segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Dilemas Fáusticos: Crítica do Texto Reconstruir a Esquerda

O texto Reconstruir a Esquerda, de Ruy Fausto, a meu ver ajudou pouco nessa reconstrução. O texto, a meu ver, tem passagens que eu gostaria de ressaltar em itálico:


"A campanha contra o impeachment no Brasil foi um importante movimento, a ser sempre saudado e comemorado, embora tenha sido feito sob a hegemonia de um partido que não é propriamente um modelo " (FAUSTO, 2016, p. 44).


A campanha contra o impeachment, Fausto, foi deprimente, pois implicava em sair às ruas defendendo pessoas comprovadamente corruptas. E, por fim, foi abandonada pelo próprio Lula e pelo PT, que preferiu jogar politicamente no parlamento.


"Tudo considerado, contudo, o tipo de violência de esquerda que se tem assistido há alguns anos na USP é propriamente lamentável. Que a esquerda não se engane: seus efeitos são negativos. Pode levar à destruição da universidade." (FAUSTO, 2016, P. 45).


Fausto, Fausto, se a ocupação era justamente contra o sucamento da universidade, contra as salas de aula superlotadas, com a diminuição das verbas, etc. Foi exatamente o contrário: a ocupação buscou preservar a universidade!


O balanço da experiência totalitária de esquerda é o de muitas dezenas de milhões de mortos, sendo os pontos altos desse massacre a fome stalinista dos anos 30.

Segue-se uma peroração que mistura O Grande Salto para Frente de Mao Tsé Tung, o grande terror dos anos 30, A Revolução Cultural Chinesa e a façanha de Pol Pot, a quem ele atribui ter matado 2 milhões de mortos, mais ou  menos um quarto da população do Cambodja. 

Fausto, você deveria criticar Trotsky e Gramsci que são a base teórica do PT e não Mao, Stálin e Pol Pot.  Isso que você elenca como derrotas são justamente os sucessos do socialismo. A coletivização dos anos 30 acabou com a fome. Mesmo o livro Perestroika de Gorbachev registrava isso. Igualmente, o tal grande terror expurgou a quinta-coluna da URSS e os oportunistas do partido, possibilitando a vitória contra Hitler. O Grande Salto formou as bases da industrialização que faz da China uma grande potência hoje. A Revolução Cultural Chinesa foi uma experiência de democracia direta, com os jovens assumindo efetivamente parte do poder com as Guardas Vermelhas. Possivelmente gerou um alicerce e um aprendizado que ajudou a manter o partido comunista encabeçando a China até hoje em dia. Ainda que cometendo erros, sem dúvida fez avançar o marxismo. Igualmente Pol Pot e seu partido não mataram um quarto da população do Cambodja. A partir do momento em que os USA exportou a guerra do Vietnã e bombardeou o Cambodja, foi responsável pelo genocídio. Aliás, a acusação de genocídio contra Pol Pot começou quando os cambojanos passaram à embaixada da Alemanha Oriental a informação de que a ditadura militar apoiada pelos USA no Cambodja e os bombardeios estadunidenses, teriam sido responsável pelo genocídio de um milhão de cambojanos.

E outra: existem artigos acadêmicos a respeito, Fausto???



Sobre os processos por corrupção no Brasil, ele afirma que: "a situação geral, guardadas as proporções, é mais ou menos inversa à dos processos stalinistas" (FAUSTO, 2016, p. 46).


Não, Fausto, a situação é semelhante. Diga-se de passagem que essa é a melhor parte de seu artigo, quando você nota que, por medo do totalitarismo, Marilena Chauí nega-se a fazer autocrítica. Mas podemos dizer que, tanto no caso dos processos contra os petistas quanto contra Bukharin e Kamenev, há evidências de que fizeram o que eram acusados de fazer, exageros e injustiças à parte. O pior do artigo vem a seguir.



"Isso não quer dizer que toda intervenção americana seja necessariamente condenável. É discutível se não teria sido melhor, para os norte-americanos e para o mundo, ter ousado atacar o ditador sírio Bashar Al-Assad, por exemplo, em vez de recuar e se omitir" (FAUSTO, 2016, p 51)


NAO, FAUSTO, MIL VEZES NÃO! Os USA só não atacaram a Síria porque Rússia, China e Irã se mobilizaram e não deixaram. De forma alguma teria sido melhor, pois teria aberto para o ISIS, para a desagregação do estado e para crise humanitária. Teria sido melhor a III Guerra Mundial, Fausto! Não, mil vezes não! Não venda a alma ao diabo, Fausto!!!

Fora a crítica a Chauí, há de interessante também sua crítica ao  populismo, que deveria ter sido melhor atrelada ao castrismo.  O castrismo é erroneamente agrupado nos totalitarismos e vc chega a dizer que se o castrismo chegasse ao poder você iria para uma embaixada.

No entanto o castrismo hoje apoia os populismos como de Lula. E apoiou o sistema pluripartidário na Nicarágua, assim como a economia mista. Você não tem muito a temer o governo Temer, se você apoiava Dilma em algum grau. Foi trocar seis por meia dúzia. Pois você é, no fundo, também um reformista, Fausto.

Você acredita no mito dos milhões de mortos do socialismo, Fausto! Então você é inspirado em Hitler, pois Minha Luta foi a primeira obra, em 1923, a trazer essa explicação.












