segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Filosofia do Xadrez


1. Lasker, enxadrista campeão e filósofo


            O alemão de origem judaica Emanuel Lasker (1868-1945) ficou bem mais conhecido por ter mantido o título de campeão do mundo durante quinze do que por sua obra filosófica. Ou melhor dizer, enxadrística-filosófica. Ele tornou-se famoso, também, por ter sido um amigo muito próximo de Alberto Einstein.
Lasker escreveu vários livros ligados à Filosofia, tal como A Filosofia do Inatingível e um volume intitulado simplesmente Luta, o qual será tratado nesse breve artigo que tem como objetivo sugerir a leitura e tradução das obras filosóficas de Lasker no Brasil. As situações apresentadas por Lasker têm, muitas vezes, como referência o tabuleiro de xadrez.

            2. O livro Luta e seus conceitos filosóficos

            No livro Luta, Lasker afirmou-se como um filósofo e criou seus próprios conceitos: o termo “maquia” (“luta”), de onde deriva o “maqueida”, um ente abstrato e ideal que, supõe-se, conheceria todos os caminhos estratégicos de maneira absolutamente perfeita. Lasker chega mesmo a inventar um ser ideal chamado “Maqueo” que, como juiz infinitamente sábio e justo, aplicaria as leis de “maqueida” a qualquer luta que se submetesse a seu juízo.
Aos diferentes elementos combativos, Lasker chamou “stratos”, utilizando amplamente o plural “stratoi” para designar os diferentes elementos combativos em qualquer maquia. Os stratoi utilizam como instrumentos seus respectivos “jonts” (“efeitos de uma luta”). Esses últimos poderiam ser tanto fuzis, peças de xadrez ou arpejos musicais de um compositor. Outro conceito que Lasker introduz é o de “armoostia”, que equivale a mobilidade, elasticidade, capacidade e leveza para o deslocamento de um exército ou de qualquer outro conjunto “máquico”.
No livro Luta, onde Lasker desenvolveu os conceitos acima, buscou responder às questões: o que é a luta? O que é a vitória? Obedecem a leis que a razão pode conhecer e formular? Quais são suas leis?

Lasker faz, então, uma “maquiologia”. Ele estuda as lutas, denominando-as “eventos máquicos”. O estrategista perfeito (“maqueida”) faria uma ação eumáquica (também estrategicamente perfeita), enquanto todas as demais atitudes imperfeitas seriam “amáquicas”.

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