terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Jabbour: Uma Resenha de Socialismo do Século XXI

De início, Jabbour e Gabriele não conceituam socialismo conforme Marx definiu em Crítica do Programa de Gotha: ditadura do proletariado (o termo não aparece!). Nem o termo imperialismo parece lhe agradar. Para Jabbour, a referência para socialismo não são os planos quinquenais da URSS dos anos 30, uma forma de democracia direta (os sovietes e guardas vermelhas) nem as cooperativas socialistas; nem a Grande Revolução Cultural Proletária e nem o Grande Salto Adiante. Parece preciosismo, mas Jones Manoel, por exemplo, é da opinião de que existem vários socialismos –e que não é a opinião de Marx e Engels no Manifesto. Aliás, para Jabbour, há tensão entre o Marx militante político e o cientista social. Creio que há, porém, tensão ou mesmo oposição entre o projeto revolucionário de Marx com o que Jabbour pratica e teoriza. Tanto que para ele, não é preciso preocupar-se com a revolução, uma vez que existe a China (?) Essa conclusão é no mínimo mirabolante para um marxista, mas Jabbour a repetiu em uma live com Dilma Rousseff – está presente nesse livro. Talvez não seja para um “marxiano” –mas “marxiano” é, por excelência, um acadêmico que não acredita no projeto. Ou para um marxólogo de Boitempo. Contrariado nesse ponto importante por Jones Manoel, chamou o militante do PCBR de “delinquente político”. O termo “socialismo de mercado” já é inexato. O sistema mercantil sempre existiu na China maoista, ou seja, antes do marco da “modernização” de 1978. O mercado existe desde a antiguidade. Jabbour parece confundir mercado com capitalismo, um equívoco primário, diga-se de passagem. O correto é supor que na China existe um arranjo social-imperialista semelhante à URSS de Kruschev até Gorbachev. Socialismo de boca, imperialismo de fato. Esse arranjo mostrou-se historicamente frágil: quando se destrói o socialismo, restaura-se o capitalismo, aumenta o mal-estar e o sofrimento das massas. Volta a desigualdade social entre regiões, causando choques entre as etnias e grupos religiosos, etc. Ao mesmo tempo em que prossegue o clima de hostilidade com o mundo capitalista e o estado supercontrolador não impondo ditadura do proletariado, mas da burguesia ligada ao estado contra o proletariado. Para poder fazer frente ao risco de desmoronamento e implosão desse arranjo, que a era Gorbachev mostrou, o capitalismo de estado chinês parece ter colocado em primeiro lugar a criação de um ambiente de estar de bem estar social, com oportunidades de emprego. Jabbour tem um título em que diz algo como “não voltamos à estaca zero depois de 1989”. Esse parece ser mesmo o problema. Difícil encarar que não existem países socialistas hoje, bem como Lula não é de esquerda. Postular o oposto é não aceitar a derrota de 1989, é ser nostálgico. Jabbour, na verdade, liga-se a burguesia burocrática, elogia o desenvolvedor do capitalismo burocrático que foi Vargas e outro expoente que representa essa burguesia burocrática, Lula. Jabbour inicia citando Deng Siaoping falando em “forças produtivas”, jogada usada também por Liao Shiao Chi para fazer a contrarrevolução. Em suma, Deng Siaoping pega a frase “desenvolver as forças produtivas e fazer a revolução”, corta a frase e fica apenas nas forças produtivas, desenvolvendo a contrarrevolução graças à prosperidade econômica que lhe permite agir. No decorrer de suas explicações, não há ruptura entre Deng e Mao, ele deixa de lado o golpe de Hua Kuaofeng em 1976, a prisão da velha guarda maoista. Em 1976, no noticiário da época, era bastante corrente a ideia de que não era apenas a esposa de Mao quem estava sendo condenada e sim as ideias de Mao. Essa informação é correta, mas Jabbour passa simplesmente ao largo dela. Jones Manoel também. Jones Manoel teoriza que existe uma virada à esquerda na China de Xi Jinping e que os intelectuais terão, a partir de Losurdo, considerar que a China é socialista novamente. O partido, no entanto, rejeita o conceito de luta de classes. Pode parecer exagero, mas Jabbour em determinado momento considera que Cuba e Costa Rica estão “próximas do ideal do comunismo” porque a expectativa de vida das pessoas dobrou, não há escassez e foi erradicado o analfabetismo. Cuba, realmente, não tem analfabetismo, mas escassez com certeza sim. O racionamento começou em 1961 e nunca acabou. Jabbour, inclusive, considera Cuba socialista e de economia planificada, mas desde 64 a Juceplan, Junta Central de Planificação, foi extinta e unificada com o Ministério da Economia e Planificação. Conforme João Pedro Fragoso, Cuba seguiu o caminho da URSS revisionista de Kruschev, com empresas autônomas, buscando a rentabilidade, sem planificação central. Jabbour, inclusive, considera que a iniciativa privada em Cuba “está prosperando”. Em Cuba, no entanto, como diz o sociólogo Frank Garcia, o modelo chinês não funcionou porque os USA não aceitaram o