domingo, 23 de outubro de 2016

Verbete de Barravento


Leiam o meu texto sobre Barravento no Geacb. O linque está aqui

sábado, 22 de outubro de 2016

Trotsky: Exílio e Morte de um Revolucionário: Resenha de Uma Biografia




            A recente biografia Trotsky, Exílio e Morte de Um Revolucionário, de Bernard Patenaude, tem elementos em comum com o texto de Alejandro Padura (O Homem e os Cachorros), assim como com o filme de Joseph Losey, O Assassinato de Trotsky (1972). A história da vida de Trotsky é contada como se fosse um thriller. Ela inicia-se como assassinato do biografado e aí então retrocede para contar a história de vida do político.
         O que se encontram atualmente são biografias de Trotsky: seus livros não são reeditados. Ele não é lido de forma crítica pelos trotsquistas, que tendem a fazer o culto de sua personalidade.
            O enfoque da biografia são mais os fatos polêmicos que o envolvem o político do que sua produção intelectual. Trostsky não gostava de ser criticado e sim cultuado, tinha em sua maioria admiradores jovens e não amigos, o que prejudicou consideravelmente sua articulação política; não se importava muito em beber e comer bem, nem ficava muito tempo em jantares sociais. Não gostava de beber ou fumar e detestava “vestidos longos” e conversar coisas comezinhas, fúteis. A comida em sua casa era insossa e sua esposa, alguém muito triste. Há um grande contraste, nesse ponto da comida, entre ele e Stálin, alguém que apreciava pratos apimentados. Os georgianos são os baianos da União Soviética, como observou Glauber Rocha.
            A vida de Trotsky foi, conforme essa biografia, totalmente marcada pelo confronto com Stálin, a quem ele atribuía todas as suas desgraças, assumindo claros indícios de paranoia. O biógrafo considera que Trotsky era um “herdeiro natural” de Lênin, mas quando menciona Gorbachev observa que o líder soviético nunca reabilitou Trotsky, considerado pelo responsável pela perestroika um grande crítico do leninismo. Para Patenaude, Stálin “passou a perna” em Trotsky. Ora, como pode uma “mediocridade” enganar um “gênio político”. Essas e muitas questões ficam em aberto.
O suicídio da filha de Trotsky foi atribuída ao stalinismo, mas a filha não se dava bem com Trotsky, que não a tratava com afeto e não lhe escrevia cartas, mesmo ele sabendo que ela estava em depressão --e tendo lhe suplicado que o fizesse. A operação de apendicite que matou o filho de Trotsky em Paris em um hospital russo também teria sido armada pela polícia política. O texto alega que o Sergei Trotsky era vigiado por um amigo espião soviético, Mark Zborowski, mas a seguir se pergunta: por que matariam Sergei, se ele os municiava com informações e não desconfiava de Zborowski?
O tom nebuloso cerca também a figura de Jacson Monard, o assassino de Trotsky. Ele conviveu durante muito tempo na casa de Trotsky e chegou a dizer, depois do ataque dos comunistas, que a polícia política usaria, nos novos ataques, outras táticas. Jacson frequentou a casa de Trotsky durante anos, foi namorado da trotsquista Silvia, prestando-lhe inúmeros favores e escrevendo artigos que Trotsky comentava. Perguntando a respeito do ataque de Orozco, não respondeu quais seriam. Não seria um erro muito primário para um agente que tramava matar Trotsky? Patenaude também registra, discretamente, que Jacson jamais admitiu ser agente soviético. A biografia deixa totalmente de lado a hipótese de crime passional: Trotsky era contra o casamento dos dois.
Para Patenaude, “ondas de choque” da II Guerra chegariam até a URSS, onde as massas proletárias se uniriam para derrubar a “burocracia stalinista”. Com isso contava Trotsky, pois nesse momento ele e seus seguidores seriam convidados a liderar a luta para liderar a democracia dos trabalhadores na União Soviética. Mas uma rebelião dessa, depois da chegada de Hitler ao poder, não abriria as portas do país para uma invasão alemã? Igualmente, se essas ondas de choque eram esperadas, explica-se a repressão de Stálin frente a uma possível revolta. No entanto, nega-se que qualquer revolta na URSS tenha tido apoio de Trotsky. Ele é sempre visto como vítima, quase um Cristo, alguém que jamais revidou a todas as perseguições, nem tramou atentados, etc.
A biografia levantou um questionamento interessante quanto aos Processos de Moscou: “Eles estavam causando dano à reputação internacional de Moscou num momento de grande perigo internacional, por que então iria Stálin optar por encená-los, a menos que a conspiração trotsquista fosse legítima? (...) Será que Stálin teria mesmo sido capaz de arriscar tudo, sabendo que um dos malfadados homens poderia decidir no último instante surpreender o traidor Vishinki e deixar sua marca na história, soltando a verdade?” (PATENAUDE, p. 42-46). Boa pergunta: se era uma encenação, por que correr o risco diante da imprensa internacional? Por que permitir, como foi permitido, que os acusados negassem algumas das acusações? Trotsky alegava que todos estavam muito interessados em sobreviver e que suas famílias mesmo sofriam ameaças ou estavam reféns.
Uma vez no México, Trotsky enfrentou críticas de liberais como John Dewey, que simpatizava com sua causa, no sentido de aproximar a prática de Trotsky no tempo do partido bolchevista ao reprimir a base naval de Krondstadt à repressão que ele mesmo sofria. Ele deveria, no entender desses liberais, renunciar ao “mito de outubro”. O próprio Patenaude, embora claramente simpático a Trotsky, tende a propor essa renúncia, pois passa como gato sobre brasas por temas que poderiam comprometê-lo, quais suas divergências profundas com Lênin e Stálin. Nos anos 30, era bem mais ressaltada a continuação entre bolchevismo e  Stálin do que agora. Patenaude observa a situação difícil em que ficava Trotsky nesse caso, obrigado a criar o termo “stalinismo” e a inventar uma suposta burocratização que teria ocorrido a partir de 1929 como forma de condenar o partido bolchevique.
Resta também saber porque Trotsky teria aventado hipóteses absurdas, tais como a possibilidade de que a guerra da URSS contra a Finlândia em 1940 pudesse desencadear uma guerra civil na Finlândia, hipótese amalucada que provocou divergência entre os trotsquistas. Será que Trotsky estava colaborando com os nazis e os japoneses secretamente e apoiando da boca para fora a URSS? Patenaude não chega a aventar tal hipótese.
Trotsky, sem dúvida exímio orador e eloquente escritor, fracassava de forma retumbante em lidar com as pessoas e mediar os conflitos dentro dos grupos trotsquistas. Confrontado com argumentos contrários, enfurecia-se.
Patenaude amenizou: 1) os choques com Lênin e seu teor, pois Trotsky negou o partido de vanguarda, assim como a possibilidade de construir o socialismo na URSS sem uma revolução na Europa. Trotsky não aceitava o centralismo democrático. Em minoria, queixava-se de estar sendo esmagado e cerceado, em maioria, buscava calar os adversários. E não o aceitou, na prática, depois de julho de 1917, quando entrou no partido bolchevique. Mesmo perdendo internamente, seu grupo insistia em adotar suas próprias decisões, como num partido de tendências como o PSOL e o PT. 2) A tentativa de exportar a revolução para a Polônia, um desastre inspirado pela teoria da revolução permanente de Trotsky; 3) Divergências entre Lênin e Trotsky em Brest-Litovsky, quando Trotsky negou a ideia do acordo de paz de Lênin, e, graças a boatos que diziam que Lênin era agente alemão, propôs que não se faria nem a paz e nem a guerra, o que resultou em desastre.
A trajetória de Trotsky foi coalhada de derrotas: foi derrotado ao optar pelo partido menchevique; foi derrotado novamente ao entrar no partido bolchevique; foi derrotado finalmente nos anos 30, quando sua política despertou a desconfiança de que estivesse secretamente a serviço da Alemanha nazista, tal como quando foi intransigente contra a aliança entre os trotsquistas e a frente popular na Espanha, não atendendo aos apelos e análises dos próprios trotsquistas espanhóis, a quem tratou de expulsar e atacar nessa ocasião. Ficou bem evidente que ele colocava como prioridade absoluta derrotar Stálin e voltar para URSS, pagando o preço que fosse necessário, mesmo que tivesse que sacrificar a Espanha aos nazistas. Viveu boa parte da vida escondido dentro de casa, vendo inimigos por todos os lados: na prática como um prisioneiro.
            A parte mais fascinante da biografia não é a parte política, a meu ver, e sim sua movimentada relação com diversos artistas, dos maiores do século XX: a amizade e o rompimento com Diego Rivera, seu caso com Frida Kahlo, seus diálogos com André Breton, que furtou ex-votos em uma igreja, enfurecendo Trotsky, a quem o surrealismo cheirava a religiosidade. Rumoroso e impressionante também foi o suposto ataque do pintor Orozco e dos comunistas contra a casa do líder russo. O ataque foi tido pela polícia como uma farsa armada por Trotsky, tal a inabilidade que demonstraram os atacantes, que atiraram em tudo, menos em Trotsky.
            Patenaude fez uma biografia em que evita os temas mais espinhosos para Trotsky, mas ao mesmo tempo podemos notar que não é trotsquista: ele chama da revolução de outubro de 1917 de “golpe de outubro!”


segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Impeachment: golpe ou política democrática



Enfim, concordo totalmente com Erik Hg! Parabéns, Erik! Segue um artigo de Erik Hg sobre impeachment ou golpe.

