Progressismo ou social-fascismo?
Introdução
Certamente muitos camaradas, principalmente os que recém aderem ao marxismo, vêem os governo do Equador, Bolívia e Venezuela com bons olhos, pensam que são governos marxista-leninistas, mas nem tudo que reluz é ouro, já dizia um velho ditado.
Exatamente como Stalin ensinou em 1928, que, para conter as massas em fúria ou um governo fascista ou um governo social-democrata subiam o poder [1], e que entre o fascismo e a social-democracia a essência é a mesma, por exemplo, o corporativismo, a repressão aos trabalhadores [2], o anticomunismo e o nacionalismo...
Não eram por acaso, os mencheviques grandes opositores do leninismo na URSS? Por acaso não foram os social-democratas os primeiros a atacarem Stalin nos anos 30?
No livro “O manifesto do Partido Comunista” Marx e Engels ensinam que os capitalistas fazem concessões poder manter o domínio do poder e acalmar os ânimos da classe proletária.
Camaradas, pensem bem, o que vale mais à pena para a burguesia? Implantar um governo que ganhe o repúdio das massas, ou um governo que concilie as classes, com uma falsa retórica progressista consiga iludir a esquerda (principalmente a esquerda revisionista e oportunista) com o objetivo de minar as comunistas de forma doce e pacífica?
Então, o que mais à pena para a burguesia? Perder tudo ou continuar no poder, mesmo que para isso tenha que fazer algumas concessões?
Vamos listar aqui alguns tipos de sistema que se autodenominavam, ou que foram denominados de progressistas, apesar de terem acontecido em diferentes países, eles mantêm a mesma essência: nacionalismo, conciliação de classes, anticomunismo, repressão aos trabalhadores... Eis alguns modelos:
Nazi-fascismo
Atualmente a social-democracia criou apatia por Hitler e Mussolini, mas, na época em que o nazismo consolidou-se na Alemanha, a social-democracia recusou as propostas do Partido Comunista da Alemanha em formar uma aliança anti-fascista, pois os social-democratas inicialmente se identificavam com os nazistas: o nacionalismo, a conciliação entre as classes, controlar o quanto a burguesia deve ganhar ao mesmo tempo em que ela deve continuar existindo, pois Hitler acreditava que a burguesia e o proletariado eram as duas classes produtoras, e o ódio aos comunistas que a social-democracia tanto fazia coro.
O criminoso incêndio do Reichstag em 1933 é uma prova do que os nazistas estavam dispostos a fazer para acabar com os comunistas, nesse episódio, o camarada búlgaro Giorgi Dmitrov foi preso e acusado de participar do incêndio, foi à julgamento, estava sem advogado e durante o julgamento ele passou de acusado à acusador dos nazistas, e acabou sendo absolvido. Ou também o trágico fim que teve a nossa camarada Olga Benário, quando foi entregue pelo governo fascista de Vargas aos nazistas, e acabou morrendo em alguma câmara de gás em 1943.
Getulismo
Por aqui tivemos o getulismo (1930-1945), oriundo do modelo fascista de Portugal, governo ditatorial de Getúlio Vargas que apesar de ter inserido o Brasil na revolução Industrial e ter criado algumas leis trabalhistas sem dar prejuízo aos patrões ainda mantinha os comunistas e demais opositores do regime bem quietinhos em alguma masmorra ou nas mãos de algum torturador da polícia, enquanto que os “galinhas verdes” (Integralistas) se esbaldavam.
Peronismo
Durante a segunda guerra, ou mais exatamente, em 1943, um golpe militar na Argentina colocou no poder o coronel Juan Domingo Perón, que seguia uma orientação política semelhante ao fascismo.
Nos anos 50 seu governo era conhecido por ser “progressista demais”, acreditavam os peronistas, que o resultado final daquele regime culminaria em uma espécie de socialismo (lembrando que o socialismo em si não significa marxismo, pois, Marx listou os vários tipos de socialismo, como o socialismo dos religiosos, da burguesia, etc).
O governo de Perón além de ser um governo extremamente corrupto, e dissimulado, era um governo perseguidor de comunistas.
Progressimo no México (Partido Republicano Institucional)
Outro exemplo de regime intitulado progressista era o do Partido Republicano Institucional no México. Era um governo que no início havia implantado a reforma agrária e o desenvolvimento da indústria, tudo organizado segundo um modelo capitalista.
Influenciados pelos protestos de maio de 1968 ocorridos na França, estudantes mexicanos saem às ruas em julho para comemorar o aniversário da revolução cubana, o governo mandou suas tropas de choque para combater os estudantes, segundo a imprensa da época, 50 pessoas foram mortas, e 900 detidos, mas nos livros de história do Brasil fala-se em mais de 1000 feridos e 400 mortos. O PRI só foi destituído em 1994.