país no sistema financeiro internacional e não investiram capital como fizeram na China e no Vietnã. O estado tem investido em hotéis, que é rentável, enquanto o país vivencia crise em praticamente todos os domínios. Ao invés de socialismo, levanta a hipótese de que um capitalismo burocrático “vermelho”. Para Jabbour, não existem condições de debater o “socialismo” cubano –na verdade, o revisionismo cubano muito influente no Brasil. Não sei por quê. Não se debate porque a universidade não quer debater, a intelectualidade não quer debater. O que motiva o debate sobre o socialismo chinês são as constantes denúncias de que as leis trabalhistas lá são frouxas, as jornadas de trabalho exaustivas, as denúncias de trabalho escravo constantes. Para piorar, uma denúncia aconteceu recentemente numa empresa chinesa na Bahia, não tendo sido comentada pelos entusiastas da China como Jones Manoel, Humberto Matos e outros revisionistas, tendo virado assunto apenas para o marxólogo anticomunista Luiz Felipe Miguel atacar Jabbour, que responda alegando que não se pode tomar o todo pela parte e voltando a uma habitual sinofilia (e não sinologia), ao algo estilo: “Não precisamos fazer revolução, afinal temos a China, podemos ficar na prostração colonial e neoliberal, apoiar Lula, mesmo se este aprofunda a condição semicolonial e semifeudal do país, afinal, essa prostração também beneficia o social-imperialismo chinês que favoreço”. Sobre semifeudalidade, um escândalo: Jabbour alega que ela existe em áreas atrasadas do Vietnã e da China ainda hoje. Ele não a nomeia, mas fala em “formas pré-capitalistas” que existem no campo até hoje nesses países. Muito surpreendente, pois possivelmente, se existem, foram restauradas na restauração socialista, pois tinham sido extintas com Mao Tsé Tung. O dirigente estatal, na prática, tinha os mesmos poderes de um burguês. Os dirigentes estatais, junto aos militares, são a classe dirigente de Cuba. Cuba não construiu, portanto, o socialismo, é apenas um capitalismo de estado. O conceito é detestado por Jabbour, mas ele existe em Lênin. Igualmente, Jabbour considera países socialistas a República Democrática do Congo, a Venezuela e o Cambodja, que é uma monarquia constitucional! Seria a primeira monarquia socialista do mundo. Jabbour não define socialismo e considera o ideal de comunismo algo irrealizável. Quando se anula essa ideia de avançar para o comunismo, utilizando conceito frouxo de socialismo, fica difícil postular que China está numa “etapa avançada do socialismo”. Se o ideal comunista é irrealizável, se está avançando para onde mesmo? Aí se verifica o problema de retirar, como Cuba retirou de sua Constituição de 2019, o termo “comunismo”. Se não existe esse parâmetro de recuo e avanço, como considerar que avançou? O que é realmente inédito é um exemplo raro de socialismo em termos e imperialismo de fato, algo raro historicamente –e bem diferente da outra experiência em termos de sucesso econômico. O paradigma disso foi a União Soviética de Kruschev até Gorbachev. Jabbour admite que a China exporta capital (um ponto que Lênin que define como uma das características do imperialismo). Mas há mais. A China tomou uma ilha das Filipinas recentemente, em disputas na região. A ilha historicamente é filipina. O país também avançou sobre territórios em litígio no vizinho Nepal. Um impasse presente no livro é a questão de que a base material influencia a política. Se existem estruturas capitalistas, elas teriam de ter um reflexo na superestrutura, na política –e essa Jabbour nega. Bem como nega o aprofundamento das lutas de classe no socialismo –no que ele segue o revisionismo soviético de Kruschev em diante. Ao tratar das privatizações no Laos e no Vietnã, que são linha soviética, Jabbour supõe que acontecem como na Chjina devido a “leis mecânicas”, não cópia ou imitação, seriam leis que atuam no caminho do socialismo. Supomos, no entanto, que é o revisionismo de linha chinesa que tomou um caminho semelhante ao de linha soviética, aprendendo com ele, por exemplo, a não atacar uma figura como Mao como fizeram com Stálin. Mao é refutado na prática, mas nas aparências segue como uma inspiração. Isso tem sido bastante eficaz para esconder a restauração capitalista.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Paráfrase