Dizem por aí que a política brasileira é uma farsa. Que não dá mais pra acreditar nela. Que o partido popular enganou o povo. Que as elites deram um golpe e que o golpe ainda está acontecendo. Que a Constituição foi rasgada e democracia acabou. Etc.
A política brasileira é uma farsa? O que ela devia ser, senão… política?
Política não é igreja, é guerra.
Aos crentes da política celestial dos anjinhos, cabe dizer algumas coisas.
Pra começar, a Dilma não precisa se preocupar. O Collor, quem diria? e sendo quem é, conseguiu se eleger senador depois de sofrer um “golpe” muito pior. E também porque o PT não enganou ninguém. Os desiludidos é que nutriram esperanças e ilusões ingênuas sobre ele (e agora por coisas piores). Mas vamos ao que interessa.
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O PT não foi apeado do poder por meio de um golpe.
Não houve ruptura institucional, a Constituição não foi rasgada e a democracia não acabou.
Ao contrário, estamos em plena e puríssima vigência da democracia do Estado de Direito burguês, e a Constituição continua firme e forte a serviço do capital. Não houve golpe, mas sim uma manobra política – no sentido mais íntegro da palavra, ainda que seu conteúdo não o possa ser.
Todas as medidas “golpistas” do atual governo, bem como sua própria entronização, passam por sobre um tapete vermelho no Congresso eleito pelo povo e “para o povo” – onde, aliás, o PT permanece enquanto oposição e, tal como no caso do próprio PMDB na ditadura militar, contribui para legitimá-lo.
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É claro que há quem ache estranho, imoral e inadmissível – por achar que se trata de uma legitimação do impeachment – que eu diga que o tal golpe “contra a democracia” nada mais foi que pura política operando em perfeitos marcos democráticos.
Eu não legitimo política alguma, e política alguma requer minha aprovação. Me interessa é dizer o que as coisas são, tais como elas são.
O tal golpe “contra o Estado Democrático de Direito”, muito antes pelo contrário, em nada atentou contra esse mesmo Estado.
Aliás, pondo os pingos nos is, tal manobra política não passou da mera demissão do PT do cargo de serviçal da burguesia.
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Longe de querer enfraquecer as lutas contra o governo Temer, a minha preocupação é justamente chamar a atenção para o efeito prático desmobilizador do uso do termo.
Quando o PT vende a tese do “golpe” e todo um varejo passa a distribuí-la, nada mais fácil para a direita que contra-golpear essa tese lembrando duas ou três coisas:
1) o “golpe” em questão está previsto na Constituição, e todas as instituições democráticas, longe de serem ameaçadas por tal “golpe”, o referendaram. O TCU rejeitou as contas, a Câmara dos Deputados autorizou a instauração do processo, o Senado admitiu sua abertura, o STF barrou todos os recursos impetrados pelo Governo, a OAB recomendou, etc. Quem podia dizer que era expediente ilegítimo, pois que engolfava o jurídico no político, o fez: José Eduardo Cardoso participou de todos os trâmites, apresentou impecável defesa de Dilma, e perdeu em todas as instâncias. Decerto, não se esqueceu que o que seria o “jurídico” estava sujeito a voto em todas elas. Mas, se isso é golpe, por que legitimou, de cabo a rabo, todo o processo?
A propósito, quem fala em “politização do judiciário” e “judicialização da política” parece se esquecer que o primeiro é (ainda que circunscrito às bolhas tribais da magistratura) perfeita e integralmente político, e a segunda é que elabora as leis (mesmo quando absurdamente ilegítimas).
2) é preciso explicar (e convencer) por que o impeachment de Collor (apoiado pelo PT) não foi golpe. O que era crime nesse caso e no caso atual é objeto de análise e decisão do Senado, e em ambos os casos o Senado concluiu pelo impeachment.
3) é absurdo forçar a aproximação do que há de comum entre Dilma e Jango, quando as diferenças são gritantes; em outras palavras, o que a palavra de ordem petista faz é esticar o conceito de golpe até o ponto em que se possa encaixotar o impeachment da Dilma dentro dele. No entanto, com isso se abre uma “jurisprudência” para se qualificar de golpe uma enormidade de ações políticas triviais, e de se perder de vista exatamente a especificidade daquilo que, até então, não era nada trivial, mas sim um golpe.
A partir desses argumentos, nada impede a direita de dizer que essa é apenas mais uma tentativa do PT em enganar o povo, que já anda bastante escaldado.
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A militância e sub-militância petistas, por sua vez, insistem no brado contra o “golpe”
1) ao confiarem na sofistaria que avaliza a idéia de que a democracia está em disputa, quer dizer, que ela pode ser conquistada, melhorada, aperfeiçoada ou até mesmo se tornar “de esquerda” (resta saber de quem seria essa proposta, já que o PT só é democrata da boca pra fora). Em consequência, se lançam a essa disputa de convencimento afirmando que ela, a democracia, e não o PT, é quem foi derrotada pelo “golpe” (apesar do PT ter seguido e legitimado o processo até o fim e toda a vida política brasileira, em todos os aspectos, permanecer tal como antes).
2) ao acreditarem que a política é uma prática que pode se harmonizar com os interesses dos trabalhadores (para não dizer: com os interesses humanos, na medida em que o interesse humano por valorizar capital é um interesse totalmente estranhado e alienado), donde resvalarem na crença da “ética na política” e na fantasia da “boa política”, comandada por heróis e salvadores da pátria, etc. (pura mitologia política, mais velha que o governo de Péricles). Por tudo isso, insistem em manter o foco das lutas e das críticas no âmbito do Estado, campo de batalha da direita por essência e excelência.
No entanto, essas crenças resultam, na prática, em impotência política e na chorumela da falsa crítica do ressentimento.
É preciso assumir que o PT vacilou, dançou e rodou na arena da política. E que a tentativa de angariar força por meio de uma tese equivocada como essa (se é que não passa de um marketing político feito às pressas) não resultará em uma força política que há de contar com a adesão da força de um entendimento claro e honesto.
Se bem que, ao menos, reuniu em sua defesa um bocado daquelas esquerdas que sempre desprezou.
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Agora, vejamos o outro lado.
Reconhecer que não houve golpe é reconhecer a verdadeira fisionomia da democracia burguesa, do Estado e da política em geral.
Este é um momento histórico propício, como raríssimas vezes se tem na história a oportunidade de se viver, para abrirmos os olhos a este fato.
É reconhecer que a democracia nada mais é que a forma que os interesses particulares, ou melhor, os capitais privados (reunidos em grupos ao redor de permanentes ou eventuais pontos comuns) disputam a tribuna da qual irão se proclamar interesses gerais, “da nação”, “do povo”, “do Brasil” etc.
Como se trata de uma arena onde combatem interesses particulares, ocasionalmente se apresentarão os que falarão em nome do trabalhador, sempre por ele, nem sempre para ele – e se tornarão aptos a servirem de jantar para as demais hienas.
Mas quem alega haver crise de representatividade na política apenas compartilha a mesma ilusão dos que denunciam agora o “golpe”. Desde quando a política visa representar o povo, ó cidadão da Disneylândia?
O poder político não emana de nenhuma forma de misticismo, tal como a “soberania” popular, e sim do poder material, econômico, o qual está muito bem representado na democracia.
Aliás, é o fato de haver tal poder econômico, ou seja, dominação social e secção da sociedade em classes, que explica a existência, a necessidade e os fins da política.
E é sobre a sociedade de classes que se ergue o Estado, a comunidade política dos cidadãos.
A cidadania é o resgate da comunidade perdida no mar burguês da competição universalizada, mas tudo nela é abstrato. O indivíduo se torna aí um punhado de números, por meio dos quais se decreta a igualdade de todos perante o Estado (escamoteando as diferenças sociais que vigoram na realidade cotidiana); e é assim que a expressão de sua sociabilidade na ética se degrada em códigos do Direito. A cidadania é, pois, o laço da comunhão de uma moral heterônoma, estatal, política, um “contrato social” imposto ao indivíduo; e o Estado jamais deixa de tutelar, pela lei e pela polícia, os membros dessa comunidade fantasmagórica, com o que não logra introjetar valores morais na formação dos princípios éticos de pessoa alguma, senão o medo.
O Direito é anti-ético. Tal como a moral, trata-se de um conjunto de normas que regula as relações sociais; porém, ao contrário dela, não emerge a partir de interações comunais e nem se afirma pelo reconhecimento de sua validade mesma, mas se impõe aos indivíduos em mútuo estranhamento de um ponto exterior e acima deles, se fazendo valer pela ameaça da sanção e, por tudo isso, evidenciando um caráter heterônomo, pueril, imputador, jamais permitindo e estimulando a autonomia, liberdade e responsabilidade dos indivíduos. O Direito é, assim, a expressão perfeita da hostilidade e da alienação que impera na sociabilidade anti-social da concorrência de todos contra todos.
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Muitos et ceteras caberiam listar aqui, mas o que foi dito acima já é suficiente para uma conclusão.
Os termos da alternativa são os seguintes: ou os trabalhadores se levantam contra a democracia burguesa, isto é, contra o Estado, isto é, contra o Direito, isto é, contra a cidadania, isto é, contra a política, ou vão continuar catando cascalho nas rebarbas da historieta tupiniquim. Donde não caber aos trabalhadores a defesa da democracia, mas sim a agudização das contradições da sociabilidade burguesa que ela possibilitou que aflorassem, visando e forçando a resolução de tais contradições – algo que democracia nenhuma pode permitir ou realizar.
Comecemos por uma greve geral, já!

