sábado, 20 de agosto de 2022

Berenice: A Santa de Bom Despacho

 

Berenice: A Santa de Bom Despacho

 

            Nos idos do início dos anos 60, um crime chocou a cidade de Bom Despacho. Sanfona, um admirado jogador de futebol, militar, pessoa muito conhecida, brigou com sua esposa Berenice. Ela veio a falecer após a agressão com uma jarra de vidro que atingiu sua nuca. Foi traumatismo craniano. Sanfona, que curiosamente não tocava esse instrumento, era um excelente goleiro. Ele pulava ágil como uma sanfona que se abre, daí o curioso apelido. Como Sanfona e Berenice eram pessoas muito queridas, a tragédia chocou a cidade, na época pouco acostumada a tragédias, sendo uma pequena cidade pacata onde todos se conheciam.

            Sanfona era um goleiro querido, trabalhador, mas também namorador boêmio, tido como um belo moreno, e isso despertou o descontentamento da esposa. O seu crime chocou a cidade e Sanfona escondeu-se na casa de Constança, diz a lenda, uma das namoradas, num bairro próximo. Após sua morte trágica, seguindo a tradição dos mártires cristãos, a alma de Berenice foi tida como milagrosa.

            A memória dos milagres de Berenice persiste ainda hoje. Minha amiga Vanda, enfermeira, conversou com outra amiga chamada Aparecida Coutinho, e lembrou-se do fato, que ocorreu quando ela era ainda era criança. O irmão de Aparecida teria recebido um milagre muito grande graças a Berenice. A “santa de Bom Despacho” morava numa casa verde, numa esquina do bairro São Francisco, uma casa velha, onde atualmente é a casa do marido de Joana, diretora do Tiradentes. Foram atribuídas a Berenice graças muito importantes, além de milagres. Meu pai, coronel Lúcio, também guarda recordações do fato, acontecimento esse que marcou sua infância. Meu pai está escrevendo um romance a propósito. Ainda não sabemos se o romance se chamará Maldição da Lua. Também estamos pensando no título Berenice. Ele chegou a visitar o túmulo de Berenice e verificar que, além de velas, havia ali muitos pedidos sob a forma de pequenos pedaços de papel, como se fossem “votos”. Havia também muitas marcas de velas acesas em sua homenagem.

            Essa coluna busca, então reacender a memória dessa nossa santa da cidade, bem como gostaria que os cidadãos que receberam graças e milagres dessa nossa santa local enviassem para essa coluna seus registros, para que possamos divulgá-los aqui, para que saibamos a quantas andam as graças e os milagres dessa figura trágica e enigmática, Berenice, a santa de Bom Despacho.

 

 

 

 

 

 

 

 

Carta de Gerson II

 

  • Meu caro Cristovam por muitos meses Gerson trabalhou com esse nome, Cristovam Buarque, o momento em que o fruto verde do socialismo se transformava em fruto maduro, uma total revolução, este fruto verde estando para o fruto maduro como o judaísmo esteve para o cristianismo, Moisés para Jesus. Depois Gerson se deslocou para Ciro Gomes, já como o Ciro Bíblico. Mas, agora Gerson faz um retorno ao Cristovam Buarque e expõe a ele esse trabalho de 9 páginas para leitura. Se Cristovam se acordar, o Ciro Bíblico pode surpreender! O Ciro Bíblico seria que de repente os evangélicos que estão com Lula e os que estão com Bolsonaro tomam este novo caminho. E eles vindo logo virão o resto da sociedade, em especial os professores.
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    Faz pouco a USP lançou um Manifesto de defesa da democracia, realmente ameaçada. Conseguiu reunir um milhão de assinaturas um número expressivo o suficiente para deixar os golpistas com um pé atrás. Mas, se trata de uma luta inglória, como quem tirou seis litros de leite e depois deu um coice no balde, porque é como se o Brasil estivesse sob o comando de Kerensky! De que valeria esse Manifesto de 1 milhão se essa luta tem no comando Kerensky?
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    Mas, deixando de lado Kerensky e voltando para o nosso tempo, essa luta da USP de defesa da democracia que futuro tem se quem está no comando desta força de oposição aos golpistas é Lula? Que diferença existe entre Lula e Volodymyr Zelensky? Toda essa desgraça que está acontecendo na Ucrânia tem um só responsável: Volodymyr Zelensky. Todo esse fracasso aqui no Brasil, e agora paira sobre nós ameaça de golpe, o responsável é um só: Lula!
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    Então, o caminho do Brasil para se livrar de ameaça de golpe ou de retrocesso passa necessariamente pela eliminação do Lula do caminho do povo brasileiro. Enquanto Lula persistir essa ameaça de golpe continuará; o confronto cada vez mais se aproximará, de modo que é fatal: ou vence o golpismo militar-civil ou vence o PT. Quem vencerá, o PT? O PT vencerá como Volodymyr Zelenky vencerá os russos... Como os mencheviques venceriam o golpismo de Kornilov e Krymov!
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    Se Cristovam Buarque tomar a frente e colocar em prática tudo o que Gerson está enviando, tomando este escrito que agora E JÁ AINDA HOJE, OU NO MAIS TARDAR AMANHÃ CEDO, o enviar para um número grande de Pastores, em Brasília e no Brasil (a cada qual que enviou pedir para reproduzir para seus contatos), de repente tudo fica formado para que o Brasil tanto se desvencilhe de Lula como de Bolsonaro se passando para o lado do CIRO BÍBLICO!
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    Se Cristovam Buarque teve a coragem de votar pelo impeachment, porque entendeu que o PT se esgotara e que o impeachment abria caminho para o surgimento de uma alternativa, também terá a mesma coragem de levantar o Ciro Bíblico, porque se é tolice os ucranianos se reunirem em torno do falante Volodymyr Zelenky é tolice o Brasil se reunir em torno de Lula. Procure os Pastores, procure Ciro Gomes, procure Carlos Lupi. Vamos fazer acontecer Presidente Prudente! Abraços


Uma Carta de Gerson

 

A FLECHA DA VITÓRIA DO SENHOR

Igreja Batista Comunidade da Família

Unesp de Franca e Juiz de Fora

III Parte (06 Páginas)

É verdade, tendo completado o período de quarenta anos, e chegado o tempo de Gerson sair para tornar público tudo o que Deus lhe revelou nesse período, em Sandovalina, e tendo iniciado pela Igreja Batista Comunidade da Família, e dela levado diretamente para o campo do saber, a Unesp de Franca, em condições de compreender as boas novas, de proferir sobre o novo pensamento um juízo imparcial, eis que chegou para Gerson aquele momento que chegara para Jesus, no primeiro advento, quando então começou a se embrenhar no meio dos homens, André, Pedro, Natanael, Filipe, João. Gerson agora é informado que terá de levar as boas novas ao grande público. Fazer valer para o que fora preparado, governar as nações com cetro de ferro, a Palavra de Deus. De fato, por onde ir, por onde começar?