PARÁFRASE Lúcio Emílio do Espírito Santo Faculdade de Direito SE CORRER O BICHO PEGA... O cadáver de Universino Soares dos Reis, vigilante bancário, casado, filho de Indalécio Soares dos Reis e Ana Serafina de São José, jaz sobre a mesa gelada de aço inoxidável da sala de autópsias. £ quase meia-noite e a chuva não pára, como também não param de chegar camburões com outros corpos que vão sendo rotulados de acordo com a ordem de entrada. Universino trabalhava na Companhia de Segurança «FORTEX» Ltda e, na manhã de hoje, ao repelir o assalto à Agência do Banco Alvorada S/A, em Osasco, recebeu um tiro na cabeça, falecendo antes de receber socorros médicos. Mineiro de Bom Despacho, há tempos sonhava regressar à terra natal, já que não suportava mais as condições de vida na capital paulista, a miséria crescente e o dinheiro cada vez mais curto para pagar as contas. Universino já tinha até arrumado a casa em Bom Despacho e só esperava juntar algum dinheiro para fazer a mudança e ir embora de uma vez, deixar aquele inferno. Parece que estava até adivinhando. — Você quer saber por quê eu quero ir embora? — dizia ele a um amigo. Eu ganho apenas sessenta mil para criar cinco filhos. Além disso, o emprego não é garantido. Amanhã posso ser despedido e cair na rua da amargura, como milhares de outros trabalhadores por aí. Preciso dizer mais? Olha aqui, meu chapa, já estou cansado dessa vida estúpida, dar um murro danado e no fim ganhar um pontapé no trazeiro. — Mas, no interior a coisa deve estar pior, sô... — Engano seu. Quando meu pai mudou para cá com a família, achava que São Paulo era o paraíso. Ele veio achando que sua vida ia melhorar, aqui ia ter trabalho, bons salários, escola para os filhos e casa para morar. Pois bem. Um ano depois, ele morreu atropelado no Sumaré, deixando cinco filhos totalmente desamparados. Minha mãe, sem condições de susten tar a casa, entregou meus irmãos ao Juizado de Menores e eu fui para a casa de um tio, pois era o mais novo, com apenas dois anos de idade. Onde andam eles agora? Ninguém sabe. E muito triste, não é? — A vida é assim em todo lugar, companheiro. Não se iluda não... — Mas, em São Paulo é pior. Pra começar, não há empregos. Quando a gente consegue um, os salários são baixíssimos, de fome mesmo. As distâncias são enormes. A gente vive perma nentemente amedrontado, tenso, acuado, tudo nesta cidade é dor e sofrimento... Na sala de espera, a viúva Marluce não chora. Cadê lágrimas? Em seu semblante se estampa apenas o ríctus amargo de tortu rante angústia. Seu olhar oblíquo percorre os ladrilhos sujos da sala mal iluminada. Enquanto não liberam o corpo do marido, bailam em sua mente passado e futuro. Conheceu Universino num dia de chuva como este. Ele era carteiro, ela, empregada doméstica. Todo molhado, Universino resolveu pedir-lhe um guarda-chuva em prestado. 32 — Guarda-chuva não tenho. Tenho sombrinha, serve? — Se for bonita como você, serve. A partir de então tornaram-se íntimos. Alguns meses depois estavam casados. Sempre achou perigoso o trabalho de Univer sino, mas os encargos de família e esses tempos difíceis não permitiam o luxo de escolher trabalho. Era o que aparecesse. Apareceu o de vigilante, Universino não se fez de rogado. Ia guardar o dinheiro dos outros. Ia se sacrificar dia e noite pela riqueza de gente que nem conhecia. Mariuce jamais imaginara que o marido terminaria assim, apesar de conhecer os riscos do trabalho de guarda bancário. A esperança de um dia sair daquela penúria não lhe deixava entrever estes riscos. O corpo de Universino já está vestido e vai ser entregue à viúva. Na pressa, Mariuce apanhara o terno nupcial e acha que não deveria ter feito isso. Não vai restar nada, nem a melhor lembrança dele, pensava. Mas agora é tarde. Abre-se a porta da sala de necrópsias, o funcionário de plantão chama Mariuce. — Aqui está a sua sacola e isso aqui é a certidão de óbito. Se a senhora desejar, o velório poderá ser feito na capela do próprio Instituto Médico-Legal. A viúva recebe o carrinho contendo o caixão. Alguns voluntários se oferecem para conduzi-lo à capelavelório. Mariuce prorrompe em choro convulso, baqueia, mas é logo amparada por pessoas desconhecidas. Abrindo o cortejo, segue uma belíssima coroa de flores, onde se lê: «Ao Universino, com a gratidão dos clientes do Banco Alvorada S/A». II ...SE FICAR O BICHO COME. O corpo de Geraldino da Silva, vinte e cinco anos, assaltante, casado, filho de Geraldo da Silva e Maria das Dores, jaz inerte sobre o mármore frio da sala de necrópsias. 33 Já passa da meia-noite. Lá fora a chuva fina e persistente não pára de cair. O barulho dos camburões que chegam a cada momento se mistura com o tilintar dos instrumentos de autópsia, manipulados com certo descaso pelo legista e seus auxiliares. Geraldino, desempregado há quase dois anos, recebeu um balaço no peito e outro na testa, ao trocar tiros com o vigia do Banco Alvorada, em frustrada tentativa de assalto à agência do banco em Osasco. Cearense de Quixadá, nunca escondera os propósitos de retornar à terra natal. Pensava em pegar um pau-de-arara, ele mais a mulher e os seis filhos, e se abalar para a terra de nascença. Ainda ontem esteve com o dono de um caminhão de transportes de carga e sondou preço de passagem para a família. — Tu tá querendo voltar pro Ceará, bicho? — Pois já vai pra dois anos que estou parado, companheiro, pegando biscates daqui e dali, ganhando patavina, a Maria doente dos rins, menino chorando com fome. Não, não agüento mais essa vida, não. Não nasci pra pedir esmola, não, bicho. E muito menos pra