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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Irã, a fraude da mídia

IRÃ - A FRAUDE DA MÍDIA


(obs: não concordo plenamente com esse tipo de artigo, posto porque acho importante um contraponto)


Laerte Braga





Quem se der ao trabalho de compulsar (típica palavrinha/palavrão) edições de jornais ou relembrar noticiários de tevês nos últimos dez dias, mais precisamente, desde que o presidente do Irã cancelou sua visita ao Brasil e for um pouco mais atrás, digamos assim, em 2002, nos dias que antecederam a tentativa fracassada de golpe contra o presidente Chávez – Venezuela – vai ver que o esquema dos donos do mundo não mudou nada, é sempre o mesmo, precisão matemática na mentira, na fraude, na tentativa de iludir a opinião pública e dar como consumado um fato que não é real.



No caso da tentativa de golpe contra Chávez é só buscar edições antigas do JORNAL NACIONAL – principal porta-voz da mentira neoliberal/sionista no Brasil –. Duas semanas antes do golpe, dentro do cronograma armado pelo governo do então presidente Bush e empresários, banqueiros e latifundiários venezuelanos, a rede enviou à Venezuela a consagrada mentirosa Míriam Leitão para uma série de reportagens sobre aquele país, o governo Chávez e exibiu o “trabalho” na semana que antecedeu ao golpe. A conclusão da senhora Miriam Leitão na série foi a seguinte –“o povo da Venezuela não agüenta mais Chávez –.



Na semana seguinte o presidente foi preso e conduzido a local ignorado, o empresário Pedro Carmona – notório sonegador e contrabandista – foi empossado presidente, a Casa Branca anunciou que uma ditadura havia sido deposta por ter cometido barbárie e violência contra o povo, isso na quinta-feira. Abril de 2002 e Bonner aqui leu o boletim do Departamento de Estado e do porta-voz de Bush distribuído às tevês/departamentos da Casa Branca e seus tentáculos.



No domingo Chávez voltou ao poder. Milhões de venezuelanos, em Caracas e em todo o país saíram às ruas e não houve força militar ou empresarial, ou banqueiros e latifundiários que segurassem a vontade popular. Cercaram o palácio de governo onde se encontrava Carmona e sua quadrilha – limparam o cofre antes de fugir –, cercaram a Câmara dos Deputados, a Suprema Corte – lá não existe nenhum Gilmar Mendes mais – e exigiram a volta de Chávez. Militares democráticos e comprometidos com o seu país, não esse tipo de general Heleno que temos aqui, empregado da VALE, garantiram o resto.



Bonner passou de liso sobre o assunto, d. Miriam Leitão fez de conta que não era com ela e assim os seus superiores, inclusive Bush. Um documentário chamado “a revolução não será traída”, de dois cineastas irlandeses, mostrou toda a farsa com cenas reais e ao vivo.



No caso da reeleição do presidente do Irã o esquema é o mesmo. Nos dias que antecederam o pleito trataram de vender a idéia de eleições difíceis para Mahmud Ahmadinejad, da insatisfação popular – jovens e mulheres principalmente – e criaram a sensação que o mundo seria melhor sem Ahmadinejad, a paz no Oriente Médio poderia vir a ser uma realidade, tudo com a vitória do candidato que rotularam de “moderado”, Mir Hosein Moussavi.



No documentário “a revolução não será televisionada”, onde se mostra o golpe urdido contra Chávez, há um momento em que se revela o verdadeiro caráter da elite venezuelana. É numa reunião num bairro nobre, gente assim tipo Lúcia Flecha de Lima e ACM, quando o “presidente da mesa” alertava as senhoras e senhores presentes para terem cuidado com os “empregados domésticos”, todos eles moradores de favelas e bairros pobres e “chavistas”.



O noticiário sobre as eleições na república popular e islâmica do Irã dizia que Moussavi era da classe média alta do Irã, tinha pontos de contato com o Ocidente e estava interessado em gestos de paz, ao contrário de seu principal adversário. E como Miriam Leitão havia dito que “o povo da Venezuela não agüenta mais Chávez – venderam a idéia que os iranianos jovens e as mulheres – jogando com o inconsciente das pessoas, o preconceito contra muçulmanos – queriam mudanças no país.



