Os frutos do atentado contra a revista Charlie Hebdo na França já começam a brotar. Primeiro, foram os ataques contra os locais de culto muçulmanos, logo depois do ataque.
Em primeiro lugar, eu julgo importante supor o atentado como sendo uma "falsa bandeira", ou seja, um atentado que poderia ser realizado pelo Mossad. Várias fontes na internet levantaram essa hipótese. Creio que muitos atentados, desde o Onze de Setembro, estão sendo avaliados nesse sentido.
Em segundo lugar, o chororô da imprensa brasileira é PURA hipocrisia. São pessoas que até ontem censurariam essas charges, que não as publicariam, fossem elas anti-católicas ou anti-islâmicas, como aliás, em geral, são as charges do Charlie Hebdo. Elas só são publicáveis lá porque a França é um estado onde a separação entre estado e religião é bastante rígida, ao contrário daqui. Como aqui essa divisão é fraca ou não existe, a imprensa segue o estado (como quase sempre sob regime capitalista) e não publica charges que possam ofender religiosos. Só publicaram as charges do Charlie Hebdo, portanto, com ataque da última quarta-feira. E agora "são todos Charlie". São todos mentirosos, isso sim.
Agora, estamos sabendo, pela televisão, de várias prisões, entre as quais as do comediante Dieudonné. Ele foi preso por fazer suposta apologia ao terrorismo, na realidade, apenas por fazer algumas postagens no facebook ironizando o atentado, dizendo-se Charlie Coulibaly.
O atentado a jornalistas tornou-se um grande evento de mídia. Como aparece na mídia, é algo como "um instante mágico semelhante ao Big Bang".
E nada disso de conclamar todos a fazer frente única de apoio à "liberdade de expressão", mas apoiar, na prática, um estado totalitário e de exceção que prende humoristas e, com a militarização do estado a pretexto do terrorismo, coíbe todo tipo de movimento social, gera perseguição do estado para os grupos já perseguidos pelo estado francês: imigrantes de origem árabe, ciganos, etc.
Aqui no Brasil ocorreu algo semelhante, para fazer megaeventos, em especial a Copa, construiu-se um estado de exceção e totalitário em que a polícia prende, o judiciário não solta e a imprensa fazem coro criminalizando os movimentos sociais, o que configura uma situação pior do que a ditadura militar em certo sentido, pois no tempo da ditadura, antes do AI-5, a polícia prendia e o judiciário soltava, boa parte dos intelectuais e artistas apoiavam. Hoje ocorre justamente o contrário, intelectuais e artistas são praticamente todos, com uma ou outra exceção, como Ney Mattogrosso e Eduardo Viveiros de Castro, coniventes. Mesmo a oposição de esquerda, quando reclama, reclama com má vontade e sem convicção alguma, pois PCB, PSOL, PSTU e outros antagonizam e são antagonizados por boa parte desses movimentos sociais como Passe Libre, MEPR, etc. Na última manifestação do Passe Livre foram 71 presos. Já existem 23 presos políticos.
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