engolir esta vida pai-d'égua... — Olha, num vai fazer besteira, viu? No sertão a seca tá braba... — Lá me arranjo sem me humilhar. Aqui num tem saída: ou tu vê os filho morrer de fome ou você parte pro crime... — Num diz besteira, cabra da peste. Tu vai te arruina de vez... Na sala de espera a viúva Aparecida não tem pressa em rever o marido. Em seu semblante se desenha o ríctus amargo de torturante vergonha. Não ousa erguer o rosto, encarar as pessoas. £ viúva de um ladrão. Os filhos são filhos de um bandido. Na ocorrência policial está registrado: profissão: assal tante. Ora Geraldino é pedreiro e bom pedreiro. Posso mostrar as construções em que trabalhou. Era azulejista, um verdadeiro 34 artista. Porém, o que ganhava não lhe permitia dar de comer aos filhos. Ele era bom marido, mas as dívidas crescendo sempre, o dinheiro cada vez mais curto, começamos a descer uma perambeira sem fim, em que o próprio humor se azedava e despontavam acusações mútuas. Aparecida estranhava seu homem, agora carrancudo e rude, enturmado com cheia de má-bisca, encafuado nos botequins, procurando quem lhe pagasse uma pinga. Acreditava que a salvação era voltar para Quixadá, ir embora de uma vez, deixar aquele inferno. O corpo de Geraldino está vestido e vai ser entregue à viúva. A mulher se adianta, postando-se nas proximidades da sala de necrópsias, que permanece fechada. Aparecida está ansio sa, não sabe o que vai sentir quando deparar com Geraldino morto, a única pessoa no mundo em que confiava, com quem se sentia plenamente segura e em quem encontrava forças para levar essa vida cada vez mais atribulada e difícil. Pensa nos filhos. Acha que deve trazê-los para despedirem-se do pai. Afinal somos uma família. Não posso roubar-lhes o direito de ver pela última vez aquele que lhes deu a vida. Só porque era assaltante? Quantos pais de família estão virando assaltantes? Abre-se a porta da sala de autópsias, o funcionário de plantão chama Aparecida. — Aqui estão os pertences do morto. Isso é a certidão de óbito. O velório será feito na Capela do Instituto Médico-Legal. Os funcionários do Instituto conduzem o carrinho de metal, contendo a urna. Visto o marido, Aparecida vai se refazendo de sua angústia e de sua vergonha. No seu íntimo, ama Geraldino, aprova sua atitude e sibila entre os lábios, comovida, «estou contigo, amor, estou contigo»

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

A Hora das Fornalhas

A Hora das Fornalhas (La Hora de Los Hornos, 1968) O filme de Fernando Solanas e Octavio Getino é um dos filmes mais famosos da Argentina. É um documentário que foi feito entre 1966-68, quando as tensões internas cresciam, pois havia eleições, civis no poder, mas uma grande opressão e insatisfação, uma vez que o peronismo estava proibido. A primeira parte inicia com uma frase de San Martín. Faz um uso muito criativo dos sons e das músicas, que parece tratar com o distanciamento crítico brechtiano; a música dialoga com as imagens apresentadas. Ele escolhe uma agradável música pop enquanto mostra um matadouro de ovelhas e bezerros. Apoia o Vietnã, apresenta os meios de comunicação de massas como alienantes, exprime a oposição que eles demonstram frente aos sindicatos e movimentos sociais. Eles ensinariam a pensar em inglês. A primeira parte que explica a situação semicolonial da Argentina é muito boa. A Argentina é grande exportadora de alimentos, mas suas populações vivem na miséria e fome, há enorme peso do latifúndio. A indústria é muito concentrada em Buenos Aires. A seguir, apresenta o peronismo como despertar da classe operária e renega os “stalinistas” como Rodolfo Ghioldi. No entanto, podemos dizer que esses intelectuais comunistas tinham razão, uma vez que Perón traiu essa esquerda revolucionária nos anos 70. Os acontecimentos posteriores o desmentiram, pois o governo Perón nesse novo mandato democrático foi reacionário. Depois da volta de Perón em 1973, peronistas de esquerda e os de direita mais e mais conflitavam entre si, matando-se uns aos outros. Rivadavia foi o primeiro a tomar empréstimos com a Inglaterra. A Inglaterra substituiu a Espanha como metrópole da Argentina e de toda a América Latina. No entanto, experimentou-se uma forma de colonização nova: o neocolonialismo. A Argentina vendia carne e comprava pianos de cauda, vendia lã e comprava manufaturas. Depois da morte de Perón, o peronismo armado foi destroçado na brutal ditadura militar que subiu ao poder em 1976. Ele cita o intelectual Jorge Abelardo Ramos como um apoiador do peronismo armado, mas esse intelectual posteriormente mudou de posição. A intelectualidade em peso rejeitou o peronismo, o que o próprio filme analisa que deixou o movimento sem uma intelectualidade revolucionária. O filme cita Leon Hirszman (cena do filme Maioria Absoluta) e Vargas (diz que suicidou-se culpando o imperialismo). É dedicado ao proletariado peronista. Cita Fanon, Perón, termina com a imagem de Che Guevara.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Gustavo Machado e Suas Mentiras : A Contrarrevolução de Veludo