Esqueceram-se de dizer que os “empregados domésticos” do Irã e as populações das regiões mais pobres do país apoiavam o presidente Ahmadinejad por conta dos seus programas sociais e da ausência de corrupção no governo, o que não se pode dizer de Moussavi, corrupto, venal e contratado pelo Ocidente para desmontar o processo revolucionário iraniano.



Empresário. Precisa dizer mais alguma coisa?



O discurso do presidente Barak Obama no Egito desagradou a Israel (que não aceita a menor concessão, são os eleitos de Deus e não há o que discutir, podem roubar, torturar, matar, estuprar e o que for preciso para garantia de banqueiros, etc). Os israelenses, que não conhecem ainda a vaselina e seus predicados, não perceberam que Obama estava tentando evitar a vitória do Hezbollah no Líbano (e conseguiu) com aquele lero lero de paz e ao mesmo tempo, sinalizando aos iranianos que poderia ser bonzinho também com o Irã, permitindo o estado palestino. Tipo assim palestinos carregando malas de israelenses, limpando banheiros, essas coisas e estou sendo gentil.



No Irã não colou, não funcionou. A vaselina de Obama chegou lá com data vencida.



A mídia no mundo ocidental, cristão e democrata cumpre o papel que lhe cabe na parceria com o terrorismo de Israel. Fala em fraude. Moussavi buscar criar condições para uma convulsão social no Irã, tenta desconhecer a realidade. Mais de 60% dos iranianos não escolheram um representante do governo dos EUA e traidor dos ideais da revolução islâmica e popular do Irã, um empresário cooptado pelo terrorismo nazi/sionista de Israel.



A esmagadora maioria dos eleitores iranianos percebeu que Moussavi iria cair de joelhos diante de Obama, interromper o programa nuclear do país – vital para a garantia de sua independência – e que os palestinos e muçulmanos de um modo geral não ganhariam mais que um pirulito para achar que de fato os de Israel são superiores e norte-americanos completam o duo terrorista e nazista.



É preciso agora mostrar aos incautos do resto do mundo que houve “fraude”. Que a vontade popular foi desrespeitada. O problema é que a diferença entre um e outro candidato não foi de um ponto percentual, mas Ahmadinejad teve o dobro dos votos de seu adversário. Difícil falar em fraude.



O governo de Israel considera que o resultado das eleições no Irã soa como um “tapa na cara”. Falharam os planos de um governo colaboracionista. Submisso como os do Egito, da Jordânia, da Arábia Saudita, do Iraque ocupado e vai por aí adiante.



Ou seja, para o “povo superior”, os “escolhidos por deus”, o deles, o povo do Irã tinha que eleger o candidato deles. Como não foi assim o tapa na cara soa como tapa no deus deles. O dos saques, do terror, da violência da tortura e dos estupros contra mulheres palestinas, toda a sorte de atrocidades típicas e intrínsecas ao sionismo.



Não houve fraude alguma no Irã. Não há tentativa de golpe de Ahmadinejad, pois venceu as eleições com o dobro de votos de seu adversário. As manifestações de rua de partidários da ocidentalização do Irã, de transformação do país num Egito da vida, palco para os jogos de cena padrão Hollywood de Obama, são parte do processo golpista, esse sim, de Moussavi.



Tem dinheiro de sobra para tentar o golpe, é financiado pelos grandes piratas e saqueadores da atualidade – norte-americanos e israelenses.



Fraude é a mídia ocidental. Fraude é a GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO, fraude são os defensores dessa “democracia” padrão Lúcia Flecha de Lima, onde se privatiza a vida embaixo dos lençóis do poder, no afã de vender um país, caso do governo FHC. Liberdade deve ser abrir a jaula para essa gente soltar as bestas da PM paulista e mandar baixar a borduna em estudantes, professores e funcionários de uma universidade pública. Com certeza uma Lúcia Flecha de Lima vai estar embaixo de um lençol no mundo cristão, ocidental e democrata, negociando a privatização da USP.



A vitória de Ahmadinejad foi a vitória do povo do Irã. Só isso. O negocio de abóbora viver carruagem que Obama arranjou no seu discurso no Cairo não funcionou por lá.

Todos a postos para a guerra contra o demônio iraniano?

Todos a postos para a guerra contra o demônio iraniano?

por Paul Craig Roberts,

Counterpunch

Tradução: Coletivo Política para Todos

Que atenção merecem, da mídia dos EUA, eleições no Japão, na Índia, na Argentina, onde for? Quantos norte-americanos e jornalistas norte-americanos algum dia ouviram falar de que há vida eleitoral em outros países além de Inglaterra, França e Alemanha? Quem sabe dizer o nome de algum político importante da Suíça, da Holanda, do Brasil, do Japão ou, mesmo da China?

Pois é. Mas milhões de norte-americans conhecem o presidente do Iran, Ahmadinejad. A razão é óbvia. O presidente do Iran é diariamente demonizado pela mídia dos EUA.

A demonização de Ahmadinejad pela mídia dos EUA é, ela própria, prova da ignorância da imprensa e dos cidadãos norte-americanos.

O presidente do Iran manda muito pouco. Não é o comandante-em-chefe das Forças Armadas. Não tem poder para definir políticas próprias. É simples executor de políticas definidas pelos aiatolás. Os aiatolás, esses, sim, estão decididos a impedir que a revolução popular democrática iraniana seja arrendada pelo dinheiro dos EUA e convertida em algum tipo de 'sub-revolução' codificada pela CIA em tabelas em tons degradés de vermelho.

Os iranianos têm experiência muito amarga com governos dos EUA. A primeira eleição democrática iraniana, depois de o Iran ter sobrevivido à ocupação e à colonização, nos anos 50, foi desqualificada, de fato, foi destruída pelo governo dos EUA. Em lugar do candidato legítima e democraticamente eleito, os EUA impuseram um ditador que torturou e assassinou dissidentes cujo único 'crime' foi lutar por um Iran independente, que não fosse mais um fantoche norte-americano na Região.

O 'superpoder' que governa os EUA jamais perdoou os aiatolás islâmicos pelo sucesso da revolução democrática iraniana dos anos 70s, que derrubou aquele governo fantoche lá instalado e tomou como reféns o pessoal diplomático na embaixada dos EUA, definida como "covil de espiões", enquanto estudantes iranianos desenterravam, dos cofres daquela embaixada, todos os documentos necessários para provar que os EUA trabalhavam dia e noite para destruir a democracia iraniana.

A mídia corporativa controlada pelo governo dos EUA é um perfeito Ministério da Propaganda, respondeu à reeleição de Ahmadinejad com uma tempestade de noticiário sobre os 'violentos protestos' contra eleição que teria sido fraudada.

A fraude eleitoral que não houve foi apresentada como fato, mesmo sem haver uma única evidência de qualquer fraude. Durante o governo de George W. Bush/Karl Rove, a única resposta da mídia dos EUA a eleições comprovadamente fraudadas foi ignorar todas as evidências de fraude real em eleições roubadas.

Líderes fantoches na Inglaterra e na Alemanha alinharam-se imediatamente à operação de guerra psicológica liderada pelos EUA. O muito desacreditado secretário de Relações Exteriores da Inglaterra, David Miliband, resfolegava, de tanta pressa para manifestar "sérias dúvidas" sobre a vitória de Ahmadinejad, num encontro de ministros da União Europeia em Luxembourg. Miliband, é claro, não recebe informações de fontes independentes. Sempre, e só, repete instruções que recebe de Washington e confia no que diga o candidato derrotado nas urnas, no Iran, mas preferido do governo dos EUA.

Angela Merkel, Chanceler alemã, também foi dominada; dobraram-lhe o braço. Mandou chamar o embaixador iraniano e disse que exigia "mais transparência" nas eleições.

Até a esquerda norte-americana endossou o golpe de propaganda do governo dos EUA. Em seu blog nem The Nation, Robert Dreyfus reproduziu as frases histéricas de um dissidente iraniano, como se ali falasse a voz da verdade sobre "eleições ilegítimas" que levariam a um "golpe de Estado".