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E o Senhor então revelou por onde começar, o primeiro lugar da terra que cairia sob o domínio das forças do Reino de Deus, a cidade de Juiz de Fora, cidade que se localiza no Estado de Minas Gerais. A partir de Juiz de Fora aquela pedra do livro do profeta Daniel que quebrou a estátua pelos seus pés de ferro e de barro e se espalhou para toda a terra, a enchendo como um só monte, a partir de Juiz de Fora as boas novas do Governo de Cristo então se propagaria para toda a terra a enchendo como um só monte.

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E a razão que tudo começaria por Juiz de Fora é porque foi nesta cidade que naquele 31 de março daquele ano de 64 o General Olímpio Mourão Filho deslocou as suas tropas rumo ao Rio de Janeiro para a derrubada do Governo de João Goulart. O Governo de João Goulart intentara para o país profundas e necessárias reformas, que não somente iria tirar o Brasil do mapa da fome e do atraso como fazer do Brasil uma grande nação rivalizando em poder tanto com a União Soviética como com os Estados Unidos, porque o Brasil possuía, deveras, potencial humano e natural para rivalizar. Mas as elites do país, tendo o domínio da nação desde os dias de Pedro Alvares Cabral, temerosa da ascensão social e política dos debaixo, pensando unicamente nos privilégios para si, decidiram impedir que o Governo de João Goulart fosse adiante com as suas propostas de reformas de base, que não tinham nem a intenção e nem o poder de fazer do Brasil uma Nova União Soviética, mas unicamente reformar o capitalismo brasileiro dando a ele feições mais humanas e menos selvagem, como países europeus já vinham fazendo, Suécia, Noruega, e nem por isso se tornaram comunistas senão que países com justiça social.

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E o grande motivo que o Senhor apontou a cidade de Juiz de Fora para, através dela, começar a caminhada do reino de Jesus Cristo, é que o reino de Jesus Cristo, já se deslocando da Lei para a Graça, de Sofonias 1.1-18 para Sofonias 3.9, do construir do reino da igualdade na destruição dos ricos e opressores para o construir na sua transformação, dando a eles um novo entendimento da vida e da História, despertando neles que mais vale acumular tesouros no céu do que acumulá-los na terra, acumulando tesouros no céu por se engajar na construção de uma nova sociedade, fraterna, de irmãos, e esse início do reino da graça veio estar mesmo nas mãos do justo João Goulart, pois ele inicia a sua caminhada pelas reformas de base pretendida por João Goulart, ora, mirando a cidade de Juiz de Fora para esta sua intervenção nos assuntos políticos brasileiros – e uma intervenção de direito, pois que as forças que se uniram para derrubar e cortar o broto do nascente Governo da Graça o fizeram fazendo uso justamente do nome de Deus, as famigeradas Marcha da Família com Deus pela Liberdade; o Pai da Mentira se apoderou do que era de Deus e passou a usá-lo para impedir o próprio Deus no seu benefício –, ora, como Deus é aquele que começa uma obra e a termina, apontou para Gerson a cidade de Juiz de Fora porque foi nela que começou a obra do mal para impedir as reformas pretendidas por João Goulart, como dito, reformas que não eram comunistas, mas, sim, simplesmente que cristãs! De modo que apontou a cidade de Juiz de Fora porque seria a partir dela que Deus iria reparar aquele grande mal, que, fazendo do Brasil quintal de uma potência imperialista e capitalista, abrindo as suas portas para o domínio da cultura norte-americana, que essencialmente é incutir nas pessoas o desejo ardente por dinheiro e por riqueza, ora, o golpe de 64 deve ser responsabilizado por essas tragédias sociais e de moral que passou a viver o Brasil. Esse mundo que vivemos hoje, 50 mil assassinatos ao ano, corrupção pandêmica, imoralidade de toda ordem, assalto a todo instante, tudo isso foi chocado no ovo do golpe militar de 64. E a razão que o Senhor apontou a cidade de Juiz de Fora é porque foi a partir dela que começou a nascer esse Brasil tenebroso que vivemos hoje. Donde saiu o mal dali sairia o bem!

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Tendo descoberto um contato em Juiz de Fora, o jovem advogado Wadson Xavier, simpatizante de Ciro Gomes, Gerson se dirigiu a ele para que tomasse as responsabilidades para que o novo se iniciasse para o Brasil a partir de Juiz de Fora. Conforme o pedido feito teria de organizar uma grande festa em Juiz de Fora, assentada para acontecer na manhã do dia 23 de setembro daquele ano de 2018. Tudo iria acontecer a partir da UFMG. A Flecha da Vitória do Senhor, que seis meses antes caíra no Campus da Unesp de Franca, agora iria estar em outro Campus universitário, o Campus da UFMG. Saindo dali, iria ganhar o centro da cidade, do centro de Juiz de Fora ganhar o Rio de Janeiro, e do Rio de Janeiro todo o Brasil, a resposta do trono de Deus a tudo o que ocorreu naquele ano de 64.

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É verdade, Gerson assentou mesmo uma grandíssima festa política acontecendo na cidade de Juiz de Fora naquela manhã de 23 de setembro de 2018. O carro aberto estacionado na UFMG, a um sinal então avançaria para o centro da cidade de modo realizar ali a grande festa de entronizar do Governo de Cristo. Passando pelas grandes massas que se espremeriam nas suas avenidas, e quando o carro aberto passasse então clamariam: Bendito o que vem em nome do Senhor! Ora, constou mesmo que quando chegasse no local então a multidão tomaria o ungido de Deus nos braços e o levantaria nos braços o levando ao grande palanque ali armado. Então dirigiria à grande multidão o seu discurso de vida e de vitória.