Gustavo Machado do PSTU, marxólogo da trupo de Chasin e Ester Vaismann, apresenta certo sucesso debatendo com ancaps na internet. Gustavo domina bem a crítica da economia capitalista, ele vê o capitalismo com realismo e os seus opositores são, por excelência, ideólogos que propagandeiam o capitalismo em sua ideologia mais senso comum e desconhecedora da crítica. Aí fica fácil para o trotskismo de Gustavo brilhar. 1) O que Gustavo tem a oferecer é marxologia acadêmica e blá blá blá eleitoreiro do PSTU. Gustavo quer a revolução sem etapas, mas o que está fazendo PSTU há uns trinta anos na fase de eleger representantes para o processo eleitoral? Isso deve-se perguntar também aos antietapistas do PCB e da UP. Não estão ocupando espaços, fazendo acúmulo de forças como fala o PT, numa eterna etapa eleitoral que não leva a nada? Por que, afinal, o esforço parece contraproducente e o liberalismo é que acaba se impondo entre nossas fileiras? 2)TROTSKISMO NÃO É MARXISMO. Embora Gustavo Machado esconda isso muito bem, noto que alguns pontos surgem evidências disso. Gustavo não ressalta nem que somos colônia do imperialismo norte-americano, ele fala em imperialismo citando o texto de Lênin, mas de forma parcimoniosa. Marx ele adora, desbunda ao falar e faz da voz de Marx a sua voz, fazendo ventriloquismo e como se Marx não falasse em revolução democrática e somente sem etapas. Lênin o humor já salga. Stálin já chama de monstro e tudo o que faz é barbaridade. Machado parece conhecer melhor times de futebol argentinos do que Nahuel Moreno, inspirador da linha do PSTU, que ele jamais cita. Moreno, em determinado momento, apoiou peronismo e a revolução cubana, depois voltou atrás. Resta explicar. 3) Gustavo parece não ressaltar que Marx não conheceu os monopólios (que vigora hoje) e sim o capitalismo de livre concorrência. Se ele admitir isso, talvez terá que admitir que não basta ser especialista em Marx, Marx é insuficiente nesse ponto. 4) Machado pouco conhece de China e alega que é uma revolução que já começou burocratizada. Há relatos de que o PSTU foca em sindicatos ricos, da aristocracia do proletariado. E atua neles de forma a criar uma burocracia sindical. A perceção do senso comum a respeito é muito, mas muito ruim. Por isso convidei Adauto, um pstuísta que muito costumeiramente fluda os grupos de zap, a debater o filme "Sindicato de Ladrões". Gorbachev esteve aí para mostrar o que é realmente um burocrata no poder. Pergunta-se muito o que seria Trotsky no poder, talvez fosse algo semelhante a Gorbachev, que no passado os trotskistas chegaram a chamar de trotkista, como mostrou Ludo Martens em A Contrarrevolução de Veludo. Expressão aliás ótima para defini-lo, contrarrevolucionário de punhos de renda, contrarrevolucionário de sorriso de canto de boca, sorriso mineiro, de veludo. 5) Machado diz mentiras quando diz que Stálin perguntou se uma usina atômica poderia funcionar sem falar em relatividade e física quântica. É burrice afirmar isso. Lênin já falava no tema em Materialismo e Empirocriticismo. Lênin adiantou, inclusive, a problemática de aquilo seria usado para detonar o materialismo. Gustavo aceita toda tranqueira anticomunista, até o HOLODOMOR, que acaba de ser desmistificado pelo maior especialista em fome no mundo, Mark Tauger, PARTICIPANDO NO BRASIL DE UM CANAL MAOISTA E REAFIRMANDO: A FOME NA UCRÃNIA OCORREU POR CAUSAS NATURAIS. Gustavo Machado sai agregando Soljenitisin, a quem ele considera ficção fonte primária em História (enquanto até a mulher de Soljenitisin já admitiu que é anedota e folclore de campo, tamanho o dano realizado contra a Rússia no Ocidente por esse livro). E olha que Machado estudou História!!! 6)Adauto do PSTu indica Frank Garcia, que e´um membro do PCC cubano, como teórico trotsko --na verdade, posadista. E que stalinismo é esse de Cuba que permite até encontro internacional apologético de trotskos? E que é um verdadeiro ninho de trotskos, tanto que até vocês do PSTU estavam lá no encontro mas não puderam falar? Que stalinismo é esse? Existe stalinismo soft? 7) Mesmo como economista, o trotskismo e esse trotsko são capengas. Já vi inúmeros problemas nos vídeos dele. Ele afirma que não existe teoria universal da história. E vc pode ler lá no Manifesto que existe, a história tem sido a história da luta de classes. Machado diz que não há método em Marx, mas no Ideologia Alemã vc pode ler que é o materialismo histórico. Machado diz que fetichismo da mercadoria não tem aspecto psicológico e sim somente social, mas é evidente que, sim, existe, reflete-se na valorização das coisas contra as pessoas, aspecto da mente reificada, chega ao ponto de sacrificar as coisas às pessoas. Mas há mais, há mais. Gustavo Machado debate-se com o desafio de manter a mentirada a respeito de Stálin e estudar os livros editados no período Stálin, nos