Adeus. São tempos tais que o adeus tem que ser escrito no início.
Sim. Há um ano, tentei suicídio nos Alpes suíços.
Mas, quando vejo, não saí do lugar.
Não serei o cantor de um mundo caduco.
Uma geração de microcéfalos que brota da falta do saneamento básico.
A lama tóxica espalha destruição por onde passa.
& ela passa por Minas.
Rio Doce não há mais.
O rio ficou amargo.
Quem te conhece, não volta jamais.
Na foz do São Franciso já entrou o mar,
Já há tartarugas e tubarões.
No entanto, vou ter que falar de você.
Te dar adeus sem sair do lugar.
Tenho que te cantar, o velho ainda não morreu.
O novo ainda não surgiu.
É o tempo dos monstros.
Gramsci disse isso.
Goebbels também disse algo semelhante.
Ficou para mim depor sobre você diante da história.
Ora direis ouvir besteiras.
De certo perdeste o senso.
Então direi, direi:
Isso é história do Brazyl:
Era um tempo de ditadura
E as mulheres usavam chapéus extravagantes.
Enquanto no subterrâneo lutavam os resistentes.
Mudou o cenário da peça e veio uma democracia prontinha.
Como no teatro.
& na tal democracia
Celebravam-se os chapéus extragavagantes como precursores.
E aos resistentes chamavam terroristas.
Nada mais mais há a declarar.
Nem me foi perguntado.
As tripas atirem pro diabo.
Adeus.
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