Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Ao Dr Bertolino e ao povo de Bom Despacho. Graça e Paz
Por sugestão de um amigo e entusiasta do novo
socialismo, celestial, Professor de Filosofia Lúcio Junior Espírito
Santo, estou vos enviando o trabalho BOM DESPACHO E A SENHORA DO SOL.
Ora,
sabemos que na natureza quando chega o tempo específico, certos animais
migram para outras regiões e ali dão à luz aos seus filhotes. Eles irão
dar à luz naquele lugar específico preparado para eles pela própria
Natureza-Deus. Eles sentem que tem de ser ali e em nenhum outro lugar.
E
sabemos que o livro do Apocalipse trás o nascimento escatológico, como
segue: E viu-se um grande sinal no céu, uma mulher vestida do sol e
tendo a lua debaixo dos seus pés, e na sua cabeça havia uma coroa de
doze estrelas, e ela estava grávida. E ela clama nas suas dores e na sua
agonia de dar à luz.
Uma
vez que Bom Despacho foi fundado por portugueses que aqui chegaram, no
século XVIII, e trouxeram junto devoção a Nossa Senhora do Bom Despacho,
que em Portugal era conhecida como a Senhora do Sol, ora, esta Senhora
do Sol não é a mesma mulher do livro do Apocalipse vestida do sol? E uma
vez que ela imigrou de Portugal para o Brasil, para esta região do
Estado de Minas Gerais, não é porque a presciência de Deus tinha um
plano de ser aqui o local em que a mulher do Apocalipse daria à
luz seu filho, que diz a Palavra de Deus e não a palavra do homem há de
governar as nações com vara de ferro, que entendemos governar as nações
com a autoridade da Palavra de Deus?
E
porque a Senhora do Sol imigrou de Portugal para o Brasil? Teria sido
porque o Deus que não faz nada sem antes revelar aos seus escravos, os
profetas, tinha revelado para filhos seus que o filho varão que há de
governar as nações com vara de ferro
iria nascer, não da nação de Israel, como muitos estão esperando, mas
da nação de Portugal? Não de Israel, mas de uma terra distante, como
assim profetizou o profeta Isaías – Aquele que desde o nascente chama a
ave de rapina, de uma terra distante o homem para executar o meu
conselho. Eu até mesmo o falei; também o introduzirei. Eu o formei,
também o farei, Isaías 46.11?
Vejamos o primeiro vaticínio a esse respeito, de que
Portugal estava nos planos de Deus para uma grande obra debaixo dos céus: "Vossa
santa geração será maravilhosa sobre a Terra, entre a qual haverá um de
vossos descendentes que será como o Sol entre as estrelas... Reformará a
Igreja de Deus. Fará o domínio do mundo temporal e espiritual e regerá a
igreja de Deus... Purificará a humanidade, convertendo todos à lei de
Deus; será fundador do Reino Universal de Deus na Terra ou da Nova
Religião, em que todos adorarão o verdadeiro Deus... Será fundador de
uma religião como nunca houve", carta que frade franciscano
Francisco de Paula, italiano nascido em Paola no ano de 1416 e falecido
na França em 1507, escreveu a seu amigo português e filósofo Simão
Ximenes, entre 1445 e 1462.
Vejamos
o segundo vaticínio a esse respeito, e este vem do judeu cristianizado
Bandarra, um sapateiro que era poeta e escreveu em prosas que o Quinto
Império, aquele que aparece no livro do profeta Daniel, que seria
estabelecido por Deus na terra na destruição da estátua, que representa
todos os reinos opressores, e que jamais passaria a outro domínio
(Daniel 2.44), sim, Bandarra escreveu em prosa que este Quinto Império
iria nascer das entranhas de Portugal. Segundo Bandarra o Calvário o
confiou a Portugal.
E
o terceiro vaticínio a esse respeito vem de Padre Vieira. Padre Vieira,
o homem que mais difundiu o mito do Encoberto, que fez nascer o mito do
sebastianismo e que nas trovas de Bandarra aparecia como estando em uma
ilha distante, chamada por ele deIlhas Afortunadas, e que
segundo Fernando Pessoa o rei morava esperando o dia da sua volta, ora,
Padre Vieira não teve dúvida de que este rei Encoberto que se
achava nas Ilhas Afortunadas esperando o dia de sua volta, e que muitos
místicos entenderam era uma referência ao Brasil, não era outro senão o
Novo Davi, o Novo Davi das páginas do Velho Testamento que iria
governar a terra com justiça e com equidade, de modo que no seu governo
o amor e a verdade iriam se encontrar, a justiça e a paz iriam se
beijar.
E
convicto de que este
Novo Davi das páginas do Velho Testamento era o mesmo das trovas do
Bandarra, então Padre Vieira, como um Novo Samuel, se dirigiu a reis de
Portugal para ungi-los com a graça de Deus e eles, a partir da coroa
portuguesa, então restabelecer muito mais do que as glórias passadas de
Portugal: restabelecer as glórias do Paraíso perdido de Deus. Certamente
que tocado pelo espírito de Deus, foi assim que Padre Vieira se dirigiu
ao rei D. João IV para ungi-lo o rei universal do Reino de Deus. E
sentindo que Deus não tinha escolhido D. João IV então Padre Vieira se
dirigiu a um novo monarca português, Dom Afonso, fazendo-o passar diante
de si coma unção divina em suas mãos. Se não fosse também Dom Afonso
Padre Vieira estava convicto que seria alguém da coroa de Portugal.
(Samuel, no alto do orgulho humano, procurou para ungir rei de Israel os
filhos de Jessé mais bem aparentados. Mas Deus não escolheu nenhum
deles senão o mais moço, que
estava ausente, pastoreando as ovelhas, Davi. E a história iria
novamente se repetir, pois que este rei universal seria sim da
descendência de Portugal, como se acha nas cartas de frade franciscano
Francisco de Paula e nas trovas do Bandarra, todavia que não
necessariamente um monarca português, como creu Padre Vieira. E Adamir
Gerson – Gerson Soares de Melo – que no ano de 78, quando teve o seu
encontro teofânico, era então um jovem de 25 anos, a mesma idade em que
foi morto no ano de 1578 o jovem rei português Dom Sebastião, de cuja
morte surgiu o mito do sebastianismo, ora, Adamir Gerson é o mais
simples dos humanos, a ponto que não ostenta nem mesmo os títulos comuns
oferecido pelas Universidades, que dirá os oferecidos pelas realezas).
Bem,
se tudo que foi falado é a mais pura verdade, como de fato é, de que
tem chegado o tempo específico para Deus cumprir o que se achou na sua
presciência, o dia em que a mulher vestida do sol daria à luz ao seu
filho varão, com a missão de fazer com que todo joelho se curve diante
de Deus, então tudo agora está nas mãos e no poder de Dr. Bertolino, a
quem foi indicado pelo Professor Lúcio Junior Espírito Santo como um
homem de conhecimento e de sensibilidade em condições de compreender os
mistérios e o Chamado de Deus.
A Ceia Nova de Jesus
Mateus
26.26 assim diz: Ao continuarem a comer, Jesus tomou um pão, e, depois
de proferir uma benção, partiu-o, e, dando-o aos discípulos, disse:
Tomai, comei. Isto significa meu corpo. Tomou também um copo, e, tendo
dado graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele, todos vós; pois isto
significa meu “sangue do pacto”, que há de ser derramado em benefício de
muitos, para o perdão de pecados. Eu vos digo, porém: Doravante, de
modo algum beberei deste produto da videira, até o dia em que o beberei
novo, convosco, no reino de meu Pai.
Ora,
claramente nestas palavras escritas por Mateus está claro que Deus
tinha uma Ceia nova, especial, para realizar no final dos tempos. Uma
Ceia que seria realizada em conexão com o advento do Reino de Deus. Se
as Ceias tradicionais realizadas por católicos e evangélicos tem o poder
de fazer com que todos que participam delas recordem do sacrifico de
Jesus na cruz, esta Ceia especial, nova, todos aqueles que dela
participassem adquiririam a consciência de que Jesus se deixou
sacrificar na cruz para que todos vivessem em igualdade. Todos aqueles
que dela participassem adquiririam a consciência de que o
pão que Jesus partiu e deu de comer aos seus discípulos o mesmo
representava a sua igualdade material; e o vinho que deu de beber a eles
significava a sua igualdade espiritual. Em Jesus habita tanto a
igualdade espiritual como a igualdade material. Igualdade espiritual que
quer dizer o seu amor e o seu respeito ao corpo que ama e gera a vida, o
corpo da mulher; e igualdade material que quer dizer o seu amor e
respeito ao corpo que trabalha e gera todas as riquezas, o corpo do
trabalhador. É este o profundo significado de ser dito no texto sagrado
que esta Ceia Nova de Jesus, especial, ela iria se manifestar EM CONEXÃO
COM O ADVENTO DO REINO DE DEUS!