anos 30 (Ideologia Alemã e outros). Para justificar, diz que não houve deturpação (ain, Stálin resistiu a deturpar?) e a deturpação teria partido do Editorial Vitória que publicou os textos aqui no passado e que agora estaria tudo resolvido com as traduções da Boitempo! É muita mistificação o tempo todo. Em outro vídeo, só porque Marx não escreveu:"está é minha teoria do valor-trabalho", Machado acredita que Marx não tem teoria do valor trabalho (aff). Ele devaneia pensando que Marx apenas postula que a teoria dele é a do Ricardo, o que o torna um vulgar liberal (loucura desmentida até nos próprios comentários do vídeo, olha o absurdo). Esse tipo de pensamento o filia diretamente a José Chasin, que nega o tríplice amálgama (o socialismo francês, economia inglesa e filosofia alemã como fundamento do marxismo). Sim, Chasin nega que esses sejam os fundmaentos do marxismo!!! Em outros momentos, vi Gustavo até utilizando o vocabulário de Chasin, falando em abstração irrazoável. Chasin e Ester Vaismann, nos anos 90, chamavam o PSTU de marxistmo gnóstico, ou seja, falso marxismo, seita religiosa e fanática de alienados organizada em torno do marxismo. Mudou o natal ou mudou o PSTU??? Sumarizando: para Gustavo Machado ter sido aceito como marxólogo, como outros do grupo de Chasin, primeiro beijou a cruz do anticomunismo. Um exemplo a sempre ser lembrado é Rubens Enderle, um do grupo mais saliente que, depois de traduzir O Capital e muitos textos para a Boitempo, indicado como pessoa de confiança de Ester Vaismann (segundo Ivana Jinkings em nota publicada na web), escreveu tese sobre Marx e, mesmo assim, converteu-se a filosofia anticomunista vulgar e fascistóide de Olavo de Carvalho. Ou não aprendeu absolutamente nada ou evoluiu para um anticomunista liberal assumido, jogando o palavrório de marxólogo acadêmico no lixo. E fez isso em vista de obter lugarzinhos rendosos, em prol de um individualismo burro, porque não é preciso de muito para saber como o vomitório fascista de Olavo é danoso.

Críticas a "Por que não sou marxista, de Frederico Krepe": A Épica dos Impotentes

1) Qum perguntou? Sabemos que Frederico Krepe é trabalhista do PDT lulista e adepto do Ciro por outro lado. Um homem que vive com os pés em duas canoas, duas variantes de oportunismo eleitoreiro. Por que diabos pipocaria na cabeça de alguém esta questão?? Krepe quer, na melhor das hipóteses reformas para o país. Na pior, algum cargo bem remunerado. 2)Toda a argumentação é construída em cima da ideia de "se o marxismo me satisfizesse filosoficamente, eu seria marxista." Isso é falso, visceralmente. A questão é vivência política no gerenciamento semicolonial, no oportunismo eleitoreiro, isso tudo lhe parece satisfatório. Não é problema filosófico do marxismo não levar Krepe a um orgasmo. 3)Krepe propõe uma loucura: ele quer cientificidade e abertura para o simbólico e a mística ao mesmo tempo. Ele cobra isso do marxismo. Krepe postula que sua mente tem apenas acesso indireto ao real. Para Krepe, a coisa em si é incognoscível, o númeno não coincide com o fenômeno (falta ler materialismo e empirocriticismo do Lênin). Outros revisionistas eleitoreiros oportunistas dão razão em parte a suas elocubrações, destas bestagens tão bestas (Jones Manoel, Heribaldo Maia). Heribaldo pensa que é correto ainda dizer que não temos acesso ao real e a coisa em si é incognoscível. Jones acredita que Lucien Goldmann e outros revisionistas resolveram esses problemas e que o simples evocar de seus nomes já traz algum tipo de exorcismo ou benção --e solução de alguma coisa. Jones devaneia, elocubra, mas não consegue entender o básico: o problema de Krepe é sua opção por reformar o capitalismo, mas se você ler O Capital você verá que ele não é reformável. Tudo o que é feito de bom em termos de reformas no tempo da bonança (direitos trabalhistas, aumento da classe média, estado de bem estar social) é desfeito no tempo da crise (com o agravante que agora, no século XX, crise redunda em fascismo por parte da burguesia).Krepe é, portanto, o liberal progressista que quer reformar o capitalismo selvagem em tempos de crise, em tempos em que ele será mais e mais selvagem. Ou seja, Krepe fracassará miseravelmente, quem sabe até em seu intento de adquirir lugares rendosos. 4) Quando está reclamando de pouca cientificidade, Krepe reclama que Marx debate ditadura do proletariado. Hora, hora, ela foi aplicada nos anos 30/50 por Mao e Stálin, logo procede sim, debater. 5) Isso no primeiro vídeo. No segundo, o mito do dogmatismo. Para Krepe, seria possível um físico dizer: sou ptolomaico, isso satisfaz minha crença de que estou no centro do mundo, minha visão de mundo. Ou Galileu dizer algo como: "não quero ser dogmático, então não posso dizer que a terra gira. Estou aberto aos argumentos de quem diz que está parada ou é plana". Krepe quer só amoitar a ideia de que todo cientista trabalha com uma hipótese e batalha por ela. E ao defendê-la, se ela for derrubada, outra pode ser criada a partir das críticas apresentadas. 