Baathismo
O tal “progressismo” não é novidade. Em países da África e Oriente Médio ergueram-se muitos governos desse tipo, principalmente entre os anos 60 e 70, tais exemplos são os de uma ideologia conhecida como baathismo, originada do Partido Baath da Síria, o mesmo partido de Bashar Al Assad e de seu falecido pai.
Exemplos de líderes baathistas são o que não falta, temos Saddam Hussein, Hosni Mubarak, Ben Ali, Bashar Al-Assad, Muammar Kadaffi, Gamal Abdel Nasser... Alguns deles você já deve ter ouvido falar, os mesmos que estão tendo as suas ditaduras reformistas sendo contestadas pela rebelião popular que se levanta no oriente médio.
Bolivarianismo
Eis o trio parada dura do neo-fascismo sul-americano. |
Os bolivarianistas se intitulam socialistas, e até comunistas, dizem que Simon Bolívar foi o libertador da América Latina. Mas, a verdade é que ele atuava à serviço dos interesses do império britânico, e era um péssimo comandante, na primeira derrota que suas tropas sofriam, ele abandonava seus homens e pegava o primeiro navio para o exílio.
Dizem que o bolivarianismo é marxista... Mas, Bolívar é de um tempo em que o capitalismo ainda era uma força progressista e revolucionária, quando não havia proletariado na América Latina. Ou seja, temos que abandonar as idéias antiquadas dos tempos de Bolívar e George Washington, e levantar as idéias modernas e verdadeiramente progressistas, como Marxismo-leninismo-maoísmo!
E na América do Sul atualmente? Evo Morales, Hugo Chavez, e Rafael Correa, certamente muita gente da esquerda discorda quando se critica a gestão desse “trio parada dura” do neofascismo.
Pois bem, vamos falar um pouco do que vem acontecendo nesses países.
Bolívia: atualmente a Bolívia, assim como o Paraguai, é um país onde você pode comprar metralhadoras, fuzis automáticos, maconha, cocaína, óxi, ainda que de forma ilegal, mas em quantidades generosas. O armamento que chega aqui, geralmente metralhadoras ZB-26 dos anos 30 e fuzis automáticos Ruger apreendidos no Brasil, estão com o timbre do exército boliviano, ou seja, no tráfico de armas ou drogas, sempre existe a vista grossa de autoridades, no caso das autoridades bolivianas estão a serviço do “progressismo” para com o Comando Vermelho e o PCC.
Outro sinal de que o governo boliviano não é progressista, é o fato do país não conseguir manter seus habitantes, que acabam indo para outros países, quem vai pra capital de São Paulo percebe esse fato, pois há muitos imigrantes bolivianos.
O socialismo de Evo Morales: entregar refugiados políticos ao regime genocida peruano. |
Evo Morales declarou que quer se aproximar do marxismo-leninismo, mas, falar é uma coisa e fazer é outra, por isso mesmo, o governo boliviano fez questão de prender e entregar ao regime genocida do Peru, exilados políticos peruanos que estavam participando do Centro de Estudos Populares na Bolívia. Esse aí é o “socialismo” de Evo Morales.
Venezuela: Um país muito elogiado pelos oportunistas, pois Hugo Chavez (um verdadeiro revolucionário de boca) fala que está levando a Venezuela rumo ao socialismo, realizando estatizações, mas deixando a grande burguesia continuar existindo.
Alguns ditos “marxistas-leninistas” fazem odes à Chavez, mas, o próprio declarou na televisão a seguinte frase: “o marxismo-leninismo é um dogma ultrapassado”, ao mesmo tempo em que fazia uma embromação sobre uma conversa que teve com Fidel Castro.
Durante a campanha eleitoral venezuelana de 1998, Chávez também disse em rede nacional que não era socialista, que o projeto que ele tinha em mente era de criar um “humanismo”, essa história de “criar um sistema humanista” já é um chavão bem antigo divulgado por alguns reformistas do tipo de Chavez ou Allende.
Além do fato das companhias estrangeiras continuarem levando embora o petróleo venezuelano tem também as dissidências com as FARC, isso mesmo, bolivarianos vs bolivarianos, várias vezes o estado burguês venezuelano fez questão de entregar guerrilheiros das FARC ao estado fascista da Colômbia.
Equador: Esse aqui é o que mais tem assunto para comentar, pois, há várias postagens publicadas no blog do Partido Comunista do Equador – Sol Rojo, que segue a correta orientação marxista-leninista-maoísta. Eis alguns trechos de algumas postagens:
“O sustentado discurso revolucionário da burguesia burocrática atrai elementos da esquerda para estabelecer seus blocos de composição social, mas, também busca neutralizar o discurso e intenção revolucionária coerentes, de classe, de tomada de poder em troca de reformas, desenvolve e divulga por todos os meios a possibilidade de uma revolução pacífica onde o fator luta de classes é simplificado à uma mínima expressão: contradição entre muito ricos e muito pobres”.[3]
E um pouco mais à frente:
“Desde logo o projeto Alianza País trata de gerar a idéia de que entre a grande burguesia há elementos positivos, honestos”.