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Tendo descoberto um contato em Juiz de Fora, o jovem Advogado Wadson Xavier, Gerson passou a enviar a ele o recado do Senhor. Eis o que Gerson enviou a Wadson Xavier naquele final de agosto de 2018: Wadson Xavier Início da conversa no bate-papo Vocês são amigos no Facebook Advogado na empresa Profissional liberal e Analista Jurídico na empresa Governo de Minas Gerais Estudou Direito na instituição de ensino Instituto Vianna Júnior Mora em Oliveira (Minas Gerais) 23/08/2018 16:02 Unesp - Chapa Gerson-Ciro Juiz de Fora.doc.

JUIZ DE FORA NO 31 DE MARÇO NO 23 DE SETEMBRO General Olímpio Mourão Filho – Dr. Wadson Xavier

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Gerson enviou esse trabalho – JUIZ DE FORA NO 31 DE MARÇO NO 23 DE SETEMBRO General Olímpio Mourão Filho – no dia 23 daquele agosto de 2018, e nos dois dias seguintes, 24 e 25,  deu prosseguimento ao envio do recado do Senhor, como se acha registrado no Face: Unesp - Chapa Gerson-Ciro Juiz de Fora.doc. 24/08/2018 08:24 Você enviou 24 de agosto de 2018 Wadson o que tem achado das propostas? Comunique que então iremos entrar em ação! Ou é esse trabalho ou o Brasil vai cair no fascismo explícito. 25/08/2018 21:46 Você enviou 25 de agosto de 2018 Wadson leia esse trabalho 9 páginas. E vamos ver o que virá! Você enviou 25 de agosto de 2018

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No escrito constou que quando o carro aberto, partindo do Campus da UFMG, chegando ao centro da cidade, ao local do grande acontecimento, então o ungido do Senhor seria retirado do carro aberto pelas multidões e nos seus braços levado ao grande palanque ali armado para que fizesse o seu discurso. Não foi dito, mas, quem é este ungido que constou seu nome no trabalho? Ciro Gomes!

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Porque Ciro Gomes?  Porque a escatologia teria dois momentos distintos, todavia complementares. Um momento reviveria o acontecimento da destruição de Judá e Jerusalém à mão dos caldeus e o segundo acontecimento reviveria o acontecimento da conquista de Babilônia por parte de Ciro e Dario. De modo que se o primeiro acontecimento escatológico foi preparado transcendentalmente para acontecer na Rússia dos czares, e aquele momento em que Nabucodonozor enviou Nebuzaradã à Judá e ele passou a destruir a cidade, não deixando pedra sobre pedra, foi aquele momento em que Lênin voltou do exílio e passou a destruir todo aquele mundo, não deixando pedra sobre pedra.

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Porque Jesus profetizara que a escatologia se desenvolveria em um período que abarcaria toda uma geração, e um período de cem anos, porque o profeta Isaías situou em cem anos o tempo biológico de uma geração, ora, a escatologia tendo esgotado a sua fase de lei, Sofonias 1.1-18 – tudo o que se acha na Palavra de Deus concernente realmente veio acontecer, até mesmo que o massacre dos filhos do Czar Nicolau II naquele julho de 1918 foi revivência histórica do massacre dos filhos do rei Zedequias, segundo II Reis 25.6.7 um oficial caldeu entrou até eles e fez a leitura de uma decisão judicial e em seguida puxaram das suas espadas passando a matar todos que se achavam ali em sua presença – no antítipo o Capitão Yakov Yurovsky, um fotógrafo que sofrera horrores nas prisões do Czar, entrou até eles e fez a leitura de uma decisão judicial tomada estritamente pelo soviete local. Os historiadores relatam que a única reação do Czar foi se virar na direção da Imperatriz Alexandra Feodorovna com as palavras: O que? Yakov Yurovsky repetiu mais uma vez a sentença e em seguida puxaram das suas armas matando as doze almas viventes que ali se achavam, o Czar Nicolau II, a Czarina Alexandra, seu filho Alexei, suas filhas Olga, Tatiana, Maria, Anastásia, os acompanhantes que lhes prestavam serviço familiar, o médico Eugene Botkin, o criado Alexei Trupp, a camareira Anna Demidova, o cozinheiro Ivan Kharitonov, e o cão ‘spaniel’ de estimação da família que também não foi poupado das balas e baionetas revolucionários. No caso tipológico quando Zedequias presenciou os caldeus matarem suas esposas e seus filhos, clamou por misericórdia para que também fosse morto. Mas, o ódio do rei caldeu era tanto que não permitiu a ele essa misericórdia, o cegando e o levando preso em grilhões para Babilônia o entregando na Casa da Custódia. Ali passou o resto de sua vida sem nunca ter visto a luz do sol. No acontecimento antítipo, porque já se vivendo um outro tempo, ainda de domínio absoluto, mas não com a radicalidade do passado, os revolucionários tiveram o cuidado para que Nicolau II não presenciasse a morte da esposa e filhos, de modo que foi o primeiro a ser morto – no caso hebreu, os caldeus destruíram Judá e Jerusalém em três sucessivos golpes, a saber: O PRIMEIRO GOLPE foi desfechado contra o rei Joaquim; O SEGUNDO GOLPE foi desfechado contra o rei Zedequias, onze anos e três meses depois; O TERCEIRO GOLPE foi desfechado um mês depois quando Nebuzaradã, enviado de Nabucodonozor – que armara o seu quartel-general em Ribla, terra síria, e dali saia para incursões tanto contra Jerusalém como contra Damasco –, passou a destruir toda a cidade não deixando pedra sobre pedra. No antítipo, os revolucionários destruíram a Cristandade em três sucessivos golpes, a saber: O PRIMEIRO GOLPE foi a Revolução de 1905 que durou até a metade do ano seguinte; O SEGUNDO GOLPE foi a Revolução de Fevereiro (calendário juliano) que destituiu o Czar, onze anos e três meses depois; O TERCEIRO GOLPE se deu um mês depois quando Lênin, tardiamente reconhecido judeu, como tardiamente Moisés foi reconhecido dos hebreus, veio do exílio e passou a demolir todo aquele mundo não deixando pedra sobre pedra – no caso hebreu, quando os caldeus finalmente entraram na cidade então o rei Zedequias procurou fugir por uma brecha na calada da noite. Tomou toda a sua família e seus auxiliares próximos e na calada da noite tentaram escapar por uma brecha. Mas foram alcançados pelos caldeus nas planícies desérticas de Jericó que não os trouxe de volta à cidade, mas, seguiram com eles pelos lugares, passando pelos lugares, sempre subindo ao norte, até que chegaram em Ribla onde se acha o rei Nabucodonozor. O que veio a seguir já foi relatado. No antítipo, os ingleses arquitetaram um grande plano de resgate de Nicolau II e sua família. Ficaria em um canto visível do Palácio de Alexandre, onde se achavam confinados. Mas, os revolucionários descobriram o plano de fuga e colocaram soldados em todas as estradas que saiam de Tarsakoe Selo. Deitaram mão em Nicolau II e, em um comboio, os levaram para a distante Tobolsk, na Sibéria. Com a ascensão dos bolcheviques, foram transferidos para Ekaterimburg, nos Montes Urais, aos cuidados de um soviete extremamente hostil, passaram a ter uma vida difícil, se alimentando da ração diária dos soldados. Sobre o seu fim, em Ekaterimburg, já foi relatado – os historiadores narram que as filhas do Czar foram as últimas a morrer. E descobriram que a razão é porque elas traziam preso ao corpo mais de um quilo de pedras preciosas que amorteceram os impactos das balas e os golpes das baionetas, ficando a pergunta: teria sido porque a Palavra de Deus, e não a palavra do homem, ao falar sobre o dia do “sacrifício de Javé”, Sofonias 1.1-18, vaticinou que nem a prata e nem o ouro dos poderosos os livrariam no dia da ira de Deus? – Gerson tem feito esses relatos tanto do massacre da família do rei Zedequias como do massacre da família do Czar Nicolau II. Não sente nenhum prazer em relatar tal, mas o fez unicamente por conta da sua missão de restaurador da ação de Deus na História da Redenção, Isaías 41.4; 41.26; 52.15; Malaquias 3.16; Mateus 17.11; João 16.13; Apocalipse 10; 19.16.

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Ora, como que a escatologia seria revivedora dos dois acontecimentos do passado, a destruição de Judá e Jerusalém à mão dos caldeus e a conquista de Babilônia à mão do persa Ciro e do medo Dario, a historiografia oficial os concebe como acontecimentos independentes, sem qualquer ligação entre si, contudo, a Palavra de Deus os concebe como partes de um mesmo e único processo, ora, o que aconteceria naquele setembro de 2018, em Juiz de Fora, é que a escatologia tendo cumprido por completo tudo o que diz respeito à tipologia da destruição de Judá e Jerusalém à mão dos caldeus, começaria o novo tempo em que a escatologia, agora, iria reviver tudo o que diz respeito à Ciro, à conquista de Babilônia, a libertação do povo de Deus ali escravizado.

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Ciro Bíblico

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Em verdade quem seria levantado pela grande multidão nas avenidas de Juiz de Fora era o Ciro Bíblico! A grande festa em Juiz de Fora tinha todo o teor da escatologia. Haveria uma total convergência à Juiz de Fora porque todo o país, em especial os Pastores evangélicos e os Padres católicos compreenderam quem de fato era o Ciro Bíblico. É preciso um esclarecimento sobre essa questão para que cada um possa se posicionar, que caminho tomar.

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Aquele rei persa que uniu dois povos e marchou contra o império babilônico o conquistando ele tinha duplo nome, Ciro e Gerson! Porque esse duplo nome? Porque Ciro persa na verdade era o Deus de Israel peregrinando em terra estrangeira, fazendo uma obra em terra estrangeira, dando à luz a um filho em terra estrangeira. De modo que se os familiares de Ciro persa, seu povo o chamavam pelo nome de Ciro, Deus, por sua vez, o chamava pelo nome de Gerson, porque este é o significado do Deus de Israel fazendo uma obra em terra estrangeira.

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O Ciro Messias, segundo o que se acha em Isaías 49, é Gerson. É Gerson quem de fato, a partir daquele ano de 1978, Deus passou a construir nele o Ciro Messias. Se Ciro persa recebeu a missão de convergir dois povos e fazer deles um só, os medos e os persas, essa missão Deus passou a dar para Gerson, de modo a instruí-lo a unir dois povos, o povo cristão e o povo socialista. Essa missão cabe a Gerson e não a Ciro Gomes.

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Acontece que a Palavra de Deus enfatiza o nome Ciro, e Gerson não tem esse nome! Eis porque no país em que Deus se revelou ao Ciro Espiritual e passou a construir nele o Reino de Deus, neste país surgiu um político com o nome Ciro, Ciro Gomes. Plano de Deus! A um deu a alma de Ciro, ao outro o nome de Ciro. Mais do que ter dado o nome de Ciro, que passou a preparar Ciro Gomes para a escatologia da Graça, o momento em que uma força maior, transcendente, se manifesta e passa a guiar todos para fora da alienação na direção da Emancipação. Ciro Gomes foi preparado para esse ponto de equilíbrio, em que os muros entre os contrários são derrubados e todos passam a ser guiados para o reino de Jesus Cristo.

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Verdade é que naquele final de agosto de 2018 tendo recebido de Deus a missão de fazer tudo acontecer a partir da cidade de Juiz de Fora, e ter feito contato com o jovem advogado Wadson Xavier, tendo enviado para ele materiais em três dias consecutivos, 23, 24 e 25 de agosto, ora, quando Gerson acreditava que Dr. Wadson Xavier estava empenhado na obra eis que no dia 6 de setembro, pelos meios de comunicação, então fica sabendo do atentado à faca que o então candidato, Jair Messias Bolsonaro, sofreu na cidade de Juiz de Fora.

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Acompanhando tudo pelos meios de comunicação, e vendo que não somente os filhos, mas os responsáveis pela sua candidatura estavam explorando politicamente o atentando, ora, esclarecido que o atentado tinha procedência transcendental, um esforço sobrenatural por parte do Pai da Mentira para levantar o seu instrumento e, assim, impedir a manifestação messiânica de Deus, pois o Ciro Bíblico é a manifestação messiânica de Deus na terra, já o levantara sobremaneira na questão do “batismo” nas águas do rio Jordão, e agora um esforço para o levantar ainda mais, e, assim, impedir a manifestação messiânica de Deus, ora, diante das revelações que então passaram a chegar a Gerson, e porque ainda havia cerca de quinze dias pela frente, Gerson passou agora a se dirigir ao Dr. Wadson Xavier para que ele fosse a toda a Juiz de Fora e levasse ao conhecimento de todo o seu povo o que de fato estava acontecendo.

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Mas, como Dr. Wadson Xavier permaneceu em um silêncio absoluto, Gerson deu o assunto por encerrado.

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Eis que se passaram quatro anos, e como tudo está nas mãos de Deus, será agora que o próprio Deus vai esclarecer todo o seu povo; e todo o seu povo de repente, instantaneamente, vai se levantar para levantar o Ciro Bíblico?

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A grande festa escatológica, com as cores e a força da escatologia, que não pode acontecer na cidade de Juiz de Fora, naquele setembro de 2018, Deus a pode fazer acontecer agora na cidade de Presidente Prudente? Deus pode levantar o Bispo Luís Carlos, todos os Ministros de Deus, e eles em apenas um dia começar a mudar tudo no Brasil? Começando pelos evangélicos, Presidente Prudente trazendo todo o povo brasileiro para o lado do Ciro Bíblico?

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Aqui se dando o grande terremoto de Apocalipse 6.12, o fogo do Reino de Deus começando a derreter tudo e o que é trigo vindo para o Ciro Bíblico?

 

domingo, 7 de agosto de 2022

A poesia de Prisca Agustoni: a língua como pássaro migrante

 * Por Luciene Guimarães *

Presente como mediadora e autora, tanto no FLIP- o Festival Literário de Parati, quanto no Festival Literário Internacional de Chiasso, na Suíça, Prisca Agustoni é poeta, tradutora, docente de Literatura Italiana na UFJF e pesquisadora, com pelo menos dez livros publicados em diversas editoras. O último, O mundo mutilado (2020), pela editora Quelônio, e o próximo é O gosto amargo dos metais, pelas 7Letras (no prelo, com lançamento previsto para junho).  Mesmo que tenha escolhido sobretudo a poesia para expressar sua arte, ela estreará em breve em outro gênero, o romance, ainda em fase de elaboração mas sobre o qual ela adianta, com reservas:  “a história gira em torno da relação entre uma  mãe idosa e  a filha  migrando para outro país”. Aliás, a migração, o deslocamento entre culturas e povos é um tema central explorado em O mundo mutilado.

Nessa conversa sobre seu processo criativo, transitam a Europa de suas raízes e a terra brasilis. Não é sem motivo que a sua poesia dialoga desde com Drummond até autores ainda pouco conhecidos por aqui, como Adam Zagajewski, um autor polonês. Essa facilidade de trânsito se deve ao fato de ter tido uma formação híbrida – que abrange a literatura hispano-americana, a caribenha, a italiana e suíça, familiaridade com a cultura brasileira e a tradução do italiano, espanhol, francês e inglês. Alejandra Pizarnik, Seamus Heaney e Paul Celan inspiram sua poesia, mas o que parece melhor definir a poeta é sua voz movente, que se desloca dos Alpes suíços às montanhas de Minas, corroídas pela mineração.  Suas inquietações, pessoais e políticas transitam além das fronteiras para encontrar uma unidade – o humano, o universal, o local, nos temas que incluem desde a paisagem mineira arruinada pela mineração, como às tragédias humanas que constituem a mais profunda camada do continente europeu.

Percebe-se em seu processo criativo, a predileção por vários poetas e escritores que parecem se incorporar à sua escrita através da citação. Desde Pasolini, Carlos Drummond, João Cabral, Robert Walser, mas também Dany Laferrière – escritor de origem haitiana radicado no Canadá. Essa espécie de homenagem ou procedimento faz parte de uma poética consciente, elaborada? Sim, com certeza, é consciente na medida em que a leitura de suas obras é presente no meu dia a dia, molda minha visão de mundo e atravessa meu processo criativo. Escrever é uma forma de diálogo, nesse sentido. E tem outros tantos que me habitam, numa espécie de coleção infinita de versos e combinações de palavras, que surgem quando escrevo.

Existe, para cada livro, um clima geral que procuro para ele. É algo bastante instintivo, não racional. Para criar esse “clima” ou “ambiente”, me cerco naturalmente de livros que estimulam essa ambiência. No caso deste livro, foi quase inevitável recorrer aos autores que, de alguma forma, sinalizaram em suas obras seu próprio mal-estar e sua dor diante da dor alheia, que é a nossa também. E nesse momento surgem as leituras que sedimentaram em mim, ao longo de uma vida de leitora e de professora cuja trajetória é extremamente híbrida (sou suíça de língua italiana, minha tradição poética de origem seria a italiana, mas falo francês desde criança, leio literatura alemã como um braço de minha cultura suíça, vivi 10 anos numa cidade francófona para estudar literatura hispano-americana e filosofia, e agora vivo no Brasil, onde fiz doutorado em literatura comparada, entre Brasil e África lusófona). Esses cruzamentos de vozes e olhares díspares (em termos de origens, mundos, línguas) são intrinsecamente ligados à minha forma de ver o mundo e de pensar que me formaram como um sujeito móvel, curioso, que faz do entrelugar e do plurilinguismo uma casa portátil e mutante.

A escrita para você estaria condicionada ao processo de reescrita, como afirmaria Compagnon em O trabalho da citaçãoSem dúvida, para mim escrever é dialogar, talvez mais do que reescrever. Claro que estamos constantemente retomando temas e citações alheias (conscientemente ou menos), para escrever. Mas acredito que deva existir uma síncope entre a escrita e a reescrita, uma síncope autoral, justamente, aquele tropeço que é individual, indelével. Talvez seja este o maior desejo que move o trabalho da escrita: encontrar e reencontrar sempre, a partir de citações e diálogos, nossa voz e nossa peculiar forma de expressar uma visão de mundo que possa fazer sentido, criar um “senso”, isto é, indicar um caminho, um rumo, mas também um sentido para isso.

Seu livro O mundo mutilado, (Editora Quelônio), tem como cerne a crise migratória ocorrida em meados de 2016. Por que escolher a poesia e não a prosa para abordar o tema? Só a poesia poderia melhor acolher as inquietações da poeta? Penso que a poesia possibilita com maior naturalidade a existências de zonas de sombra (e de liberdade), elipses discursivas onde a sensibilidade do poeta (e do leitor) podem se conectar, sem necessariamente desejar “narrar” os fatos históricos numa determinada sequência verossímil, ou descrever a realidade, tão brutal, tão qual ela é ou nos parece ser.  A poesia como espaço de reflexão se estabelece de maneira mais intermitente, mais sorrateira, por iluminações, por súbitas aparições e mergulhos no abismo da compreensão e da imaginação, contribuindo dessa maneira para estimular o exercício da sensibilidade, da intuição e da emoção estética, formas importantes de apreensão do mundo e de nós mesmos.

