quinta-feira, 13 de abril de 2023

Quem faz o jogo da direita?

 Quem faz o jogo da direita?


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Opinião Socialista


Editorial


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José Genoíno, presidente do PT, disse no Congresso da UNE que "a esquerda faz o jogo da direita", em alusão aos "radicais" que o PT quer expulsar e à todos que se opõem pela esquerda ao governo e suas "reformas".




Deixando de lado o quão velho e surrado é esse "argumento", o que mais espanto causa é a cara-de-pau e falta de senso de ridículo de Genoíno. No mesmo dia, Lula da Silva abraçava-se ao chefe da direita mundial, George Bush. Além da "boa química" entre os dois, tão alardeada pela imprensa, o Presidente do Brasil declarava acreditar numa "relação perfeita" entre Brasil e EUA e aceitava a ALCA. Em seguida, Lula da Silva e comitiva reuniram-se com o FMI, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento, onde não lhes foram poupados elogios às "reformas" e à "austeridade fiscal".




Antes ainda da visita a Bush, o PT que diz querer "economizar" 56 bilhões de reais em 10 anos, às custas do confisco das aposentadorias dos servidores, está fazendo das tripas coração para jogar a CPI do Banestado pra debaixo do tapete e abafar o terremoto que causará a vinda à tona dos nomes de empresários e políticos que remeteram 30 bilhões de dólares para contas no exterior.




E, convenhamos, quem copia FHC, aplica de forma aprofundada o modelo neoliberal (antes patrimônio do PSDB e PFL) e integra até o PPB de Maluf na base governista, não tem como acusar - a não ser a si próprio - de estar fazendo "o jogo da direita".




Derrotar o jogo da direita com luta e com um novo partido.




O jogo da direita está sendo jogado pelo governo, com a reforma da Previdência, com a aplicação do receituário neoliberal e da cartilha do FMI e com as negociações e aceitação da ALCA.




Na verdade, a esquerda precisa entrar em campo, começar a jogar e ampliar seu jogo. Sim, porque ao PT passar com armas e bagagem para o campo do FMI e da burguesia, é urgente que a esquerda entre em campo. Coisa que começa a acontecer e ganhar força. Fazendo o jogo da esquerda para derrotar o da direita, teremos a greve do funcionalismo contra a reforma, que promete jogar bem. Ao lado dela, precisam se posicionar todos trabalhadores e ampliar o ataque e defesa da esquerda para derrotar o projeto do FMI e barrar a ALCA; para conquistar emprego, salário e terra e defender direitos.




Mas, para fazer o jogo da esquerda, os trabalhadores precisam também de um novo instrumento político. É necessário que toda a esquerda socialista vote contra a reforma – como farão os "radicais". E é preciso também que todos os socialistas rompam com o governo e com o PT e que todos juntos formemos um novo partido.




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Lula encontra Bush e diz sim à Alca.


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Opinião Socialista


João Ricardo Soares


www.pstu.org.br




Enquanto Bush e Lula da Silva se reuniam na Casa Branca, soldados americanos continuavam assassinando famílias iraquianas. Não houve interesse de Lula em questionar o "terrorismo de Estado" de Bush, que transformou o Iraque em uma colônia dos EUA.




Lula da Silva, fazendo balanço da reunião, disse: "inicia-se uma nova etapa nas relações entre os dois países". Na verdade, não há nenhum exagero nisso. O que não se disse é que esta nova relação é a pavimentação do caminho que pode nos converter em uma colônia dos EUA, expressa na firme decisão de assinar a Alca. Não foi gratuito o "esquecimento" do Iraque, foi uma opção política.




No plano interno, o governo Lula da Silva tenta convencer os trabalhadores de que a colaboração de classes - e não a luta decidida contra a burguesia - pode garantir os interesses dos trabalhadores, e a luta entre as classes foi substituída pela "parceria".




Em nível internacional, em plena ofensiva recolonizadora do imperialismo contra os povos do mundo, Lula da Silva considera o momento como ideal para construir uma relação ainda "mais perfeita" com o imperialismo. Ele acha que pode aperfeiçoar o que foi feito por Collor e FHC?




Segundo Lula da Silva, agora será diferente: tudo se baseia em uma profunda "convicção de propósitos" dos países. A luta contra o imperialismo pode ser substituída por uma relação "civilizada" entre chefes de Estado. O imperialismo, que é a expressão da barbárie que acabamos de assistir no Oriente Médio, pode construir uma relação baseada na "civilidade" com o Brasil? Não. O que se viu foi a reafirmação de uma relação "servil", em que Lula incorporou toda a agenda do imperialismo americano, em troca de migalhas para as exportações dos latifundiários brasileiros ao mercado dos EUA.




O "sim" à Alca.




Não foi mera coincidência o fato de que ao mesmo tempo em que Lula da Silva dizia "sim" ao calendário da Alca, uma reunião ministerial da OMC no Egito constatava a crise da rodada de negociações. A chamada "Rodada de Doha" tem como eixo a abertura do mercado agrícola dos países imperialistas, em troca de aprofundar a abertura do mercado de serviços dos países periféricos.




Com duas negociações em curso sobre temas similares, a política inicial dos EUA foi atar o tamanho da abertura de seu mercado agrícola ao Brasil e Argentina, ao grau de abertura que fariam os europeus. A abertura do mercado agrícola da Europa para a exportação estadounidense, pode compensar a entrada de produtos agrícolas brasileiros nos EUA. Mas a União Européia não consegue chegar a um acordo sobre a redução dos 50 bilhões de dólares de subsídios dados a seus agricultores, nem sobre em que grau abrirá o mercado agrícola. O governo francês não está disposto a enfrentar a mobilização dos camponeses, em meio à luta do funcionalismo contra a reforma previdenciária.




Neste quadro, não existe outra alternativa para os EUA do que trazer para as negociações da Alca os pontos que tinha remetido à OMC - barreiras não tarifárias e agricultura - acelerando desta forma a Alca e desvinculando-a de um possível fracasso na OMC.




A razão de fundo de Bush para uma reunião de cúpula com Lula da Silva foi a retomada com tudo do calendário da Alca. A intenção de abertura do mercado agrícola fica clara no acordo que prevê a padronização das chamadas normas fitossanitárias, que abriria o caminho para aumentar a exportação dos latifúndios brasileiros.




Os EUA também deram sua benção para que a burguesia brasileira participe da "farra do boi" na África. Empresas brasileiras querem sua parte na rapina no continente, como é feito em Angola, principalmente no setor de construção.




Alca e "integração regional".




Entre os que lutam sinceramente contra a Alca, muitos tinham ilusões de que a política externa de Lula da Silva, de prioridade ao Mercosul e integração regional, fosse uma alternativa. O Ministério das Relações Exteriores chegou a ser apresentado por amplos setores da esquerda como trincheira de resistência contra a agenda neoliberal aplicada no país. Na verdade este seria o primeiro governo que funcionaria com tal critério. Pois a política exterior, mais do que um assunto de governo, expressa interesses de Estado e, em definitivo, interesses da classe que o controla: a burguesia.




Como a política interna do governo está adequada aos interesses do grande capital, vide a reforma da Previdência, lei de falências, reformas tributária e trabalhista, a política externa não poderia ser diferente. Afinal de contas, o Estado aplica uma política centralizada.




O próprio Amorim já tinha dito que o fortalecimento do Mercosul não era uma alternativa à Alca. Mas as declarações de Lula em Washington foram ainda mais categóricas ao afirmar que o Mercosul e a integração sul-americana "podem se converter em um bom negócio para as empresas americanas".




Demonstrando a serviço de quem está a "integração regional", Lula da Silva buscou convencer as "empresas privadas e fundos de pensão que invistam neste projeto, em especial as companhias americanas que já se mostraram interessadas".




Não houve exagero da imprensa burguesa ao noticiar que "Bush aprova plano de Lula para liderar América Latina", pois o plano não exclui os interesses dos EUA. Ao contrário, reflete a opção estratégica da burguesia com capital instalado no Brasil, de aprofundar sua associação com o amo do norte.




Não era por menos que Furlan, ministro exportador da Sadia, estava exultante com a reunião: "Há por parte dos EUA vontade política de aproximação com o Brasil e o desejo de uma agenda positiva". Trocando em miúdos: muitos lucros à vista.


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