Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Um Poema que Resume Como Me Sinto
Avento farinhas de mesmos sacos,
desfaço o bolo ainda quente, minhas mãos
crispam a forma na fornalha
da ignorância: não aprendo a lição
da humanidade no esforço de me lançar
ao centro da controvérsia; sou o resumo
do jornal de domingo em cadernos
imensuráveis; talvez me anuncie
em econômicos classificados: terça-feira
estou ofertado ao nada. Compareçam.
(Pedro Du Bois, inédito)
http://pedrodubois.blogspot.com
Não preciso dizer mais nada. Pedro, você é BRILHANTE!
domingo, 26 de outubro de 2008
NEGAR
A senhora nega as luzes. Na escuridão
o gesto desencontrado: adeus, desdito.
Ávida, a paixão não resulta. O instante
em brancas nuvens. O céu encoberto
em espaços negados ao juízo. A graça
da senhora em imagens espelhadas.
Confortar o enfermo. Fazer aceitar
o enigma da escolha. O sorriso
na negação das luzes. Desconforto.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 5 de outubro de 2008
Segredos
A geringonça traduz
corpos em detalhes e os espalha
aos caminhos insinuantes: a visão claudicante
do inimigo enriquecido em fogos
de batalhas.
A tradução ininterrupta dos discursos
e o papel conduzido
ao atalho: preenchido em artimanhas
faz concluir
o estudo
e o aprender
da face errônea.
A geringonça é o estado
inercial do intelecto: a tradução
acobertada
dos segredos.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Hoje
Hoje decidi sair de casa:
desmanchei o telhado
devolvi as telhas ao barro
em cacos
e poeira
repus o madeirame em toras
de replantadas árvores.
Derrubei as paredes expondo o ridículo
das portas e janelas. Quebrei os vidros
e amassei o alumínio.
No espaço obtido desfiz o sonho
da segurança. A rua incorporada
multiplicou a decisão.
Fora da casa permaneço
dentro
na ilusão da vida correlata.
(Pedro Du Bois, inédito)
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segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Paixão
a paixão resume
o sentimento: estar preso
ao destino, distribuir
o fogo trazido ao sacrifício
ao fim o fogo
transubstanciado
em cinzas
ressurge ao estar preso
a paixão prende o corpo
em grades transversas
onde a carne é ofendida
em músicas: estar aqui
e se ver do lado de fora
do lado de fora, esqueço.
(Pedro Du Bois, em A CASA DAS GAIOLAS)
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Esperas
Quem espera sentado
o inabalável tempo
das reconquistas
sente no rosto a poeira
áspera e seca
na concentração esperta
das sujeiras
o tempo não chega ao tempo
das minúcias e a espera
se apresenta em exposição
amaldiçoada das vertentes
levantar e sair da vida inviável
de incertezas postas aos lados
irrecusáveis das sentenças
povoadas ao interior melódico
como o vento se apresenta.
(Pedro Du Bois, inédito)
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quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Poema
A flor conversa pétalas em versos
águas noturnas
orvalham as folhas
inundam caules
levam formigas pelos caminhos
de flores fixadas em solos
transversos. Da conversa da flor
resta o perfume espalhado
do susto passa
em carreira de trabalhos.
(Pedro Du Bois, inédito)
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quinta-feira, 31 de julho de 2008
Poema de Pedro Du Bois
Além do gesto, senhora, a importância
decide a vida. Estrangula o choro,
refaz o sentido.
Senhora, o choro retrai
a angústia em restante medo.
Fosse o sono a dedilhar
a corda imensurável da música
de fundo, senhora. O choro
é o carrilhão desabalado do relógio
ao findar da corda.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Poema
Atravessar o rio
submergir na terra
consumida pelos passos.
Repassar a lição de casa
no repetir à náusea
os quatro pontos cardeais.
Orar ao deus
que se apresenta
primeiro ao pensamento: atentar
ao demônio
a desconstrução
do tempo.
Arremessar o corpo
ao rio de águas turvas
e o purificar. Retirar da terra
o ressecamento e deixar o húmus
domingo, 15 de junho de 2008
Conversar
Conversei sobre assuntos diversos
em volta do eixo: reprimi o anseio
e me considerei estimulado ao processo.
A letra irrestrita da sentença. A árvore
frutificada da indiferença sobrescrita
ao objeto: conversar em assuntos
diversificados dos caminhos. Bifurcar
exemplos e descontextualizar conceitos
apostos
ruma aos fundos da casa e o quarto
em janelas se debruça ao regato.
Regresso à conversa e tergiverso
textos anteriores. Fixo o eixo entre bens
e males: ao mal recorro em socorro.
Ao bem, encerro em silencio.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 1 de maio de 2008
Poema
Probabilidade: amanhã acordaremos
na mesma hora. Diremos palavras.
Sorriremos faces. Espalharemos
as cobertas sob os corpos. Transitaremos
caminhos conhecidos. Reiteraremos
verbos conjugados. Diremos os bons
dias necessários ao convívio.
Diremos adeuses tantas vezes
forem as separações. Os reencontros
de abraços e beijos: a probabilidade
de irmos juntos para a cama ainda
desfeita da manhã.
(Pedro Du Bois, inédito