Muito mais do que um relato ou um ato de denúncia explícito, com meu livro queria tocar outros seres humanos, com um tipo de comoção existencial que não é específica nem exclusiva da poesia, ao contrário, é própria da linguagem artística, mas que, apesar de ser universal e comum ao território da literatura, possui canais mais diretos com a sensibilidade poética. Tem um ensaio belíssimo da professora italiana Giulia di Santo que analisou a poesia e a narrativa de autores europeus durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Ela usou uma metáfora muito apropriada, a meu ver, para se referir aos muitos poetas que escreveram a partir de e sobre a experiência da guerra (alguns deles, como Ungaretti, Cendrars, Apollinaire, Trakl, tendo sido eles mesmos soldados) : são “o farol sensível da humanidade”, em contraposição aos narradores que muitas vezes elaboram o trauma (individual e coletivo) a partir do ato de narrar, justamente, organizando cronologicamente os fatos para tal elaboração.

O título do seu livro é emprestado de um poema do polonês Adam Zagajewski. Qual a relação do livro com esse autor? Sou uma leitora encantada com a obra do poeta polonês (nascido em Lviv, hoje Ucrânia) Adam Zagajewski e, em geral, com a poesia daquela região cultural que é o leste europeu, hoje atravessado novamente por conflitos e traumas. Ele tem um poema belíssimo dedicado à cidade natal, Lviv, hoje sob as bombas da guerra. Na Itália se traduziu boa parte de sua obra poética e ensaística, por grandes editoras, é um nome muito amado e respeitado. E tem um poema cujo título é mais ou menos esse, “o mundo mutilado”, imagino que decorrente dos fatos trágicos que atravessaram sua terra; me pareceu muito certeiro para o espírito que atravessa meus versos e o mundo do qual eles falam.

Ser um apátrida, mais um

nesse hospício

inóspito

inexato

dessa máquina mortífera

que é o continente

com seu extenso perímetro

de alpes e mortos

um arquivo de túmulos

silenciados

       Nesses versos, há uma aproximação da crise migratória com a memória do continente europeu, da violência e das Guerras.  A referência a Treblinka e Chernobyl, que simbolizam duas tragédias, mesmo que não sejam contemporâneas (a primeira, campo de concentração polonês, a outra, a explosão da usina atômica na Ucrânia, também hoje cenário de uma injusta guerra), “A memória dói em qualquer lugar que a gente toque?” Sim, a memória histórica, coletiva, dói em qualquer lugar que a gente a toque. Acredito nisso. Existe um livro, belíssimo, que fala desse trauma do continente, e que cito nas notas finais do Mundo mutilado. Trata-se do livro de Martin Pollack, “Paesaggi contaminati, per una nuova mappa della memoria in Europa”, publicado em tradução italiana pela editora Keller, em 2017, onde o autor elabora um mapa da memória do trauma, a partir da contemplação das paisagens e dos mapas de roteiros turísticos europeus. O avesso da luz e do glamour europeu (visto com os olhos do turista) é esse arquivo de túmulos silenciados, como uma pele sensível que esconde, debaixo dela, a infecção.

Na seção “A fera” há uma referência direta à Walter Benjamin e que evoca a noite trágica do seu suicídio, quando da tentativa frustrada de escapar da França ocupada. Benjamin também seria vítima desse mundo mutilado, sendo ele também um “migrante” que tentava se deslocar da Europa à América do Norte? Sim, exatamente. À medida que os poemas abordavam esse tema atual, contemporâneo, relativo aos refugiados fugindo pelo Mediterrâneo, surgiram em mim imagens e lembranças de muitos outros migrantes, exilados, fugitivos, suicidas, ao longo das décadas, entre nomes comuns e nomes que ficaram conhecidos na história. A humanidade sempre foi atravessada por esses processos traumáticos e trágicos, e é impossível viver um desses momentos históricos tão duros como o nosso sem lembrar dos outros muitos migrantes, ou “migrados”. Lembrei então da Segunda Guerra, em particular, pela proximidade geográfica e histórica – a geração dos meus avôs é a geração que viveu a Segunda Guerra, a geração dos meus pais nasceu dentro da guerra -, e lembrei também da similitude que certas imagens dos barcos de refugiados no Mediterrâneo, publicadas insistentemente pela mídia, tinham com a imagem dos navios negreiros, com escravizados forçados a migrarem sob a violência colonial.

É uma longa travessia via água para chegar a outra terra, mutilados do país de origem e da liberdade, com a guerra ou a escravidão entalada na garganta.

Mas lembrei também dos muitos latinos tentando atravessar o muro dos Estados Unidos, e em geral, das violências históricas contidas nas relações geopolíticas mesquinhas e coloniais do passado e do presente entre os Impérios (que se gabam de serem muito democráticos e respeitarem os Direitos Humanos), e de como os Direitos Humanos são constantemente violados nos países-palco de guerras e invasões, pelas mãos impunes dos Impérios e/ou pela violência intestina local. Um tema que se tornou muito atual com o conflito na Ucrânia, mas que na verdade é de atualidade constante nos muitos conflitos – menos visíveis aos olhos da mídia – que mutilam pobres, negros, LGBTQIA+, minorias étnicas e religiosas, muitas vezes com a conivência dos países mais ricos.