O governo equatoriano questiona o caráter legal das corridas de touro, mas não questiona a base material que sustenta um costume de caráter feudal.
Apesar da reforma agrária, ainda existem os grandes latifundiários. A distribuição de terras fez com que surgissem muitos minifúndios com grande capacidade de gerarem migrantes, desempregados, sub-empregados, etc...
Outros trechos falam do apoio que o Estado dá às forças de repressão (forças armadas e polícia):
O verdadeiro Correa |
“Resulta ridículo escutar a grande burguesia falando sobre a insegurança, a delinqüência e o desate da violência que vive o país na atualidade. Mas não é menos ridículo escutar o regime, também componente dessa grande burguesia desde a perspectiva burocrática de suas pretensões de seguir armando mais e melhor a polícia, incrementando o número de efetivos e dispor das Forças Armadas para que colaborem na luta anti-delinquencial.
Precisamente nestes dias o governo firmará um convênio com o regime chileno para que seja a polícia desse país (carabineros), quem ajude a reestruturar e potenciar com novas unidades a polícia nacional. Aprofunda-se no aspecto repressivo, e como se fosse pouco é uma das polícias mais repressivas, torturadoras e assassinas do continente que vai reestruturar o aparato repressivo no país’’.
Como se não bastasse, mais prisões estão sendo construídas no Equador para abrigar mais e mais e pobres equatorianos, que acabam fazendo parte do lumpesinato. Logo, a polícia é sempre eficiente quando se trata dos pobres.
O governo equatoriano que havia se comprometido em não se meter no conflito colombiano, tem construído mais bases militares como em Lita, ao todo, 19 novas bases militares que prestam serviço ao imperialismo americano com a prisão de integrantes das FARC.
Ainda sobre a luta entre o exército equatoriano e as FARC:
“Em 2010, segundo um informe do Comando Conjunto das Forças Armadas. Foram descobertas 126 bases clandestinas das FARC, especialmente nas províncias de Sucumbíos e Esmeraldas, 61 bases a menos que em 2009. Foram realizadas 12 operações militares, 207 ações táticas, 5687 patrulhamentos, e foram utilizados sete mil soldados em um mês aproximadamente”.
Eis a ala esquerda da direita.
Conclusão
Certamente alguns camaradas vão discordar e talvez até contra argumentar, até aí ok, não se pode agradar a todos, principalmente a pequena e média burguesia. Certamente dirão que são intrigas, que é um meio da direita fazer com que a esquerda se fragmente, mas essas afirmações estão erradas, pois para criar esse texto, não foi usada a intriga, ou fontes vindas da mídia burguesa, mas sim em fatos históricos, em escritos marxistas, e nos artigos publicados pelos camaradas e irmãos do Partido Comunista do Equador-Sol Rojo.
A direita muitas vezes não usa de meios brutos para minar os comunistas, mas meios “macios” como modo de calar os comunistas, frear o a aspiração de poder da classe proletária, falsos elogios, falsas alianças, e até elementos infiltrados.
O presidente Mao estava certo quando dizia que não bastava apenas uma revolução proletária para eliminar a burguesia, mas, eliminar a burguesia infiltrada no partido.
Novamente a pergunta: O que vale mais a pena para a burguesia? Gastar milhões de dólares numa guerra contra o partido comunista, ou colocar no poder um governo “conciliador”, com uma falsa pitada esquerdista, mas que mantém vivo a essência do velho estado capitalista burocrático?
NOTAS:
[1]: Durante o VIº Congresso do Comintern, ocorrido em 1928, Stalin fez algumas afirmações como:“a social-democracia é objetivamente a ala moderada do fascismo”. Em outro texto afirmou: “O fascismo e a social-democrata são, não inimigos, mas gêmeos”.
Nas resoluções do VI Congresso podemos ler: “Segundo as exigências da conjuntura política a burguesia utiliza tanto métodos fascistas como as alianças com a social-democracia, no entanto não é estranho que esta, em particular em momentos críticos para o capitalismo, assuma feições fascistas. No transcurso de sua evolução a social-democracia revela tendências fascistas”.
[2]: Em 1929, em plena época da crise imperialista, a Alemanha passava por um período de recessão. Em Berlim, no dia primeiro de maio daquele ano, durante uma manifestação de trabalhadores sob o comando do Partido Comunista da Alemanha o governo social-democrata do chanceler Hermann Muller além de dizer que “o vermelho é igual marrom”, o chanceler social-democrata botou a polícia para reprimir os manifestantes, esse episódio ficou conhecido como “Maio Sangrento de Berlim”.
[3]: veja mais artigos do PCE-SR em: pukainti.blogspot.com
ELEIÇÃO NÃO! REVOLUÇÃO SIM!
ABAIXO AO OPORTUNISMO, VIVA O MAOÍSMO!
Um comentário:
Ótimo texto
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