco ou não. As tais “diversas viradas na política interna” são vistas como erros, mas a NEP é do tempo de Lênin, apenas foi encerrada por Stálin. O erro seria de Lênin e não de Stálin. Igualmente, Lênin advogou a coletivização no campo. As mudanças, mesmo bruscas, feitas por um ditador, sem ser debatidas, forçadas, aceleradas, mesmo assim não impediram que as fomes periódicas fossem erradicadas, o país derrotasse o nazismo e, numa “virada brusca”, virasse potência mundial. O acerto torna-se erro, erro não tão fértil. O festival de besteira que assola a nós, o povo soviético, continua:
Era comum nos tumultuados anos 30 afirmar, por exemplo, que a Inglaterra e a França não se diferenciavam, em substância, do nazifascismo, dado seu domínio colonial e, pouco tempo depois, falar o exato contrário sem explicar a radicalidade da mudança; ou então, em 1933 um líder ser considerado uma grande referência do proletariado e no ano seguinte, um traidor excomungando. O PCUS construiu (e ajudou a exportar para outros partidos comunistas) uma cultura política com tendência a ver a ciência como uma questão de segurança de Estado, a teoria como justificação da prática, as obras de Marx, Engels e Lênin como a fonte de legitimidade da política do momento. Em suma, uma prática teórico-política estaticista (MANOEL, 2024).
O problema aqui é explicar porque a Inglaterra e França foram aliadas da URSS, uma vez que são potências imperialistas. Por que se tornaram aliadas? Alguém em sã consciência disseram que deixaram de ser imperialistas e colonialistas? Por que os soviéticos foram atacados e elas também, quem sabe? Ou alguém iria supor que, se a União Soviética aliou-se a França e Inglaterra, já não eram mais imperialistas e colonialistas. Porque tinham em comum a ideia de democracia, de Iluminismo, quem sabe. No final dos anos 30, artistas e intelectuais não foram perseguidos SIMPLESMENTE por serem artistas e intelectuais, mas por serem envolvidos com levantes, espionagem, sabotagem. Existiu um poder judiciário, essas pessoas foram julgadas. As obras de Marx, Engels e Lênin deveriam ser refutadas como fonte de legitimidade de uma... política marxista-leninista, afinal! Aqui insinua-se que a política NÃO era marxista-leninista, ou seja, só pode ser burguesa e liberal, o que é falso, visceralmente. Quem enuncia essas palavras, Lukács e, logo, Jones Manoel, que as referencia como orientação, é quem é na verdade orientado por um pensamento burguês liberal e não marxista. Jones Manoel, bem como Lukács, tendem a ser burgueses liberais, social-democratas de linguagem marxista. Aí sim!
Em 1933 um líder era considerado uma referência do proletariado e no ano seguinte, traidor excomungado. Aqui, cremos que ele está referindo-se a Bukharin, que defendeu os grandes fazendeiros da coletivização, tornando-se oposição e, em 37 (não no ano seguinte), foi julgado por traição, mas com evidências. Aqui, o “stalinismo” já não é problema apenas externo, mas é erro fértil de exportação do partido da União Soviética. A sua cultura política vê ciência como questão de segurança de estado. Vejamos de onde Jones está tirando isso, a “clássica” Carta Sobre o Stalinismo onde Lukács “explicou”:
Começo por uma questão de método, aparentemente muito abstrata: a tendência staliniana é sempre a de abolir, quanto possível, todas as mediações, e a de instituir uma conexão imediata entre os fatos mais crus e as posições teóricas mais gerais. Precisamente aqui, aparece claramente o contraste entre Lênin e Stálin. Lênin distinguia com clareza entre a teoria, a estratégia e a tática, estudando-as sempre com o maior cuidado e levando em conta todas as mediações existentes entre elas e que frequentemente as relacionam de modo muito contraditório (…) A autoridade pessoal de Lênin resultara das grandes ações e importantes realizações teóricas a ele devidas, tornando-se algo que chamaríamos de ‘natural’; Stálin, que não dispunha da mesma autoridade que Lênin, achou um modo de dar uma justificação imediatamente evidente de todas as suas medidas, apresentando-se como a consequência direta e necessária da doutrina marxista-leninista (grifo nosso). Para conseguir isso, precisou suprimir todas as mediações e estabelecer ligações imediatas entre a teoria e a prática. Por esta razão, tantas categorias de Lênin desaparecem do horizonte de Stálin; o próprio recuo aparece neste como um avanço” (LUKÁCS, 1977, p. 6, apud: MANOEL, 2024).
