segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Dilemas Fáusticos: Crítica do Texto Reconstruir a Esquerda

O texto Reconstruir a Esquerda, de Ruy Fausto, a meu ver ajudou pouco nessa reconstrução. O texto, a meu ver, tem passagens que eu gostaria de ressaltar em itálico:


"A campanha contra o impeachment no Brasil foi um importante movimento, a ser sempre saudado e comemorado, embora tenha sido feito sob a hegemonia de um partido que não é propriamente um modelo " (FAUSTO, 2016, p. 44).


A campanha contra o impeachment, Fausto, foi deprimente, pois implicava em sair às ruas defendendo pessoas comprovadamente corruptas. E, por fim, foi abandonada pelo próprio Lula e pelo PT, que preferiu jogar politicamente no parlamento.


"Tudo considerado, contudo, o tipo de violência de esquerda que se tem assistido há alguns anos na USP é propriamente lamentável. Que a esquerda não se engane: seus efeitos são negativos. Pode levar à destruição da universidade." (FAUSTO, 2016, P. 45).


Fausto, Fausto, se a ocupação era justamente contra o sucamento da universidade, contra as salas de aula superlotadas, com a diminuição das verbas, etc. Foi exatamente o contrário: a ocupação buscou preservar a universidade!


O balanço da experiência totalitária de esquerda é o de muitas dezenas de milhões de mortos, sendo os pontos altos desse massacre a fome stalinista dos anos 30.

Segue-se uma peroração que mistura O Grande Salto para Frente de Mao Tsé Tung, o grande terror dos anos 30, A Revolução Cultural Chinesa e a façanha de Pol Pot, a quem ele atribui ter matado 2 milhões de mortos, mais ou  menos um quarto da população do Cambodja. 

Fausto, você deveria criticar Trotsky e Gramsci que são a base teórica do PT e não Mao, Stálin e Pol Pot.  Isso que você elenca como derrotas são justamente os sucessos do socialismo. A coletivização dos anos 30 acabou com a fome. Mesmo o livro Perestroika de Gorbachev registrava isso. Igualmente, o tal grande terror expurgou a quinta-coluna da URSS e os oportunistas do partido, possibilitando a vitória contra Hitler. O Grande Salto formou as bases da industrialização que faz da China uma grande potência hoje. A Revolução Cultural Chinesa foi uma experiência de democracia direta, com os jovens assumindo efetivamente parte do poder com as Guardas Vermelhas. Possivelmente gerou um alicerce e um aprendizado que ajudou a manter o partido comunista encabeçando a China até hoje em dia. Ainda que cometendo erros, sem dúvida fez avançar o marxismo. Igualmente Pol Pot e seu partido não mataram um quarto da população do Cambodja. A partir do momento em que os USA exportou a guerra do Vietnã e bombardeou o Cambodja, foi responsável pelo genocídio. Aliás, a acusação de genocídio contra Pol Pot começou quando os cambojanos passaram à embaixada da Alemanha Oriental a informação de que a ditadura militar apoiada pelos USA no Cambodja e os bombardeios estadunidenses, teriam sido responsável pelo genocídio de um milhão de cambojanos.

E outra: existem artigos acadêmicos a respeito, Fausto???



Sobre os processos por corrupção no Brasil, ele afirma que: "a situação geral, guardadas as proporções, é mais ou menos inversa à dos processos stalinistas" (FAUSTO, 2016, p. 46).


Não, Fausto, a situação é semelhante. Diga-se de passagem que essa é a melhor parte de seu artigo, quando você nota que, por medo do totalitarismo, Marilena Chauí nega-se a fazer autocrítica. Mas podemos dizer que, tanto no caso dos processos contra os petistas quanto contra Bukharin e Kamenev, há evidências de que fizeram o que eram acusados de fazer, exageros e injustiças à parte. O pior do artigo vem a seguir.



"Isso não quer dizer que toda intervenção americana seja necessariamente condenável. É discutível se não teria sido melhor, para os norte-americanos e para o mundo, ter ousado atacar o ditador sírio Bashar Al-Assad, por exemplo, em vez de recuar e se omitir" (FAUSTO, 2016, p 51)


NAO, FAUSTO, MIL VEZES NÃO! Os USA só não atacaram a Síria porque Rússia, China e Irã se mobilizaram e não deixaram. De forma alguma teria sido melhor, pois teria aberto para o ISIS, para a desagregação do estado e para crise humanitária. Teria sido melhor a III Guerra Mundial, Fausto! Não, mil vezes não! Não venda a alma ao diabo, Fausto!!!

Fora a crítica a Chauí, há de interessante também sua crítica ao  populismo, que deveria ter sido melhor atrelada ao castrismo.  O castrismo é erroneamente agrupado nos totalitarismos e vc chega a dizer que se o castrismo chegasse ao poder você iria para uma embaixada.

No entanto o castrismo hoje apoia os populismos como de Lula. E apoiou o sistema pluripartidário na Nicarágua, assim como a economia mista. Você não tem muito a temer o governo Temer, se você apoiava Dilma em algum grau. Foi trocar seis por meia dúzia. Pois você é, no fundo, também um reformista, Fausto.

Você acredita no mito dos milhões de mortos do socialismo, Fausto! Então você é inspirado em Hitler, pois Minha Luta foi a primeira obra, em 1923, a trazer essa explicação.












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