Ora,
estamos no ano de 1995, nos seus primeiros minutos. Neste preciso
momento em que astrônomos amadores avistam o cometa Hale-Bope Adamir
Gerson recebe as revelações do Alto de que chegou o momento da mulher
gloriosa de Apocalipse 12, a mulher vestida do sol e tendo a lua debaixo
dos seus pés, e na sua cabeça uma coroa de doze estrelas, der à luz ao
fruto no seu ventre. A bolsa no seu ventre rompeu-se e ela entrou em
processo de parto.
Como
por esses dias iria haver num Assentamento próximo um sorteio ocasião
em que seria feito um sorteio para a distribuição de lotes para
sem-terras que ainda estavam acampados na beira da estrada, então Adamir
Gerson e seu ajudador Benedito se dirigiram a Deolinda, esposa do líder
sem-terra José Rainha. E expuseram a ela a intenção de realizar esta
Ceia Nova de Jesus, especial, entre sem-terras, que então estariam
participando do sorteio.
E
Deolinda quando ouviu as boas novas ficou irradiante, cheia do
espírito. Tendo permitido a realização do evento no momento do sorteio,
ocasião em que após algumas palavras sobre a necessidade do reino de
Deus neste mundo então iria ser distribuído para cada presente um pedaço
de pão e um cálice com vinho; e todos que participassem dela então
iriam adquirir a consciência que era missão de cada um lutar para que um
mundo de partilha, de cooperação, de solidariedade, tomasse o lugar
deste mundo de competição desigual, de
exploração de uns sobre outros, ora, com a permissão da Deolinda, que
partiu do coração, a verdade é que Adamir Gerson, Benedito e mais o
jovem Marcos os três saíram pela cidade a fim de conseguir o que fosse
necessário, aparelho de som, mesa e etc. E quando se preparavam para ir
ao Assentamento então não puderam o realizar, porque seu líder, José
Rainha, poucos dias antes, não permitiu, frustrando todo o seu trabalho.
Saindo
dali, tentaram realizar a Ceia Nova de Jesus no município de Estrela do
Norte naquele que era domingo de Páscoa. E umas senhoras ficaram
radiantes com a notícia e se puseram a trabalhar para que tal evento
acontecesse em sua cidade. Até conseguiram com um sitiante do município,
Toninho Tozo, que o mesmo fosse com seu carro nos sítios próximos e
trouxesse jacás. E os jacás seriam postos no lugar da festa. Então as
pessoas trariam de suas casas pão feitos em casa e litros de vinho e os
colocariam nos jacás. E na hora da distribuição então as mãos tomariam
os pães e dariam pedaços para cada presente, junto com um cálice de
vinho.
Não
tendo também acontecido no município, porque uma autoridade do
município interveio e meteu medo nas mulheres que estavam envolvidas em
sua organização, ainda naquele ano de 1995 por uma terceira vez se
esforçaram para realizar a Ceia Nova de Jesus, agora no município de
Presidente Bernardes, que também não aconteceu porque, mais uma vez, uma
intervenção externa levou tudo a perder.
E
nos anos seguintes Adamir Gerson intentou realizar tão grande evento
debaixo dos céus, que não obstante a sua simplicidade, todavia teria um
significado muito grande na vitória do Reino de Deus sobre os reinos
deste mundo. E quando parecia que o mesmo iria ser realizado eis que
surgia alguma coisa contrária e tudo era cancelado.
Mas
Adamir Gerson não estava só, e o próprio Espírito dava testemunho, de
modo que ficava sabendo, deveras, que cada uma das tentativas era na
verdade uma contração que a mulher gloriosa de Apocalipse 12 sofria no
seu parto. E o Espírito continuava a dar testemunho que iria chegar um
momento e, então, a mulher iria dar à luz ao fruto no seu ventre. E as
forças das trevas iriam reagir, tentando impedir, mas as forças do Reino
iriam batalhar e as forças do dragão iriam ficar sem o seu lugar no
céu.
Desde
aquele dia passou-se dezessete anos. E fica a pergunta: não pode ser
que a mulher gloriosa de Apocalipse 12, a Senhora do Sol, dê à luz ao
seu filho em Bom Despacho, lugar que a presciência de Deus teria
preparado para ela? Numa grande festa que então aconteceria em Bom
Despacho quiçá no dia 07 de Setembro, quando neste dia, a população
inteira de Bom Despacho participando do seu evento, então ao final todos
participarão da Ceia Nova de Jesus, a sua Ceia especial, que ele disse
participaria dela quando
aparecesse nova, no reino de seu Pai? De modo que neste dia cada um de
seus habitantes que acreditaram e tiveram fé no Chamado Divino então
levarão à sua boca um pedaço de pão e um cálice com vinho, simbolizando
que neste dia a luta de Jesus Cristo por uma terra de justiça e paz
entrou em suas vidas, fazendo nelas uma morada eterna?
E
todos participarão desta Ceia Nova de Jesus?
Sim, porque Jesus quando esteve na terra então contou uma parábola de
um rei que fez uma festa de casamento para seu filho. E ele mandou os
seus escravos chamar os seus convidados à festa de casamento, mas não
quiseram vir. Mandou novamente outros escravos, dizendo: Dizei aos
convidados: Eis que tenho preparado o meu repasto, meus touros e animais
cevados já foram abatidos e todas as coisas estão prontas. Vinde à
festa de casamento. Mas eles, indiferentes, foram embora, um para o seu
próprio campo, outro para o seu negócio comercial. E Jesus prossegue na
sua narrativa então dizendo que o rei ficou furioso e enviou os seus
exércitos, e destruiu aqueles assassinos e queimou a cidade deles. E
Jesus concluiu o seu dito parabólico, dizendo aos seus escravos: A festa
de casamento, deveras, está pronta, mas os convidados não eram dignos.
Ide, portanto, às estradas que saem da cidade e convidai a qualquer um
que achardes para a festa de
casamento. Concordemente, esses escravos foram às cidades e ajuntaram a
todos que acharam, tanto iníquos como bons; e a sala para as cerimônias
do casamento ficou cheia dos que se recostavam à mesa.
O
que seria isso? Por ventura que uma festa assim seria realizada em Bom
Despacho no dia 07 de setembro deste ano de 2012, ano de grande
expectação mística, ou numa data do mês de
setembro, de modo que os jovens de Bom Despacho sairiam por toda a
cidade chamando o seu povo para participar de tão grande festa que é uma
promessa contida na Palavra de Deus? De modo que neste dia 07 de
setembro toda a população de Bom Despacho irá participar da primeira
Ceia Nova de Jesus sobre a terra, com os seus jacás se enchendo de pão e
de vinho trazidos pelos seus jovens, e cada habitante de Bom Despacho,
que tem fé e acredita no poder da Palavra de Deus e de suas promessas
para aqueles que amam, após a celebração levando à boca um pedaço de pão
e um cálice com vinho? E será então, neste dia da verdadeira
independência, pois só há independência verdadeira em Cristo Jesus, que o
Quinto Império que Padre Vieira tanto falou e tanto esperou, estará
começando a ser construído sobre a terra, pois, deveras, pelos homens e
mulheres que escolheu a partir deste dia os reinos do mundo começarão a
se tornar em reino de nosso
Senhor e do seu Cristo, como são as imagens de Apocalipse 11.15-18? Ora
vem Senhor Jesus e derrama as suas ricas bênçãos sobre o povo de Bom
Despacho
Com
a palavra final Dr. Bertolino e os jovens de Bom Despacho o primor de
toda e qualquer transformação na terra. A força da transformação.
“Hoje
eu tive um sonho / Que foi o mais bonito / Que eu sonhei em toda a
minha vida / Sonhei que todo mundo vivia preocupado / Tentando encontrar
uma saída / Quando em minha porta alguém tocou / Sem que ela se abrisse
ele entrou / E era algo tão divino / Luz em forma de menino / Que uma
canção me ensinou / Tinha na inocência a sabedoria / Da simplicidade e
me dizia / Que tudo é mais forte quando todos cantam / A mesma canção e
que eu devia / Ensinar a todos por aí /
E quantos mais houvesse para ouvir / E a fé em cada coração / Na força
daquela canção / Seria ouvida lá no céu por Deus / E saí cantando meu
pequeno hino / Quando vi que alguém também cantava / Vi minha esperança
na voz de um menino / Que sorrindo me acompanhava / Outros que brincavam
mais além / Deixavam de brincar pra vir também / E cada vez crescia
mais aquele batalhão de paz / Onde já marchavam mais de cem / De todos
os lugares vinham aos milhares / E em pouco tempo eram milhões /
Invadindo ruas, campos e cidades / Espalhando amor aos corações / Em
resposta o céu se iluminou / Uma luz imensa apareceu / Tocaram fortes os
sinos / Os sons eram divinos / A paz tão esperada aconteceu / Inimigos
se abraçaram / E juntos festejaram / O bem maior, a paz, o amor e Deus.