sábado, 15 de outubro de 2016

Erik: Um Marxiano Contra a Dialética



Um bate bola entre eu e um marxiano antidialético. O texto dele, na íntegra, está disponível no blog dele, as minhas observações estão em itálico.




Marx: o materialismo contra a dialética

Certos marxistas gostam de dizer que o marxismo se corrige e se apura ao longo de sua história, através de “contribuições” dos mais díspares autores, cujo marxismo e contributo são garantidos por sua fidelidade ao “método do materialismo dialético”. São incapazes, entretanto, de corrigir ou eliminar essa farsa chamada “dialética marxista”.


Erik: como assim? Quem são seus inimigos, Erik? Que marxistas seriam esses? Eu? Engels? Stálin? Você vai desfazer essa farsa para nós? Aguardo ansioso. Marx é contra a dialética? Que interessante! Que descoberta.


Há, dentre outros mais, um texto de Marx claríssimo na crítica à dialética. É o capítulo “O Método da Economia Política”, de seu livro “Miséria da Filosofia”, onde mostra que o pensamento dialético está na verdade em Proudhon, de quem Marx critica o procedimento de encaixotar as categorias econômicas em categorias lógicas, produzidas por um ato especulativo que consiste em galgar os graus da abstração até se chegar em um patamar vazio de determinações, donde tais categorias serem “puras”; posteriormente, tais categorias são organizadas logicamente, e pronto: nasce mais um sistema dialético.

Vejamos o que diz João Quartim de Moraes a respeito:

A singularidade do texto que apresentamos no original, acompanhado da sólida e elegante tradução preparada por Fausto Castilho em 1996, está em que é a mais longa, densa e sistemática discussão sobre o método na obra de Marx. Ele também tratou do tema no Posfácio à 2ª edição alemã de O capital, mas principalmente para comentar resenhas sobre a 1ª edição. Cita uma longa passagem de uma delas, publicada no Correio Europeu de São Petersburgo, em que o autor expõe o que chama o método efetivo (wirkliche) de O capital. Ora, nota Marx, o que essa exposição, “acertada” e “benevolente”, descreve é o “método dialético”. Mas, por mais pertinente que tivesse sido a caracterização de seu método pelo resenhista russo, ele julgou útil consagrar à questão os cinco parágrafos restantes do Posfácio, principalmente para esclarecer as relações entre sua dialética e a hegeliana. Declara primeiro que seu método “é a antítese” do hegeliano, mas, defendendo Hegel contra os que pretenderam enterrar-lhe a obra, enuncia o célebre tema da inversão materialista da dialética, que separa o núcleo racional do envoltório místico. É evidente a importância desse Posfácio para o debate sobre a postura de Marx perante a dialética e a herança hegeliana, porém é no texto sobre o método da economia política que ele mostra como seu método funciona.


Falar de um “materialismo dialético” é cair imediatamente em uma contradição nos termos, pois enquanto o materialismo é ontológico – trata “o ser” não como categoria pura comum a tudo que existe (e que, portanto, nada tem a dizer de coisa alguma), mas considera “o ser” como um ser, uma coisa, um objeto, síntese de múltiplas determinações, ou seja, concreto, particular, específico, que apela não apenas ao pensamento mas também aos sentidos (pois dentre sua riqueza singular de predicados estão os que o tornam material) -, a dialética é um logicismo, uma fórmula metafísica dotada de “princípio”, não importa que não seja o ser “positivo, estático, eterno, imutável, infinito, perfeito, uno, em-si, esférico, absoluto” da metafísica tradicional (categorias do tempo, do espaço, da forma, do conteúdo, do ato etc. abstraídas e hipostasiadas ao vácuo total), mas sim o “devir”, o movimento tornado categoria pura, síntese da relação contraditória entre a pura “positividade” e a pura “negatividade” (Hegel inicia a “Ciência da Lógica” com a “análise” abstrativante da relação entre os puríssimos “ser” e “nada”, para fazer pipocar daí o “devir”); e de toda essa construção ideal pura, este “processo de contradições e sínteses que põe tudo (?) em movimento”, pretende alcançar o que é a verdade daquilo que é ontológico, concreto, impuro, que apela ao sensível muito antes de apelar ao pensamento filosófico, o que é verdadeiramente um absurdo e só pode se destinar ao fracasso ridículo, como todo bom sistema metafísico.

