Codreanu
Na
matéria da capa do caderno Ilustríssima
da semana passada, a Folha reinventa o debate entre Caetano Veloso e Schwarz,
que supostamente seria o debate dos anos 60 entre o projeto nacional-popular do
PCB e a tropicália.
A propósito do lançamento do livro Martinha X Lucrécia, de Roberto Schwarz,
Caetano requenta não o debate em si com Roberto Schwarz, que só ocorreu via
imprensa quinze anos atrás (e não anos anos 60), mas suas críticas à esquerda
socialista, visando atingir o PT. A propósito
de rebater as críticas ao livro de Schwarz, passa a fazer divagações e ataques
sobre vários assuntos, inclusive sobre a Coreia do Norte, a respeito de quem
Schwarz e Marilena Chauí deveriam falar, no entender dele. No entanto, há muito
Marilena Chauí e Schwarz aderiram a uma versão banguela e inofensiva de
esquerda universitária que não se importa com as revoluções socialistas. A Folha poderia fazer um debate onde eles
falariam sobre isso e você, Caetano, debateria o livro do biógrafo de Torquato
que diz que ele se matou por amor a você, que tal? Aliás, não me parece que
Caetano tenha realmente lido o ensaio de Schwarz sobre ele, tal a quantidade de
digressões que compõem a entrevista. Fala-se que o maoísmo é “um pensamento de
um livro só”. É como se alguém dissesse que eu não confio na tropicália porque
é um sambinha de uma nota só!
Ao ser indagado se aproximou-se do
pensamento de direita, Caetano afirma que lê com prazer Roberto Campos e Olavo
de Carvalho (!). Noutro ponto da entrevista, diz que Marilena Chauí e Schwarz nunca
falam nada sobre as “paradas fascistas” na Coreia do Norte. Ora, ora, alguém que
gosta de Olavo de Carvalho e chama a Coreia do Norte de fascismo é quem, na
verdade, flerta com o fascismo. Quer saber
o que acontece na Coreia, Caetano? Leia o
blog solidaridade com a Coreia Popular. Mas já te adianto: o que acontece é
que lá tem um povo lutando por sua independência e por um sistema social e político
humano, ao contrário daqui, infelizmente. Já o que acontece aqui em Minas é
grave, Caetano, porque o Anastasia, governador fantoche do Aécio que você quer
ver presidente, manda bater em nós professores, quando fazemos greve. Isso sim é
algo poderia acontecer no fascismo, pois na “fascistália”, por exemplo, fazer
greve era crime e os direitos dos intelectuais e judeus eram pisoteados.
E ele comenta que se dizer antistalinista era o “must” dos amigos
intelectuais com quem ele discutia no seu tempo de moço. Nesse tempo havia os
maoístas para desdizer isso, havia quem aproximasse Jovem Guarda e Guarda
Vermelha, mas só agora começamos a descobrir pesquisas históricas que comprovam
que quase tudo que escreviam sobre Stálin é mentira, inclusive o famoso relatório
Kruschev. Mentira, igualmente, é essa história de que Lula entregou os dois
boxeadores que pediram asilo político ao Brasil de volta para Cuba. Eles é que
quiseram voltar, tinham se perdido para delegação, pois foram vítimas de um
golpe, uma falsa promessa para irem lutar na Europa. Aliás, Fidel foi um
melhores críticos de Verdade Tropical
ao dizer que nesse livro ele pede desculpas ao imperialismo. Quando Caetano vê
Terra em Transe e vê boas perspectivas dali por diante, ele apenas entrega o
que Gilberto Vasconcellos observou: FHC e Caetano Veloso foram beneficiados com
o golpe de 64, uma vez que o golpe arrebentou com seus rivais: a esquerda
nacionalista do ISEB, o crítico José Ramos Tinhorão, o CPC da UNE, a bossa nova
nacionalista, todos que, a partir dali, em poucos anos seriam varridos,
primeiro pela ditadura militar, depois pela indústria cultural, que automatizou
os procedimentos da primeira.
Pode-se supor que Roberto Schwarz
pouco mais fez do que cozinhar as críticas de Fidel Castro, Gilberto Vasconcellos
e outros e servir numa sopinha acadêmica aguada.
Mas, ao propagandear um governador
cujo herdeiro manda bater em professores, se babar por Olavo de Carvalho e
Roberto Campos, fazer apologia do antistalinismo, é Caetano quem parece andar
flertando com o fascismo. Da Jovem Guarda à Guarda de Ferro! De Caetano
a...Codreanu!
CAETANO
2 comentários:
Contrariando o que Schwarz levou um jovem esquerdista a dizer de mim (que eu me situo, no espectro político, na centro-direita), a primeira reação que tive ao ler o texto de Ascher foi – confirmando o que Schwarz sugere sobre minha personalidade, isto é, que sou afeito a suspeitos arranjos harmonizadores entre forças antagônicas – pensar: se eu fosse escrever um artigo para a “Veja”, procuraria me colocar um pouco mais à esquerda
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Claro, Caetano, a mídia está toda com você. Só faltou seu amigo filosofascista Olavinho de Carvalho. Você tem mais é que ler o livro do Schwarz antes de comentar mesmo, pq comentar sem ler é burrice, como Lula mesmo te advertiu que vc anda burro. Seus puxa-sacos tão aí se manifestando: Wisnik, Ascher, Bosco, Euler Belém.
Abs do Lúcio Jr.
Insistindo em Martinha, Lucrécia e “Verdade tropical”, acho que eu deveria parar para escrever algo meditado sobre o caso
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Caetano, assumindo que não leu o livro do Schwarz...
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