domingo, 14 de fevereiro de 2016

Zizek e Kamel Daoud e a "colognização" do Mundo

No final do ano de 2015, graves acontecimentos em Colônia, Alemanha, espantaram o mundo. Segundo os relatos da mídia, imigrantes recém-chegados do Oriente Médio estupraram mulheres alemãs. Posteriormente, no entanto, ficou evidente que os autores dos estupros não eram islâmicos e nem recém-chegados. O que valeu, no entanto, para Zizek e Daoud, foram os relatos da mídia. Bateu o medo da "colognização" do mundo.

Bastou isso para Kamel Daoud e Slavoj Zizek começassem a deitar falatório contra o islã. Daoud, que não é religioso, falou de "porno-islamismo", esclarecendo-nos que o islã é recalcado sexualmente, é contra a mulher. Daoud esbanjou fantasias e comungou da "islamofobia" ocidental muito em moda, pois é um autor laico e absolutamente paranóico num país islâmico --foi recentemente ameaçado por uma fatwa (sentença de morte por parte de radicais islâmicos). Daoud repete clichês tolos:


"Todos os fascismos se parecem, o III Reich, os neoconservadores americanos, os comunistas fundamentalistas. Todos se apoiam na negação do outro e sobre uma visão totalitária".

Um anônimo pediu-me aqui para rebater os argumentos do professor de História Danilo Tirapani, defendendo que "nazismo é esquerda". O nazismo mobilizou principalmente contra o anticomunismo. Em sua obsessão contra o marxismo, argumentava que os alemães deveriam pensar no orgulho alemão, organizar-se em termos de país e não de classe. E em segundo plano vinha a associação judaísmo/marxismo.


Zizek ficou com rodeios, mas deixou claro que quer intervenção militar já, assim como muitos lunáticos brasileiros. Para ele, a questão não seria abrir fronteiras e sim acabar com o capitalismo global. Bela fórmula, bela "pegadinha" é Zizek. Enquanto milhares de mulheres e crianças estiverem nas fronteiras, Zizek e o exército lhes dirão para aguardar a queda do capitalismo global. O esloveno não se envergonha de dizer absurdos, tais como dizer que os exércitos dos europeus devem montar bases na Síria, Líbia e em outros desses países e dizer quem deve e quem não deve imigrar. E para fechar com chave de ouro, Zizek falou em islamofascismo (ulalá!).  Sempre que ele elege um inimigo, sejam os comunistas revisionistas de Tito, sejam os nacionalistas sérvios, ele o estigmatiza como "fascista". Se as variantes políticas do islamismo são fascistas, poderíamos também falar dos "cristo-fascistas" Hitler e Mussolini?

Porém, se alguém aqui dissesse o que ele diz do islã, não existiriam condenações? Já pensou se alguém --que escrevesse na Folha e falasse na televisão, por exemplo-- dissesse, como ele disse da Argélia e das tradições islâmicas, que o Brasil ficaria melhor sem suas tradições cristãs? Parece que não corremos esse risco, pois esse alguém seria censurado muito, mas muito antes disso.


Fonte: ttp://www.ledevoir.com/culture/livres/456378/tous-les-fascismes-se-ressemblent


Nenhum comentário: