sábado, 3 de outubro de 2009

Carta para o Fernando e Anitha

Anitha, Fernando, pessoal:


Estou também triste de não ter feito nada, mas não saber o quê aconteceu também me entristece. Me consola o fato de que, olhando o blog dele outra vez, coletar poemas que dão a entender que ele não queria, explicitamente, ajuda de nós, amigos. Tinha essa ideia fixa com o suicídio, mas nunca nos disse: "eu me odeio e quero morrer", porque reagiríamos diante disso, conversaríamos, não é, e a ideia fixa, quem sabe, ficaria apagada, assim. Fiz o que estava ao meu alcance; ele gostou, quem sabe, até mais do James que de mim, tendo confidenciado ao James que estava mal. Nós o perdemos entre as mãos, como grãos de areia na praia. Mas que dá um desespero belo e aterrador ao ler o blog dele, onde todos os toques estão dados, unindo-se Torquato, Maiakóvski, Ian Curtis e outros...dá.

Morto, sim. Enterrado, está um pouco dentro de nós, também; só se enterrará totalmente com nossa morte, né. Fiz o que estava ao meu alcance, repito para mim mesmo. Ele me prometeu fazer uma blognovela, nunca fez, assim como prometi reproduzir os poemas dele no meu blog, nunca reproduzi. É triste, viu, é triste.


Lúcio,
lamento informar que a história é mesmo verdadeira, ele está morto e enterrado.
o Henrique era meu companheiro de birita e de algumas viagens pelo país. fui o primeiro a conhecer muitos de seus poemas, quando ele mesmo os lia nos bares que frequentávamos. além disso não foram poucas as noites que viramos de cara cheia discutindo os problemas do mundo e da vida, literatura, música, arte em geral...
mas agora isto é passado, a poesia dele permanecerá e não há muito mais que eu possa dizer sobre isso, posto que nem na época eu quis comentar e, como deve ter percebido, sequer citei este fato em meus blogs - não é uma questão de falta de consideração, ainda mais de mim que não via como apenas um artista e sim como um amigo; apenas acho que a vida é assim, não posso ficar lamentando para sempre, meu trabalho não é este.
por enquanto, posso lhe dizer que em breve surgirá um e-book reunindo seus melhores poemas, os quais estou ajudando a selecionar - é o melhor que posso fazer.
infelizmente, neste país, as pessoas ganham mais reconhecimento quando mortas que quando vivas, isso nós devemos lamentar.

abraço,
F.A.

Um comentário:

Anonymous disse...

Bela tentativa pessoal, mas a arte é sempre maior do que a farsa.

O Henrique está se fazendo de morto para sumir do mapa pois ele pirou na batatinha e estava assediando uma pessoa em São Paulo, que foi obrigada a chamar a polícia, que o prendeu em flagrante. Ele foi parar na delegacia e tudo, com boletim de ocorrência. E esta vivo sim pois continua assediando a pessoa por telefone, e enviando ameaças pela internet. E se ele realmente (e infelizmente) tiver falecido como quer fazer parecer o Fernando, a coisa então é pior: ele deixou para alguém uma missão desequilibrada e nada poética de continuar a assediar criminalmente alguém.

Triste, muito triste toda essa farsa.

Se vocês forem realmente amigos dele, sugiro que procure a família dele pois ele precisa de atenção.