Erik: Pelo contrário, historicamente ontologia é o estudo do “ser do ser”. É abstração e inicialmente era voltada para o estudo de Deus, da Teologia. No final do seu confuso texto o termo ontológico voltou a significar abstração, metafísica. Mas o seu materialismo não era ontológico? É isso que é seu confuso “marxismo”. Tudo isso não passa de revisão absconsa do marxismo-leninismo, para os Eriks da vida se masturbarem na cátedra.

Donde Marx não partir de nenhuma dialética hegeliana, muito menos enxertando nela “o material” (o que seria um transplante totalmente estranho ao pensamento hegeliano) e retirando dela a “casca” de idéias irracionais do idealismo; algo que, convenhamos, teria sido extremamente banal de se ajeitar e não faria Marx merecer lugar nenhum na história da filosofia e da ciência.


Leia meu texto Marx, Conceitos Básicos, disponível no site da Comunidade Josef Stálin (Ui! Sentiu um arrepio?!): o método para chegar à realidade escolhido por Marx, como vimos, foi a dialética de Hegel repensada, assim como o conceito de história como um valor para o entendimento de qualquer ciência, arte ou religião. Estudando sua história e situando-a nela, esse saber será bem melhor entendido e mais frutífero. Hegel entendia a história do homem como uma sucessão de eras, ordenadas pelo espírito absoluto, chegando ao final dos tempos num continuum inspirado pelo cristianismo. Marx aproveita esse esquema mental, mas adapta-o ao materialismo: a sucessão histórica é de modos de produção: comuna primitiva, escravismo, capitalismo, socialismo, comunismo. E o “espírito absoluto” que move a história, ao invés de ser Deus, é o homem, através do processo histórico dialético (ou seja, através da tese/antítese/síntese), que seria para ele uma das leis fundamentais da natureza e da cultura.
         Muitas vezes se fala em “dialética” a propósito de Marx ou do marxismo, de tal forma que praticamente um virou sinônimo do outro. No entanto, a dialética é uma palavra de origem grega e de forma alguma foi inventada por Marx e por seus seguidores.
         A dialética, ou seja, a possibilidade de que o mundo seja formado pela luta dos contrários (dialegein) foi primeiramente estudada na Grécia Antiga por Heráclito (e o materialismo, por Epicuro e Demócrito). Dialética vem da palavra grega “dialektiké” que significa conversar, debater. Esses dois últimos foram, inclusive, objeto de estudo de Marx em sua monografia de conclusão de curso de doutorado em Filosofia (que era o equivalente à nossa graduação em Filosofia). Os gregos é que esboçaram a dialética. O filósofo Heráclito dizia que o todo se transforma: “jamais entramos no mesmo rio”. A luta dos contrários já tinha, para eles, muita importância, principalmente para Platão, que acentua a fecundidade dessa luta; os contrários se geram mutuamente. A palavra dialética vem diretamente de dialegein, que significa discutir. Exprime a luta de idéias contrárias.
            A dialética estuda as leis gerais do universo, leis comuns a todos os aspectos da realidade, desde a natureza física até o pensamento, passando pela natureza viva e pela sociedade.
            A dialética interessou especialmente a Marx porque é uma filosofia que pensa que o mundo está constantemente em transformação, que é a forma que assume essa luta à qual ele se refere.


O que Marx faz, ao contrário de partir de um método dialético – que só serve para enquadrar as coisas numa lógica -, é buscar “a lógica específica do objeto específico”, entender o objeto a partir de si mesmo, extrair suas diferenças específicas, compreendê-lo em sua especificidade.


Erik, você nas notas admite que Marx utilizava a dialética como método de exposição, ou seja, o método dialético. Mais aí em cima você diz que “ao contrário de partir de um método dialético”...decida-se. Você não consegue manter a coerência nem um texto!Quiçá tornar-se esse grande filósofo que você que ser. Mas juntos chegaremos lá! Continuemos a aulinha básica.
Na antiguidade, dialética era a arte de chegar à verdade. O método seria o dialético, ou seja, através das contradições do pensamento em um diálogo. Essa forma de entender o mundo foi estendida aos fenômenos da natureza. O método dialético marxista olha a natureza como um todo unido, coerente, em que os objetos e fenômenos estão ligados entre eles de forma orgânica, dependendo uns dos outros e condicionando-se de forma recíproca. Nenhum fenômeno pode, então, ser tomado fora das condições que o rodeiam, se for separado das condições. A natureza, para a metafísica, é imóvel, estagnada e imutável. Já para o método dialético, ela anda num estado de movimento e transformação perpétuos, numa renovação e desenvolvimento incessantes. Para o método dialético, o fenômeno tem de ser considerado também do ponto de vista de seu movimento, transformação, aparecimento e desaparecimento. O dialético focaliza naquilo que nasce e se desenvolve, não focando na estabilidade como o método metafísico.
            Toda a natureza está num processo de aparecimento e desaparecimento, num fluxo incessante de transformação perpétua. A dialética observa as coisas principalmente no seu encadeamento, no seu movimento, aparecimento, desaparecimento e relações recíprocas.
            O dialético considera que o desenvolvimento é sempre um processo progressivo, onde as mudanças quantitativas se sobrepõem às qualitativas; o processo poderia ser ilustrado por uma espiral. São o resultado de mudanças quantitativas insensíveis e graduais.
            A natureza é a pedra de toque da dialética. Para o dialético, Darwin mostrou que o mundo existente é um mundo orgânico que se transforma há milhões de anos. Já a concepção metafísica, cada vez mais criticada e desvalorizada entre os cientistas, começou com o Aristóteles e sua idéia de Deus como “motor imóvel”.


Daí que não se trata nunca de ficar no âmbito abstrato da “aplicação” de categorias abstratas, tais como modo de produção tal, relação social de produção tal, forças produtivas contraditórias a tal, infraestrutura assim, superestrutura assado, logo revolução. Marx, ao contrário disso, investiga as coisas a fundo, e a tal ponto que desmente uma série enorme de receitas distribuídas pelo marxismo de apostila, como p.ex. a idéia de etapas necessárias no desenvolvimento de uma economia para poder transitar ao comunismo (o etapismo, está claro, é fruto do logicismo, da dialética aplicada do éter teorético do mundo das idéias abstratas sobre a realidade concreta da prática – uma tremenda imbecilidade intelectual). O procedimento de Marx é materialista, crítico-ontológico.
Materialismo não é uma lógica, uma aplicação de métodos ou uma combinação nova de idéias (extraídas, arbitrariamente, do sistema filosófico alheio no qual fazem sentido); como bem viu Lenin, ao proceder ontologicamente, “Marx não nos deu uma Lógica, mas sim a lógica do capital”.
P.S. – Um interlocutor insistiu na existência de uma dialética em Marx, citando o famoso Posfácio à Segunda Edição de O Capital, onde encontramos um rol de elogios a Hegel e à “forma racional e revolucionária” da dialética, que será “enfiada na cabeça dos novos-ricos do novo Sacro Império Prussiano-Germânico” pela vindoura e intensa “crise geral”.
Chamei-lhe a atenção para as palavras que se encontram dez parágrafos antes: “O Correio Europeu, de São Petersburgo, em um artigo inteiramente dedicado ao método de O Capital (maio de 1872), considera meu método de investigação estritamente realista, mas o modo de exposição, desgraçadamente, dialético-alemão”.

