Eu li no blog do GT que ele e o Pacheco estão querendo fazer um filme sobre o MST. Pacheco será que já fez a "Waltcheco Produtchions" que o Fábio Pipipi sugeriu? Eu li as sugestões do Pacheco.
Achei-as nada reais. Mas GT, que sugeriu dirigir e produzir o filme, não é realista e detesta apresentações naturalistas.
Eu já estive num acampamento do MST e vi algo bem diferente. Em primeiro, ninguém está sujo ou passa fome. Aliás, em primeiro é preciso diferenciar acampamento de assentamento. O acampamento é onde eles ficam nas barracas de lonas, esperando uma decisão legal. Enquanto isso, plantam e colaboram intensamente. Não vi sujeira no acampamento que vi em Ibirité. Vi um assentamento em Campo Florido: quando eles estão assentados, são famílias que receberam sua parte de terra. Foram muito gentis conosco (eu estava com Pierre Doury e meu pai, que é coronel da PMMG) e serviram café, milho verde e pamonha, com fartura. Disseram que o milho não compete bem com o de países de agricultura subsidiada. Estávamos em pleno governo FHC e o MST estava bem fashion, até no exterior.
Eles nos contaram que, quando estão assentados, há risco de chegarem capangas. Contaram casos onde os capangas chegam armados e atacam todos, mesmo mulheres e crianças.
Eles não deixam ninguém da Globo entrar e conversam com as pessoas que querem filmar ou fotografar antes. Bom, então Pacheco e GT provavelmente vão ter que fazer uma cidade cenográfica para o filme...Nada de difícil para a Waltcheco Produtchions. A Globo adora por a culpa do desmatamento da Amazônia no MST e agora está com essa de não olhar o lado deles nesses acontecimentos trágicos em Pernambuco: taí a resposta de porque eles não gostam da "Rede Povo" do Lula pré-peace and love.
Eu fui também a um curso ministrado aos integrantes que começava com uma sessão de mística. Ninguém gritava slogans odiando as elites. Só erguem os punhos e cantam canções louvando o MST, a luta socialista e pela terra. Contardo Calligaris horrorizou-se com isso, mas meu amigo Pierre gostou. Achei um pouco excessivo. Eles eram também preocupados com a moral e os bons costumes, pediam que ninguém bebesse durante o curso, etc.
E agora para algo inteiramente diferente. Quanto mais ouço falar sobre Beckett, mais vejo o quanto ele é central no teatro contemporâneo: ouço dizer que muitos o plagiam, copiam, gostariam de ter mais contato com ele (Pinter, Arrabal, David Mamet) enquanto outro (s) o transcriam, recriam, adaptam, antropofagizam (Gerald Thomas). Vi vários vídeos ótimos sobre o trabalho dele no youtube: Not I, monólogo de uma boca; Film, filme mudo que me lembrou o surrealismo e o expressionismo; outro, cujo nome esqueci, tinha pessoas enterradas em vasos e falando, falando, dando o aspecto de um grande cemitério de talking heads vivas. No final, descobre-se que o mundo é esse grande cemitério surreal. Finalmente, Henrique Hemídio postou o belo Improviso de Ohio, com um texto de estilo muito sucinto e forte, estrelado por Jeremy Irons. Quanto mais ouço falar sobre Beckett, descubro que preciso ler mais Beckett, Beckett, Beckett.
No blog do Caetano debateu-se Bagno X Olavo de Carvalho. Olavão nada entende de linguística. Bagno o considera, num texto, mas não citando seu nome, tão ultraconservador que chega a ser quase fascista; dá a entender que é ele. Olavo, por não dominar o assunto "língua", debate identidade nacional e tradição ibérica, que são coisas diferentes.
Li numa velha Revista Oitenta a seguinte definição de Orwell, inesquecível: "um poeta da decadência e do mau gosto..."
O conto Pequeno Concerto para Celular saiu na Broca Literária. Logo mais posto o endereço aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário