Lendo o artigo "Os livros mais interessante estão emprestado: a morte da língua culta", sinto-me obrigado a escrever algumas observações dirigidas ao jornalista e escritor Renato Fragoso.
Afinal, esse parágrafo parece escrito para mim: De algumas décadas para cá, a pretexto de promover uma Educação "popular" ou "democrática", muitos educadores dedicam-se a solapar toda forma de saber implicada no repertório de conteúdos que a humanidade vem acumulando ao longo das gerações.
Renato: eu te convoco, paloccianamente, para dar explicações. Como isso seria possível? Quem são esses educadores? Existe algum deles em nossa cidade, a doce, a bela, a sábia, a letrada, a civilizada Bom Despacho? Serei eu um deles? Ó meu Deus. Então, vamos para algo subversivo, realmente: sou a favor de Wulcino Carvalho, o bom-despachense que escreveu um livro em dialeto caipira, ser eleito para presidente da ABL, tal a quantidade de besteiras que o presidente da ABL, Evanildo Bechara, despejou numa entrevista para a Veja. Mas onde mais? Há alguns anos que essa revista é um repositório de besteiras.
Então, não "vejifique" sua coluna do jornal Correio. Não alimente o monstro de besteira que ronda a imprensa brasileira, coalhada de jornalistas com déficit de letramento, como bem definiu o Luís Nassif, fazendo logo a seguir uma lista dos bobos: William Waack, Reinaldo Azevedo, Alexandre Garcia. Como bem esclareceu o ministro Fernando Haddad diante da comissão do senado que o interpelou sobre o livro didático que "afronta o senso comum", existem por aí jornalistas fascistas que criticam sem ler. Mas tudo bem. Nos afastemos deles. Vejo que você respeita o dialeto caipira, o que escreve sobre ele é sensato (mas qual foi sua fonte?).
Agora, a tal morte da língua culta que dá título a seu artigo supõe que você não sabe do que trata o livro didático da professora Heloísa Ramos, que aborda o português não-padrão apenas em sua introdução, para posteriormente ensinar...gramática normativa! Sim, o livro ensina as maravilhosas normas, que segundo o Bechara, auxiliam a ascensão social. Só não ajudam na ascensão social dos professores de português. Ninguém ascende socialmente com R$ 930 mensais, não é mesmo?
Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
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quinta-feira, 2 de junho de 2011
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Coluna Norma Oculta
Coluna norma oculta: uma questão ortográfica bom-despachense ou jacintense?
Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior
Inicio essa coluna com o objetivo de debater algumas questões de língua portuguesa aqui no jornal Fique Sabendo. Mas ressalto que não pretendo aqui corrigir a fala de ninguém, dando aulinhas chatas como o faz o retrógrado professor Pasquale. O português padrão advogado por Pasquale está, no entanto, muito defasado em relação até mesmo em relação ao português falado pela elite letrada, imagine em relação ao português falado pelo povo. Como essa norma ninguém conhece e fala, é uma “norma oculta”. Daí o nome dessa minha coluna. Aqui, inclusive, estou na postura de mero colunista e não de revisor.
Então, vamos ao que interessa: li recentemente um artigo de Jacinto Guerra abrindo uma interessante questão ortográfica em Bom Despacho, por ocasião da “reforma” ortográfica, pedindo para que o “adjetivo pátrio” “bondespachense” seja aceito no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e investigado pela Academia Brasileira de Letras. Pergunto: aceito ou imposto como correto no lugar da forma “bom-despachense”? A mim parece que as duas formas de grafar o gentílico (prefiro esse termo, embora também seja correto escrever “adjetivo pátrio”) devem ser aceitas como corretas pelo português padrão, a chamada “norma culta”. Segundo o Acordo, prosseguiram com hífen as formas adjetivas ou substantivas compostas, reduzidas, pátrias ou não, desde que os elementos sejam todos da mesma classe: ínfero-anteriores, ântero-dorsais, súpero-posteriores, póstero-palatais, político-econômicos, médico-clínico-cirúrgico, histórico-geográficos, greco-romanos, anglo-germânicos, afro-descendente etc.
Jacinto está equivocado quando trata de uma “reforma”. Trata-se apenas de um acordo para unificar as duas ortografias outrora vigentes em Portugal e Brasil. A reforma, se viesse, deveria ser muito mais radical. Ela deveria, por exemplo, abolir todos os acentos da língua portuguesa escrita, de maneira a deixá-la competitiva em relação à língua inglesa. Além disso, formas como “para mim fazer” deveriam também entrar para o português padrão. Infelizmente, os gramáticos conservadores não permitirão que isso ocorra tão cedo. Afinal, aqui no Brasil nós não fizemos nem a reforma agrária ainda...
Enfim, sugiro que o nobre colega escreva para a ABL e vá além, sugerindo também mudança do nome da cidade de Bom Despacho para Jacinto Guerra. Aí, sim, teríamos um debate apaixonado entre as duas formas do gentílico: “jacintense” ou “bom-despachense”?
Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior
Inicio essa coluna com o objetivo de debater algumas questões de língua portuguesa aqui no jornal Fique Sabendo. Mas ressalto que não pretendo aqui corrigir a fala de ninguém, dando aulinhas chatas como o faz o retrógrado professor Pasquale. O português padrão advogado por Pasquale está, no entanto, muito defasado em relação até mesmo em relação ao português falado pela elite letrada, imagine em relação ao português falado pelo povo. Como essa norma ninguém conhece e fala, é uma “norma oculta”. Daí o nome dessa minha coluna. Aqui, inclusive, estou na postura de mero colunista e não de revisor.
Então, vamos ao que interessa: li recentemente um artigo de Jacinto Guerra abrindo uma interessante questão ortográfica em Bom Despacho, por ocasião da “reforma” ortográfica, pedindo para que o “adjetivo pátrio” “bondespachense” seja aceito no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e investigado pela Academia Brasileira de Letras. Pergunto: aceito ou imposto como correto no lugar da forma “bom-despachense”? A mim parece que as duas formas de grafar o gentílico (prefiro esse termo, embora também seja correto escrever “adjetivo pátrio”) devem ser aceitas como corretas pelo português padrão, a chamada “norma culta”. Segundo o Acordo, prosseguiram com hífen as formas adjetivas ou substantivas compostas, reduzidas, pátrias ou não, desde que os elementos sejam todos da mesma classe: ínfero-anteriores, ântero-dorsais, súpero-posteriores, póstero-palatais, político-econômicos, médico-clínico-cirúrgico, histórico-geográficos, greco-romanos, anglo-germânicos, afro-descendente etc.
Jacinto está equivocado quando trata de uma “reforma”. Trata-se apenas de um acordo para unificar as duas ortografias outrora vigentes em Portugal e Brasil. A reforma, se viesse, deveria ser muito mais radical. Ela deveria, por exemplo, abolir todos os acentos da língua portuguesa escrita, de maneira a deixá-la competitiva em relação à língua inglesa. Além disso, formas como “para mim fazer” deveriam também entrar para o português padrão. Infelizmente, os gramáticos conservadores não permitirão que isso ocorra tão cedo. Afinal, aqui no Brasil nós não fizemos nem a reforma agrária ainda...
Enfim, sugiro que o nobre colega escreva para a ABL e vá além, sugerindo também mudança do nome da cidade de Bom Despacho para Jacinto Guerra. Aí, sim, teríamos um debate apaixonado entre as duas formas do gentílico: “jacintense” ou “bom-despachense”?
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