6)Não tem nada, mas nada a ver não ser materialista e não ser marxista. Se você não é materialista, se você supõe que existem forças além da matéria, você pode especular sobre o sobrenatural. A dúvida que paira é se você pode exigir cientificidade se você em parte deixa de lado a possibilidade seriamente de conhecer a realidade objetiva. Krepe acredita que afasta essa ideia falando que é diferente ser naturalista e ser materialista. Mas creio que o ponto de Krepe é outro, é especular até que ponto o mundo que vemos é apenas criação de sua mente e das formas e predisposições da mente, se existe matéria anterior a ela ser aprendida pela nossa mente e outras considerações. Ou Krepe pode especular que, se pular da janela, alguma forma extramaterial pode te pegar pelo pé e te colocar de novo na janela. Por que não? Felizmente Krepe não é empirista ao ponto de experimentar algo assim, ele recusa o empirismo. 7) Krepe já se mostrou antistalinista ferrenho e recusa o Stálin com base na acusação lukacsiana de que ele é empirista. Mas Krepe parece confundir empirismo (a supremacia da experimentação sensível sobre o intelecto) com a capacidade efetiva de atuar e conhecer sobre o real a partir da experiência sensível, uma vez que existe a tal coisa em si misteriosa, o númenom não coincide com fenômeno. KREPE APENAS REPETE UMA ACUSAÇÃO A MARX QUE JÁ É FEITA A STALIN! Marx e Stálin, tudo a ver. Fica mais difícil negar que Stálin seja marxista e, além de ferrenho antistalinista, Krepe esteja agregando trotskismo para assim melhor negar o marxismo. 8) Acuado, Krepe recorre ao truque de separar Engels de Marx (em seus vídeos só há desses truques). Isso possibilita que tudo o que eu julgo errado atribua a Engels, o que está certo a Marx, sendo assim que me preservo de eu, euzinho, insignificante, estar tentando refutar o gênio. Estou como Trotsky, usando Marx de boneco de ventríloquo. Enfim, Frederico Krepe não é marxista, é apenas um liberal progressista no tempo dos monopólios e do capitalismo apodrecido. É a famosa Épica dos Impotentes.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Uma Carta para Elizabeth: Breve Romance de Sonho

Minha tia e madrinha Elizabeth Madeira Morais, para nós, da família, simplesmente Beth, fazia aniversário no natal. As belas luzes de natal em Bom Despacho esse ano me lembram dela e das luzes do filme De Olhos Bem Fechados, aliás baseado num romance chamado Breve Romance de Sonho, título que define bem a curta vida de minha tia Elizabeth. Beth era admiradora do cinema, com ela vi várias vezes o filme Sonhos, de Akira Kurosawa. Um tempo depois de seu falecimento, tive um sonho semelhante ao sonho do túnel apresentado no filme, onde eu e Beth nos encontrávamos e eu, de repente, tive de lhe explicar que não podíamos estar conversando, pois ela tinha morrido, o que a deixou assustada e constrangida. Elizabeth foi professora de francês aqui na cidade e trabalhou, inclusive, na escola Wilson Lopes onde eu estou hoje, jornada que era uma longa caminhada para um bairro ermo. Muito tempo depois, meu tio Bil Morais investigou a origem de nossa família e encontrou, ligada a história do Major da Piraquara, uma suposta filha de Padre Belchior, nascida na França, Júlia, a francesa. Ela teria nascido de uma relação furtiva do padre e foi mencionada como uma figura importante da cidade de Bom Despacho em seus primórdios. Beth também era uma admiradora da cultura francesa. Ela deixou o magistério em francês para tornar-se bancária concursada na Minas Caixa, seguindo a carreira do pai, Mário Morais. Sendo assim, comprou apartamento em Belo Horizonte, mudou-se definitivamente para lá, num lugar bastante próximo da Praça da Liberdade. A decisão mostrou-se trágica devido aos desdobramentos: com o fim da Minas Caixa em 1990, saqueada por governantes inescrupulosos, o banco findou como quase todos os bancos estaduais (sobraram somente o Banestado e o Banrisul). E Beth foi transferida para uma repartição pública onde não se adaptou, fato que a angustiou e pode ter sido um gatilho para sua doença. Beth chegou a viajar para a França, deixando a respeito um diário, tema de uma crônica minha aqui. No diário da viagem da Europa, ela comenta que trouxe roupas da França para mim (eu tinha então dois anos). No texto ela devaneia se ainda voltaria mais vezes à França, mas nunca voltou, sua vida mostrou-se curta. Beth faleceu já há trinta anos, aos quarenta e três anos; eu já vivi mais que ela. Sua vida foi cheia de tragédias, coincidências e de mistério. Na juventude, apaixonou-se por um amigo e o amigo morreu, logo em seguida, da mesma doença (câncer no cérebro) que anos depois a levaria. Beth acompanhou corajosamente todo o trágico processo. Foi um de seus únicos grandes amores; ela morreu solteira. Um de seus pedidos era que queimássemos seu diário íntimo (o da Europa felizmente