terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Fora de Moda (Uma Letra da Horta)

A moda foi tema até mesmo de um texto de Roland Barthes, "Le Systeme de la Mode" (o Sistema da Moda) e é muito importante na França. A Banda Horta, mesmo participando de um gênero (música popular) muito sensível justamente aos modismos, lançou essa canção de rock pesado "contra a moda", ressaltando seus aspectos mais negativos (massificação, automatização da linguagem, coisificação do ser humano), quem sabe sabotando justamente a moda de estar no MySpace. A moda, no entanto, é indicativo de algo que Hegel chamou de "zeitgeist" (Espírito do Tempo); não é de todo negativa. Por isso, uma mania pessoal ou idissioncrática não pode ser moda: o modismo é o espelho de um fenômeno social, coletivo. Podemos fazer dele uma recepção pessoal, adaptativa, antropofágica. Aliás, relançaram Telefonema, crônicas de Oswald de Andrade, não? Seria um bom nome para uma canção.

As referências musicais de Fora da Moda podem ser encontradas nos anos 70 (Deep Purple, AC/DC, por exemplo). Estão fora de moda, diria um crítico apressado; no entanto, estão atuais num tempo onde não há uma moda tão clara e imperativa como no tempo dos hippies e dos punks.



Não quero fazer o que você faz
Só por costume de fazer
Não vou me vestir como você se veste
Porque não quero ser igual
Não vou repetir palavras tão comuns
Que só nos fazem estagnar
Não quero proclamar sentenças afetadas
Que não procuram procurar

O interessante está fora da moda
E subverte o que é comum
Sentado em sua sala cheio de incredulidades
Procura o que é o natural

Não posso entender como você consegue
Gostar de ser igual a todos
Como um objeto com vários modelos
Utilidades e acessórios

Na verdade você não é você em muitas coisas
Na verdade você não é você em quase nada

Tente esquecer o que os outros ditam
E mergulhar dentro de si
Ao encontrar caminhos inimagináveis

Seja escolha
Seja livre
Seja poucos

Não quero fazer o que você faz
Só por costume de fazer...

Não vou me render a tudo que é aceito
Por ser mais cômodo...

Eu aprecio o idiossincrático
E admiro o original
Me relaciono com as nuances do tempo
Por causa da verdade

Tente esquecer o que os outros ditam
E mergulhar dentro de si
Ao encontrar caminhos inimagináveis

Seja escolha
Seja livre
Seja louco

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