Qual, afinal, é a fonte das informações que a mídia nos EUA e em todos os Estados fantoches repete sobre as eleições iranianas? Fonte? Não há fonte. Todos só fazem repetir os discursos do candidato derrotado, que os EUA 'prefeririam' ver eleito.

Houve pelo menos uma pesquisa séria, independente, conduzida no Iran, antes das eleições. Ken Ballen, do Center for Public Opinion, organização sem fins lucrativos; e Patrick Doherty, da New America Foundation, também sem fins lucrativos, comentaram os resultados de suas pesquisas, ontem, 15/6, no Washington Post.

A pesquisa foi financiada pelo Rockefeller Brothers Fund e conduzida em Farsi, "por empresa de pesquisas que opera na região para as redes ABC News e BBC e já premiada com um prêmio Emmy" (Washington Post, 15/6/2009, "Pesquisa Ballen-Doherty, http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2009/06/14/AR2009061401757.html?nav=rss_opinion/columns).

Os resultados dessa pesquisa, a única fonte de informação confiável que há hoje, indicam que o resultado eleitoral manifesta o desejo dos eleitores iranianos. Dentre outras informações interessantíssimas que a pesquisa revela, lê-se:

"Muitos especialistas têm repetido que a vitória do atual presidente Máhmude Ahmadinejad teria sido resultado de fraude ou manipulação, mas a pesquisa de opinião pública que fizemos em todo o Iran, três semanas antes da eleição, já mostrava que Ahmadinejad podia esperar ser eleito no primeiro turno, com maioria significativa, e, de fato, pelos nossos resultados, com diferença ainda maior do que a que se constatou na apuração final dos votos".

Ao mesmo tempo em que todos os noticiários ocidentais com notícias de Teeran repetiam que haveria crescimento nas expectativas eleitorais a favor de Mir Hossein Moussavi, todos os nossos resultados de pesquisa, com dados recolhidos em todas as 30 províncias do Iran, já mostravam enorme diferença a favor de Ahmadinejad nas intenções de voto.

A acentuada preferência dos eleitores pelo candidato Ahmadinejad já era muito evidente desde nossas primeiras pesquisas. Durante a campanha, por exemplo, Moussavi esforçou-se por identificar-se como "Azeri" (o segundo maior grupo étnico na composição populacional do Iran, depois dos persas), com vistas a atrair o voto dos Azeri. Nossa pesquisa mostrou claramente que também entre os Azeri, Ahmadinejad venceria Moussavi, também com mais que o dobro dos votos.

Também falou-se da juventude iraniana e da Internet como fatores decisivos nas eleições. Nossa pesquisa mostrou que menos de 1/3 dos iranianos têm acesso a internet, o que é insuficiente para que a internet possa ser considerado fator decisivo; e que o grupo dos jovens (18-24 anos) é, dentre todos os grupos etários, o que manifesta mais acentuada diferença a favor de Ahmadinejad.

Os únicos grupos sociodemográficos no quais a pesquisa identificou preferência mais significativa pelo candidato Moussavi (embora nem aí Moussavi apareça em primeiro lugar em todos os subgrupos) são o grupo identificado como "estudantes universitários e profissionais liberais" e o grupo identificado como "mais alta renda nacional".

Quando nossa pesquisa foi realizada, quase 1/3 dos iranianos declararam-se indecisos. Mesmo assim, todas as tendências que traçamos, por procedimentos estatísticos regulares e conhecidos, espelham os resultados finais apresentados pelas autoridades iranianas (todos esses procedimentos podem ser auditados e confirmados, a partir dos dados do relatório da pesquisa), o que confirma que os resultados eleitorais apresentados sejam rigorosamente autênticos, sem que se justifique qualquer suspeita de fraude."

Vários jornais e jornalistas têm insistido em noticiar que haveria em andamento um plano para desestabilizar o Iran. Há quem fale de os EUA financiarem ataques terroristas, bombas e assassinatos no Iran. Parte da mídia nos EUA usa esses informes como ilustração de autopromoção do poder dos EUA para controlar e manter sob 'rédea curta' países 'dissidentes'; essa parte da mídia favorece o terror como política admissível contra esses países 'dissidentes'. Outra parte da mídia, na maioria a mídia estrangeira, vê esse tipo de noticiário como evidência da inerente imoralidade do governo norte-americano.

Ex-comandante militar paquistanês, o general Mirza Aslam Beig, disse à Rádio Pashtum, na 2ª-feira, 15/6, que o serviço secreto paquistanês tem provas irrefutáveis de que os EUA trabalharam para tentar alterar o resultado das eleições no Iran. "Há provas de que a CIA gastou 400 milhões de dólares em território iraniano para fazer eclodir uma revolução 'pacífica', 'colorida', contra o governo dos aiatolás, imediatamente depois das eleições."

O sucesso dos EUA ao financiar outras revoluções 'coloridas' na Georgia e Ucrânia e em outras partes do ex-império soviético tem sido tema muito repetido na mídia dos EUA. Para a mídia norte-americana, todos esses 'feitos' seriam manifestação da onipotência 'natural', do direito 'natural' dos EUA, como principal potência do mundo ocidental. Para parte da mídia estrangeira, seriam sempre evidência de que os EUA jamais deixaram de tentar intervir nos assuntos internos de outros países.

No campo objetivo das probabilidades estatísticas, é mais provável que Mir Hossein Moussavi seja mais um fantoche alugado para servir a interesses inconfessáveis dos EUA, do que tenha sido vítima de alguma espécie de fraude eleitoral.

Sabe-se que o governo dos EUA sempre usou instrumentos de guerra psicológica tanto contra os próprios norte-americanos como contra estrangeiros, nos EUA ou fora dos EUA. Em todas essas operações de guerra psicológica a mídia sempre foi instrumento privilegiado, nos EUA e em outros países. Há inúmeros estudos sobre isso.

Consideremos a eleição iraniana do ponto de vista do bom-senso do cidadão comum. Nem eu nem a enorme maioria dos leitores de jornal ou dos públicos telespectadores somos especialistas em Iran.

Alguém supõe que, se meu país vivesse sob constante ameaça de ser atacado (sob ameaça também de ataque nuclear e, isso, sem falar das sanções econômicas!), e se a ameaça viesse de dois países muito mais fortemente armados que o meu (como é o caso do Iran – que vive sob eterna ameaça de ser atacado ou pelos EUA ou por Israel ou por ambos!)... alguém supõe que eu ou você desistiríamos de tentar defender nosso país... para eleger algum candidato que aparecesse... e que interessasse aos EUA, a Israel ou a ambos?!

Passa pela cabeça de alguém que a maioria do povo iraniano teria votado para eleger um candidato que a maioria do povo vê como fantoche dos EUA e de Israel... e que a maioria do povo vê como interessado em converter o Iran em mais um Estado-fantoche dos EUA e de Israel?

A sociedade iraniana é antiga e sofisticada. Os intelectuais são, na maioria, seculares. Uma pequena fração da juventude foi fisgada pelos 'ideais' ocidentais de culto obcecado da satisfação pessoal, do interesse individual, da auto-dedicação aos interesses pessoais. Essas pessoas podem muito facilmente ser organizadas mediante o sempre abundante dinheiro dos EUA para esse tipo de operação 'especial', para fazer oposição ao governo eleito e ao pensamento social islâmico que, sim, impõe limitações ao comportamento individual.

Os EUA estão usando esses iranianos ocidentalizados como base de manobra para, a partir deles, desacreditar as eleições iranianas e o governo legitimamente eleito pela maioria dos iranianos.

Dia 14/6, o McClatchy Washington Bureau, que várias vezes até tenta investigar a fundo as próprias notícias, cedeu também à guerra de propaganda de Washington e publicou: "O resultado das eleições no Iran dificulta ainda mais a já dificílima tarefa de Obama." O que aí se vê são os primeiros movimentos do que, adiante, será a feia caratonha de um "fracasso da diplomacia", que abrirá caminho para uma 'inevitável' intervenção militar. Já aconteceu outras vezes.

