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terça-feira, 4 de fevereiro de 2025
A Hora das Fornalhas
A Hora das Fornalhas (La Hora de Los Hornos, 1968)
O filme de Fernando Solanas e Octavio Getino é um dos filmes mais famosos da Argentina. É um documentário que foi feito entre 1966-68, quando as tensões internas cresciam, pois havia eleições, civis no poder, mas uma grande opressão e insatisfação, uma vez que o peronismo estava proibido. A primeira parte inicia com uma frase de San Martín. Faz um uso muito criativo dos sons e das músicas, que parece tratar com o distanciamento crítico brechtiano; a música dialoga com as imagens apresentadas. Ele escolhe uma agradável música pop enquanto mostra um matadouro de ovelhas e bezerros. Apoia o Vietnã, apresenta os meios de comunicação de massas como alienantes, exprime a oposição que eles demonstram frente aos sindicatos e movimentos sociais. Eles ensinariam a pensar em inglês.
A primeira parte que explica a situação semicolonial da Argentina é muito boa. A Argentina é grande exportadora de alimentos, mas suas populações vivem na miséria e fome, há enorme peso do latifúndio. A indústria é muito concentrada em Buenos Aires. A seguir, apresenta o peronismo como despertar da classe operária e renega os “stalinistas” como Rodolfo Ghioldi. No entanto, podemos dizer que esses intelectuais comunistas tinham razão, uma vez que Perón traiu essa esquerda revolucionária nos anos 70. Os acontecimentos posteriores o desmentiram, pois o governo Perón nesse novo mandato democrático foi reacionário. Depois da volta de Perón em 1973, peronistas de esquerda e os de direita mais e mais conflitavam entre si, matando-se uns aos outros. Rivadavia foi o primeiro a tomar empréstimos com a Inglaterra. A Inglaterra substituiu a Espanha como metrópole da Argentina e de toda a América Latina. No entanto, experimentou-se uma forma de colonização nova: o neocolonialismo. A Argentina vendia carne e comprava pianos de cauda, vendia lã e comprava manufaturas.
Depois da morte de Perón, o peronismo armado foi destroçado na brutal ditadura militar que subiu ao poder em 1976. Ele cita o intelectual Jorge Abelardo Ramos como um apoiador do peronismo armado, mas esse intelectual posteriormente mudou de posição. A intelectualidade em peso rejeitou o peronismo, o que o próprio filme analisa que deixou o movimento sem uma intelectualidade revolucionária. O filme cita Leon Hirszman (cena do filme Maioria Absoluta) e Vargas (diz que suicidou-se culpando o imperialismo). É dedicado ao proletariado peronista. Cita Fanon, Perón, termina com a imagem de Che Guevara.
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