E em meio à resposta de Marx, temos essas linhas:

“Sem dúvida, deve-se distinguir o modo de exposição segundo sua forma do modo de investigação. A investigação tem de se apropriar da matéria em seus detalhes, analisar suas diferentes formas de desenvolvimento e rastrear seu nexo interno. Somente depois de consumado tal trabalho é que se pode expor adequadamente o movimento real. Se isso é realizado com sucesso, e se a vida da matéria é agora refletida idealmente, o observador pode ter a impressão de se encontrar diante de uma construção a priori”.

O método dialético de Marx é, pois, um método de exposição.

Mas ainda há uma carta escrita a Engels em 1867, na qual se lê:

“Você tem toda razão a respeito de Hofmann. A propósito, você verá na conclusão do meu capítulo III, onde eu esboço a transformação do mestre-artesão em capitalista – como resultado de mudanças puramente quantitativas – que, no texto, eu cito a descoberta de Hegel sobre a lei de transformação de uma mudança meramente quantitativa em uma mudança qualitativa como sendo atestada pela história e, de forma semelhante, pelas ciências naturais”.

A passagem aludida por Marx está no capítulo “Taxa e Massa de Mais Valia” (O Capital) e diz o seguinte:

“As corporações de ofício da Idade Média procuraram impedir pela força a transformação do mestre-artesão em capitalista, limitando a um máximo muito exíguo o número de trabalhadores que um mestre individual pode empregar. O possuidor do dinheiro ou de mercadorias só se transforma realmente num capitalista quando a quantidade desembolsada para a produção ultrapassa em muito o máximo medieval. Aqui, como na ciência da natureza, mostra-se a exatidão da lei, descoberta por Hegel em sua Lógica, de que alterações meramente quantitativas, tendo atingido um determinado ponto, convertem-se em diferenças qualitativas”.

Quanto a isso, cabe dizer que os princípios da dialética hegeliana se assentavam no que Lukács chamou de “a autêntica ontologia de Hegel” (devidamente tornada falsa por meio do logicismo dialético). E quando Marx aponta tais princípios (ou “leis”) no próprio objeto, não está aplicando a dialética de Hegel nele, mas extraindo do objeto o próprio arrimo da aplicação da dialética como método de exposição. Só por isso, aliás, é que tal aplicação é possível e não-arbitrária.
Mas tais princípios não são a afirmação de uma ontologia dialética, uma dialética da natureza ou da realidade dialética em si mesma. Por exemplo, a contradição: é na investigação da mercadoria que Marx a identifica atravessando sua essência constituída por valor-de-uso e valor. De modo algum a contradição é natural aos produtos do trabalho humano, enquanto simples valores-de-uso, mas é assumida por estes em seu existir concreto no modo de produção capitalista, em sua existência objetiva como mercadoria.
Hegel mesmo era um entusiasta da Economia Política. Não retirou seus princípios dialéticos de nenhuma dialética originária, porém os recobriu com os resultados lógicos – a que chegou por via especulativa – e transformou tais princípios em fundamentos de uma verdadeira metafísica, reduzindo a historicidade a uma teologia, com a qual traduziu filosoficamente a Bíblia: no início temos a Idéia, que então é negada por sua alienação original sob a forma de Natureza, para que, ao fim de todo seu trabalho de resgate de si, atinja o estágio absoluto do Espírito revelado.
Ao contrário disso, e do que crê o marxismo da dialética marxiana a priori, o método dialético de Marx é totalmente a posteriori. Pois bem, nem todos os marxistas retiraram a “casca irracional” da teologia hegeliana e ainda aguardam o Juízo Final sob o comunismo; mas, dentre aqueles que a descascaram, alguns não perceberam que o “invólucro racional” está por ser descoberto nas coisas mesmas, e insistem na metafísica hegeliana de uma lógica dialética pairando sobre a realidade.

Erik, você toca num ponto muito interessante: é um indicativo de que você mistura o pensamento idealista hegeliano ao pensamento marxista, baseando-se nisso nos textos do jovem Marx, totalmente embebidos do pensamento e do vocabulário hegeliano. Isso fica bastante evidente em todo o seu texto.


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Comentário sobre texto traduzido por mim no blog da AND

Excelente texto dos camaradas equatorianos. Muito importante demonstrar que na conta do Sr. Castro e seus servos, devemos depositar enormes quantidades de sangue do proletariado mundial, em particular, latinoamericano que, de forma encantada seguiram seus passos revisionistas e deram a vida para aplicarem suas receitas místicas e mirabolantes que não conduziram a nenhuma vitória expressiva pra classe. Ademais do povo cubano, debaixo da ditadura de seus dirigentes burocráticos, que aspiram o socialismo, aspiram o fim do servilismo colonial e até este momento têm sido enganados por sua direção. Mas não sem combate… o povo cubano triunfará sobre estes srs. É bem nítido que de fraseologia oca anti-imperialista, em menos de 20 anos, os dirigentes revisionsitas da família Castro transitaram para o discurso da mendicância internacional, através da sua principal palavra de ordem de “fim ao embargo”, e a lamberem as botas do imperialismo ianque, por não confiarem nas massas e por saberem que sua economia capitalista não se sustenta por si sem dobrar-se à potência única e hegemônica de nossos tempos.
Ressalto apenas um ponto deficiente do texto, que é sobre o papel de Guevara. É necessário ter em mente que as contradições entre revisionismo e marxismo também existiram no seio da dirigência da revolução democrático-burguesa, sendo que nesta, Guevara representava linhas de esquerda e que sua debilidade ideológica e morte precoce o impediram de travar uma luta mais consequente, mas que demonstrava profundas divergência, sendo inclusive estas profundas divergências um impulso para o seu “abandono” da cia. de Castro, que aproveitou para se livrar do incômodo, jogando-o para as garras do imperialismo ianque. Sua concepção militar era totalmente burguesa e isso deve ser duramente criticado, mas não tanto seu papel histórico como principal cabeça do revisionismo cubano ao lado de Castro, tendo este último (e hoje, seu irmão Raúl) principal papel.
Saudações!

O texto acima referido, traduzido por mim, foi publicado no blog da A Nova Democracia:

A Bancarrota do Revisionismo Cubano

Recepção de Dostoiévski no Orkut


Um bom trabalho sobre a  Recepção de Dostoiévski no Orkut

Resumo: Salvem Benjamin de seus Fãs

Resumo do artigo: Salvem Benjamin de seus fãs!

Nome do aluno: Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior

RA: 232291-9

Curso: Letras (02022-2)

Módulo: IV

Pólo: Luz


Nome original do artigo em inglês: Save Benjamin from his fans!