Oxalá que essa cidade que Caetano Veloso viu brilhando sobre ela a luz do menino Deus seja mesmo a cidade de Bom Despacho. Uma luz que se levantará de Bom Despacho e, como um relâmpago, será vista até a extremidade da terra, sobre todas as cidades da terra. E oxalá que a guerra dos meninos que Roberto Carlos viu acontecendo na terra ela nasça a partir dos jovens de Bom Despacho, os seus meninos, que de posse do amor e da verdade do filho da virgem que o profeta Isaías a viu dando-o à luz, virgem esta que é a mesma mulher vestida do sol do livro do Apocalipse, então se lançará a um processo para transformar a terra e todas as suas relações sociais, não por violência e nem por força militar, mas pelo poder da Palavra de Deus que principiará a mostrar o seu poder por levantar uma cidade inteira do Estado de Minas Gerais na construção das boas novas do reinado de Jesus Cristo, e após ela as demais cidades do Estado de Minas Gerais, e as demais cidades do Brasil, e as demais cidades da América Latina, até que todas as cidades da terra se levantaram na construção do reinado de paz e de justiça de Jesus Cristo. Deus enxugou dos seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. As coisas anteriores já passaram. Ora vem Senhor Jesus e faze brilhar a sua luz sobre a cidade de Bom Despacho.
Oxalá que essa cidade que Caetano Veloso viu brilhando sobre ela a luz do menino Deus seja mesmo a cidade de Bom Despacho. Uma luz que se levantará de Bom Despacho e, como um relâmpago, será vista até a extremidade da terra, sobre todas as cidades da terra. E oxalá que a guerra dos meninos que Roberto Carlos viu acontecendo na terra ela nasça a partir dos jovens de Bom Despacho, os seus meninos, que de posse do amor e da verdade do filho da virgem que o profeta Isaías a viu dando-o à luz, virgem esta que é a mesma mulher vestida do sol do livro do Apocalipse, então se lançará a um processo para transformar a terra e todas as suas relações sociais, não por violência e nem por força militar, mas pelo poder da Palavra de Deus que principiará a mostrar o seu poder por levantar uma cidade inteira do Estado de Minas Gerais na construção das boas novas do reinado de Jesus Cristo, e após ela as demais cidades do Estado de Minas Gerais, e as demais cidades do Brasil, e as demais cidades da América Latina, até que todas as cidades da terra se levantaram na construção do reinado de paz e de justiça de Jesus Cristo. Deus enxugou dos seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. As coisas anteriores já passaram. Ora vem Senhor Jesus e faze brilhar a sua luz sobre a cidade de Bom Despacho.
Carta ao professor Emerson José Sena da Silveira
Caro professor Emerson:
Li em seu artigo "uma vasta alternativa teórica", da coleção Guias de Filosofia, uma interessante passagem. Ela se refere ao período Stálin nos seguintes termos: "Certas vertentes do marxismo seriam transformadas em ideologia de aparatos estatais, usada para repressões, perseguições e acusações. Basta lembrar Joseph Stálin e sua perseguição a Léon Trotsky, além dos expurgos que mataram milhões de camponeses e muitos intelectuais discordantes da ortodoxia comunista. Mas o marxismo ocidental, conceito tornado popular por Merleau Ponty (...)"
Paro por aqui, pois para mim bastou. Em primeiro, há vasta bibliografia que o senhor, como pesquisador, deveria conhecer (porque é evidente que você a ignora): Origens dos Grandes Expurgos, de Arch Getty, assim como Evidências da Colaboração de Trotsky com os Alemães e Japoneses, de Grover Furr, Fraude, Fome e Fascismo, de Douglas Tottle, assim como os trabalhos de Mark Tauget, especialista em fome de West Virginia. Essa bibliografia está só começando a ser traduzida via web. No entanto, ela mostra como é mentira tudo o que você disse aí. O marxismo não foi usado para perseguições, Lênin previa, em textos como o Discurso aos Ferroviários em 1921, que seria necessário combater rebeliões como a de Krondstadt, uma vez que as lutas de classe se agravam no socialismo. E o período Stálin mostrou isso: tanto se agravaram que o próprio Trotsky começou a colaborar com os serviços secretos da Alemanha, passando informações úteis aos inimigos da URSS. Ele foi expulso da URSS porque perdeu dentro do partido e liderava um grupo bonapartista que tentava fundir o partido por dentro.
Na época, até Gramsci apoiou que se destroncasse o grupo de Trotsky, aceitou a denominação de bonapartista dada a eles e, posteriormente, lançou a palavra de ordem: "Trotsky é a putana do fascismo".
Os expurgos democráticos são uma coisa, os conflitos da coletivização, outra inteiramente diferente. Não dê essa bandeira de burrice, meu caro. Não morreram "milhões de camponeses". Milhões de camponeses FORAM SALVOS da fome graças à coletivização, que não voltou a se repetir (e isso até o Gorbachev admitia em seu livro Perestroika) pela qual o governo deveria ter ganho o prêmio Nobel.
Merleau Ponty, que você cita a meu ver usando má fé e desconhecimento, é bem claro em Humanismo e Terror: "o destino de Trotsky é a política contra-revolucionária". Isso é mais do que nunca verdade hoje em dia. Enquanto não derrotarmos o trotsquismo que infesta a esquerda brasileira, duvido que ela como um todo possa avançar.
Mas isso não tem muito a ver com você: a fúnebre bandeira das estrelas, que serve como mortalha para a classe operária da Síria, do Iraque e da Líbia e de todo o terceiro mundo, para você, "carrega o destino de sua classe".
Atenciosamente, professor Lúcio Jr.
Li em seu artigo "uma vasta alternativa teórica", da coleção Guias de Filosofia, uma interessante passagem. Ela se refere ao período Stálin nos seguintes termos: "Certas vertentes do marxismo seriam transformadas em ideologia de aparatos estatais, usada para repressões, perseguições e acusações. Basta lembrar Joseph Stálin e sua perseguição a Léon Trotsky, além dos expurgos que mataram milhões de camponeses e muitos intelectuais discordantes da ortodoxia comunista. Mas o marxismo ocidental, conceito tornado popular por Merleau Ponty (...)"
Paro por aqui, pois para mim bastou. Em primeiro, há vasta bibliografia que o senhor, como pesquisador, deveria conhecer (porque é evidente que você a ignora): Origens dos Grandes Expurgos, de Arch Getty, assim como Evidências da Colaboração de Trotsky com os Alemães e Japoneses, de Grover Furr, Fraude, Fome e Fascismo, de Douglas Tottle, assim como os trabalhos de Mark Tauget, especialista em fome de West Virginia. Essa bibliografia está só começando a ser traduzida via web. No entanto, ela mostra como é mentira tudo o que você disse aí. O marxismo não foi usado para perseguições, Lênin previa, em textos como o Discurso aos Ferroviários em 1921, que seria necessário combater rebeliões como a de Krondstadt, uma vez que as lutas de classe se agravam no socialismo. E o período Stálin mostrou isso: tanto se agravaram que o próprio Trotsky começou a colaborar com os serviços secretos da Alemanha, passando informações úteis aos inimigos da URSS. Ele foi expulso da URSS porque perdeu dentro do partido e liderava um grupo bonapartista que tentava fundir o partido por dentro.
Na época, até Gramsci apoiou que se destroncasse o grupo de Trotsky, aceitou a denominação de bonapartista dada a eles e, posteriormente, lançou a palavra de ordem: "Trotsky é a putana do fascismo".
Os expurgos democráticos são uma coisa, os conflitos da coletivização, outra inteiramente diferente. Não dê essa bandeira de burrice, meu caro. Não morreram "milhões de camponeses". Milhões de camponeses FORAM SALVOS da fome graças à coletivização, que não voltou a se repetir (e isso até o Gorbachev admitia em seu livro Perestroika) pela qual o governo deveria ter ganho o prêmio Nobel.
Merleau Ponty, que você cita a meu ver usando má fé e desconhecimento, é bem claro em Humanismo e Terror: "o destino de Trotsky é a política contra-revolucionária". Isso é mais do que nunca verdade hoje em dia. Enquanto não derrotarmos o trotsquismo que infesta a esquerda brasileira, duvido que ela como um todo possa avançar.
Mas isso não tem muito a ver com você: a fúnebre bandeira das estrelas, que serve como mortalha para a classe operária da Síria, do Iraque e da Líbia e de todo o terceiro mundo, para você, "carrega o destino de sua classe".
Atenciosamente, professor Lúcio Jr.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Melancolia: uma obra-prima?
Melancolia: obra-prima de Lars Von Trier?
