segunda-feira, 25 de maio de 2009

"Você não suportaria a verdade!"

Laerte Braga





“You can't handle the truth!” Essa fala escolhida a 29ª melhor da história do cinema. Está no filme “A few good men” – “Questão de honra – e foi dita por Jack Nicholson interpretando um coronel da marinha dos EUA comandante de um grupo na base militar de Guantánamo, território cubano ocupado pelos norte-americanos e hoje transformado em campo de concentração de presos políticos.



“Você não suportaria a verdade!”



O filme do diretor Bob Reiner não é nenhuma obra prima, mas é um bom filme. Trata do julgamento de dois fuzileiros navais – mariners – acusados de assassinar um companheiro. Tom Cruise, um tenente da marinha e advogado, prova que a obsessão por segurança e acendrado amor à pátria foram os fatores responsáveis pela morte do fuzileiro e por conta de uma ordem de um coronel – Nicholson – fascista lato senso.



O código “alarme vermelho”. Sinônimo de pare tudo e vá defender a pátria. A pátria, a propriedade privada, os bancos, as grandes corporações, os senhores do mundo.



O principal objetivo do filme, com quatro indicações para o Oscar, é de 1992, foi mostrar que não há lugar para crimes contra os direitos humanos nos Estados Unidos e os responsáveis são punidos. Os fuzileiros que cumpriram ordens acabam absolvidos, o coronel preso.



E Tom Cruise abre caminho para a sua assistente, também oficial da marinha, a atriz Demi Moore. O mocinho e a mocinha.



A reação do chamado mundo cristão, democrático e ocidental ao teste nuclear subterrâneo realizado pela Coréia do Norte reforça esse tipo de fanatismo democrático, ou pelas liberdades, como dizem os norte-americanos. O hino nacional fala em conquistas “nossa causa é justa”. Eles deliberam sobre esse caráter de justa da causa deles.



Segundo a Casa Branca – agora na versão vaselina – a Coréia do Norte transgride normas de segurança e da paz mundial, coloca em risco essa segurança e essa paz – que não existe – Os governos da Coréia do Sul, do Japão e lógico, das colônias na Comunidade Européia fazem coro aos EUA. Israel aproveita-se para tentar ampliar a insensatez sionista atacando o Irã.



“Você não suportaria a verdade!”. Quando Jack Nicholson diz isso no filme está apenas confirmando todo o espectro de terror e barbárie que envolve as ações militares e de inteligência dos EUA mundo afora. Guantánamo, as prisões no Iraque e no Afeganistão. A associação com o presidente narcotraficante Álvaro Uribe da Colômbia e agora o veto do Congresso à proposta do presidente Barak Obama de fechar a base militar em território cubano. As pressões para que não sejam mostradas as cenas de tortura – “asfixia simulada”, explicitamente citada por Obama – os estupros de militares do próprio país por fuzileiros defensores da democracia cristã e ocidental.



O coronel, no filme termina preso. É a exceção. A regra é o seu procedimento. A imagem que o filme tenta transmitir é a do triunfo dos direitos humanos sobre a boçalidade. Mais ou menos como eu faço assim, você deve obedecer, mas você pode ter certeza que eu faço assado.



E é o que acaba prevalecendo. A imagem de justiça, logo, de causa justa.



A Coréia do Norte iniciou suas pesquisas para a fabricação do que chamam “artefatos nucleares de guerra” há cerca de cinqüenta anos, quando o governo dos EUA ameaçou jogar uma bomba atômica sobre a capital do país. Enviou cientistas a antiga União Soviética e lá buscou os meios para chegar ao estágio atual de desenvolvimento de armas atômicas.



Há cinqüenta anos atrás era forte a lembrança da destruição das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki por duas bombas nucleares lançadas pelos norte-americanos.



“A saída, onde fica a saída?”. É a pergunta de uma sobrevivente a esse holocausto de pavor no filme “Hiroshima mon amour”, do cineasta francês Alain Resnais. Um dos maiores da história do cinema.



As grandes redes de tevê, os grandes jornais e as grandes emissoras de rádio dos EUA, da Europa, suas extensões em países como o Brasil – GLOBO, BANDEIRANTES, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO, etc – não mostram um décimo da estupidez sionista contra palestinos na “legítima defesa” que invocam para garantir seu território e tomar terras e água palestinas. Para isso prendem, torturam, estupram, seqüestram, matam e dispõem de armas nucleares.



Em seguida colocam outdoors nas terras palestinas anunciando loteamentos com segurança absoluta e a preços de perder de vista.



Já o Irã, sob constante ameaça de ataques militares por parte de Israel e dos EUA é o grande vilão da história.



Armas nucleares são uma estupidez. Armas de um modo geral num sentido mais amplo são uma estupidez. Mas se um tiver, é justo que outro tenha. Pode soar trágico, pode assustar, mas é a maneira encontrada pelo governo da Coréia do Norte para evitar as constantes tentativas de golpes, de situações criadas pela inteligência dos EUA para intervir no país.



