Coroas para Henrique: Suicide Notes
Para Henrique Emidio
Ó homem elefante,
De corpo coberto de cicatrizes interiores.
O tempo passa devagar.
A cidade tentacular devorou o poeta.
Suas epístolas, seus coríntios, tudo boiando na sarjeta.
E o poeta um mendigo assaltado,
Certa mente suicida.
Elephant man, você me enganou com seus advérbios.
Prometeu blognovelas não cumpridas, além das vividas.
As palavras agora morrem na minha boca.
Vomito esses cadáveres só por amarga insistência.
Recolho suas próprias palavras para fazer o meu poema.
Te insulto para que você volte do abismo sujo de seu nada.
Pois em sua morte me recuso a acreditar.
Também não sou seu amigo.
Emocionalmente pesado,
Você sentia tudo muito profundamente.
Tudo que eu gostaria era te dar um abraço como num filme francês e chorar.
No céu de Minas passam anjos a jato.
& eles levam sua mente exilada no corpo de poeta
Ouvia atrocidades no rádio.
O dia em que as fórmulas fracassam chegou.
Seu corpo mais seu espírito não combinavam.
Cedo, muito cedo você voltou pra casa, pro nada, pro lugar de onde veio.
E agora nós sabemos que esse lugar não fica em Minas.
Você escapou como uma porção de água entre as mãos crispadas
Na fonte da vida.
Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
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domingo, 4 de outubro de 2009
sábado, 3 de outubro de 2009
Carta para o Fernando e Anitha
Anitha, Fernando, pessoal:
Estou também triste de não ter feito nada, mas não saber o quê aconteceu também me entristece. Me consola o fato de que, olhando o blog dele outra vez, coletar poemas que dão a entender que ele não queria, explicitamente, ajuda de nós, amigos. Tinha essa ideia fixa com o suicídio, mas nunca nos disse: "eu me odeio e quero morrer", porque reagiríamos diante disso, conversaríamos, não é, e a ideia fixa, quem sabe, ficaria apagada, assim. Fiz o que estava ao meu alcance; ele gostou, quem sabe, até mais do James que de mim, tendo confidenciado ao James que estava mal. Nós o perdemos entre as mãos, como grãos de areia na praia. Mas que dá um desespero belo e aterrador ao ler o blog dele, onde todos os toques estão dados, unindo-se Torquato, Maiakóvski, Ian Curtis e outros...dá.
Morto, sim. Enterrado, está um pouco dentro de nós, também; só se enterrará totalmente com nossa morte, né. Fiz o que estava ao meu alcance, repito para mim mesmo. Ele me prometeu fazer uma blognovela, nunca fez, assim como prometi reproduzir os poemas dele no meu blog, nunca reproduzi. É triste, viu, é triste.
Lúcio,
lamento informar que a história é mesmo verdadeira, ele está morto e enterrado.
o Henrique era meu companheiro de birita e de algumas viagens pelo país. fui o primeiro a conhecer muitos de seus poemas, quando ele mesmo os lia nos bares que frequentávamos. além disso não foram poucas as noites que viramos de cara cheia discutindo os problemas do mundo e da vida, literatura, música, arte em geral...
mas agora isto é passado, a poesia dele permanecerá e não há muito mais que eu possa dizer sobre isso, posto que nem na época eu quis comentar e, como deve ter percebido, sequer citei este fato em meus blogs - não é uma questão de falta de consideração, ainda mais de mim que não via como apenas um artista e sim como um amigo; apenas acho que a vida é assim, não posso ficar lamentando para sempre, meu trabalho não é este.
por enquanto, posso lhe dizer que em breve surgirá um e-book reunindo seus melhores poemas, os quais estou ajudando a selecionar - é o melhor que posso fazer.
infelizmente, neste país, as pessoas ganham mais reconhecimento quando mortas que quando vivas, isso nós devemos lamentar.
abraço,
F.A.