Autor: Stephan Wackwitz

Local: texto traduzido do jornal Die Welt para o site Sign and Sight (http://www.signandsight.com/service/2089.html)

Data: 11/10/2010














Resumo do texto


O texto de Stephan Wackwitz comenta a respeito da enorme admiração que o pensador alemão Walter Benjamin desfruta hoje em dia, o que pode levar a pensar que ele seja o maior poeta alemão, tal a popularidade e a freqüência com que suas fotos são disseminadas na Alemanha.
Stephan comenta leu Benjamin em 1972, em sua juventude, e ficou muito impressionado, tendo lido muito a respeito dele posteriormente, mas que hoje considera que muitos dos seus conceitos e teorias são falsas (o artigo não explica essa afirmação detalhadamente). O primeiro texto de Benjamin que o impressionou foi Rua de Mão Única, que Wackwitz leu várias vezes, passando a relê-lo com uma visão crítica depois de alguns anos e, principalmente, de verificar como Benjamin é visto na Alemanha e cultuado, a seu ver, em excesso e de uma maneira tola e barata. A seguir, Wackwitz recapitula a vida de Benjamin, tornada, atualmente, uma vida mitificada, de um santo. Ele supõe que Benjamin, ao misturar marxismo e messianismo judeu em textos como Teses sobre a Filosofia da História, jogou as sementes dessa mistificação, estimulando também a fantasia mística de que a revolução aconteceria, apesar de tudo em contrário.
Benjamin teria se tornado kitsch, ou seja, teria se barateado e vulgarizado, daí a necessidade de criticá-lo. Para Wackwitz, mesmo nos anos 60, as teorias de Benjamin presentes nos textos tão cultuados hoje em dia já tinham sido ultrapassadas pelas de outros pensadores e, na atualidade, somente seu estudo sobre o drama barroco alemão ainda se sustenta em termos acadêmicos. Outro ponto é que, se a arte perdeu a aura, conforme Benjamin, muitos imaginam que essa teoria justifica e simplifica a adesão à esfera midiática.
Stephan responsabiliza uma certa má influência de Walter Benjamin por causar danos aos estudos literários, uma vez que ele teria influenciado negativamente ao permitir que se misture, de forma fragmentada, ensaio e ficção, ciência e literatura, e essa mistura, desde os anos 60, tornou-se regra na área e procedimento universalmente aceito. O resultado seria a perda de prestígio dos estudos literários, com a subseqüente burocratização e didatização desse campo de estudos.
Para exemplificar, afirma Wackwitz, hoje um autor sem rigor escreve um texto obscuro, usando os conceitos de “aura”, “flaneur” e outros de Benjamin, mas assim mesmo é aceito enquanto estudioso. Essa leitura equivocada e sem rigor de Benjamin ajudou a tornar os estudos literários obscuros e desprovidos de uma conceituação mais científica, a exemplo dos textos de Jacques Derrida. A crítica de Stephan não é dirigida tanto a Benjamin, mas aos seus seguidores, fãs e a uma determinada recepção que seus textos costumam ter (suponho, na Europa continental e não no mundo anglo-saxônico).
Para Wackwitz um pensador com conceitos tais como Benjamin teria de ser lido ao lado de Robert Walser e de Kafka e não enquanto aquilo que ele se apresenta, como um teórico. Benjamin seria antes de tudo o ficcionista de Rua de Mão Única, ou seja, um ensaísta não acadêmico e um autor de literatura.


Importância do texto para a área


Walter Benjamin é um autor muito influente nos estudos literários hoje em dia, sendo muitíssimo aceito e apreciado, inclusive no Brasil. O texto faz uma revisão, em poucas palavras, da vida e obra de Walter Benjamin, demonstrando boa capacidade de síntese. É importante, no entanto, que ele não deixe de ser lido de forma crítica. O debate sobre o que ele fez de acadêmico e de valor científico também é importante, ainda que o conceito de científico deva ser revisto para ser aplicado às ciências humanas e estudos literários. No entanto, esse artigo critica sua influência e, particularmente, sua recepção deslumbrada nos dias que correm.










http://www.signandsight.com/service/2089.html
German version
11/10/2010

Save Benjamin from his fans!
Author Stephan Wackwitz dissevers literature from science, holiness from genius in the legend of Walter Benjamin

In 1972 I was twenty, a supposedly not entirely untalented, deeply impressionable and utterly confused individual. One week it was Maoism, the next it was poetry or fine art. The interminable vacillations of a young man. Ersatz military service in Bad Urach, holidays in Paris, a patchwork university degree in Munich. The obligatory hitch-hiking in Italy. The effects of Nietzsche's "Zarathustra" and three cans of beer in a youth hostel in Milan. An old man holds his head in despair over the diaries of his younger self.

One day, on a marble table top in an Ulm cafe, next to a cup of coffee, lay a red and white Bibliothek Suhrkamp book. It was Walter Benjamin's "Einbahnstraße" (One Way Street). The effect it was to have on me in the months and years to come echoed that experienced by it author in the 1920's, who could only read Aragon's "Paysan de Paris" one page at a time because it made his heart race and kept him awake for nights on end.

When, after flicking through it for the first time, I returned Benjamin's "Einbahnstraße" to the marble table top in the Ulm cafe (I was waiting for the local train to take me to my home town of Blaubeuren), I knew I would never be bored again. Not because I would continue to read this book for ever, a book that my professors in Munich were unable to classify as poetry or prose, theory or fiction, diary or essay. As I mentioned, I could never digest more than one or two passages in one sitting. What I mean is that something radical had happened in my life, because from this moment on, the world of books would contain something which awed me infinitely, just as I had been awed in childhood by the toys of some of my friends, or as I felt about the glamorous older female students in the German studies seminars in Schellingstraße.

My admiration for some of Benjamin's writing, the elegance of his thinking and his language more than anything else, has accompanied me throughout my intellectual life. And this in spite of the irreparable damage I probably inflicted upon myself during my period of obsessive Benjamin reading. Because the confusion of his thinking exponentially propelled my own confusions to new heights, for many years. When you read Benjamin, you must learn to strictly separate admiration and criticism.

The history of his influence is suitabably paradoxical. Benjamin's writing, which was almost exclusively intended to be scientific in method, makes strict claims to the truth, even when it takes the form of aphorism, feuilleton, literary critique or memoir. But Benjamin today enjoys the level of worldwide adoration that is otherwise reserved for poets in Eastern Europe. He is quoted so extensively, his photograph reproduced so often, he is the subject of so many prominent congresses and meticulous exhibitions that you would be forgiven for thinking he was Germany's leading poet. This misleading (oft kitschifying) treatment of a man who throughout his life regarded himself as a theorist, is most unusual for literary life in the west. At the very least it demands an explanation.

An initial explanation lies in the biography of the philosopher who was born in 1892 as the son of Jewish art dealer in Berlin and, while fleeing the Nazis in 1940, took his own life in the mountains. Strains from saint's legends are interwoven elements of classical artist legends: an endearing ineptitude for life's practicalities, early signs of outstanding talent; the failure of his peers to recognise his genius with the exception of a few visionary individuals (Hugo von Hofmannsthal!) who pointed a prophetic finger in his direction; betrayal by women and friends; persecution by evil rulers; a sacrificial death in the service of his work (the legendary manuscript which he lugged across the Pyrenees in his briefcase); and the posthumous apotheosis. The legend even has a miracle: Adorno suggested that Benjamin's suicide in Port Bout so moved the Spanish border authorities that they allowed the remaining group of emigrants to enter the country and to escape to freedom in America.