Em 2002 a mídia privada da Venezuela montou um golpe de estado contra o presidente Chávez em comum acordo com empresários, banqueiros e latifundiários do país, sempre em conluio com militares “patriotas” e tudo montado e dirigido pela Casa Branca.



Em cima de notícias falsas prenderam o presidente Chávez e foi a reação popular, três dias depois, que o trouxe de volta. Como tem sido a decisão do povo venezuelano que o mantém no governo.



O Departamento Federal de Combate às Drogas do governo dos EUA listou o presidente Álvaro Uribe da Colômbia como ligado ao narcotráfico, como antigo parceiro e beneficiário das “contribuições” de Pablo Escobar, um mega traficante, mas mantém o Plano Colômbia. Uma ação conjunta com o governo do narcotráfico para combate às guerrilhas das FARCS-EP e do ELN. Dominam cerca de cinqüenta por cento do território do país. Na velha desculpa matei porque ele atirou primeiro, imputam às guerrilhas a responsabilidade pelo tráfico de drogas.



O número de assassinatos oficiais na Colômbia é assombroso. Sindicalistas, opositores do governo e Uribe parte agora para um novo mandato mudando a constituição do país e à revelia da vontade popular, induzida ao medo e conduzida pelo medo. Gerado pelos portadores desse vírus de democracia cristã ocidental.



Consuma. Se consumo existo.



Quando o ator Jack Nicholson disse, no filme “Questão de honra” que “você não suportaria a verdade!” estava se referindo à realidade e não à ficção de Hollywood. Quando Hollywood tentava não ser ficção um senador, no final da década de 40 e início da de 50 do século passado, Joseph McCarthy, desencadeou uma ofensiva paranóica contra “comunistas” infiltrados no cinema. Dentre eles Charles Chaplin. Foi para o exílio. Quando o ator Marlon Brando, por muitos considerado o maior de todos os tempos, criticou o controle de grupos judeus sobre Hollywood foi avisado que não conseguiria mais um único papel se não retirasse as suas palavras e se retratasse.



Não se trata de defender a decisão da Coréia do Norte que explodiu um “artefato” mais forte e mais potente pelo menos quatro vezes que o primeiro há alguns anos.



Trata-se de legítima defesa diante da insânia dos donos do mundo.



O que foi a invasão do Iraque? Uma farsa montada em cima de armas químicas e biológicas que Saddam teve um dia. Fornecidas por norte-americanos para combater a revolução islâmica e popular no Irã e não tinha mais. O que é Osama bin Laden? Um combatente muçulmano fanático gerado pelos EUA, gerado e financiado para lutar contra os russos no Afeganistão.



“Você não suportaria a verdade!” parece mais um ato falho, um momento de clímax do filme, talvez até uma tentativa de alerta, de denúncia, mas a verdade é exatamente aquilo que não se deixa ver. O que é exportado é o modelo Tom Cruise, a ficção.



Assim que nem a surra que tomaram no Vietnã e depois Rambo foi lá resolveu tudo a sua maneira.



Quando Perón era presidente da Argentina dois eram os principais jornais do país. LA NACIÓN e LA DEMOCRACIA. Se dizia que Perón vendia LA NACIÓN e pregava LA DEMOCRACIA.



Os Estados Unidos vendem a Disneyworld, ou Tom Cruise, ou Sharon Stone cruzando as pernas num momento de frisson supremo, mas pregam e executam as barbáries que no fundo são a verdade não suportável.



A Coréia do Norte é um minúsculo país – território – na Ásia. Sua bomba é legítima defesa só isso. Do contrário os norte-coreanos serão obrigados a suportar a tal “verdade”. E essa “verdade” vem desde os tempos que James Monroe, presidente dos EUA, disse que “a América para os americanos”. Consolidou-a Theodore Sorensen Roosevelt. Sua política era do do big stick. O grande porrete.



Ou como diz Hilary Clinton, “esperamos que Cuba tome atitudes de reforma para a democracia e os direitos humanos para restabelecermos nossas relações normais e começarmos a conversar sobre o bloqueio”.



É. A culpa é de Fidel Castro.

Um comentário:

jamesp. disse...

Lúcio,eu teria de escrever um post para fazer esse comentário,mas:1-Talvez sejam muito poucos os que suportariam a verdade-verdade a respeito do que realmente está em jogo,2-O jogo é sórdido,e parece ter se tornado mais e mais sórdido,ao contrário do que pensam as Pollyanas,3-Por quem o mundo é realmente governado?Acho que a resposta é óbvia,4-qualquer pessoa que grite contra o lobby sionista é imediatamente chamada de antissemita,etc,5-A teocracia iraniana também é um horror orwelliano.É melhor parar por aqui.Grande abraço do james.
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