No entanto, o próprio Lukacs escrevera que Stalin desenvolveu e aplicou o marxismo-leninismo.
Como se dava, na prática, algo como Lukács está explicando? Para ele, existiu uma necessidade de mediação entre fato cru e posições teóricas mais gerais. Então, se existe o fato cru de que Lênin propõe mobilizar massas camponesas, aliança proletário-camponesa, deveríamos pensar na “mediação” quando notamos que esse ponto separa o pensamento de Lênin e o de Trotsky? Ou aí estaríamos abolindo as mediações? A mediação seria dizer que não, não existe diferença entre o pensamento de um e de outro nesse ponto? Ora, ora, isso é mais um erro infértil mesmo, mais um nonsense saído da pena de Jones Manoel do que qualquer outra coisa. Por que Stálin não dispunha da mesma autoridade que Lênin? Subiu num golpe militar? Matou Lênin com veneno? Impediu Trotsky (esse sim tinha autoridade?) de assumir o cargo enquanto caçava patos na Geórgia? E ao final, quando argumenta que Stálin apresentava suas medidas como consequência do marxismo-leninismo, ele parece querer negar que Stálin sistematizou o leninismo em Fundamentos do Leninismo. Lukács, de forma enganosa, pressupõe que suas medidas não são consequência direta do marxismo-leninismo, são algo diferente, são emanadas de forma errônea por um ditador que rompeu com Marx e Lênin e criou o abstruso e monstruoso “stalinismo”.
Seguindo o raciocínio acima, como os “fatos” mudam muito rápido, a “teoria” vai os acompanhando, variando sem muita coerência, sempre proclamando uma fidelidade formal à estratégia. Lukács não trabalha com a visão muito difundida na atualidade de uma abordagem personalista e demonizadora de Stálin. Considera as condições objetivas que formaram o stalinismo, tratando-o como um sistema, não nega méritos prático-políticos e teóricos ao líder da URSS e desconsidera Leon Trótski como uma alternativa crível ao marxismo staliniano[7] (MANOEL, 2024).
Na realidade, Lukács esteve chamando Stalin e o partido em seu tempo daquilo que ele era: pragmático sem princípios, oportunista. E, embora não chame Stálin de Belzebu, o que seria muito estranho para um marxista, personaliza, sim, em Stálin e exime a responsabilidade do partido; apontou Stálin como ditador, ao abolir as mediações, ao colocar suas propostas sem crítica e, embora não assuma Trotsky como opção explícita, na prática já está mergulhado no pântano infértil desse pensamento e seus conceitos errôneos. Muito embora ele trate o “stalinismo” como um sistema (soviético?), é muito estranho que alguém errando tanto consiga acertar. Seria então preciso falar em acertos estéreis.
Conclusões
Ao analisar o texto de Jones Manoel sobre a estratégia nacional-libertadora do PC do Brasil, verificamos que tem as mesmas deficiências que, em linhas gerais, percorrem tudo o que Jones produz: o ranço acadêmico marxológico trotsquista; o revisionismo eleitoreiro do PCB de linha revisionista soviética criado em 62 e seus blá blá blás. No caso desse texto, Jones aparentemente busca justificar sua tendência ao nacional-reformismo tipo Chávez, Castro e Brizola, tendência essa que foi desde sempre seu berço teórico e que não supera – e nem sequer critica de forma suficiente-- de jeito nenhum. Some-se a isso disseminar, deliberadamente, confusões sobre Lênin, Stálin e Trotsky apoiado em equívocos do revisionista Lukács.
Bibliografia:
<>.
MANOEL, Jones. A Estratégia Nacional-Libertadora. < >. <>.
SOUZA, David. >.
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