*

do lado direito de mim

fala em italiano aquela

que desce da montanha

eterna, a filha que fostes,

imperdoável pela neve

expulsa dos olhos

il passo del San Gottardo

è il tuo oceano

teu oceano é de neve

e de rubros cardos

o meu é parcial,

uma vasta extensão

de restos

*

do lado esquerdo de mim

explode como bomba

essa manga

do tamanho do coração

ácida e doce

como a língua que masco

quando visto esse duplo

 Nesses versos, a língua, nesse caso, visita territórios estrangeiros e se vê também arraigada à condição territorialista ou cultural, ou pelo contrário, desterritorializada no sentido de que somos todos “estrangeiros para nós mesmos”, como diria Kristeva? Retomando um pouco a reflexão da resposta anterior, acho que a experiência de quem migra e, escritora ou poeta, se reinventa em outro país e outro idioma, vivencia uma forma de desterritorialização que, no entanto, não é uma perda total. Ou melhor, se perdemos a pátria (linguística, pelo menos), encontramos outras possíveis mátrias, na medida em que aceitamos – primeiro em nós – que isso é não só possível, como desejável para uma integração que não seja somente verniz trabalhista e afetivo. A aderência à língua do outro, poder falar e ser lido na língua do outro (sem a mediação da tradução, se possível) que é o novo país de moradia é crucial para alguém que vive das e com as palavras. É um modo de estar de fato falando com esses outros que eu me tornei, acolhê-los em si, na medida em que sou acolhida-escutada por eles. Nem sempre isso se alcança, claro. Mas acho que utopicamente deveria ser a meta de todo escritor migrante; chegar a escrever TAMBÉM na língua do outro. Digo também porque não estou querendo sugerir que esse processo leve a um afastamento inclusive simbólico com o país-cultura de origem, deixando definitivamente de escrever na própria língua, como lamentava a Kristof, ao definir o francês uma língua inimiga, pois estava matando nela o lugar do húngaro. Não. Mas também não se resignar a ser definitivamente exilada linguisticamente no novo país de vida, sem poder interferir na cena literária, nem que seja com uma língua torta, digo, contaminada pelas interferências da(s) língua(s) que carregamos em nós. Sem poder partilhar, quase ao pé do ouvido, nossa visão de mundo que não é só a de uma “eterna estrangeira” dentro da língua e da cultura.

Aliás, penso que nada é definitivo, nem o uso de uma língua de escrita. Acho que podemos navegar entre as línguas, porque afinal, me parece, aquilo que precisamos dizer, escrever, não depende necessariamente de determinada língua, mas de algo anterior, uma espécie de linguagem da origem, que brota dentro do escritor, e que antecede a gramática formal. E isso pode assumir diferentes formas e idiomas. O fato de não dominar totalmente determinada língua também não me parece tão problemático: lidar com o risco, com a falha, com a indefinição, com a tentativa de se superar, com a realidade mutante, me parecem desafios necessários para alguém que decide entrar na seara da arte.

Penso ser esse esforço que vai em direção a um desdobrar-se fora de si fundamental para superar o ensimesmamento existencial do escritor que migra. Mas, claro, a visão mais ontológica da Kristeva faz todo sentido, embora penso que esteja falando desde outra perspectiva, justamente a de um exílio ontológico, que a experiência da migração só reforça.

Em O mundo mutilado, o cenário é o continente europeu, em O gosto amargo dos metais, que será lançado pela editora 7Letras, a motivação é a tragédia das mineradoras em Minas. Como você relaciona o universal e o local? Então, me interessa muito esse olhar da poesia – que tradicionalmente foi patrimônio quase exclusivo da autoria masculina – diante da história. Essa possibilidade de dizer, de forma enviesada, algo que a crônica ou a linguagem de cunho histórico não conseguem dizer, esse “sentimento do mundo” que o sujeito (poeta, artista) tem e luta consigo mesmo para tentar expressar de forma “outra”. Me interessa muito, como poeta mulher, ser “do mundo” na medida em que reconheço em mim as singularidades do meu gênero, do meu tempo histórico e de minhas circunstâncias pessoais, meu cotidiano. Mas me interessa menos, como poeta, falar apenas das circunstâncias e anedotas de um cotidiano pessoal, fortemente coladas ao meu corpo e a minha identidade. Inclusive porque penso que somos identidades mutantes, e muitas vezes, esse cotidiano “único”, essa identidade que me define como mãe, por exemplo, foi e ainda é o horizonte máximo permitido à voz feminina. Na medida em que falamos daquilo que biologicamente nos caracteriza, por exemplo, entramos no campo de expectativa daquilo que é tolerado, no campo da construção de uma identidade cristalizada e que nos engessa. É claro que somos e sou isso também, mas tenho certo receio em me deixar levar pela contaminação do campo do biográfico, do biológico, como forma de afirmação da identidade como escritora. Acho que sou, ou quero ser, muito mais do que meu corpo, minha biografia, meu cotidiano, às vezes muito insignificante.

Me interessa trasladar esse cotidiano específico  e local, tanto meu como do meu tempo e circunstâncias, numa declinação mais universal, válida para homens e mulheres que vivem em outros lugares, em outras temporalidades, com outros olhos, mas que partilham comigo experiências que os transcendem, como é o caso da crise humanitária dos migrantes, desde um ponto de vista social e político, mas que tem reflexos nas formas como o sujeito (indivíduo) se pensa, quando pertencente a dois ou mais mundos e culturas e línguas, dividido. Esse tipo de reflexão é a que move minha escrita, a possibilidade de olhar para além do fato em si, leve ou grave que seja. Transcender de alguma maneira minhas circunstâncias. Dialogar com meus antepassados e meus tataranetos. Ser contemporânea deles. A possibilidade de sermos outros e não presos a um tempo e um lugar que nos digam o que devemos ser, o que deveríamos ser.

A poesia, a arte em geral, para mim não é apenas denúncia ou observação do real. Acho que é mais do que isso, é a possibilidade de criar outro mundo possível, o ainda não imaginado, o ainda não vivido. Essa abertura se dá pelo trabalho feito a partir da linguagem.

No caso de O gosto amargo dos metais, por exemplo, demorei muito para achar a medida certa da linguagem, que desse conta desse mundo em explosão (que foi a destruição causada pelo rompimento das barragens em Mariana e Brumadinho, em 2015 e 2019), mas através de uma linguagem que fosse cavada, por subtração – como são cavadas as montanhas de Minas.

Queria uma linguagem essencial, óssea, que tirasse matéria à matéria excessiva que foi a que intoxicou o rio e a vida na região. Virar o excesso pelo avesso. Queria meio que uma gênese às avessas. Nesse sentido, Mariana e Brumadinho são lugares-totens da destruição e do que é desbordante, excessivo, infeccioso.

Queria trabalhar com uma linguagem que pudesse soar dos primórdios. Tinha nos ouvidos os versos de um dos poetas que mais amo, o irlandês Seamus Heaney, e recorri a ele para encontrar essa linguagem “universal”. Mariana e Brumadinho eram também lugares onde, possivelmente, poderíamos encontrar os homens na turfa de Seamus, 500 ou mais anos atrás…. o processo de erosão material e simbólica me permite ligar a turfa do Heaney à lava tóxica de Brumadinho. O começo e o fim se parecem bastante, o nascer e o morrer, são dois braços do mesmo corpo vital.

