(Penumbra. Gerald Thomas faz o jogo do copo para bater um papo com o fantasma de Hitchens. Tenta baixar o espírito, mas desce o espírito de Stálin para lhe dar um esporro).
Gerald: Hit, Hitchens, sou seu fã desde os anos 70. Você é o novo Trotsky...
(voz grave em off): Não. Ele achava que Trotsky era a cara do Bob Dylan...
Gerald: Não seja modesto, Hitinho, vc sabe que te adoro...
Voz off: o fantasma...Stálin...
Gerald: Sinto interromper, but...também sempre combati Stálin.
Voz off: Orwell foi informante do governo...
Gerald: really, Orwell me informou.
Voz off: não sou Hit.
Gerald: Vc é para poucos mesmo, darling. Adorei sua postura no onze setembro. Foi beckett!
voz off: Eu sou...O FANTASMA DE S-TÁ-LIN!!!
Gerald (apavorado, grita, faz gestos de exorcismo): VADE RETRO, SATANÁS!
(cortina de fumaça.)
Surge uma mulher síria vendendo coxinhas e kibes.
Gerald: Querida, eu quero te invadir.
Síria: Deixa de ser imperialista, Gerald.
(to be continued).
Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Oswaldo Coggiola, Stálin e Ronnie Von
O professor Oswaldo Coggiola, que leciona História Contemporânea da USP, esteve ontem no programa televisivo do Ronnie Von para falar sobre Stálin/Trotsky, na série "Tiranos". Ele está lançando no Brasil, com um prefácio, a biografia que Trotsky fez de Stálin. Ela ficou incompleta porque o biografado matou o biógrafo. Ele deveria estar totalmente obcecado pelo seu adversário; imagino as canduras que escreveria, ele que acusava Stálin até de ter tentado matar Lênin. E antes de ler isso no livro Stálin, Um Outro Olhar, do Ludo Martens, eu li isso em uma pequena biografia de Trotsky que comprei em uma banca.
O maior equívoco de Coggiola é falar que, quando Stálin morreu, quem o sucedeu foi Malenkov. Não, professor, foi Laurenti Beria. E Beria foi preso logo depois, quando ocorreu uma rebelião na Alemanha, acusado de agente estrangeiro. Seu julgamento foi a quatro paredes e até hoje o filho reivindica a verdade sobre o que aconteceu, reclamando que supõe que, quando foi formalizado um julgamento, Beria já se encontrava morto.
Coggiola fez um percurso histórico falando nas mortes causadas por Stálin, começando na I Guerra Mundial. Errado. Ele, junto com o partido, foi um dos que mais se esforçaram por acabar com a matança. Depois ele fala em cinco milhões de mortos no "Grande Terror". Não; o certo seria falar de três milhões de mortos na fome da Ucrânia em 1933-34. Ocorreram muitas mortes mais, inclusive de comunistas, na violenta coletivização que se seguiu, justamente para evitar a repetição das fomes oriundas das más colheitas (que já aconteciam em anos anteriores). Essa fome, segundo o professor Mark Tauget, especialista no assunto que leciona em West Virginia (USA), não foi provocada pelo governo da URSS, como agora lhe atribuem, mas teve causas naturais.
Os grandes expurgos, que é o que ele está chamando de "grande terror", envolveram algumas dezenas de milhares de prisões e fuzilamentos, nunca milhões. Há um bom livro sobre isso: The Origins of Great Purges, também do historiador norte-americano Archie Getty. Infelizmente, não está traduzido em português: "As origens dos Grandes Expurgos". Nesse livro, Getty esclarece que os expurgos foram antes para organizar a estrutura caótica do partido do que totalitarismo. E não verifica provas e evidências históricas de que os Processos de Moscou, que foram os processos onde os expurgados do partido foram julgados por conspiração, tenham sido falsos ou as confissões obtidas sob tortura.
Outro ponto que está sendo pesquisado pela geração norte-americana de historiadores depois da Guerra Fria (Roberta Manning, Grover Furr, Archie Getty) é o papel de Trotsky. Existem evidências de que ele colaborou com autoridades militares alemãs e japonesas. Há, então, essa hipótese, que Coggiola deveria aventar. Ele nunca foi acusado de colaborar com ingleses e norte-americanos conforme a conveniência de Stálin. Ele foi julgado à revelia. Pelo que Coggiola fala, parece que foi Stálin o culpado das mudanças de país de Trotsky. Mas o fato é que ele não era aceito porque era um revolucionário russo e isso na época era muito combatido e nada aceito nos países capitalistas, mesmo nos democráticos.
Por fim, creio que o objetivo da entrevista é vender a tal biografia de Stálin por Trotsky. Não fico ansioso. É como ler uma biografia de Getúlio Vargas escrita por Lacerda.
O maior equívoco de Coggiola é falar que, quando Stálin morreu, quem o sucedeu foi Malenkov. Não, professor, foi Laurenti Beria. E Beria foi preso logo depois, quando ocorreu uma rebelião na Alemanha, acusado de agente estrangeiro. Seu julgamento foi a quatro paredes e até hoje o filho reivindica a verdade sobre o que aconteceu, reclamando que supõe que, quando foi formalizado um julgamento, Beria já se encontrava morto.
Coggiola fez um percurso histórico falando nas mortes causadas por Stálin, começando na I Guerra Mundial. Errado. Ele, junto com o partido, foi um dos que mais se esforçaram por acabar com a matança. Depois ele fala em cinco milhões de mortos no "Grande Terror". Não; o certo seria falar de três milhões de mortos na fome da Ucrânia em 1933-34. Ocorreram muitas mortes mais, inclusive de comunistas, na violenta coletivização que se seguiu, justamente para evitar a repetição das fomes oriundas das más colheitas (que já aconteciam em anos anteriores). Essa fome, segundo o professor Mark Tauget, especialista no assunto que leciona em West Virginia (USA), não foi provocada pelo governo da URSS, como agora lhe atribuem, mas teve causas naturais.
Os grandes expurgos, que é o que ele está chamando de "grande terror", envolveram algumas dezenas de milhares de prisões e fuzilamentos, nunca milhões. Há um bom livro sobre isso: The Origins of Great Purges, também do historiador norte-americano Archie Getty. Infelizmente, não está traduzido em português: "As origens dos Grandes Expurgos". Nesse livro, Getty esclarece que os expurgos foram antes para organizar a estrutura caótica do partido do que totalitarismo. E não verifica provas e evidências históricas de que os Processos de Moscou, que foram os processos onde os expurgados do partido foram julgados por conspiração, tenham sido falsos ou as confissões obtidas sob tortura.
Outro ponto que está sendo pesquisado pela geração norte-americana de historiadores depois da Guerra Fria (Roberta Manning, Grover Furr, Archie Getty) é o papel de Trotsky. Existem evidências de que ele colaborou com autoridades militares alemãs e japonesas. Há, então, essa hipótese, que Coggiola deveria aventar. Ele nunca foi acusado de colaborar com ingleses e norte-americanos conforme a conveniência de Stálin. Ele foi julgado à revelia. Pelo que Coggiola fala, parece que foi Stálin o culpado das mudanças de país de Trotsky. Mas o fato é que ele não era aceito porque era um revolucionário russo e isso na época era muito combatido e nada aceito nos países capitalistas, mesmo nos democráticos.
Por fim, creio que o objetivo da entrevista é vender a tal biografia de Stálin por Trotsky. Não fico ansioso. É como ler uma biografia de Getúlio Vargas escrita por Lacerda.
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terça-feira, 3 de março de 2009
Tarso Genro, Trostsky, Breton
Numa revista chamada Oitenta, leio (folheio) um artigo do Tarso Genro sobre Classe Média e seu Papel na Luta Social que parece escrito para o Vamp do blog do GT. Delicio-vos com um trecho:
"Não é lícito afirmar que de repente apareceram homens progressistas nesses estratos profissionais e que suas posições, como dirigentes classistas, são mera retórica oportunista. Sempre houve, por postura ideológica, bolsões progressistas nessas camadas sociais, mas eles nem sempre tiveram eficácia, porque não basta aquilo que alguns chamam de provocação dos fatores subjetivos, para que uma categoria profissional se mobilize" (Genro, 1979, p. 136).
A grande crítica do Vamp é a política do governo Lula para a classe média. Com certeza, eles atingiram alguns dos "fatores subjetivos" do Vamp que o fazem se manifestar, em geral, radicalmente.
Na época das eleições, vi o banho que o PT levou em Curitiba. E, num debate, perguntaram ao cientista político Bruno Wanderley Reis: "Por que o PT não emplaca em Curitiba?" "Ah, eu vou lá saber?", disse ele.