Estou também triste de não ter feito nada, mas não saber o quê aconteceu também me entristece. Me consola o fato de que, olhando o blog dele outra vez, coletar poemas que dão a entender que ele não queria, explicitamente, ajuda de nós, amigos. Tinha essa ideia fixa com o suicídio, mas nunca nos disse: "eu me odeio e quero morrer", porque reagiríamos diante disso, conversaríamos, não é, e a ideia fixa, quem sabe, ficaria apagada, assim. Fiz o que estava ao meu alcance; ele gostou, quem sabe, até mais do James que de mim, tendo confidenciado ao James que estava mal. Nós o perdemos entre as mãos, como grãos de areia na praia. Mas que dá um desespero belo e aterrador ao ler o blog dele, onde todos os toques estão dados, unindo-se Torquato, Maiakóvski, Ian Curtis e outros...dá.
Morto, sim. Enterrado, está um pouco dentro de nós, também; só se enterrará totalmente com nossa morte, né. Fiz o que estava ao meu alcance, repito para mim mesmo. Ele me prometeu fazer uma blognovela, nunca fez, assim como prometi reproduzir os poemas dele no meu blog, nunca reproduzi. É triste, viu, é triste.
Lúcio,
lamento informar que a história é mesmo verdadeira, ele está morto e enterrado.
o Henrique era meu companheiro de birita e de algumas viagens pelo país. fui o primeiro a conhecer muitos de seus poemas, quando ele mesmo os lia nos bares que frequentávamos. além disso não foram poucas as noites que viramos de cara cheia discutindo os problemas do mundo e da vida, literatura, música, arte em geral...
mas agora isto é passado, a poesia dele permanecerá e não há muito mais que eu possa dizer sobre isso, posto que nem na época eu quis comentar e, como deve ter percebido, sequer citei este fato em meus blogs - não é uma questão de falta de consideração, ainda mais de mim que não via como apenas um artista e sim como um amigo; apenas acho que a vida é assim, não posso ficar lamentando para sempre, meu trabalho não é este.
por enquanto, posso lhe dizer que em breve surgirá um e-book reunindo seus melhores poemas, os quais estou ajudando a selecionar - é o melhor que posso fazer.
infelizmente, neste país, as pessoas ganham mais reconhecimento quando mortas que quando vivas, isso nós devemos lamentar.
abraço,
F.A.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
O Poeta não morreu: Para Henrique
Oi, pessoal. Fui ao blog do Henrique Emidio e, ao abrir, enfim, os comentários de um poema do Tzara, me deparei com a notícia de sua morte num hotel em Passos, no dia 11 de agosto desse ano. Reproduzo um poema dele de um post um pouco anterior. Não é possível, não é possível, nenhum amigo fez nem um post? Não encontro nada objetivo no google. Ah, não brinca não, Henrique.
Que o Henrique era triste eu já sabia. Eu lhe disse para lutar, lutar por reconhecimento, brinquei com ele que os poemas eram emo, emocionalmente pesados. Ele me disse que Sâo Paulo o estava tornando suicida.
Não acredito ainda em sua morte. "O poeta não morreu, foi ao inferno e voltou..." Tomara que seja tudo uma brincadeira de mau gosto em que eu estou caindo...
que dizer da morte
que me espera
feito fera
na moita do caminho
Desses olhos que me espreitam
pelas frestas
desses dentes que me rangem
pelos trilhos
O que dizer da sina
se sou eu presa
por lei da natureza
dessa rota que me traça
dessa hora que me apressa
para o encontro
no fim do ponto
que toda linha passa
O que dizer desse ponto
?
de encontro
no fim da linha
Postado por Henrique Hemidio às 09:03 5 comentários
www.ohomemelefante.blogspot.com
Que o Henrique era triste eu já sabia. Eu lhe disse para lutar, lutar por reconhecimento, brinquei com ele que os poemas eram emo, emocionalmente pesados. Ele me disse que Sâo Paulo o estava tornando suicida.
Não acredito ainda em sua morte. "O poeta não morreu, foi ao inferno e voltou..." Tomara que seja tudo uma brincadeira de mau gosto em que eu estou caindo...
que dizer da morte
que me espera
feito fera
na moita do caminho
Desses olhos que me espreitam
pelas frestas
desses dentes que me rangem
pelos trilhos
O que dizer da sina
se sou eu presa
por lei da natureza
dessa rota que me traça
dessa hora que me apressa
para o encontro
no fim do ponto
que toda linha passa
O que dizer desse ponto
?
de encontro
no fim da linha
Postado por Henrique Hemidio às 09:03 5 comentários
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