Esse tipo de “tradução” é a que me interessa quando escrevo. Traduzir um tempo histórico em outro, o local para o global – e vice-versa. E fazer isso cruzando as perspectivas e as línguas.

Como tradutora de autores suíços ou italianos, quais escritoras/es você gostaria que merecesse uma atenção maior no Brasil? Em linhas gerais, vejo hoje uma atividade muito intensa e variada de tradução no Brasil, principalmente de uns anos para cá, principalmente de literatura das áreas menos traduzidas como a italiana (digo, menos traduzida no sentido de que, quando cheguei ao Brasil, em 2002, estranhei a pouca presença de poesia italiana do século XX traduzida, se pensarmos na grandeza que é o Novecento italiano em poesia e prosa. Mas isso está mudando, graças ao empenho e competência de tradutores e tradutoras que trabalham nas universidades públicas brasileiras, ou que transitam pelas duas culturas, como as queridas e queridos Patricia Peterle, Francesca Cricelli, Claudia Alves, Davi Pessoa, Valentina Cantori, Elena Santi, eu e muitas e muitos outros.

Acho que a questão relativa à literatura suíça é um discurso a parte, complexo, porque pela própria característica plurilíngue do país e pelo fato de cada região linguística se vincular com uma tradição literária diferente (a francesa, a italiana e a alemã), isso contribui para uma dispersão muito grande, uma indefinição conceitual e identitária do que seria “literatura suíça”, fora do país, mas dentro também. Como definir a literatura suíça´? Hoje isso está mudando na Suíça, escritores e agentes culturais estão fazendo um grande esforço para tornar mais visível internamente (uns aos outros) o que se escreve nas várias regiões linguísticas, e consequentemente, ao se tornar mais claro internamente, fica mais visível fora das fronteiras geográficas e linguísticas da Suíça. Sem contar que o governo vem trabalhando muito e bem, apoiando a tradução da literatura suíça contemporânea, que me parece de fato muito rica pela diversidade de perspectivas, de idiomas, mas também porque hoje se enriquece muito com a chamada “quinta literatura”, ou seja, com as obras escritas por autores não suíços e não falantes maternos de uma língua nacional e que passam a escrever num desses idiomas. É um fenômeno que sempre existiu na literatura global, mas hoje se intensificou muito e no meu país de origem, encontrou uma acolhida entusiasmada por parte da crítica. Muitos desses autores recebem hoje os maiores prêmios literários nacionais, provando ser a língua de adoção, uma mãe amorosa. Esse tema me é muito caro, porque vivo essa situação como escritora aqui no Brasil, com a língua portuguesa como segunda, terceira mãe adotiva. Nesse sentido, acho que o Brasil deveria prestar mais atenção nesse fenômeno histórico, traduzir mais esses autores, essas autoras, e passar a produzir uma reflexão e um pensamento crítico que dê conta dessa nova realidade, global, isto é, a das poetas que escrevem em várias línguas, que se reinventam uma casa dentro da casa do outro.

Uma língua nunca é algo que a gente possui…. Acho que a gente partilha a mesma língua dos outros, como uma galáxia coletiva, um pouco como quando a gente observa a revoada de pássaros: é algo singular, a revoada, uma unicidade orgânica, em movimento, composta por uma multiplicidade de individualidades. Vejo a língua um pouco assim, como uma revoada, e a gente pode escolher voar em outras revoadas.

Atualmente esse é meu campo de interesse, inclusive atuando como tradutora:  traduzi duas obras da grande autora húngaro-suíça Agota Kristof, que devem sair em breve no Brasil pela editora Nós, estou sempre atenta aos autores que leio no meu país, propondo títulos e nomes para editoras com as quais dialogo.

Uma das mais consagradas escritoras brasileiras, Clarice Lispector chegou ao Brasil muito criança, numa situação migratória em que a família fugia das atrocidades do país de origem, hoje a Ucrânia. Como você vê a escrita das mulheres? Difícil resumir em poucas palavras as reflexões que sua pergunta convoca. Mas, tentando voltar um pouco ao que disse nas outras respostas, vejo que na literatura contemporânea, são particularmente as mulheres as que escrevem nessa condição de autoras migrantes ou na diáspora, se reinventando em outros mundos linguísticos e culturais. Cada vez mais, são – somos mulheres as que estamos com o fogo aceso da palavra antiga e da palavra contemporânea, que carregamos para outros lugares e para nossos filhos, nascidos longe do país de origem, nossa língua e nossos mundos imaginados. Mulheres-revoadas. Penso que a literatura escrita por mulheres, hoje, vem com muita força, não só no Brasil… No contexto ocidental, estamos com mais de dois mil anos de História e de histórias por serem contadas, reinventadas, e sem nenhuma vontade de deixar isso para amanhã. Acho que a força da escrita das mulheres decorre muito dessa urgência calma, isto é, esse gesto que parece que carregamos de outras que não tiveram essa chance de escrever. E que levamos adiante com a calma de quem sabe que a hora é agora e não precisa desesperar, porque não tem nada a perder – já, sempre, perdemos tudo, a voz, a vida, o corpo, o desejo, o sonho. Agora não queremos mais e isso é bonito, intenso e essa força leva à vida, é júbilo e expansão. É potência, vontade de um mundo novo, e se esse mundo novo não vier, tudo bem, enquanto ele não vem, queremos uma nova forma de falar sobre ele – proque aliás, acredito que o tal mundo novo nunca veio nem virá, mas é precisamente na maneira de falar dele, na narrativa, que ele surge e se impõe no imaginário. Por isso queremos contar, narrar, fazer poesia, e termos nossas mitologias, cosmogonias circulando pelos livros.

E tudo o que uma escritora deseja e precisa fazer é ter força de imaginação e de fabulação aliada a muita persistência e olhar atento para o coletivo para que outros mundos existam, outros big bangs livrescos aconteçam, aqui e agora.

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Luciene Guimarães é tradutora e especialista da obra de Marguerite Duras. Doutora em Littérature et arts de la scène et de l’écran pela Université Laval, (Canada), com uma tese desenvolvida também sobre a literatura e o cinema de Marguerite Duras.

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