Esse livro tem até uma referência ao meu livro de poemas editado apenas na web, Violetas de Aleluia.
Na verdade esse livro não poderia ser lido sem que eu lesse os outros seis amigos, os Vagabundos Iluminados, que lançaram livros juntos --embora esse seja o primeiro livro do meu irmão Vinikov.
O poeta é meu bróder e a epígrafe de um de seus "bolaforismas" é da filha Isa Júlia . Todos os movimentos que hoje reverenciamos têm seus bróders. Como escreveu Glauber Rocha, ao especular se ia fazer um filme com Dirk Borgade e Orson Welles no papel de Karl Marx e Engels: ele queria filmar as "duas bichas" em meio às fumaças inglesas do fim do século dezenove. Marx tinha seu movimento, ficava amigo de Engels, brigava com Proudhon, trocava cartas chamando Bakunin de burro, etc. O mesmo para Nietzsche, que conhecemos tanto e que é tão celebrado: ele é apenas aquele que despontou e ficou de todo um movimento: não seria quem ele é se não fossem seus amigos Franz Overbeck, Paul Rée, Richard Wagner, sua amada Lou Salomé, etc.
Como os papos aqui no Revista Cidade Sol, no Schizoskópio discute-se de tudo, inclusive a atitude tradicionalista do realismo socialista húngaro frente à geração de artistas que experimentavam a arte conceitual durante a década de 60. Como no Schizoskópio, aqui há muitas Relíquias para Rasgar. As homenagens a pessoas como Rodrigo Rodarte, Paulo Leão e Pedro Moraleida são as que mais me emocionam. Transcrevo o poema que homenageia Pedro Moraleida, artista plástico que foi um dos maiores de nossa geração --e ainda seria, se não fosse suicida (1977-1999):
Qualquer introspecção que ecoa
vai ao cerne
do coração, âncora
na carne
&
A fotografia assimétrica
da memória
traz uma figura inquieta
talvez um excêntrico riso
Gargalhada
a transbordar da ânfora;
Acima do mais alto edifício
(a luta está de luto)
e os apartamentos vazios
E quantos apartamentos
vazios dentro dele!
Quantas luzees apagadas
em seus pincéis!
Tinta, sangue, cortinas vermelhas
e a voz a despedaçar-lhe
as últimas palavras
Pedro Moraleida
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