A crítica de Boal a Ionesco vale para todos os dramaturgos e criadores nessa linha. Quero partir dela em um próximo artigo:
"A mais recente e mais severa redução do homem, contudo, é a que vem sendo realizada peo antiteatro de Eugène Ionesco, que procura retirar do homem até mesmo a sua capacidade de comunicação. O homem tornar-se incomunicável, mas no sentido em que lhe é impossível transmitir as emoções mais íntimas e as nuanças de seu pensamento, mas literalmente incomunicável. Tanto assim que todas as palavras podem ser traduzidas numa só: chat (Jacques ou a submissão). Todos os conceitos valem chat. Ionesco declara este absurdo com muita graça e nós -- burgueses e pequeno-burgueses -- rimos bastante. Mas já não o achariam tão engraçado, operário à espera de um pronunciamento das classes patronais quanto à necessidade de um imediato aumento dos níveis salariais, que recebessem em resposta um discurso como aquele que encerra a peça As Cadeiras, pronunciado por um mensageiro mudo. Ou se lhe dissessem que "aumento de salário" é chat, "miséria" é chat, "fome" é chat, tudo é chat.
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