Uma polarização falsa afeta o país.
A investigação Lava-Jato finalmente atingiu Lula. E o PT, segundo ele, "levantou a cabeça" --criou um clima de polarização e confronto --propagandeando um suposto golpe.
Lula sempre foi um liberal. Como bem observou Brizola, Lula era a UDN de macacão e tamancos. Esse traço parecia absurdo no passado, dado o radicalismo verborrágico do PT. Eram liberais, católicos e simpáticos ao capitalismo estrangeiro. Pintados de vermelho, cercados de trostquistas berrando slogans de esquerda num bloco de direita, enganaram mesmo muita gente. No entanto, esse diagnóstico de Brizola confirmou-se com o passar do tempo.
Atualmente a polarização é entre a UDN operária e a UDN entreguista travestida de nacionalista, mas é bem diferente como ambos os grupos de neoliberais apresentam-se.
Eu aponto no PT a direita mais perniciosa, uma vez que travestida de esquerda. Uma vez comprometido o líder, o partido combinou manifestações na mesma hora e no mesmo lugar que as manifestações (já marcadas) do impeachment.
Os entreguistas ultra-liberais abraçam-se na bandeira nacional, mas por trás deles há um repugnante setor empresarial ligado a USA e aos imperialismos. Sua ala mais enlouquecida foi agora banida das manifestações do dia 13 de março, aquela que clama por intervenção militar.
Nada mais irritante, no entanto, do que o ver o PT fazendo tudo que no passado condenava em nome da esquerda viável: privatizações, escândalos de corrupção.
Os liberais de base operária, desde sempre cacarejando para a esquerda e pondo ovos para a direita, abraçam-se na bandeira da União Soviética. Usam Che Guevara, falam, como Lula, na revolução cubana como coisa nossa. Lula, que dizia que não ia a Havana buscar modelo, acabou aceitando o modelo pronto que lhe veio de Nova York e Londres, moldado pelas mãos de FHC.
O castrismo se aliou ao PT, defendendo-o mesmo agora via sua diplomacia. Eles tendem a apoiar qualquer regime que os sustente, pois o castrismo busca, há muito, a sobrevivência e os seus interesses nacionais. É bem possível que Lula saiba que o castrismo propõe hoje o reformismo pela via eleitoral e que a revolução cubana é muito mais a revolução cidadã do que a revolução socialista.
São a ala esquerda da direita. Lula, o liberal operário, apenas revelou-se liberal agora. Antes, manobrou oportunisticamente entre a direita e à esquerda. Embora seja liberal, é também um autoritário que abraça, ao falar do regime militar, a ideia arquireacionária de que o presidente Médici era "popular" e que seria eleito se fosse presidente. Vejam aqui . Com um líder tão pouco afeito às críticas e com um pensamento assim simpático da ditadura militar fascista, os petistas não estão em boa posição para chamar os ultra-liberais de fascistas e de quererem um golpe, como têm feito incessantemente.
Por outro lado, Lula, o operário antimarxista, o marmiteiro udenista, quer fazer de tudo para não perder o poder, mesmo insuflar uma briga de rua. A alegação é fazer uma revoada de galinhas verdes, repetindo um episódio de 1934.
Pode-se prever que a disputa entre essas facções neoliberais irá radicalizar-se em breve, fazendo correr sangue como entre torcidas organizadas. E, para ficar registrado aqui para não dizer que ninguém avisou, é a ambição de Lula que está lançando o MST e os movimentos sociais nessa aventura em defesa de um liberal que, se não é comprovadamente corrupto, envolveu-se em tantos escândalos que não pode mais fazer da moralização a sua bandeira como antigamente. Aliás, como a antiga UDN fazia.
2 comentários:
Lúcio, evidentemente não reconheço o termo "liberal" como palavrão, como ofensa, mas vejo pontos interessante em sua análise. No entanto, o que mais me incomoda neste assunto é a defesa que certos setores à esquerda fazem desta quadrilha que aparelhou e dilapidou o Brasil e que tem Lula como seu "grande líder".
Evidentemente há muitos corruptos e vigaristas em todos os partidos políticos, e TODOS devem ser punidos, mas ninguém que tenha 2 neurônios funcionando pode acreditar na inocência do Lula e dos cleptocratas que o cercam.
Está na hora de dizer NÃO pelo menos a quem foi pego com a boca na botija.
Paulo: Lula é um liberal à brasileira, liberal de um país sem revolução burguesa e que flerta facilmente com ideias autoritárias e fascistas. Senão ele não defenderia Médici naqueles termos.
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