Neste filme, pode-se dizer que Lars
Von Trier usou uma estética inspirada na ópera de Wagner, com as primeiras cenas, por
exemplo, funcionando como um prelúdio. No filme, Isolda é Justine e o planeta
Melancolia é Tristão. O diretor interpreta a lenda como sendo um êxtase da morte e não
do amor. Isolda (Justine) tem seu cavalo negro e seu desejo de morte. A
chegada de Tristão virá restabelecer a ordem. Para a visão de mundo presente no
filme, a vida na Terra é tudo menos boa. Não se perde nada se ela tiver um fim. Justine é o alter ego de Lars Von Trier no filme.
A teoria sobre a vida na Terra ser triste é exposta nas imagens do casamento: a família é rica e bela, mas vazia e descrente. A personagem Claire simboliza a beleza e a limpeza. Na medida em que o planeta Melancolia se aproxima, trazendo o risco da morte, mais Justine fica segura e tranqüila. Isolda vem trazer a sua redenção e cura. A mensagem é que quem é doente e´quem aparentemente é equilibrado. Além de Wagner, o filme também faria referência a quadros medievais, entre os quais um de Tristão e Isolda e do beijo de Klimt, substituindo quadros de Malevitch. A visão de Von Trier seria totalitária, no sentido de tentar fazer uma obra de arte total, falando de tudo. A referência à sinfonia de Beethoven se deveria ao fato de que Wagner rejeitou Beethoven devido ao uso do coro. A cabana mágica que Justine, Claire e seu sobrinho alemão fizeram juntos seria referência às obras do artista Joseph Beuys.
A intenção de Lars Von Trier é fazer a gesamtkunstwerk, ou seja, a obra de arte total, tal como Richard Wagner. O encontro de Tristão e Isolda seria marcado pela imagem onde ela é jogada numa pedra –daí viria essa imagem do encontro entre os dois planetas. A gesamtkunstwerk (obra de arte total) seria a visão cósmica de Wagner, com Isolda envolvida em brumas espaciais e cósmicas. O que Von Trier quer tratar aqui é de um processo radical de dissolução. Videografia: Filmanalysis.
A teoria sobre a vida na Terra ser triste é exposta nas imagens do casamento: a família é rica e bela, mas vazia e descrente. A personagem Claire simboliza a beleza e a limpeza. Na medida em que o planeta Melancolia se aproxima, trazendo o risco da morte, mais Justine fica segura e tranqüila. Isolda vem trazer a sua redenção e cura. A mensagem é que quem é doente e´quem aparentemente é equilibrado. Além de Wagner, o filme também faria referência a quadros medievais, entre os quais um de Tristão e Isolda e do beijo de Klimt, substituindo quadros de Malevitch. A visão de Von Trier seria totalitária, no sentido de tentar fazer uma obra de arte total, falando de tudo. A referência à sinfonia de Beethoven se deveria ao fato de que Wagner rejeitou Beethoven devido ao uso do coro. A cabana mágica que Justine, Claire e seu sobrinho alemão fizeram juntos seria referência às obras do artista Joseph Beuys.
A intenção de Lars Von Trier é fazer a gesamtkunstwerk, ou seja, a obra de arte total, tal como Richard Wagner. O encontro de Tristão e Isolda seria marcado pela imagem onde ela é jogada numa pedra –daí viria essa imagem do encontro entre os dois planetas. A gesamtkunstwerk (obra de arte total) seria a visão cósmica de Wagner, com Isolda envolvida em brumas espaciais e cósmicas. O que Von Trier quer tratar aqui é de um processo radical de dissolução. Videografia: Filmanalysis.
segunda-feira, 9 de julho de 2012
A trajetória de um "traveco bolchevique": Paulo Francis
Hoje às onze horas a GNT alimentará mais uma vez o mito Paulo Francis, apresentando um documentário dele ao lado de documentários sobre Tom Zé e Niemeyer. Francis voltou à baila no debate político brasileiro, com sua voz mediunizada por Luiz Felipe Pondé, cronista da Folha e defensor apaixado do senso comum que se traveste, conforme o contexto, em professor universitário das privadas, teólogo, psicólogo, judeu, ateu, ideólogo da direita brasileira, filósofo paulofranciscano e o escambau. Pondé "cita" livremente Francis, acho que, colocando na boca dele frases e ataques que Pondé gostaria de fazer e dizer.
Pondé hoje faz o papel de Paulo Francis em 1989, quando a Folha colocou-o para detratar Lula e o PT. Assim como Caio Túlio Costa qualificou Francis de ficcionista, os textos de Pondé são crônicas, são textos ficcionais onde as informações não devem ser levadas a sério, pois operam no campo ideológico, fazendo sistematicamente inversões, transmitindo falsas informações e disseminando falsa consciência. O mesmo se pode dizer de seu "besta-seller" O Manual do Politicamente Correto. Quanto aos seus outros livros como Crítica e Profecia, como felizmente ele os submeteu ao poder disciplinar da academia, ele não conseguiu exercer seu dom fabulesco. Na Folha, atuando em "sintonia fina" com o chefinho Otavinho Frias Filho, Pondé age como ponta de lança da linha editorial do jornal e é muito mais manso do que Francis, que, anarco-trotsquista, rebelava-se e criticava os próprios pares, causando um desequilíbrio que terminou em sua demissão. Isso agora não acontece, pois Pondé, frouxo e covarde, jamais cita o nome de ninguém. Ele critica, veladamente, até mesmo o leitor da Folha, que chama de idiota, assim como Foucault (que para ele seria um ideólogo gay xiita), mas não critica ninguém vivo que lhe possa responder.
Pondé supõe que as universidades federais são um aparelho ideológico do PT, esquecendo que, antes disso, elas são aparelho ideológico do estado numa sociedade capitalista, estado com o qual elas estabelecem uma delicada e complexa relação de aproximação e afastamento, assim como estabelecem relação semelhante a TV Globo e os jornais.
Pondé, ao aliar-se com o chefinho, solta as amarras da imaginação no jornal, onde, estando em sintonia com o chefinho e sem citar nomes, ele pode simplesmente mandar ver qualquer besteira.
Pondé tem em comum com Francis o conservadorismo cultural e o liberalismo econômico, assim como o gosto pelas inversões. Francis diz, em Diário da Corte, que Machado de Assis é coloquial, que Malcolm X e Lukács são conservadores, que Freud não gostava de psicanálise (na verdade, supõe-se que ele não era um bom clínico). E por aí vai. Os erros pululam, são quase um por linha, como se disse da biografia de Glauber Rocha por Nelson Motta. Pondé diz que Paulo Francis entendia muito de psicanálise. Na verdade, Paulo Francis demandava tratamento psiquiátrico, uma vez que sofria de um transtorno mental: era um depressivo crônico. Isso é bem notável em seus textos, onde o impulso dele é colocar tudo e todos para baixo, degradando todo mundo.
Em Diário da Corte, no verbete incesto, Francis diz que o texto Três teorias sobre a sexualidade, de Sigmund Freud, seria sobre "nossas ambivalências profundas". Huum. Ora, o texto inicia-se falando justamente dos invertidos, que é como ele chama os homossexuais. Em outro verbete do mesmo livro, Francis diz que Freud não falou sobre a homossexualidade em textos, "somente em cartas". Será que ele não leu o texto que ele indica?
Esse "Da Mata" em seu nome que apareceu lido por um jornalista global
provavelmente é parte de suas ambivalências. Sempre se diz dele que ele
era filho de alemães, mas parece que esconde que também tem uma origem brasileira. Ambivalências de um trotsquista da nobre linhagem de Reinaldo
Azevedo e Gerald Thomas...
Eu até gosto do Paulo Francis de Opinião Pessoal (1966), livro de Francis com prefácio de Glauber Rocha, infelizmente não reeditado pela família, de autoria de Franz Paul Trannin Da Mata Heilborn. Esse tipo de gesto, a não-edição de obras por supostamente serem de esquerda, só demonstra sectarismo e a burrice. Lendo com atenção, pode-se observar que Francis sempre teve "ambivalências profundas". E isso em muitos sentidos...
Filho de um comerciante, passou um tempo em Nova Iorque na adolescência, mas nunca foi de estudo sistemático. Esse traço curioso parece unificar os escolhidos para o programa Manhattan Connection: nem Francis, nem Olavo de Carvalho, Diogo Mainardi ou Gerald Thomas têm curso superior completo, terminaram apenas o ensino médio. Se não estivessem abençoados pela vênus platinada do monopólio, ficariam mal colocados até em concurso de gari no Brasil, concursos que hoje contam com muitos candidatos com doutorado.
Francis escreve, no ensaio sobre Jango em Opinião Pessoal, que a esquerda esquece o elementar leninismo que é organizar-se, mas que nunca militou em organizações (ou seja, não segue os próprios conselhos). Logo em seguida, debochado, ele alega que não milita porque já frequentou muito tempo a igreja católica (???). E ele é sempre assim, representa a classe média. Essa classe sempre oscila entre capital e trabalho, donde advém suas ambivalências. Trotsky era de uma família de classe média em Odessa. Francis era da classe média tradicional carioca. Mesmo quando elogia Eles Não Usam Black-Tie e parece estar em sintonia com o nacional e o popular, Francis ataca, em outro momento, o teatro de Ariano Suassuna. Sempre que a gente acha que ele se define, ele está num posição dúbia.
Há alguns foi citado na Folha a ideia de voltar com o CPC da UNE e veio à baila a proximidade de Francis com a proposta. Os tolos conhecedores somente do Francis terminal ridicularizaram a informação, de resto verdadeira. E só pode ser corretamente entendida se compreendermos a ambiguidade de Francis: ele se aproximava desse tipo de iniciativa na área do teatro para poder fazer valer a sua autoridade em teatro adquirida nos USA, onde, apesar de gargantear tanto, nunca se formou em nada.
Derrubado Jango, Francis se apressa em proclamar a "falência das esquerdas". O golpe de 64 foi o grande tombo da carreira de Francis. Até então ele tinha fracassado como diretor e ator de teatro, passando a atuar como crítico no Correio Carioca, que pagava mal e atrasava, de onde saiu para a Última Hora, que era o jornal mais moderno e progressista do País, jornal que Vargas criou para combater a imprensa golpista (lição que o PT até hoje não entendeu e que irá pagar caro, muito caro). Como ator, colocavam o Francis com papéis como o de padre em Romeu e Julieta, o que não deixava de ser lucidez por parte do diretor. Francis passou da área cultural (que era na verdade sua área) para política, buscando maior audiência. Trabalhando próximo aos governos de JK e Jango no Última Hora, ele teve tudo o que sempre quis: acesso franqueado a festas, informações privilegiadas para bravatear nos bares e restaurantes com os amigos. Seu grande tombo foi o golpe.
Sem acesso à elite do jornalismo devido ao golpe de 64, estigmatizado no Brasil por ter estado bem próximo a Jango e Arraes (e não a Brizola, que sempre achou muito radical), nos anos 70 Francis foi aos USA para reintegrar-se na ótica do colonizador e levar um "choque de capitalismo", tal como José Serra e Fernando Henrique Cardoso. A partir da metrópole, com o passar do anos ele consegue se reintegrar no jornalismo próximo ao poder, ficando bastante próximo dos amigos Serra e FHC no primeiro governo deste, com os quais inclusive acreditava que poderia contar para suas difamações e calúnias contra a Petrobrás.
Eu, pessoalmente, detestava o programa Manhattan Connection com ele ("locutor brega", como o chamou Gilberto Vasconcellos), assim como achava horrivelmente mal escritas suas crônicas do Diário da Corte em O Tempo. Possivelmente Daniel Piza também achava, tanto que opta por somente publicar alguns trechos em Diário da Corte, organizando o material como um dicionário e nos poupando da besteirada que eram essas crônicas.
Num desses programas, depois da morte de Francis, Lucas Mendes disse que o partido republicano era o partido do coração de Francis. Caio Blinder atalhou: "não só do coração, mas do bolso". Ora, Francis era financiado de fora para escrever aquelas coisas que escrevia? Talvez essa hipótese explique os Olavos de Carvalho e Mainardis da vida, assim como sua relação de amor com o exterior e ódio ao Brasil...
O trotsquismo de Francis sempre foi um ataque a Lênin. No verbete Carlos Lacerda do Diário da Corte ele também critica Lênin, apontado-o como sendo um marxista ruim e pouco fiel a Marx e Engels ("os originais"). Também em Diário da Corte, Francis defendeu a inocência de Bukharin nos Processos de Moscou e ainda sugeriu que o sensato, no momento da revolução de 17, seria "entregar o governo para um regime burguês de esquerda". Nisso, Francis também é trotsquista. Trotsky, depois do fracasso da revolução alemã, colocou para o partido bolchevique esse dilema, na verdade a aplicação da teoria da revolução permanente: ou se volta ao que havia antes de 17 ou a União Soviética aplicava o bonapartismo invadindo a Alemanha e impondo o comunismo, ideia na qual Trotsky já tinha fracassado em 1920 ao invadir a Polônia junto ao Marechal Tukachevsky (ao qual ele se aliará para dar um golpe nos anos 30). Era o ídolo de Francis insistindo no erro.
Nisso Francis interpretava Trotsky muito bem. Não é à toa que ele morreu sob um quadro de Trotsky. Ele tem realmente tudo a ver com Trotsky: personalista e egocêntrico, sempre com Napoleão na barriga, Trotsky começa como menchevique, vive atacando Lênin, a quem chama de ditador e burocrata. Lênin, em carta, observa com razão que ele é um burocrata que apenas se traveste de bolchevique. Traveste-se de bolchevique entre 1917 e 1929, mas sempre buscando fundir o partido por dentro e destruir o leninismo, até que é expulso. Ele passa, então, a repetir as acusações que fazia contra Lênin a Stálin, além de aprofundar, junto de seu grupo, a colaboração junto aos serviços secretos da Alemanha e o Japão, estando direta ou indiretamente envolvido em atentados violentos ocorridos na URSS nos anos 30, inclusive o atentado contra o prefeito de Leningrado. Apesar de tudo isso, pela oportunidade que dá de fazer uma crítica "de esquerda" à revolução russa, Trotsky torna-se praticamente o grande inspirador do chamado "marxismo ocidental". Outro hábito dele, que é transformar Stálin em bode expiatório para todos os erros e problemas, ainda hoje é uma estratégia ativamente praticada na esquerda em geral e por marxistas em particular.
O único jornalista que tem algo de herdeiro de Francis e é homem de esquerda é o atual candidato a prefeito pelo PCB, Laerte Braga. Para mim, é o melhor jornalista do Brasil hoje. Mas essa é outra história...
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quinta-feira, 5 de julho de 2012
Blognovela revista cidade sol: Ofendélia ataca!
(Jô e Franciny oscilam entre
encenar o Hamlet sem os nobres e uma versão engajada de O Processo de Kafka, com Gerald Thomas fazendo o papel do senhor K.
Jô prefere encenar o Hamlet proletário, deixando de ser diretora e encarnando a
louca Ofélia, transformando-se na louca Ofendélia).
(Ensaio da peça Hamlet, agora com
discussões proletárias).
Hamlet (para Polônio): Nos
comportamos como torcida de futebol, assumindo apaixonadamente um lado. Temos
muito da moral judaico-cristã...
Polônio: Você é um centralista
irracional, ignorante, Hamlet. Você quer que em El Senor fiquem só os
ignorantes, os amorfos, os autoritários.
Hamlet: Sim, uma
depuração às avessas.
Polônio: Para se
conseguir o centralismo democrático é preciso muito diálogo.
(De repente,
entra em cena Ofendélia,
a louca).
Ofendélia
(berra): EU TOU NESSA PEÇA MAS NÃO SOU TROTSQUISTA NEM STALINISTA, EU SOU
QUENTIN TARANTINO!!! EU NÃO SOU POLITICAMENTE CORRETA NEM VOTEI EM DILMA NÃO, NÃO SOU
LÉSBICA!
Hamlet (tenta
acalmá-la): Ofendélia, não é isso que está em discussão aqui...
Ofendélia:
Sim...Thomas, eu quero Thomas como o senhor K, de Kafka....Eu quero a Opera
H...Eu quero ver Thomas Kafka...K... H...encenar...o domínio das loucas! A
gangue das loiras!
Cláudio (voz em
off): QUEM PERMITIU A VOLTA DESSA LOUCA??? RÁ-RÁ-RÁ (dá uma risada de gelar a
espinha).
Ofendélia: Você
é um GRAMSCIANO, Hamlet! (dá-lhe um tapa na cara). Ela se põe a rir loucamente
como uma louca boba.
Hamlet: O sangue
do povo é petróleo. O espírito de meu pai, Getúlio Vargas, vaga pelos espaços
brasileiros em busca do povo, pois como ele era um suicida, Deus não o aceitou
no paraíso nem o diabo aceitou sua alma, pois considerou-o um inimigo. Povo de
quem ele foi escravo não será mais escravo de ninguém.
Ofendélia: A
pátria é um suicida que morreu fazendo sessenta e nove! Acabou a ditadura do politicamente
correto da Dilma e do caudilho Lula! Minha moral é a da Maria Paula, Pires,
Pondé e Bial!
Polônio:
Ofendélia, você está nervosa...louca, histérica, lésbica...
Ofendélia (dá um
beijo violento na boca de Polônio e o leva para uma cama próxima): Vê se me
Freud, Polônio...
Hamlet:
Ofendélia, você vai me trair?!
Polônio (aos
beijos e abraços na cama com Ofendélia): O socialismo marxista, depois da morte
de Marx e Lênin, começou a cavar sua sepultura...
(E nesse momento
nasce a primeira intriga da Ofendélia. Cláudio ao fundo está rindo, com ar de
desespero, pois ele sabe o que tudo isso vai dar.)
Franciny
(reflete enquanto vê o ensaio): Eu não mais o que é encenação e o que é vida
real! Os personagens aos poucos foram tomando conta dos atores, ao contrário do
que deveria ser!
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Chico de Oliveira e a falência das ciências humanas no Brasil
Para mim, essa entrevista do Chico representa a falência das ciências humanas no Brasil:
http://www.youtube.com/watch?v=HOGGLZMPaq8
O professor Xyko se pavoneia de muito crítico, mas como crítico de Lula e da conjuntura atual, acho um fracasso. Ele recorre a termos morais cristãos para criticar Lula --e não políticos. O problema principal não é o caráter malandro de Lula e sim o fato de que Lula apresenta seu projeto pessoal de sucesso como o interesse nacional.
Lula é profundamente paulista e tem a cabeça feita por intelectuais como Fernando Henrique, Weffort e Serra. Chico de Oliveira só é "espanhol" no sentido de anarco-trotsquista espanhol. Ele só considera de esquerda o Paulo Skromov.
Xyko de Oliveira, que conta ter sido torturado por Francisco Cuoco (um homônimo do ator), ficou no CEBRAP pelo menos até 1988. O que ele diria da entrada de dinheiro dos USA no CEBRAP, através da Fundação Ford?
Lula não é um caudilho à la Chávez, é um burocrata com traços messiânicos. Para mim, Xyko é um reformista de classe média na linha de Bernstein que sonhava que Lula faria o bem-estar social...
No Brasil, a infra-estrutura é subdesenvolvida e a superestrutura é desenvolvida. Daí a tese da dependência, das ideias fora do lugar, da ideia de que o Brasil é um país desenvolvido e do ornitorrinco de Xyko, que giram em torno dessa contradição. Porém, como a superestrutura colonizada e imitativa é a caricatura copiada e decadente dos países desenvolvidos, até mesmo os intelectuais passam a pensar que a infra-estrutura possa ser de um país desenvolvido e imperialista. Os intelectuais querem que o país seja desenvolvido para justificar que importam quase sem adaptações as suas teorias da europa ocidental.
O que ele deveria dizer é que a imprensa menospreza a inteligência de Lula e o peso de sua formação devido à sua origem de classe, suas bravatas e seu talento para ator cômico, bufão.
Ele acha a atual aliança de Lula/Haddad com Maluf um fracasso da política e do PT. Não vejo assim. Creio que é para contrabalançar o currículo de Haddad, fortemente marcado pelo marxismo e até pela pesquisa do sistema soviético, o que entre intelectuais brasileiros é raro e seria explorado pela direita. Com a aproximação do Maluf, ao invés de ser criticado como excessivamente marxista, ele passou a ser visto como moderado e conservador demais. É uma vitória do projeto de poder de Lula.
A questão é a análise do projeto de reformas neoliberais cosméticas de Lula e seu fôlego, não julgar, isoladamente, essa aliança fora do contexto.
A grita contra essa aliança é pelo impacto simbólico da foto, por isso Erundina fugiu. Ela sabia do que se tratava.
Na entrevista Francisco de Oliveira nega Lula como líder das greves no ABC paulista, assim como nega o PSOL (mas ele já esteve também próximo do PSTU) e afirma, mostrando cegueira enorme, que FHC era de esquerda e que ainda conversam cordialmente. Logo, embora téorico razoável, a prática política de Chico é confusa e errática. O acerto é mostrar a pequenez de Lula diante de Vargas e observar que a esquerda tem dificuldade de lidar com Vargas porque ele foi ditador entre 1937 e 45.
A bomba da entrevista é Chico de Oliveira é ele dizer que FHC foi do PCB durante um tempo. FHC fez a tese de mestrado em 64 dialogando (e atacando) a teoria do PCB de que a burguesia nacional brasileira existia e poderia enfrentar o imperialismo. FHC fez uma pesquisa de campo ao estilo norte-americano e concluiu que a burguesia (ele centrou o "survey" em Sampa) não tinha consciência de classe nem consciência nacional alguma. FHC esteve próximo de comunistas no CEBRAP e no jornal Opinião, mas creio se entrou no partido comunista foi para disseminar as ideias de seu seminário de O Capital na USP.
http://www.youtube.com/watch?v=HOGGLZMPaq8
O professor Xyko se pavoneia de muito crítico, mas como crítico de Lula e da conjuntura atual, acho um fracasso. Ele recorre a termos morais cristãos para criticar Lula --e não políticos. O problema principal não é o caráter malandro de Lula e sim o fato de que Lula apresenta seu projeto pessoal de sucesso como o interesse nacional.
Lula é profundamente paulista e tem a cabeça feita por intelectuais como Fernando Henrique, Weffort e Serra. Chico de Oliveira só é "espanhol" no sentido de anarco-trotsquista espanhol. Ele só considera de esquerda o Paulo Skromov.
Xyko de Oliveira, que conta ter sido torturado por Francisco Cuoco (um homônimo do ator), ficou no CEBRAP pelo menos até 1988. O que ele diria da entrada de dinheiro dos USA no CEBRAP, através da Fundação Ford?
Lula não é um caudilho à la Chávez, é um burocrata com traços messiânicos. Para mim, Xyko é um reformista de classe média na linha de Bernstein que sonhava que Lula faria o bem-estar social...
No Brasil, a infra-estrutura é subdesenvolvida e a superestrutura é desenvolvida. Daí a tese da dependência, das ideias fora do lugar, da ideia de que o Brasil é um país desenvolvido e do ornitorrinco de Xyko, que giram em torno dessa contradição. Porém, como a superestrutura colonizada e imitativa é a caricatura copiada e decadente dos países desenvolvidos, até mesmo os intelectuais passam a pensar que a infra-estrutura possa ser de um país desenvolvido e imperialista. Os intelectuais querem que o país seja desenvolvido para justificar que importam quase sem adaptações as suas teorias da europa ocidental.
O que ele deveria dizer é que a imprensa menospreza a inteligência de Lula e o peso de sua formação devido à sua origem de classe, suas bravatas e seu talento para ator cômico, bufão.
Ele acha a atual aliança de Lula/Haddad com Maluf um fracasso da política e do PT. Não vejo assim. Creio que é para contrabalançar o currículo de Haddad, fortemente marcado pelo marxismo e até pela pesquisa do sistema soviético, o que entre intelectuais brasileiros é raro e seria explorado pela direita. Com a aproximação do Maluf, ao invés de ser criticado como excessivamente marxista, ele passou a ser visto como moderado e conservador demais. É uma vitória do projeto de poder de Lula.
A questão é a análise do projeto de reformas neoliberais cosméticas de Lula e seu fôlego, não julgar, isoladamente, essa aliança fora do contexto.
A grita contra essa aliança é pelo impacto simbólico da foto, por isso Erundina fugiu. Ela sabia do que se tratava.
Na entrevista Francisco de Oliveira nega Lula como líder das greves no ABC paulista, assim como nega o PSOL (mas ele já esteve também próximo do PSTU) e afirma, mostrando cegueira enorme, que FHC era de esquerda e que ainda conversam cordialmente. Logo, embora téorico razoável, a prática política de Chico é confusa e errática. O acerto é mostrar a pequenez de Lula diante de Vargas e observar que a esquerda tem dificuldade de lidar com Vargas porque ele foi ditador entre 1937 e 45.
A bomba da entrevista é Chico de Oliveira é ele dizer que FHC foi do PCB durante um tempo. FHC fez a tese de mestrado em 64 dialogando (e atacando) a teoria do PCB de que a burguesia nacional brasileira existia e poderia enfrentar o imperialismo. FHC fez uma pesquisa de campo ao estilo norte-americano e concluiu que a burguesia (ele centrou o "survey" em Sampa) não tinha consciência de classe nem consciência nacional alguma. FHC esteve próximo de comunistas no CEBRAP e no jornal Opinião, mas creio se entrou no partido comunista foi para disseminar as ideias de seu seminário de O Capital na USP.
terça-feira, 3 de julho de 2012
O tropicalismo musical é a semana de 22 na música popular
Pesquisando e notando que existe um documentário sobre tropicália prestes a ser lançado, faço uma notinha para opinar sobre o assunto.
O que jornalistas como Torquato Neto e Nelson Motta chamaram de tropicalismo a partir da instalação de Hélio Oitica, de Terra em Transe de Glauber e da canção Tropicália de Caetano foi, no campo musical, expressão da semana de 22 no campo da música popular.
Se a Semana de 22 afirmou o direito de pesquisa estética, a atualização da intelectualidade e a estabilização de uma consciência criadora nacional, o tropicalismo musical só realmente diverge nesse último item. Nesse quesito, além de atualizar a música popular com as conquistas de 22, ele se decidiu a violentar e desestabilizar a consciência criadora nacional, afirmando o "som universal". Nesse sentido, ao mesmo tempo em que atualizou a música popular com 22, o tropicalismo musical rompeu com um dos princípios e se projetou para a pós-modernidade.
Lembremos que na Semana de 22 não houve música popular, apenas erudita, com Villa-Lobos. A atualização veio, em parte, nos anos 60, inspirada no movimento de atualização do cinema liderado por Glauber Rocha, pois já havia acontecido com Noel Rosa, Orestes Barbosa, dentre outros, além do próprio movimento de bossa nova nos anos 50. Os ingredientes da tropicália já existiam nos anos 50 e início dos 60: o Cinema Novo com Rio Quarenta Graus (Nelson Pereira dos Santos), a bossa nova com João Gilberto e a bossa engajada de Sérgio Ricardo, o neoconcretismo de Ferreira Gullar e Oiticica, a poesia concreta de Haroldo de Campos (já inspirada por Oswald de Andrade). Na literatura, o poema Sujo do Gullar, o Pessach a Travessia do Cony e o Quarup de Antonio Callado aconteceram ao mesmo tempo do movimento, mostrando que a literatura estava totalmente de acordo com os princípios citados acima: pesquisa estética, consciência criadora nacional, atualização da intelectualidade.
Ao misturar bossa nova, rock and roll e poesia concreta, traduzindo a mistura com sons e letras que misturavam marchinha de carnaval com guitarra e orquestra erudita, músicas latinas sobre Che com brincadeiras citando Nouvelle Vague e Cinema Novo, o tropicalismo musical causou sensação por sintetizar muito do que vinha toda uma década antes, apresentando tudo como a última novidade! Virou, então, referência até hoje não ultrapassada, pois muitos supõem em sua absoluta originalidade.
Tudo isso estava no ar, mas o tropicalismo musical colocou marchinhas com guitarra elétrica e roquinhos anarquistas em festivais que deveriam ser para proteger a MPB e o público universitário do avanço do rock nos meios de comunicação de massa, daí a reação negativa dos estudantes.
A polêmica que se seguiu turbinou a carreira de Caetano e Gi, que viraram ícones de geração. Uma década depois, a indústria cultural passou a pressionar pela superação da estética original do Cinema Novo em prol da estética subroliudiana da Globo, obtendo adesões como a do cinemanovista Cacá Diegues, que ainda em 1979 proclamou "um cinema popular, sem ideologias". No transe que se seguiu, morreu Glauber Rocha, poucos anos depois a Embrafilme.
Cacá Diegues direcionou a pressão contra o modelo estatal e a estética nacional para um ataque genérico ao PCB e à esquerda. Falava em dissidentes na URSS presos em hospícios, mas os dissidentes eram gente como Zhores Medvedev, que escreveu um texto provando que Stálin era continuador de Lênin, o que arrebentava com os fundamentos do namoro eurocomunismo/URSS. Até hoje, Medvedev poderia ser considerado louco, por defender essa tese, pela intelectualidade do mundo ocidental.
O assunto tropicalismo rende rios de tinta na academia. O melhor analista, a meu ver, é o Marcelo Ridenti, da UNICAMP, que observa que o tropicalismo musical é fruto do mesmo contexto do teatro engajado, do cinema novo, mas é diferenciado. Também acho. Ele se lança muito mais como afirmação de uma indústria cultural então nascente, acabando com os festivais como resistência para a música nacional e popular. E o que a indústria cultural queria era uma música mais afinada com o que era produzido na matrix, tal como Beatles e Jimi Hendrix.
Por isso Caetano e Gil foram esse sucesso, cada vez maior, de mídia. É o prêmio da indústria cultural.
O que jornalistas como Torquato Neto e Nelson Motta chamaram de tropicalismo a partir da instalação de Hélio Oitica, de Terra em Transe de Glauber e da canção Tropicália de Caetano foi, no campo musical, expressão da semana de 22 no campo da música popular.
Se a Semana de 22 afirmou o direito de pesquisa estética, a atualização da intelectualidade e a estabilização de uma consciência criadora nacional, o tropicalismo musical só realmente diverge nesse último item. Nesse quesito, além de atualizar a música popular com as conquistas de 22, ele se decidiu a violentar e desestabilizar a consciência criadora nacional, afirmando o "som universal". Nesse sentido, ao mesmo tempo em que atualizou a música popular com 22, o tropicalismo musical rompeu com um dos princípios e se projetou para a pós-modernidade.
Lembremos que na Semana de 22 não houve música popular, apenas erudita, com Villa-Lobos. A atualização veio, em parte, nos anos 60, inspirada no movimento de atualização do cinema liderado por Glauber Rocha, pois já havia acontecido com Noel Rosa, Orestes Barbosa, dentre outros, além do próprio movimento de bossa nova nos anos 50. Os ingredientes da tropicália já existiam nos anos 50 e início dos 60: o Cinema Novo com Rio Quarenta Graus (Nelson Pereira dos Santos), a bossa nova com João Gilberto e a bossa engajada de Sérgio Ricardo, o neoconcretismo de Ferreira Gullar e Oiticica, a poesia concreta de Haroldo de Campos (já inspirada por Oswald de Andrade). Na literatura, o poema Sujo do Gullar, o Pessach a Travessia do Cony e o Quarup de Antonio Callado aconteceram ao mesmo tempo do movimento, mostrando que a literatura estava totalmente de acordo com os princípios citados acima: pesquisa estética, consciência criadora nacional, atualização da intelectualidade.
Ao misturar bossa nova, rock and roll e poesia concreta, traduzindo a mistura com sons e letras que misturavam marchinha de carnaval com guitarra e orquestra erudita, músicas latinas sobre Che com brincadeiras citando Nouvelle Vague e Cinema Novo, o tropicalismo musical causou sensação por sintetizar muito do que vinha toda uma década antes, apresentando tudo como a última novidade! Virou, então, referência até hoje não ultrapassada, pois muitos supõem em sua absoluta originalidade.
Tudo isso estava no ar, mas o tropicalismo musical colocou marchinhas com guitarra elétrica e roquinhos anarquistas em festivais que deveriam ser para proteger a MPB e o público universitário do avanço do rock nos meios de comunicação de massa, daí a reação negativa dos estudantes.
A polêmica que se seguiu turbinou a carreira de Caetano e Gi, que viraram ícones de geração. Uma década depois, a indústria cultural passou a pressionar pela superação da estética original do Cinema Novo em prol da estética subroliudiana da Globo, obtendo adesões como a do cinemanovista Cacá Diegues, que ainda em 1979 proclamou "um cinema popular, sem ideologias". No transe que se seguiu, morreu Glauber Rocha, poucos anos depois a Embrafilme.
Cacá Diegues direcionou a pressão contra o modelo estatal e a estética nacional para um ataque genérico ao PCB e à esquerda. Falava em dissidentes na URSS presos em hospícios, mas os dissidentes eram gente como Zhores Medvedev, que escreveu um texto provando que Stálin era continuador de Lênin, o que arrebentava com os fundamentos do namoro eurocomunismo/URSS. Até hoje, Medvedev poderia ser considerado louco, por defender essa tese, pela intelectualidade do mundo ocidental.
O assunto tropicalismo rende rios de tinta na academia. O melhor analista, a meu ver, é o Marcelo Ridenti, da UNICAMP, que observa que o tropicalismo musical é fruto do mesmo contexto do teatro engajado, do cinema novo, mas é diferenciado. Também acho. Ele se lança muito mais como afirmação de uma indústria cultural então nascente, acabando com os festivais como resistência para a música nacional e popular. E o que a indústria cultural queria era uma música mais afinada com o que era produzido na matrix, tal como Beatles e Jimi Hendrix.
Por isso Caetano e Gil foram esse sucesso, cada vez maior, de mídia. É o prêmio da indústria cultural.
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http://iglusubversivo.wordpress.com/2012/07/13/efeitos-especiais-de-georg-lukacs/
1. Hidemi Miayamoto.
“A questão de saber se ao pensamento humano pertence a verdade objectiva não é uma questão da teoria, mas uma questão prática. É na práxis que o ser humano tem de comprovar a verdade, isto é, a realidade e o poder, o carácter terreno do seu pensamento. A disputa sobre a realidade ou não realidade de um pensamento que se isola da práxis é uma questão puramente escolástica.”
Quando vc me explicar o pq das revoluções socialistas não terem ocorrido, e o pq do proletariado não ter sido essa força motriz da supressão da sociedade capitalista tendo como pressuposto o pensamento de Stálin, eu mudarei de opinião…
Sobre Hegel, muito me admiro um pensador marxista-leninista acusar Lukács de ser hegeliano, que eu saiba o próprio Lênin foi um dos primeiros marxistas que categoricamente afirmava da necessidade de se estudar Hegel para se compreender os escritos de Marx.