ela permitiu que existisse) e assim foi feito, junto da amiga Madalena, naquela casa ali na Vigário Nicolau que, demolida, infelizmente deu lugar a um lote vago. Foi muito doloroso para nós da família, infelizmente: foi como ela se morresse ali de novo, naquele momento. Um dos discos que ela tinha acabado de comprar, em 1991, ano em que descobriu ter um câncer no cérebro, foi o álbum Burguesia, de Cazuza, que também é canto de cisne desse poeta e músico, também morto de uma doença incurável. Algumas canções, Cazuza gravou até na cama do hospital, para que vocês possam ter ideia. Ele cantou na canção Azul e Amarelo: Senhores deuses me protejam, de tanta mágoa Tô pronto para ir ao teu encontro Mas não quero, não vou, eu não quero Não quero, não vou, não quero Existem também drogas pra dormir E ver os perigos no meio do mar O sono pesado, tudo meio drogado Existem pessoas turvas, pessoas que gostam E eu tô de azul e amarelo azul e amarelo Reencontrei, em um livro de poesia que ainda não editei (Violetas de Aleluia), um poema para Beth datado daquela época, com o mesmo nome que dei para essa coluna: Uma Carta para Elizabeth Então você caiu de cama, Naquele dia em que o rei imaginário Exibia seu pálido sorriso. Vieram avalanches luminosas Dominar a cidade... Meu aniversário foi estranho, Música e musgo na noite. Mais cadáver do que nunca, Não vejo novidade em viver nem em morrer, O natal foi frio. Você já esteve apaixonada em outros tempos, Agora quando sente a leveza insustentável da pluma Sabe que somos personagens da peça. Tigres de papel sorrindo o tempo todo, Todos estamos só ensaiando para quando cair o pano. Mas por que só você não sai do palco e ri? As lágrimas emudecem o sofá? Sombras furtivas no eclipse Procuram seu nome... Minha tia Maria Lúcia Duarte Mateus definiu muito bem a Beth: “a Beth, ainda que tendo uma breve passagem por aqui, deixou marcante presença em muitas pessoas que passaram algum tempo com ela... Passava o ano inteiro escolhendo pequenos mimos pra distribuir na festa de Natal entre grandes e pequenos, idosos e crianças etc... Pessoa humilde e gigante em tudo que fazia.

Henrique Lelles: Luzes Para Um Campeão Aluno de escola pública em Bom Despacho é destaque na OBMEP

Henrique Lelles: Luzes Para Um Campeão Aluno de escola pública em Bom Despacho é destaque na OBMEP Henrique Lelles é meu aluno na escola Wilson Lopes do Couto. Há muito queria entrevistá-lo para o jornal, para tratarmos de suas vitórias. Enfim, sentamos, ele, eu, a mãe e a professora Miriam; a seguir está a nossa entrevista. Sua história mostra como há males para que vem para bem. No caso, o mal foi a pandemia. Em 2021, Henrique, estudando no isolamento, estava no sétimo ano do Ensino Fundamental, tendo aulas com a dedicada professora Miriam. Ela continuou atendendo e tirando dúvidas pela internet. De início, não estávamos tendo aulas online. Empolgado com o apoio e sentindo facilidade, Henrique inscreveu-se na Olimpíada Brasileira das Escolas Públicas (OBMEP). E viu o trabalho conjunto dar frutos: foi aprovado e passou para a segunda fase. Rosimar Lelles Santos, a mãe, notando a importância da olimpíada, empenhou-se em que Henrique continuasse. E Henrique obteve, então, uma medalha de ouro na OBMEP e o direito de fazer o Projeto de Iniciação Científica Júnior (PIC). Foi bolsista durante um ano. Na foto, Henrique Lelles aparece junto a Sene Gebara Neto (coordenador regional da OBMEP). Em 2023, ano passado, Henrique já estava há dois anos fazendo o PIC e obteve novamente uma medalha de bronze na OBMEP nacional. Eles fizeram uma reclassificação e nosso aluno exemplar ganhou medalha de prata regional. Henrique ganhou então, uma viagem para Florianópolis, uma vez que ocorreu uma cerimônia de premiação nacional nessa cidade e depois, também, em uma regional em Divinópolis. Em 2024 foram três novas medalhas, todas no mês de outubro (ouro e bronze nacional e prata regional). Ele também ganhou um troféu no curso de Oratória (Acibom). Ele e outro aluno, o Pedro Henrique Costa, ganharam o prêmio de melhor site no projeto Desenvolve (site para a padaria São Vicente). Parabéns, portanto, a todos os envolvidos: a dedicada professora Miriam, a mãe Rosimar, ao amigo Pedro e ao Henrique!

Eu Ainda Estou aqui --Ou não!

A esquerda revolucionária é a grande ausente ali --e ainda faz falta aqui. Os tempos heroicos da contracultura --outra ausência. Não é preciso mais ir para Londres para não virar revolucionária --como foi a intenção de Rubens Paiva fez com a filha Veroca. Rubens não era a favor da esquerda revolucionária. Essa também é uma situação ausente hoje em dia: um trabalhista que radicaliza ao ponto de em alguma medida apoiar a esquerda revolucionária. O PTB, em parte, evoluiu para o fascismo --como Roberto Jefferson nos prova. A sólida classe média do pai engenheiro --outra ausência. Ou se fazia a revolução ou se obtinha um emprego --se você fosse classe média --Outra ausência.