The paradoxical entanglement of poetic consecration and scientific standards was however, prepared above all by Benjamin himself. He pursued the project of a sort of concretising theory. He believed that by describing a type of theatre, or novel, or form of architecture in as precise terms as possible, these things would be brought to life in "profane illumination" and spawn a theory of their own. Benjamin, you could say, misinterpreted a Romantic poet's dream ("And the world wakes up and sings, / If only you find the magic word") as research programme. With Joseph von Eichendorff, it was a song that slumbered "in all things, / Ever dreaming forth unheard" - whereas for Benjamin it was historical materialism. Herein lies the failure of his monumental and fragmentary lifework as scientific research and its enduring success as Romantic literature.

Benjamin's writings on German philology, history of philosophy, theology and architectural sociology had already been superseded by the time they were rediscovered in the 1960s. Only his dissertation on the early Romantic concept of poetry still has academic relevance today. But even his contemporaries could not relate to these books in scholarly terms. Benjamin's book on Baroque tragedy not only failed to get past the Frankfurt doctoral committee, whose no-name, line-toeing academics could be dismissed on grounds of bigotry; he also got the thumbs-down from pioneers in Aby Warburg circles (Fritz Saxl and Erwin Panofsky for example). And Adorno's excoriation of Benjamin's writing on Baudelaire is famous.

So how do you explain why his writing, which fails to meet any traditional criteria, has been been so phenomenally influential since the 1960s? The content argument points to Benjamin's combination of "scientific socialism" with cabbalist and messianic motifs (most prominently in his "Theses on the Philosophy of History) which struck a chord with students' illusory hopes of revolution against all odds. And the motifs in the essay on "The Artwork in the Age of Mechanical Reproduction" would certainly have been useful for a generation where most people grew up wanting to become "something media-related".

The most plausible (and depressing) explanation for the triumph of Walter Benjamin's poetic theory, however, springs from the observation that his rediscovery coincided with the rise of an academic current which had abandoned the pursuit of traditional academic standards in favour of creating diffuse meaning which could not longer be verified in scientific terms. The later work of Jacques Derrida, the Frankfurt Hölderlin Edition and the books of Giorgio Agamben could be classed as classics of this academic current, and the reception of Jorge Luis Borges in the eighties and of Heiner Muller in the nineties as their equivalent in the wider world of the chattering classes.

Today the bureaucratisation, didactisation and trivialisation of the humanities in the wake of the Bologna reform have reduced the hipness factor of academic environments and careers. The "Benjaminisation" as you could call the process, of creating poetic effects through scientific means. Catalogue texts, art theoretical "essays", curatorial concepts cite Benjamin's texts ad infinitum and occupy an intellectual no-man's-land between scholarship and poetry.

I'm sure you know the reluctance to continue reading a text if the first paragraph is sat under a chunky quote from Benjamin's book on tragedy, and the remaining porridgy thoughts are generously sprinkled with words like "aura", "flaneur" or "shock". You want nothing more to do with it. The mixture of poetising process with scientific claim to truth feels impure if not downright unsavoury.

Let us instead take a few steps backwards in literary history. Alexander von Humboldt was one of the great natural scientists of his day. But we no longer read his reports of his travels through South America out of natural-scientific interest, but because he was also one of the greatest prose writers of his time. It is it the fate of scientific prose that its scientific relevance fades. The artistic relevance however, of scientists such as Wilhelm von Humboldt and Sigmund Freud which they undoubtedly had and still have, quite apart apart from their discoveries, are untouched by his ageing process. Dante's "Divinia Commedia" was intended once upon a time as a scientific description of the world. Outdated knowledge becomes unsurpassable poetry. And this applies not only to outdated scientific prose, but also ideas that were wrong from the outset. One famous 18th century example of this is Goethe's "Colour Theory" that was appallingly off, even at its time of creation, which does nothing to impair its artistic or literary qualities.

Benjamin's writings are the "Colour Theory" of the twentieth century. If we could agree (and science would almost certainly back us up here) to take his theories on German philology, architectural sociology, media theory and history of philosophy with a pinch of salt, his genius as a writer could get the recognition it deserves. Then the literary essay – a paradoxical case of an illegitimate species which nevertheless has rules – would shift to centre stage in his oeuvre. The "Arcades Project" suddenly becomes a forerunner to Walter Kempowski's "Echolot" and other forms of documentary literature and artistic research; his literary criticism, a subtle intellectual autobiography played out over several volumes. And his reports on interior and exterior travels which we have always been been able to enjoy without regret, as fascinating subjective documents.

This process clearly defines Benjamin – his admirers take note - as the last, most important and most brilliant representative of 20th century Jewish literary culture, a milieu so full of talent that German literature has yet to recover from its eradication at the hands of the Nazis.

Walter Benjamin should be studied and admired as the third and perhaps most original mind in a trio of literary giants of the 1920s, who all registered in erudite consciousness very late in the game: he should be placed alongside Kafka and Robert Walser. And we should stop stirring his intricately brilliant but almost entirely false theories into theoretical blancmange, condemning Benjamin to keep delivering the ingredients. Perhaps though that is the comeuppance for his own scientific hubris – although he has long done penance for that.

This article originally appeared in Die Welt on 24 September, 2010.


Stephan Wackwitz (1952) is an essayist and novelist. "An Invisible Country" was published in English in 2005 (more here).

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Carta a Mozart sobre Nosso Nobre Alcaide e sua Reeleição

Oi, Mozart.

Estou escrevendo para lhe cobrar o artigo sobre as urnas eletrônicas. Nosso alcaide foi pautado por mim
e escreveu um artigo se defendendo, dizendo que não há risco algum e que desde 94 as urnas ficaram maravilhosas,
inexpugnáveis.

Pelo contrário, desde então estão mais e mais sendo questionadas e em 2018 o voto será impresso.

Eu duvido muito que nosso nobre alcaide realmente chegasse a 61 por cento de aprovação na cidade. Para isso, ele teria que
manter os trinta por cento com os quais foi eleito, não ter desgaste algum e ainda dobrar o apoio.

Curiosamente, ele mesmo adiantou o resultado em "pesquisas" no Jornal de Negócios, dizendo que chegaria a setenta
por cento (!). E que "quanto mais bate, mais ele cresce". Como se criticá-lo (bater) não fosse algo que ele pune com
processos, fora o fato de que ele introduziu na cidade a militância em ambientes virtuais ao estilo do PT. Qualquer crítica
é respondida por bate-paus dele na web com baixarias e agressões pessoais, sempre demonizando quem critica.

O nosso nobre alcaide parece querer uma cidade corporativa, onde tudo pertence a uma só família e a um só grupo. E ele parece ter argumento$ para conseguir isso.

Ao contrário do cenário de todo país, onde em geral os candidatos vencem com trinta por cento e há
trinta por cento de nulos e brancos, aqui há quatro por centro de nulos e brancos, somente.

Lembre-se que o esquema, segundo ele mesmo, era passar os brancos e nulos para votos válidos...para algum candidato.

Foram relatados muitos casos de urnas eletrônicas dando problema, como no caso da Escola Coronel Praxedes. Na Escola Miguel Gontijo, o boca de urna do nobre alcaide, paladino da honestidade, foi tão escandalosa que foi preciso chamar juiz e promotor lá. As ocorrências com urnas que não apresentaram o nome do candidato ou apresentavam o voto nulo foram inúmeras, tantas que a PM alegou não ter viatura para poder cobrir todas.

Espero um artigo seu a respeito.

Abraços do Lúcio Jr.