Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Reinaldo Azevedo e a morte do pai
quarta-feira, 4 de março de 2009
"Ditabranda"
"ditabranda"
Marcelo Coelho
Acho que “ditabranda” é com certeza um termo infeliz. Não há ditadura branda na ótica de um prisioneiro torturado, como o foram muitos no Brasil.
O termo, empregado num editorial da “Folha”, não deveria ter sido utilizado. Será que eu, no posto de diretor de redação, teria vetado o termo no texto? Talvez sim. Mas poderia ter dado pouca importância à palavra, uma vez que se inscrevia numa linha concreta de raciocínio.
O texto completo do editorial se dedicava a condenar a perpetuidade no poder de Hugo Chávez. Comparava os processos pelos quais de uma aparente democracia se passa a uma ditadura, como na Venezuela, com processos pelos quais a conquista de poder por meio de golpe militar terminou resultando em regimes não tão concentradores de poder como seria de supor.
O jogo entre “ditabranda” e sua contrapartida oculta, a “democradura”, estava implícito no editorial: com tudo para ser uma ditadura militar absoluta, o regime de 64 manteve as aparências de um espaço para o PMDB. Com tudo para ser um normalíssimo sistema democrático, o regime de Chávez reduz a oposição a menos do que uma aparência, afirmando-se orgulhosamente como uma democracia, enquanto acelera o personalismo providencial de uma figura tosca.
Eis que surgem mil protestos contra o uso do termo “ditabranda” no editorial. Foi um erro, não nego. Mas não há verdade nenhuma quando se diz que o editorial pretendia fazer a revisão histórica do regime de 64.
Há pelo menos 30 anos, a “Folha” reprova o autoritarismo. Teve, se não me falha a memória, papel importante na luta contra o regime militar. Se quisesse reabilitar aquele período, teria feito isso explicitamente. Obviamente, não teria nenhum interesse em fazê-lo, e não teria nenhuma razão se o fizesse.
O que me parece errado nos protestos contra o uso de “ditabranda” pela “Folha” é que se tomou um erro do editorialista como se fosse sinal de coisa que não existe.
Não existe vontade nem interesse da “Folha” em reabilitar a ditadura. Existe, por outro lado, muito interesse de parte dos críticos em defender Hugo Chávez.
Mais do que isso, os protestos contra a “ditabranda” expressam uma queixa mais antiga da esquerda: “A Folha ficou de direita!” A mera presença de César Maia entre os articulistas já pareceu, a parcela dos leitores, sinal de que a “Folha” cultiva cada vez mais os Coutinhos e Pondés. O grito de protesto da esquerda estava engasgado há tempos, e o apoio que obtive ao criticá-los, há algumas semanas, foi sinal disso.
Acontece que, se fizermos a conta, João Pereira Coutinho e Luiz Felipe Pondé estão cercados de Clóvis Rossi, Fernando Barros e Silva, Eliane Cantanhede, Ruy Castro, Carlos Heitor Cony, Marcos Nobre, Fernando Gabeira, Janio de Freitas e este que vos fala, grupo insuspeito de afinidades com a direita. Há Oderbrecht e Delfim, além de Sarney, pesando no outro lado da balança. Será que desequilibrou em favor da direita? Culpa em parte minha, então. Trato de me regenerar nos próximos artigos.
Veio então a carta de Fábio Konder Comparato, dedo em riste contra a pessoa do diretor de Redação, Otavio Frias Filho, chamando-o ao pelourinho em praça pública. O diretor de Redação reagiu chamando de cínica essa conclamação prosecutória. Konder Comparato excedeu-se, num gênero jacobino que contrasta com toda a retórica democrática em torno da liberdade de expressão. Tratava-se de defender Chávez, mais do que acreditar na tese de que a “Folha” teria passado a apoiar a ditadura. A resposta de Otavio a Comparato quis denunciar essa hipocrisia, essa indignação postiça, chamando-a de cínica.
O resultado, para a “Folha”, foi ruim em termos de imagem e de relações públicas. É óbvio que a “Folha” não passou a gostar das ditaduras ou das ditabrandas. É óbvio que não quer romper com a esquerda. A esquerda, entretanto, há tempos quer romper com a Folha, por bons ou maus motivos. Não sei o que ganha com isso. Sei o que quer preservar nessa atitude: sua adesão a Chávez, a Fidel Castro, ao MST.
Não sei qual ditadura, dentre as três, prefiro: com certeza, eis regimes diante dos quais haverá alternativas bem mais “brandas”. Não que 1964 esteja entre elas. Mas gostaria de saber por que razão, entre a Folha e a esquerda, existem tantos atritos em torno do termo “ditadura”. Será que não estamos de acordo quanto ao que significa “democracia”?
terça-feira, 7 de outubro de 2008
A Estratégia de Bin Laden tá funcionando?
atLast night on Bill Maher, the comedian Gary Shandling, of all people, synthesized the connection between our current economic crisis and 9/11 and the Iraq War in a way I have not heard:
On 9/11, Al Qaeda had no expectation of a traditional military victory against the United States. The point of the attack was economic -- to draw the U.S. into expensive and protracted foreign wars that would deplete our resources and destabilize our government. By invading Iraq, George Bush became the happy idiot to assist Al Qaeda in this goal. Now, Sarah Palin and John McCain take the leaders of Al Qaeda at their word when they say Iraq is the major front in the war on terror.
Neither consider the possibility that Al Qaeda wants Iraq to be the major front because it furthers their goal of weakening the U.S. while inflicting minimal damage on their operations.
Seven years after 9/11, we are seeing Al Qaeda's long-term goal being realized: the destabilization and economic collapse of the United States. Even as it's happening, the people who supported it all along want to continue facilitating our own long-term disintegration by clinging to simplistic concepts of traditional military victory and defeat. In this sense, they are possibly the most myopic, least strategic thinkers in the history of this nation.
As Gary Shandling said, with this approach, our only hope of killing Osama Bin Laden is that he'll laugh himself to death.
My fear is that the real goal is not just to entrap the West in Iraq and Afghanistan for the rest of our lives but to trigger an even greater conflagration by being baited into a first strike on Iran. Yes: I know Shiite Iran and Sunni al Qaeda have little in common. But both must be loving the West's self-inflicted wounds of the past seven years and greatly anticipating the hotheaded McCain taking even more bait even further. Palin? Never in their wildest dreams ...