1. Lasker, enxadrista campeão e
filósofo
O alemão de origem judaica Emanuel
Lasker (1868-1945) ficou bem mais conhecido por ter mantido o título de campeão
do mundo durante quinze do que por sua obra filosófica. Ou melhor dizer, enxadrística-filosófica.
Ele tornou-se famoso, também, por ter sido um amigo muito próximo de Alberto
Einstein.
Lasker escreveu vários livros ligados à Filosofia, tal como A Filosofia do Inatingível e um volume
intitulado simplesmente Luta, o qual
será tratado nesse breve artigo que tem como objetivo sugerir a leitura e
tradução das obras filosóficas de Lasker no Brasil. As situações apresentadas
por Lasker têm, muitas vezes, como referência o tabuleiro de xadrez.
2. O livro Luta e seus conceitos filosóficos
No livro Luta, Lasker afirmou-se como um filósofo e criou seus próprios
conceitos: o termo “maquia” (“luta”), de onde deriva o “maqueida”, um ente
abstrato e ideal que, supõe-se, conheceria todos os caminhos estratégicos de
maneira absolutamente perfeita. Lasker chega mesmo a inventar um ser ideal
chamado “Maqueo” que, como juiz infinitamente sábio e justo, aplicaria as leis
de “maqueida” a qualquer luta que se submetesse a seu juízo.
Aos diferentes elementos combativos, Lasker chamou “stratos”, utilizando
amplamente o plural “stratoi” para designar os diferentes elementos combativos
em qualquer maquia. Os stratoi utilizam como instrumentos seus
respectivos “jonts” (“efeitos de uma luta”). Esses últimos poderiam ser tanto
fuzis, peças de xadrez ou arpejos musicais de um compositor. Outro conceito que
Lasker introduz é o de “armoostia”, que equivale a mobilidade, elasticidade,
capacidade e leveza para o deslocamento de um exército ou de qualquer outro
conjunto “máquico”.
No livro Luta, onde Lasker
desenvolveu os conceitos acima, buscou responder às questões: o que é a luta? O
que é a vitória? Obedecem a leis que a razão pode conhecer e formular? Quais
são suas leis?
Lasker faz, então, uma “maquiologia”. Ele estuda as lutas, denominando-as
“eventos máquicos”. O estrategista perfeito (“maqueida”) faria uma ação
eumáquica (também estrategicamente perfeita), enquanto todas as demais atitudes
imperfeitas seriam “amáquicas”.
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