Eu arrisco uma explicação para o drama da classe média e de Curitiba: O PT nasceu com apoio da aristocracia do proletariado e da classe média radicalizada. No Brasil, é o Sudeste que, em parte, apresenta essa configuração. Mas o que o Sudeste faz, o Brasil vai atrás.
Já o governo Lula governa para os muito ricos (mantêm os juros, o superávit, estabilização, foro privilegiado para FHC, não revê as privatizações) e para os miseráveis (bolsas-esmola, neoliberalismo com cesta básica para o povão). O Prouni, por exemplo, do que o governo faz tanta propaganda, é a compra de vagas pelo governo em universidades privadas em sua maioria ruins. E o aluno tem de pagar parte da mensalidade (daí, talvez, a moça nordestina correr para pegar o ônibus: o aluno tem de trabalhar e fazer Medicina, o que é realmente um desafio às leis da Física). E deixa a classe média reclamar, pois não são tantos votos. Uma parte sempre esteve radicalizada e com ele.
Já a política externa, odiada pelo pessoal do blog do GT, penso que é uma vitrine, um engodo. Quando FHC e a direita batem, obrigam a esquerda a ir para o lado do governo e calar-se diante de seus absurdos. Num discurso, vejo Lula dizer: "a imprensa precisa falar de onde tem asfalto, não só de onde tá esburacado..." Ah, Lula, se não mostrar os buracos vocês autoridades nunca consertam, né? É tanta mentira. Dizia ele que era um representante da consciência da classe trabalhadora brasileira. Mas se até a dobradinha da chapa com o empresário sugere uma aliança entre o trabalho e o capital...
Isso me lembra uma musiquinha do filme Tudo Bem do Jabor, o melhor dele para mim, cujo roteiro eu tenho:
Nós somos funcionários da Declair,
Lutamos pelo mesmo ideal
A aliança entre o trabalho e o capital...
Amorim e os outros não radicalizam como o Chávez nem o seguem em tudo. Ele propôs um gasoduto, eles negaram, por exemplo. Outro dia vi um debate na Rede Vida: precisamos tomar as rédeas, a Venezuela quer entrar no Mercosul para divulgar as idéias enlouquecidas de Chávez, e por aí vai. A Rede Vida está nas mãos de só uma vertente da Igreja Católica, parece, a carismática direita...Sai a crítica a Chávez e depois vem a reza do Terço Bizantino do Padre Marcelo, que repete, repete, repete.
O tipo de opositor que eles precisam é o seguinte, façamos seu retrato falado: estrangeiro como Larry Rohter (e falando mal do Brasil, onde não vive); elitista (não gosta do Zé Pagodinho, prefere ópera); não gosta da política externa brasileira, diz que os boxeadores cubanos foram obrigados a ir embora, fala bem do Paulo Francis, ataca o Brasil...Chego a pensar que alguém está delegando um papel ou manipulando, não pode ser verdade. Esse "papel" parece muito pronto, mito entregue nas mãos.
Ah, Trostsky e Breton mandaram um recado para o pessoal que cobra contrapartida social: "Se é verdade que, para o desenvolvimento das forças produtivas materiais, a revolução é obrigada a exigir um regime socialista centralizado, para a criação intelectual ela deve estabelecer e assegurar, desde o princípio, um regime anarquista de liberdade individual". E o slogan final, irretocável:
"Uma arte independente -- para a revolução.
A revolução -- para liberdade definitiva da arte".
México, 25 de julho de 1938. Da Revista Oitenta.
Leio lá na Desciclopédia uma curiosa definição para o Bob Esponja:
"Fruto de uma experiência do cintista Gerald Thomas, que uniu uma bucha, um burro e um veado. Depois de ter sua invenção pronta, Gerald acabou jogando a porcaria do Bob Esponja fora, pois achou que ficou uma merda. Claro que ele tinha razão. Aí, uma vez o Aquaman estava nadando e viu o Bob esponja. Acabou levando para o salão oval da Justiça e todo mundo simpatizou com ele."
Como diz Caetas: tudo certo como dois e dois são cinco...
"Não é lícito afirmar que de repente apareceram homens progressistas nesses estratos profissionais e que suas posições, como dirigentes classistas, são mera retórica oportunista. Sempre houve, por postura ideológica, bolsões progressistas nessas camadas sociais, mas eles nem sempre tiveram eficácia, porque não basta aquilo que alguns chamam de provocação dos fatores subjetivos, para que uma categoria profissional se mobilize" (Genro, 1979, p. 136).
A grande crítica do Vamp é a política do governo Lula para a classe média. Com certeza, eles atingiram alguns dos "fatores subjetivos" do Vamp que o fazem se manifestar, em geral, radicalmente.
Na época das eleições, vi o banho que o PT levou em Curitiba. E, num debate, perguntaram ao cientista político Bruno Wanderley Reis: "Por que o PT não emplaca em Curitiba?" "Ah, eu vou lá saber?", disse ele.
Eu arrisco uma explicação para o drama da classe média e de Curitiba: O PT nasceu com apoio da aristocracia do proletariado e da classe média radicalizada. No Brasil, é o Sudeste que, em parte, apresenta essa configuração. Mas o que o Sudeste faz, o Brasil vai atrás.
Já o governo Lula governa para os muito ricos (mantêm os juros, o superávit, estabilização, foro privilegiado para FHC, não revê as privatizações) e para os miseráveis (bolsas-esmola, neoliberalismo com cesta básica para o povão). O Prouni, por exemplo, do que o governo faz tanta propaganda, é a compra de vagas pelo governo em universidades privadas em sua maioria ruins. E o aluno tem de pagar parte da mensalidade (daí, talvez, a moça nordestina correr para pegar o ônibus: o aluno tem de trabalhar e fazer Medicina, o que é realmente um desafio às leis da Física). E deixa a classe média reclamar, pois não são tantos votos. Uma parte sempre esteve radicalizada e com ele.
Já a política externa, odiada pelo pessoal do blog do GT, penso que é uma vitrine, um engodo. Quando FHC e a direita batem, obrigam a esquerda a ir para o lado do governo e calar-se diante de seus absurdos. Num discurso, vejo Lula dizer: "a imprensa precisa falar de onde tem asfalto, não só de onde tá esburacado..." Ah, Lula, se não mostrar os buracos vocês autoridades nunca consertam, né? É tanta mentira. Dizia ele que era um representante da consciência da classe trabalhadora brasileira. Mas se até a dobradinha da chapa com o empresário sugere uma aliança entre o trabalho e o capital...
Isso me lembra uma musiquinha do filme Tudo Bem do Jabor, o melhor dele para mim, cujo roteiro eu tenho:
Nós somos funcionários da Declair,
Lutamos pelo mesmo ideal
A aliança entre o trabalho e o capital...
Amorim e os outros não radicalizam como o Chávez nem o seguem em tudo. Ele propôs um gasoduto, eles negaram, por exemplo. Outro dia vi um debate na Rede Vida: precisamos tomar as rédeas, a Venezuela quer entrar no Mercosul para divulgar as idéias enlouquecidas de Chávez, e por aí vai. A Rede Vida está nas mãos de só uma vertente da Igreja Católica, parece, a carismática direita...Sai a crítica a Chávez e depois vem a reza do Terço Bizantino do Padre Marcelo, que repete, repete, repete.
O tipo de opositor que eles precisam é o seguinte, façamos seu retrato falado: estrangeiro como Larry Rohter (e falando mal do Brasil, onde não vive); elitista (não gosta do Zé Pagodinho, prefere ópera); não gosta da política externa brasileira, diz que os boxeadores cubanos foram obrigados a ir embora, fala bem do Paulo Francis, ataca o Brasil...Chego a pensar que alguém está delegando um papel ou manipulando, não pode ser verdade. Esse "papel" parece muito pronto, mito entregue nas mãos.
Ah, Trostsky e Breton mandaram um recado para o pessoal que cobra contrapartida social: "Se é verdade que, para o desenvolvimento das forças produtivas materiais, a revolução é obrigada a exigir um regime socialista centralizado, para a criação intelectual ela deve estabelecer e assegurar, desde o princípio, um regime anarquista de liberdade individual". E o slogan final, irretocável:
"Uma arte independente -- para a revolução.
A revolução -- para liberdade definitiva da arte".
México, 25 de julho de 1938. Da Revista Oitenta.
Leio lá na Desciclopédia uma curiosa definição para o Bob Esponja:
"Fruto de uma experiência do cintista Gerald Thomas, que uniu uma bucha, um burro e um veado. Depois de ter sua invenção pronta, Gerald acabou jogando a porcaria do Bob Esponja fora, pois achou que ficou uma merda. Claro que ele tinha razão. Aí, uma vez o Aquaman estava nadando e viu o Bob esponja. Acabou levando para o salão oval da Justiça e todo mundo simpatizou com ele."
Como diz Caetas: tudo certo como dois e dois são cinco...
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