(...) O grande poder super-macho está decidido a recuperar a hegemonia que teve sobre o Iran e os iranianos; será a revanche com que os EUA sonham contra os aiatolás que, sim, derrotaram completamente os EUA em 1978.

O script é esse. Para assistir aos capítulos, basta acompanhar, minuto a minuto a televisão nos EUA.

Não faltarão 'especialistas' para explicar o script. Por exemplo, um, colhido ao acaso dentre muitos, lá estava Gary Sick, ex-funcionário do Conselho de Segurança Nacional, atualmente professor na Universidade de Columbia:

"Se tivessem sido mais modestos e anunciado vitória de Ahmadinejad com 51% dos votos" – disse Sick –, os iranianos desconfiariam, mas acabariam aceitando. Mas o governo dizer que Ahmadinejad venceu com 62,6% dos votos? Não, não é crível."

"Parece-me", continuou Sick, "que estamos realmente num ponto de virada decisivo na Revolução Iraniana, de uma posição em que se dizia que a legitimidade da revolução estava no apoio popular, para uma posição que depende cada vez mais da repressão. A voz do povo está sendo ignorada."

Bullshit. Opinionismo sem qualquer fundamento. A única referência confiável, de pesquisa séria que há sobre as eleições iranianas, é a pesquisa citada acima, que o Washington Post publicou. A pesquisa demonstrara, três semanas antes das eleições, que Ahmadinejad era o candidato preferido de mais da metade do universo de eleitores.

Mas nenhuma pesquisa séria interessa. Reinam as regras da propaganda e da mentira. Nada tem a ver com fatos. Reinam as regras da hegemonia que os EUA sempre viveram de impor a outros povos.

Consumidos por esse vício de aspirar cada vez mais ao poder hegemônico, os EUA atropelam qualquer equilíbrio, qualquer moralidade. A democracia que se dane! E assim prosseguirão o script e as ameaças contra todo o mundo, até que os EUA afundem-se, eles mesmos, cada vez mais, para o fundo do poço: falidos, quebrados, no plano interno; e isolados, no plano internacional, universalmente desprezados.

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*Paul Craig Roberts foi secretário-assistente do Tesouro no governo Reagan. É co-autor de The Tyranny of Good Intentions.

O texto original em inglês está aqui: http://www.counterpunch.org/roberts06162009.html

quinta-feira, 28 de maio de 2009

As Monarquias Socialistas do Mundo

Pessoal, eu, como meu amigo Laerte, acho que é preciso, diante das campanhas da mídia, esclarecer fatos sobre o Irã e a Coréia.

Mas de fato é muito irritante a sucessão dinástica nas tais ditaduras do proletariado: em Cuba é o irmão, na Coréia é o filho que assume o lugar é o pai...Mas Laerte poderia objetar: mas não teve Bush pai e filho, assim como, por pouco, Hillary Clinton não assumiu o lugar de Obama? Aliás, ela está no governo, não? Não são, também nos USA, duas famílias se sucedendo?


Os anarquistas bem que avisaram que esses grupos não representariam mais o interesse dos proletários e sim a si mesmos. E essa é a melhor crítica desse conceito.

O problema é que a revolução islâmica foi muito popular e ainda tem legitimidade. Ahmadinejad não é um ditador e o que ele diz é distorcido pela imprensa ocidental. O que ele diz não é beeem aquilo. Ele disse que o sionismo, se continuar, cairá como uma árvore numa tempestade. Isso foi lido como se ele estivesse dizendo que quer riscar Israel do mapa! Ele não pode jogar uma bomba lá sem matar os palestinos também: vinte por cento dos israelenses, até hoje, são de origem árabe ou palestina.

O que está em jogo é a hegemonia militar no Oriente Médio. Até agora, ninguém podia enfrentar Israel. A partir do momento em que o Irã tem a bomba, Israel não poderá atacá-lo. Fica mais difícil derrubar o regime, que é um objetivo geopolítico dos USA. E, a partir da saída das tropas do Iraque, ficará o desafio de impedir uma revolução islâmica lá. E, podem anotar, um dia a Síria tentará reconquistar as colinas do Golã, a China tentará anexar Taiwan, uma das Coréias tentará unificar o país, o Tibete tentará se separar da China.