Só para deixar bem clara a herança hegeliana no pensamento de Marx:
“O senhor autor, ao descrever tão acertadamente aquilo a que chama o meu método real e tão benevolentemente o que à minha aplicação pessoal dele concerne, que outra coisa descreveu ele senão o método dialéctico?”
“Confessei-me, portanto, abertamente discípulo daquele grande pensador e coqueteei mesmo aqui e ali no capítulo sobre a teoria do valor com o modo de expressão que lhe é peculiar. A mistificação que a dialéctica sofre às mãos de Hegel de modo nenhum impede que tenha sido ele a expor, pela primeira vez, de um modo abrangente e consciente as suas formas de movimento universais. Nele, ela está de cabeça para baixo. Há que virá-la para descobrir o núcleo racional no invólucro místico.
Na sua forma mistificada, a dialéctica tornou-se moda alemã, porque ela parecia glorificar o existente. Na sua figura racional, ela é um escândalo e uma abominação para a burguesia e para os seus porta-vozes doutrinários, porque, na compreensão positiva do existente, ela encerra também ao mesmo tempo a compreensão da sua negação, da sua decadência necessária; porque ela apreende cada forma devinda no fluir do movimento, portanto, também pelo seu lado transitório; porque não deixa que nada se lhe imponha; porque, pela sua essência, é crítica e revolucionária.”
Se Marx abertamente dá os devidos créditos a filosofia de Hegel, chamar Lukács de hegeliano, é um baita elogio.
Peço licença para reproduzir esse debate em meu blog.
No mais, abraços!
Um olhar mesmo dogmático a trajetória de Lukács:
Quando Lukács vivia na União Soviética (1933-45), Fadeiev e ele participavam da Associação de Escritores. O grupo a que Lukács pertencia fazia oposição ao zdanovismo, do qual Fadeiev era um dos expoentes. Fadeiev era expoente literário mais famoso do período stalinista na Rapp, no Proletkult e no zdanovismo. Os seus escritos do pós-Guerra, que eram terríveis e sem nenhum valor estético, eram apresentados, naquele tempo, como modelo. Ele se tornou o expoente oficial do realismo socialista. Naquele tempo, Lukács chegou a ser preso.
Chasin: Por quanto tempo?
Mészáros: Por alguns meses. Os húngaros não faziam nada para tirá-lo da prisão. Até os amigos mais antigos do Partido recusavam-se a interferir. Por sorte, os intelectuais alemães, que o receberam em Moscou, intervieram. Béla Kun5 não era mais o chefe da seção húngara, mas seus amigos estavam no controle do partido húngaro.
Lukács tinha, em relação a eles, posições conflitantes a respeito de teoria da literatura, o que implicou a sua oposição à Rapp e ao Proletkult. Quando foi preso, naturalmente, tudo isso pesou. Nos interrogatórios, a polícia secreta queria que confessasse que era trotskista. Mas refutava tudo com bom humor. Paralelamente, os tempo era o chefe do Comintern, referindo a existência de afinidades entre as Teses de Blum e as de Dimitrov. Nas Teses de Blum, Lukács anunciava uma estratégia de fronts populares, sete anos antes de Dimitrov. Por isso, nos anos de 29/30, Lukács foi posto em desgraça, o que acabou com sua carreira política. Lukács pertencia à ala de Eugênio Landler6, que era opositor à fração de Béla Kun, um burocrata, um stalinista que trabalhava no Comintern. Os alemães puderam demonstrar a Dimitrov a afinidade política entre a estratégia da aliança popular, que Lukács recomendara ao Partido Comunista na Hungria, e a sua própria posição. Dimitrov, então, interveio junto a Stalin para relaxar a prisão.
A questão de História e consciência de classe é muito complicada, pois envolve fatores de ordem política e pessoal. O próprio Révai criticara História e consciência de classe por não ser bastante hegeliana. É possível provar isto, pois, naquele tempo, foi publicado no arquivo Grünberg (1925).
Deste modo, as pessoas que se viram envolvidas neste debate, nesse novo ataque de 1949, achavam-se em uma situação psicológica e intelectual extremamente confusa. Acusaram Lukács, num primeiro momento, de não ser suficientemente hegeliano, para depois o atacarem por ser hegeliano. Rudás, por exemplo, ia de um extremo a outro. Não é possível entender o que está envolvido na questão sem conhecer as relações extremamente complexas que estão por detrás dela.
Preste atenção nesse trecho da entrevista, assaz significativo:
Imre Lakatos, que se tornou o sucessor de Karl Popper, o neopositivista antimarxista, era quem selecionava os textos para os chefes do Partido utilizarem contra Lukács – e se orgulhava disso. Révai procurou levar o debate para um nível mais elevado, de princípios, e, num determinado momento, queria mesmo acabar com a discussão, pois sabia muito bem que tudo isso levaria uma grande questão com a União Soviética. Com a intervenção de Fadeiev, foi o início do fim: o debate acabou em 1951.
O resto da entrevista pode ser acessada em:
http://www.verinotio.org/conteudo/0.34578628963398.pdf
Agora leia aqui: “História e consciência de classe corresponde a uma psicologia que se expressa na vontade revolucionária pela recusa das forças políticas concretas” (O Pensamento Vivido, 1999, p. 79). Na resposta logo abaixo, Lukács não refuta que seja isso. Putz, recusa das forças políticas concretas? É sério, né não?
Lukács foi preso por ter sido um trotsquista ao tempo do terceiro congresso, mas ele argumentou que então Trotski estava (fingindo) estar de acordo com Lênin e foi liberado depois de um tempo. Ele foi tolerado, pois nunca foi um trotsquista sabotador e conspirou para um golpe tal como Bukharin. Ele se sentiu à vontade para sabotar e fazer carreirismo depois de 56. Isso está em O Pensamento Vivido tb. Lukács rompe com Lênin e Zdanov quando coloca a oposiçao racionalismo versus irracionalismo ao invés da oposição entre materialismo e idealismo. A própria Verinotio tem uma entrevista em que Lukács, em plena contra-revoluçaõ de 56, preconiza a volta da democracia capitalista, ou seja, é contrarrevolucionário. Fora os elogios desbragados que ele fez ao canalha Soljenistin. No Destruiçaõ da Razão o cara emula o esquema do Hayek, da Arendt, do pensamento da Guerra Fria e da CIA, igualando Stálin e Hitler! E depois dizem que não existia liberdade de pensamento no Leste Europeu.
A política dele e´tão desastrosa e errática quanto a de seu discípulo Chasin, que terminou apoiando FHC no pior momento da esquerda, os anos 90.
” O que existe é matéria em movimento”?? O que é isso??? Onde na Ontologia tem escrito isso?? Dessa forma o poder ativo da cosnciência não existe na Ontologia?? Espero que tal debate também seja publicado na Comunidade Josef Stálin, hahahahahahahaha.
Realmente sua inverdades são muito primárias, leia um texto chamado Meu caminho a Marx, de Lukács, depois nós conversamos melhor…
Velho na boa sua religião esta lhe deixando doido… desafio você a transcrever o trecho em A Destruição da Razão na qual, supostamente Lukács teria comparado Hitler a Stálin, se não transpor tal trecho chegarei a conclusão que vc utiliza as mesmas estratégias da Direita mais canalha, acusa alguém e não prova nada e depois desconversa…
Sobre o pensamento vivido seria bom você transcrever o restante da página 79 como também transcrever o prólogo a História e Consciência de Classe de 1967, se tiver com preguiça eu mesmo postarei…
Se você não conhece Lukács e fica apenas na crítica de alguém que criticou Stálin passará desapercebido esse trecho de Pensamento Vivido como um crítica de Lukács ao próprio Lukács, aliás irei transcrever alguns trechos do prefácio a História… que se relaciona com tal fato:
” Porém, consegui chegar somente a formulação de uma consciência de classe “atribuída”. Tinha em mente com isso aquilo que em Lênin,em O Que Fazer?, designava da seguinte maneira: em oposição à consciência trade-unionista que surge espontaneamente, a consciêcia de classe socialista é “trazida de fora” ao operário, ” isto é, de fora da luta econômica, de fora da esfera das relações entre operários e patrões”. Portanto, aquilo que para mim correspondia em uma intenção subjetiva e que para Lênin era resultado da autêntica análise marxista de um movimento prático dentro da totalidade da sociedade tornou-se em minha exposição um resultado puramente teórico[...]”
História e Consciência de Classe, Prefácio página 18. Enfim caro Lúcio júnior sua crítica para com Lukács está com 45 anos de atraso, ele mesmo se auto criticou em 1967, depois continua…